UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
O BRINCAR DA CRIANÇA SURDA
Por: Arilson Fernandes Pires
Orientador
Profª. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
O BRINCAR DA CRIANÇA SURDA
Apresentação
de
monografia
Universidade
Candido
Mendes
à
como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Educação Inclusiva.
Por: Arilson Fernandes Pires
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me
conceder saúde, sabedoria e força de vontade
em alcançar este objetivo. À minha família que
acreditou em mim. À minha professora e amiga
Mary Sue que me orientou na elaboração deste
trabalho. À Marilce Couto e a todos os meus
amigos que me auxiliaram neste trabalho
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DEDICATORIA
Dedico este trabalho à minha família, esposa e
filha, amigos e professores que acreditam que
a inclusão educacional não é um sonho, mas é
uma realidade.
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RESUMO
A importância dos jogos e brincadeiras como veiculo para o
desenvolvimento social, emocional e cognitivo, tem sido reconhecida há muitos
anos, por diversos pesquisadores educacionais. Por outro lado, em muitos
casos, até hoje é substituído na Educação Infantil por tarefas desinteressantes
e encarado como fútil e sem significado.
Através do presente trabalho, estaremos estudando a importância
das atividades lúdicas como um meio de fornecer à criança surda um ambiente
planejado
e
enriquecido
que
possibilite
o
desenvolvimento
de
suas
potencialidades. Será destacada a importância do desenvolvimento infantil com
a utilização adequada das brincadeiras e da oportunidade de brincar. Assim, o
presente estudo procura identificar o posicionamento do trabalho lúdico na
aprendizagem, destacando a necessidade do brincar no dia-a-dia das crianças
surdas, enfatizando a função do educador a respeito da sua prática com o
brinquedo.
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METODOLOGIA
Neste trabalho monográfico, optou-se pela pesquisa bibliográfica,
uma vez que este tipo de pesquisa segundo MALHEIROS (2010), possibilita ao
pesquisador leitura e conhecimento sobre as teorias produzidas, analisando-as
e avaliando sua contribuição para compreender ou explicar um objeto de
estudo de investigação. Foram utilizados livros específicos da área e bases
digitais, como a Internet, onde foi filtrado todo o assunto relacionado ao tema
proposto servindo como base de estudo, auxiliando no desenvolvimento de
todas as fases e instâncias da investigação empreendida.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................ ........ 8
CAPÍTULO I - A criança surda e a pré-escola: seus direitos ...................... ........ 10
CAPÍTULO II – O desenvolvimento da criança através de jogos e
brincadeiras.................................................................................................. ........ 18
CAPÍTULO III – Atividades práticas: um instrumento de inclusão social para as
crianças surdas. ......................................................................................... ........ 25
CONCLUSÃO ............................................................................................. ........ 32
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ ........ 38
ÍNDICE ........................................................................................................ ........ 40
FOLHA DE AVALIAÇÃO .............................................................................. ........ 41
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INTRODUÇÃO
A educação pré-escolar é a primeira etapa da Educação Básica e
destina-se às crianças com idades de 0 a 3 anos (creches) e pré-escolas (4 a
5 anos). Visa o desenvolvimento integral da criança e tem características
próprias que a distinguem dos outros níveis de ensino.
Hoje sabemos que a estimulação precoce das crianças contribui
significadamente para o seu aprendizado futuro, desenvolvendo suas
capacidades motoras, afetivas e relacionamento social.O contato das crianças
com os educadores transforma-se em relações de aprendizado.Uma outra
vertente, é o desenvolvimento da autonomia , considerando, no processo de
aprendizagem , que a criança tem interesses e desejos próprios e é capaz de
intervir no meio em que vive. Entender a função do brincar no processo
educativo é dirigir a criança ludicamente para as suas descobertas cognitivas,
afetivas, de relação interpessoal, de inclusão social. A brincadeira conduz a
criança ao conhecimento da língua oral, escrita e da matemática.
Acompanhando a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB), o Ministério da Educação, com o objetivo de
assegurar às escolas, elaborou referenciais para um ensino de qualidade da
Educação Básica, os chamados Parâmetros Curriculares Nacionais.
Os Parâmetros Curriculares da Educação Infantil propõem critérios
curriculares para o aprendizado em creche e pré-escola. Estes indicam as
capacidades a serem desenvolvidas pelas crianças: de ordem física, cognitiva,
ética, estética, afetiva, de relação interpessoal, de inserção social e fornecem
campos de ação. Nesses campos são especificados o conhecimento de si e do
outro, o brincar, o movimento, a linguagem oral e escrita, a matemática, as
artes visuais, a música e o conhecimento do mundo, enfatizando a construção
da cidadania.
A Constituição Federal de 1988 cita em seu Artigo 205: “A educação,
direito de todos e dever do Estado”. Isto confirma que toda criança ou cidadão
tem assegurado o acesso ao saber independentemente de classe social, sexo,
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religião ou etnia. A Educação Infantil e definida na LDB (Lei 9394/96) como
parte da Educação Básica, mas não da educação obrigatória. A lei também
define a transição das creches para o sistema educacional. O Ministério da
Educação (MEC) determinou que, a partir de janeiro de 1999, todas as creches
do país deveriam estar credenciadas nos sistemas educacionais. Conforme a
LDB, cabe aos sistemas municipais a responsabilidade maior por este
atendimento.
A criança com necessidades especiais, no caso desta pesquisa, a
criança surda, tem o direito de participar de classe regular na Educação Infantil,
uma vez que no Decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005 afirma: Artigo 22:
“As instituições federais de ensino responsáveis pela Educação Básica devem
garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva , por meio da
organização de : I – escolas e classes de educação bilíngue , abertas a alunos
surdos e ouvintes , com professores bilíngues ,na educação infantil e nos anos
iniciais do ensino fundamental “. Artigo 29: “Desenvolver na criança até os seis
anos de idade os aspectos físico, psicológico, intelectual, e social,
complementando a ação da família e da comunidade”.
A inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema
regular de ensino, e hoje a diretriz principal das políticas públicas educacionais, tanto a
nível federal, quanto estadual e municipal. (FERREIRA E GALAT; 2003)
A
Educação
Infantil tem
se revelado essencial para
uma
aprendizagem efetiva. Ela socializa, desenvolve habilidades, melhora o
desempenho escolar no futuro, favorecendo a criança resultados superiores ao
ingressar no ensino fundamental. É o verdadeiro alicerce da aprendizagem
propiciando à criança maturidade para aprender.
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CAPITULO I
A CRIANÇA SURDA E A PRÉ-ESCOLA: SEUS DIREITOS
O fato de a criança surda ser um sujeito que produz cultura baseada
na experiência visual, requer uma educação firmada na sua diferença cultural.
Com isto, a Constituição garante o direito a diferentes expressões culturais do
povo brasileiro, prevendo a necessidade de serem respeitados os direitos
culturais dos surdos. Existe uma legislação em relação à educação do surdo,
bem como em outros espaços culturais onde o surdo interage adquirindo
conhecimento e, garantindo sua fundamentação cultural.
No Brasil a legislação sobre os direitos dos surdos é presente e de
forma abundante. Há uma série de leis que não são para exclusão, mas para o
pleno direito à diferença. Estas leis estabelecem alguns fatos obrigatórios,
como por exemplo, à educação especial, à educação inclusiva que, mesmo
não garantindo o acesso à cultura surda, garantem o direito à educação. Mas
também, há leis que estabelecem o uso pleno do direito cultural de acordo com
a Constituição Brasileira e com as demais leis educacionais. Na escola
inclusiva, o processo educativo é entendido como um processo social, onde
todos os alunos acometidos de necessidades especiais ou de distúrbios de
aprendizagem têm o mesmo direito que as demais crianças na comunidade à
escolarização e ao desenvolvimento de suas potencialidades, favorecendo o
seu progresso escolar, com o objetivo de torná-los úteis e autônomos para a
vida adulta.
As leis que garantem a inclusão total são claras e não se pode
permitir a marginalização e a discriminação escolar de alunos com deficiência
sob qualquer pretexto ou alegação. Segundo MITTLER, 2003 p. 25, “No campo
da educação, a inclusão envolve um processo de reforma de reestruturação
das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos
possam ter acesso a todas as gamas de oportunidades educacionais e sociais
11
oferecidas pela escola. Isto inclui o currículo corrente, a avaliação, os registros
e os relatórios de aquisições acadêmicas dos alunos”.
A educação é a área considerada com maior número de leis e
iniciativas, visando à inclusão de pessoas portadoras de deficiências como se
pode concluir que já na primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional de 1961, constam dois artigos referentes à educação dos
“excepcionais”, objetivando a integração destes alunos na comunidade. Na
Constituição Brasileira de 1967, há alguns assegurando aos surdos o direito de
receber educação. A atual Constituição de 1988 abre espaço aos direitos à
educação diferenciada, assegurando direitos à diferença cultural:
Artigo 215: O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
acesso ás fontes de cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais.
I – O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e
afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório
nacional.
II – A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação
para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
Na lei 5692/71, no artigo 9º estabelecia: “Os alunos que apresentarem
deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável
quanto à idade regular de matrícula ou superdotados, deverão receber
tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes
Conselhos de Educação“. Nota-se, segundo KASSAR, 2004, p.30-31: “uma
preocupação na caracterização da clientela de Educação Especial“.
A nova LDB em seu capítulo V estabelece que a educação aos
portadores de necessidades especiais deve ser oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, o que traz uma nova concepção na forma entender a
educação e integração dessa clientela:
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Capítulo V
Artigo 58: Entende-se por educação especial, para efeitos desta lei, a
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular
de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.
1 – Haverá , quando necessário , serviços de apoio, especializado, na escola
regular, para atender ás peculiaridades da clientela da educação especial.
2 – O atendimento educacional será feito em classes escolares, escolas ou
serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos
alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular.
3 – A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem inicio
na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
Artigo 59: Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organizações
específicas, para atender às suas necessidades.
II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar
para os superdotados.
III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como os professores do ensino regular
capacitados para integração desses educandos nas classes comuns.
Cabe ressaltar que o termo “preferencialmente“, induz à varias
interpretações de acordo com a vontade política, segundo ( FERREIRA,
GUIMARÃES , 2003 p . 105 ) : “infelizmente a expressão ” preferencialmente
na rede regular de ensino “ do texto legal implica a possibilidade de crianças e
adolescentes com deficiência serem mantidos nas escolas especiais “ .
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No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais, a LIBRAS, é reconhecida
como língua oficial da comunidade surda. É garantida pela lei 10436 de 24 de
2002, com implicações para a divulgação e ensino, para o acesso bilíngüe a
informações em ambientes educacionais e para a capacitação dos profissionais
que trabalham com os surdos.
Sobre a oficialização da Língua de Sinais a nível nacional, ela já era garantida
pelo Congresso Nacional em 1996 através do decreto :
Artigo 1 – A lei 9394/ 96 de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida
do seguinte artigo 26 B:
Artigo 26 B – Será garantida às pessoas surdas, em todas as etapas e
modalidades da educação básica, nas redes públicas e privadas de ensino , a
oferta da Língua Brasileira de Sinais – Libras , na condição de língua nativa das
pessoas surdas .
Artigo 2 – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
O decreto governamental 5626 de 22 de dezembro de 2005, no
capítulo VI dá garantia ao direito à educação nas escolas ou classes de surdos
e que tenham em seus quadros a língua de sinais e a modalidade escrita da
Língua Portuguesa, com a presença de tradutores e intérpretes conforme
abaixo:
Capítulo VI
Artigo 22 – As instituições de ensino responsáveis pela educação básica
devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por
meio da organização de;
I – escolas e classes de educação bilíngüe, abertas a alunos ouvintes, com
professores bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino
fundamental;
II – escolas bilíngües ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a
alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino
médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do
14
conhecimento, cientes da singularidade lingüística dos alunos surdos , bem
como a presença de tradutores e intérpretes de LIBRAS – Língua Portuguesa .
Artigo 23 – As instituições federais de ensino , de educação básica e superior ,
devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de
Libras – Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços
educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso
à comunicação , à informação e à educação .
2 – As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal,
estadual, municipal e do Distrito Federal, buscarão implementar as medidas
referidas neste artigo como meio de assegurar aos alunos surdos ou com
deficiência auditiva , o acesso à comunicação , à informação e à educação .
A partir de 1994, com a Declaração de Salamanca, na Espanha,
representando o pensamento de 90 países reunidos com o objetivo principal de
assumir princípios , políticas e práticas na área das necessidades educativas
especiais . Apesar do Brasil não ter participado desta reunião, assumiu seus
princípios. Foi sancionado um conjunto de regras que refletem as atuais
políticas educativas referentes à Educação Especial, enfatizando princípios
norteadores para equidade social:
a- o direito à educação deve ser independente das diferenças individuais;
b- as necessidades educativas especiais não devem abranger somente as
crianças com problemas , mas todas aquelas que possuem dificuldades no
cotidiano escolar ;
c – a escola é que deve adaptar-se aos alunos e ás suas especificidades, e
não ao contrário;
d – o ensino deve ser diversificado, rico, criativo, e realizado em um espaço
comum a todas as crianças;
Esta declaração pressupõe que uma das formas primordiais de atingirem estes
princípios, seria a garantia da qualificação profissional dos professores,
15
valorização da criança como pessoa, como ser humano que possui diferenças
fazendo parte da diversidade humana.
Outro documento em que baseia as políticas públicas nacionais
referentes ao trabalho e à assistência social, educacional e de saúde para a
pessoa deficiente é a Declaração de Guatemala de 1999. Essa declaração faz
parte da Convenção Interamericana para a eliminação de todas as formas de
discriminação contra as pessoas portadoras de deficiências, da qual o Brasil é
um dos signatários.
A Declaração de Guatemala tem como princípio básico a garantia de
que os governos assumirão o compromisso de se adequarem ás instalações
que facilitem o transporte, à comunicação e o acesso à educação, à saúde, ao
emprego, à assistência social, aos esportes, às atividades políticas e de
cidadania; proclamar a igualdade de oportunidades e condições de vida
perante a sociedade como um todo, no sentido de eliminar preconceitos e
discriminações, além de recair sobre o fato de que as pessoas deficientes têm
o direito de participar na elaboração e na execução de medidas e políticas
públicas para a busca de qualidade de vida adequada à sua satisfação
pessoal. Analisando historicamente, há um progresso de políticas e ações na
tentativa de caminhada, segundo PADILHA, 2000 p. 206: “o deficiente não é
deficiente por si só, o tempo todo, como uma entidade abstrata e deslocada. A
deficiência esta contextualizada e marcada pelas condições concretas da vida
social”.
Com relação à acessibilidade na comunicação, é importante frisar
que não apenas em educação, mas na comunicação a lei está presente para
garantir o direito. Na Lei 10098 de 19 de dezembro de 2000, garante o acesso
aos surdos referindo-se aos meios essenciais de participação social. O artigo
17 desta lei explica que o Poder Público deverá promover a eliminação de
barreiras na comunicação e estabelecer mecanismos e alternativas técnicas
que tornem acessíveis os sistemas de comunicação para garantir o direito de
acesso à informação, à comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à
cultura, ao esporte e o lazer.
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O artigo 18 cita: “o Poder Público deverá implementar a formação de
profissionais intérpretes de língua de sinais para facilitar qualquer tipo de
comunicação direta ao surdo “.
Com relação à necessidade de comunicação visual para os surdos ,
o Artigo 19 propõe que sejam tomadas iniciativas visando : “ medidas técnicas
com o objetivo de permitir o uso da língua de sinais ou outra substituição, para
garantir o direito de acesso à comunicação”.
A educação infantil para as crianças de quatro a seis anos devem
ser desenvolvidas em pré-escolas da educação regular ou da educação
especial. O professor de uma classe da pré-escola e os demais profissionais
que atuam nela,devem tomar conhecimento da surdez do aluno , mas estar
cientes que este fato não e determinante para o seu desempenho . No
programa de inclusão do aluno surdo em classes comuns da pré-escola , o
professor deve enfatizar o desenvolvimento das habilidades de comunicação e
das atividades sociais para que a criança aprenda , compreenda e interaja com
outras crianças. O uso de LIBRAS em sala de aula e a presença do professor
ou intérprete serão de grande importância para o desenvolvimento das
competências lingüísticas dessa criança.
Segundo RAICA (1990, p.10): “os alunos são vivos, sentem,
observam e têm as mesmas necessidades que as outras crianças. Não se
pode confiná-los em um mundo à parte”.
A família é o primeiro e talvez o principal grupo social em que
vivemos. É nele que aprendemos a construir a nossa individualidade e
independência. Por isso, é muito importante o contato com outras famílias que
enfrentam ou não problemas com necessidades especiais. Os pais devem
estar conscientes e mobilizados para participar , apoiar , trabalhar em conjunto
, com união e harmonia Devem também cuidar para que não haja em relação
ao seu filho com necessidades especiais, superproteção, que em pouco ou
nada contribuirá para o desenvolvimento da autonomia da criança .
Podemos destacar que a escola brasileira ainda não está
suficientemente preparada para atuar com crianças surdas ou alunos de classe
17
especial. Para o professor é um desafio, mas com competência e a boa
vontade da família , onde cada um colabora como pode , fará muito para a
educação inclusiva. Na certeza de que todos precisam de estímulo, apoio,
compreensão
e
amadurecimento,
principalmente
as
crianças
com
necessidades especiais, é que a comunidade deve elevar seu pensamento e
ajudar os mais necessitados. É de suma importância a participação da família
do aluno com necessidades especiais, no processo de integração, inclusão e
indispensável para um construir-se pessoal e participante na sociedade. As
relações entre famílias de filhos com necessidades especiais oportunizam
suporte recíproco para o fortalecimento necessário à convivência saudável
entre seus membros. A escola em conjunto com a família, deverá implementar
as melhores estratégias de ensino-aprendizagem para que o aluno dela se
beneficie e nela permaneça .
Não se pode prescindir, no processo de integração e inclusão, das
crianças com necessidades especiais na participação do Estado. Participação
na formulação e implementação de políticos, na alocação e destinação de
recursos e na mobilização da sociedade. A inclusão dessas crianças é um
processo que requer para sua consolidação, a concorrência de múltiplos
esforços e participação de todos os segmentos da sociedade de forma que se
crie uma consciência social.
18
CAPITULO II
O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ATRAVES
DE JOGOS E BRINCADEIRAS
No Brasil a Educação Infantil tem sido objeto de estudo ao longo da
Historia. Constata-se que durante o início do século XX, praticamente não
existia uma política de regulamentação para o atendimento educacional destas
crianças. Segundo ANTUNES (2004, p.13) “no Brasil, o atendimento de
crianças de 0 a 6 anos, em creches e pré-escola, constitui direito assegurado
pela Constituição Federal de 1988, consolidada pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB) que estabeleceu a Educação Infantil como a
primeira etapa da Educação Básica e deve ser oferecida pelos sistemas de
ensino em complementação à ação da família e comunidade, onde as
propostas pedagógicas devem ser articuladas com a faixa etária de cada aluno,
proporcionando condições totais de desenvolvimento.
Desse modo, as questões atuais nos levam à reflexão quanto às
práticas pedagógicas voltadas para a criança e provocam a necessidade de
significar e organizar espaços educacionais da Educação Infantil, de forma a
estruturá-los, diante das mudanças sociais que afetam a criança na
contemporaneidade. Para a criança o jogo é um instrumento eficaz e, se
convenientemente planejados, contribui para o processo de desenvolvimento
da criança, pois os jogos e brincadeiras fazem parte da vida da criança desde
muito cedo, participando de diversas situações lúdicas.
Diversos estudos demonstram que, por meio dos jogos, a criança vê
e constrói o mundo. Em função disso, é essencial que os professores resgatem
as atividades lúdicas na pré-escola, de modo que essa mudança trabalhe com
a diversidade cultural e desperte a vontade para o aprender. Toda criança ou
adulto pode beneficiar-se dos jogos, tanto pelo aspecto lúdico de diversão e
prazer quanto pelo aspecto da aprendizagem. Dentro dessa perspectiva,
possibilitamos aos educadores a compreensão de que os jogos propiciam
19
conhecimentos aos alunos, e sua utilização deve ser considerada como um
instrumento integrado ao processo ensino-aprendizagem, pois, além de
contribuir para o desenvolvimento cognitivo, garante também, de forma
prazerosa, o desenvolvimento pessoal, social, afetivo, físico e psicomotor.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil (1998, p.27), “no ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos, os
espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparenta ser. Ao brincar,
as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhe deram origem,
sabendo que estão brincando”. Através do brincar, que a criança tem em suas
mãos a possibilidade de lidar e estabelecer relações com os outros e com ela
mesma. Assim, cabe ao professor compreender que a prática pedagógica deve
atender às reais necessidades das crianças, porque desde a mais tenra idade,
elas apresentam atitudes de interesse em descobrir o mundo que as cerca, e
podem realmente construir o conhecimento.
A ação conjunta dos educandos e equipe pedagógica da instituição
escolar são primordiais para garantir que o desenvolvimento infantil aconteça
de forma integral. A partir de atividades lúdicas, destaca-se a importância dos
jogos para a formação de conceitos de crianças com idade compreendida entre
5 e 6 anos. Segundo LOPES (2000, p.35), “a criança sempre brincou.
Independentemente de épocas ou de estruturas de civilização, portanto, se a
criança aprende, por que não a ensinarmos de maneira que ela aprenda
melhor?”. Dessa forma, os jogos e brincadeiras utilizadas no espaço escolar,
auxiliam no desenvolvimento das capacidades infantis, permitindo que a
criança construa significações do mundo. Quanto a isso, RIZZI & HAYDT (1997
p.14) comentam que: “além de exercitar o corpo, os sentidos e as aptidões, os
jogos também preparam para a vida em comum e para as relações sociais”.
Ainda existe certa distorção em relação à natureza do lúdico, na
busca pela definição, percebe-se que o jogo, brinquedo e brincadeira
apresentam significados distintos. As atividades lúdicas são caracterizadas
pela iniciativa, intenção e curiosidade do aluno, pois “os jogos podem ser
utilizados para introduzir conteúdos ou formar conceitos, todavia, devem ser
escolhidos e preparados com cuidado, levando a criança a adquirir conceitos
20
significativos”. (ALMEIDA, 2000 p.31). VYGOTSKY (apud KISHIMOTO, 1997,
p.51) afirma que “por meio do brinquedo a criança aprende a agir numa esfera
cognitivista, sendo livre para determinar suas próprias ações”. Segundo o
autor, o brinquedo estimula a curiosidade e a autoconfiança, proporcionando
desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da
atenção. KISHIMOTO (1994, p.7) afirma que “quanto mais se permite à criança
explorar, mais ela está perto do brincar”.
A autora declara que o brinquedo será compreendido sempre como
objeto, suporte de brincadeira, brincadeira como explicação de uma conduta
estruturada com regras e jogo infantil para nomear tanto o objeto como as
regras do jogo da criança. É notório que, tanto os jogos quanto as brincadeiras
incluídas no contexto escolar, auxiliam na formação integral do educando, que
se desenvolve de acordo com os estímulos vindos da realidade vivenciada.
Sendo assim, brincar é imprescindível à saúde física, emocional e
intelectual de qualquer criança e, se utilizados corretamente, são excelentes
instrumentos de aprendizagem. Porém, a sua introdução no ambiente escolar,
implica numa revisão de conceitos e atitudes por parte dos educadores. O valor
pedagógico dos jogos é inquestionável, as brincadeiras e os jogos são
atividades indispensáveis para o desenvolvimento da criança. É pelo brincar
que a criança pensa e reorganiza as situações cognitivas que vivencia.
Portanto, na Pré-escola, os jogos podem ser utilizados pelo
professor de forma espontânea ou dirigida, a fim de favorecer à aprendizagem,
tornando-se necessária uma reflexão de todos os envolvidos com a Educação
Infantil. A aprendizagem de conteúdos específicos levaria, portanto, ao
desenvolvimento de funções especificas. Esta formulação de Vygostsky (1991)
parte de suas pesquisas empíricas, em que pode verificar que a criança
apresenta um nível de desempenho, quando realiza algo sozinha, mas esse
nível passa a ser outro, de maior complexidade, se ela trabalha com um adulto
ou com outra criança mais experiente.
Este fato revela a importância do professor e das interações entre
crianças, significando que, por meio da cooperação de um indivíduo mais
21
experiente, a criança pode construir e ampliar conceitos, os quais ele não teria
condições de realizar sozinha, naquele momento do seu desenvolvimento. O
desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa brincar
para viver. Segundo PIAGET (1989), a maneira de a criança assimilar, isto é,
transformar o meio para que este se adapte às suas necessidades, e de
acomodar, que significa mudar a si mesmo para adaptar-se ao meio, deverá
ser sempre através do lúdico.
Em relação à atividade escolar, a mesma deverá ser uma forma de
lazer e de trabalho para as crianças do pré-escolar. Com isso, os brinquedos
tornam-se recursos didáticos de aplicação e valor no processo ensinoaprendizagem. A criança aprende melhor brincando e todos os conteúdos
podem ser ministrados através das brincadeiras, ou seja, em atividades
predominantemente lúdicas. As atividades com os brinquedos terão sempre
objetivos didático-pedagógicos e propiciarão o desenvolvimento integral do
educando. Por meio da brincadeira, a criança aprende a seguir regras,
experimenta formas de comportamento e interage descobrindo o mundo ao seu
redor. Brincando com outras crianças, encontra seus pares e socialmente
descobre que não é o único sujeito da ação, e que, para alcançar seus
objetivos, precisa considerar o fato de que os outros têm objetivos próprios.
A atividade lúdica é, portanto, uma das formas pelas quais as
crianças se apropriam do mundo, e pela qual o mundo entra em seu processo
de constituição como sujeito histórico.
O inicio da comunicação é por meio da interação e por meio dos
jogos. Segundo Brunner (2002), “os jogos se dividem em formato de ação
conjunta, adulto e criança agindo juntos com o objeto, adulto e criança
observando juntos um objeto e formatos mistos em que tem a característica da
atenção e da ação”. A relação no ato de brincar pode ser estabelecida com
outra criança ou outro adulto e essa relação define a forma como irão conduzir
a brincadeira. A forma como a criança brinca e utiliza o brinquedo, é uma
produção de sentidos e ações e estas podem variar dependendo da idade, do
gênero e a forma de interação lúdica. Com a brincadeira, a criança tem a
possibilidade exercer papéis realizados pelos adultos, como por exemplo,
22
colocar uma roupa de noiva e se casar, pegar a pasta do pai e fazer com vai ao
trabalho entre muitas outras representações.
Ao brincar de ser alguém, de assumir um personagem, a criança assume
um “eu fictício” ou tem uma vivência “do eu do outro” (expressões emprestadas de
Vygotsky, 1984; Bakhtin, 1997). O faz-de-conta, sobretudo em suas formas mais
desprendidas do campo tangível da atividade ou mais guiadas pela imaginação e pela
linguagem, permite elaborar sobre os outros e sobre si, repercutindo sobre a formação
da criança como membro da cultura e como indivíduo singular. (GOES E LOPES,
2004, p.11).
Em pesquisas realizadas com crianças surdas, Góes e Silva (2002),
em momentos lúdicos, perceberam uma diferença na forma das crianças
surdas sinalizadoras ao brincarem, pois utilizam as mãos como canal
lingüístico e também para a manipulação dos objetos.
Este trabalho concebe à criança surda como pertencente de um
grupo lingüístico, minoritário, isso é, falante da Língua Brasileira de Sinais,
língua esta, que é um canal viso-espacial para se comunicar, diferente das
pessoas ouvintes que tem como canal lingüístico , o auditivo-oral, ou seja, são
comunidades lingüísticas diferentes e não inferiores.
O domínio de uma língua desde os primeiros meses de idade é
importante e fundamental para o desenvolvimento natural do indivíduo.
Acredita-se na aquisição da língua de sinais por parte dos surdos como
gramática do seu desenvolvimento cognitivo e lingüístico.
As crianças surdas precisam ser postas em contato com pessoas
fluentes na língua de sinais, sejam seus pais, professores ou outros. Assim que
a comunicação por sinais for aprendida e ela pode ser fluente aos 3 anos de
idade, tudo então pode decorrer, livre de intercurso de pensamento, livre fluxo
de informações, aprendizado da leitura e escrita e, talvez da fala. Não há
indícios de que o uso de uma língua de sinais iniba a aquisição da fala.
De fato, provavelmente ocorra o inverso (SACKS, 1998, p.56) no
caso das crianças surdas, todo vínculo entre pais e filhos pode ser afetado pela
23
forma como a família irá encarar essa diferença. A mãe muitas vezes com o
diagnóstico da surdez acaba por deixar de se comunicar de qualquer forma
com seu filho acarretando danos ao seu desenvolvimento nas áreas cognitiva,
afetiva, simbólica e lingüística.
Alguns pais não se dispõem a aprender a língua de sinais,
investindo como único meio de comunicação com seu filho à língua oral.
Normalmente, há um desentendimento entre pais e filhos surdos. “O resultado
acarreta no atraso de linguagem do seu filho surdo”. (SACKS, 1998)
No lastro das idéias de Góes ao surdo, é primordial criar um
ambiente lingüístico do qual ele possa adquirir a língua de sinais, entretanto,
isso não ocorre em razão da resistência dos pais em permitirem aos seus filhos
uma língua que não seja sua.
Segundo (GOES, 1999, p.37), “o desenvolvimento da criança surda
deve ser compreendido como processo social, e suas experiências de
linguagem concebidas como instâncias de significação e de mediação nas suas
relações com a cultura, nas interações com o outro.”
Sendo a brincadeira uma relação adulta e criança, a família
composta de pais ouvintes e filhos surdos pode fazer o uso das brincadeiras
em momentos de interação para o desenvolvimento da língua de sinais e da
relação afetiva entre pais e filhos. Visto que o papel da família é proporcionar
um espaço de desenvolvimento seguro em que as crianças aprenderão a ser
humanas, a formar sua personalidade, sua auto-imagem e saber relacionaremse com a sociedade em que vivem.
A partir das teorias estudadas, em relação ao imaginário no brincar,
podemos perceber que essas crianças que são constituídas desde a primeira
infância com a língua de sinais, não apresentam déficit de linguagem,
apresentando o mesmo estágio de desenvolvimento das crianças ouvintes e
significam o mundo por meio dessa língua. Isto possibilita algumas reflexões
sobre como a língua de sinais favorece a brincadeira das crianças surdas e
contribuíam para o desenvolvimento lingüístico dessas crianças. A brincadeira
desenvolve a língua, porque, para que as crianças contextualizem suas
24
brincadeiras, é primordial o uso de uma língua. Com isso, há desenvolvimento
tanto da língua quanto da brincadeira, ou seja, uma completa a outra. Vale
ressaltar que essas crianças se comunicam predominantemente em língua de
sinais.
O brincar neste contexto, desenvolve a língua de sinais e possibilita
que a criança entenda o mundo em que vive e represente os papéis sociais
dentro do imaginário do brincar, ou seja, é aquisição de uma língua que
proporciona o significado desse brincar na criança surda.
Quando a criança brinca de ser alguém, ela acaba sendo alguém,
tendo um papel, portanto, assume um “eu fictício” ou possui a experiência “do
eu do outro” como já anunciaram Vygotsky, 1984 e Kaktin, 1997.
O faz-de-conta, anunciado pela imaginação e pela linguagem,
permite elaborar sobre os outros e sobre si, repercutindo sobre a formação da
criança como membro da cultura e como indivíduo singular, isto é, se constitui
membro da cultura e como indivíduo singular, isso é constituindo como surdo
dentro da sociedade ouvinte, falante de uma língua diferente da sua.
Durante as brincadeiras, as crianças fazem o uso da língua de
sinais, expressões faciais, corporais e contato físico para se comunicarem
entre si. No brincar, a língua de sinais desenvolve a construção da situação
imaginária, o compartilhamento de significados, representações de papéis e o
desenvolvimento da linguagem. Para que a criança surda interaja com o outro
plenamente, não é necessário ensiná-la a brincar, basta lhe fornecer
ferramentas para comunicar-se, fazendo fluir sua imaginação. O faz- de- conta
começa por volta dos dois anos, é a base de todo raciocínio da criança e o
fundamento de todo pensamento simbólico, abstrato e representativo. Se ela
não aprende a linguagem de sinais, o faz-de-conta não acontece.
25
CAPITULO III
ATIVIDADES PRÁTICAS COMO INSTRUMENTO DE
INCLUSÃO SOCIAL
A prática de jogos e brincadeiras deve ser oferecida a qualquer
criança surda ou não, em complementação à ação da família, para
proporcionar condições adequadas ao seu desenvolvimento físico, motor,
emocional, cognitivo e social, promovendo a ampliação de suas experiências e
conhecimentos, estimulando seu interesse pelo processo de transformação da
natureza e pela convivência em sociedade. A prática pedagógica incentiva
atividades lúdicas que estimulam a criança à ação, à descoberta e à
participação ativa no seu ambiente físico e social. A criança joga e brinca para
satisfazer um instinto. Desde a mais tenra idade, vemos que além das
atividades de comer, beber e dormir, primordiais para o desenvolvimento
orgânico geral da criança, resta-lhe somente a lúdica.
O bebê, por exemplo, não joga para vencer, e sim para realizar um
instinto primário de jogar. O mesmo acontece no período dos três aos sete
anos. Neste período, a criança já desenvolveu os mecanismos perceptíveis e
motores, o seu desenvolvimento psíquico se dirige para os interesses
concretos. As suas funções de aquisição, a atenção, a memória, a associação
são utilizados com maior intensidade. O mesmo acontece com a curiosidade, a
observação e a atenção que constituem tendências educativas.
A prova que a criança joga para satisfazer um impulso e não para
ganhar, está no fato observado diariamente e com freqüência espantosa de
que, integrando uma turma, time ou grupo, evidentemente mais fraco que o
adversário, não a impossibilita de jogar. A criança participa das atividades
diversas vezes, quantas forem proporcionadas. O que menos importa é ganhar
ou perder. O que ela deseja é brincar.
26
Desde o nascimento, as crianças são inseridas num contexto social.
Os adultos que convivem com elas, quando se transformam em parceiros de
seus jogos e brincadeiras, muitas vezes não se dão conta da importância de
cada gesto, de cada palavra e de cada movimento.
Os jogos e as brincadeiras são uma forma privilegiada de
aprendizagem. À medida que vão crescendo, as crianças utilizam para suas
brincadeiras o que vêem, escutam, observam e experimentam. Estas ficam
mais interessadas quando os diversos conhecimentos a que tiveram acesso
podem ser combinados. Nessas combinações, muitas vezes inusitadas aos
olhos dos adultos, as crianças revelam sua visão de mundo e descobertas.
Ao observarmos o modo como as diferentes crianças brincam, é
possível perceber que o uso que fazem dos brinquedos e a forma de organizálos, estão relacionados com seus contextos de vida e expressam visões de
mundo particulares. DEBORTOLI (2005) aponta que o discurso do brincar tem
feito surgir, especialmente na Educação Infantil, um ideário pedagógico que faz
da brincadeira um de seus conteúdos, de seus meios e, muitas vezes, uma
finalidade. Algumas categorias usadas pelos professores para defender a
inclusão do brincar na Educação Infantil :
1. Brincadeiras pedagógicas – uso de brinquedos e jogos para favorecer a
aprendizagem escolar.
2. Recreação – dinâmicas criadas para ensinar brincadeiras, sem que novas
relações e significados possam emergir desses momentos.
3. Brincadeira livre – momentos em que as crianças brincam sem a
interferência e também sem mediação alguma dos professores.
4. Brincadeiras dirigidas – maneiras organizadas pelo professor ou por regras
para brincar.
As crianças que possuem dificuldade de concentração e de
aprendizagem podem ter um resultado muito mais satisfatório quando o
método para ensinar são os jogos. Eles estimulam o aluno, o motivam,
despertam a curiosidade, proporcionando uma forma de aprender que é
27
prazerosa, de maneira lúdica, bem diferente dos resultados de uma
aprendizagem cobrada pelos pais ou professor.
Outro ponto importante é a maneira com que os jogos influenciam
no desenvolvimento da agilidade, da concentração e do raciocínio. Contribuem
para um desenvolvimento intelectual, pois precisam pensar, tomar decisões,
criar, inventar, aprender a arriscar e experimentar. Dependendo da maneira
com que os jogos são aplicados, podem ajudar também no comportamento em
grupo, nas relações pessoais e na ajuda coletiva.
Para as crianças surdas ou as crianças que estão em processo de
alfabetização, os jogos permitem com que elas assimilem melhor e se
familiarizem com as letras, com os números, as formas, as cores e desenvolve
a percepção de que existe uma lógica. Como brincam com tudo, e a todo
instante, é importante a presença de jogos que, além de proporcionar uma boa
brincadeira, sirva para o seu desenvolvimento, e as faça ver o aprendizado
como algo interessante. Há uma grande importância em brincar. As crianças
que não brincam, podem desenvolver grandes dificuldades e frustrações no
decorrer da vida. De acordo com LEAL (2005), “o jogo é uma atividade lúdica
em que as crianças ou adultos participam de uma situação de engajamento
social num espaço de tempo e espaços determinados , como características
próprias delimitadas pelas próprias regras de participação da situação
imaginária.”
Hoje, o modo acelerado de se viver, influencia na forma de
aprendizagem das crianças, pois possuem a agenda cheia de atividades, vivem
atarefadas, exaustas, não tem mais paciência e acabam perdendo a essência
da brincadeira. Consequentemente, isso influencia na maneira de agir diante
de algumas situações, como a imaginação e a criatividade, a criança não tem
mais prazer de sentar para jogar no tabuleiro, jogo de cartas, os pais não têm
mais tempo para brincar com os filhos, tempo de desenvolver atividades
diferentes e tudo isso afeta no aprendizado.
Por isso, é imprescindível a liberdade para as brincadeiras, o espaço
e o incentivo dos pais e educadores. Os jogos educativos permitem esse tempo
28
livre, desenvolve atividades intelectuais, cognitivas, de uma forma divertida. E
os jogos também facilitam a forma de educar, fazendo com que a sala de aula
seja um ambiente agradável. A escola precisa ser um lugar onde as
brincadeiras sejam priorizadas, incentivadas e estimuladas para os pequenos.
A disciplina também pode ser desenvolvida através dos jogos, pois é
necessário ordem para efetuar a atividade e quando há interesse pelo que esta
sendo apresentado, à criança contribui para essa ordem. Sendo assim, o tema,
por mais difícil de ser ensinado e compreendido, a curiosidade e a disciplina e
em todos esses aspectos, os jogos educativos contribuem.
Segundo LOPES (2001), o jogo pode ser descrito de três grandes
formas: jogos afetivos, jogos cognitivos e jogos corporais.
a) Jogos afetivos – são aqueles que possibilitam que as crianças tenham trocas
afetivas intensas durante a sua realização. A princípio, todos os jogos podem
romper estas concepções, no entanto, há jogos em que estes aspectos estão
bem mais presentes. Nestes jogos percebemos o quanto há de imaturidade ou
maturidade nas ações do indivíduo. Cabe ao professor intervir, quando
necessário, nestes jogos, buscando possibilitar à criança práticas psicossociais
próximas das atividades naturais de desenvolvimento.
Estes jogos podem ser realizados através de duplas, trios ou
pequenos grupos. Nestas atividades as crianças podem brigar, morder ou se
defenderem. Isto deve ser observado pelo professor. Assim cabe a ele, sempre
dialogar, colocar questões, mas nunca tornar o ambiente asséptico do ponto de
vista
dos
conflitos
FORTUNATO,2010,p.39)
emocionais
“As
e
interações
afetivos.
que
De
acordo
oportuniza,
com
(
favorecem
a
superação do egocentrismo, desenvolvendo a solidariedade e a empatia por
meio dos quais é possível fazer amigos”. Pinturas em grupos, quebra-cabeças,
tangrans, legos, contruções de maquetes em grupos são excelentes jogos para
o desenvolvimento desta habilidade pessoal. É primordial desenvolver a
percepção do outro, da perda, da divisão e da partilha. O crescimento pode vir
das perdas e estas favorecem o crescimento e a maturidade.
29
b) Jogos cognitivos – são aqueles que estão mais voltados ao
desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático. Nestes jogos, a criança irá
testar e compor um raciocínio capaz de enfrentar todo o tipo de situações do
dia-a-dia. São estes jogos que ampliarão a percepção e cálculo mental,
condições primárias de uma aprendizagem satisfatória. Isto requer grandes
períodos de atenção e de concentração e, por isso, são excelentes exercícios
para as crianças desenvolverem esses comportamentos tão primordiais à
atividade acadêmica. O xadrez, as trilhas, as damas e jogos de baralho são
ótimos exemplos de jogos que desenvolvem estas habilidades.
c) Jogos corporais- são aqueles que trabalham a atividade motora. Para
isto, é necessário que a criança coloque seu corpo à disposição da atividade
que está sendo desenvolvida. Crianças com bom desenvolvimento motor
costumam figurar entre as lideranças das turmas ou dos jogos sociais a que
pertencem. Estátua, duro e mole, mímica, expressão corporal, teatro, cirandas
e danças são atividades que não devem faltar nestas práticas.
Há também uma infinidade outros de jogos em que as crianças
ouvintes e as crianças surdas possam desenvolver suas potencialidades.
Podemos utilizar os jogos de construção que são utilizados para introduzir algo,
para explicar, exemplificar o que precisa ser ensinado e muitas vezes estando
por dentro, participando, entendendo a função, as crianças aprendem muito
mais rápido. Quando forem se referir ao assunto estudado, provavelmente
lembrarão da experiência. Para as crianças que estão na Educação Infantil, em
processo de alfabetização e aprendendo LIBRAS, os jogos em que há muitas
cores, sons, formatos e
influenciam na curiosidade, a criança começa a
assimilar as diferenças e à distinguir o que é som, cor, forma, letras e números.
Os jogos de computador e jogos on line, têm despertado grande
interesse das crianças de diversas faixas etárias. Atualmente, qualquer criança
tem acesso, e pelo avanço da tecnologia, não há como evitar, pois é primordial
que a criança desenvolva esse conhecimento. Estes jogos auxiliam no
raciocínio, rapidez, coordenação motora, memorização, leitura e em outras
diversas áreas. Existem muitos jogos de tabuleiro e de computador em que é
30
necessário estratégias para atingir um objetivo, ajudando no desenvolvimento
das crianças em raciocinar, encontrar e tomar decisões.
Os jogos de treinamento são importantes para as crianças
memorizarem, praticarem o que aprenderam e desenvolver a atenção. Como
por exemplo, o caça-palavras, palavras-cruzadas, quis, ligue os pontos e
quebra-cabeças. Os jogos cooperativos e em grupos, são de grande
importância, para desenvolverem desde pequenos o valor do trabalho em
grupo, participação de todos e como a criança pode auxiliar o seu semelhante
a atingir o objetivo proposto. Os jogos de perguntas e respostas ajudam no
aprendizado, na contagem e raciocínio, na lógica, na maneira de pensar e na
memorização de determinado assunto. Existem muitos jogos matemáticos em
que há utilização de peças, que ajudam no aprendizado, na contagem e
raciocínio, assim, o que foi estudado, não se torna algo tão abstrato. Até os
simples jogos em que é necessário apenas uma folha e um lápis, possuem
grande importância no desenvolvimento, como por exemplo, jogo da velha,
forca e adedanha.
A competição nos jogos e brincadeiras necessita ser abordada de
maneira delicada, para não criar rivalidade entre os pequenos. As crianças
precisam aprender a perder e à se posicionar corretamente diante da vitória. É
imprescindível ensiná-los desde à infância, pois é algo comum ao longo da
vida. Os jogos e as brincadeiras trabalham a ansiedade, é durante o jogo que a
criança é muito cobrada sobre o equilíbrio emocional. É a prática da ação que
leva o indivíduo à elaboração própria para o enfrentamento e superação.
Os jogos diminuem a dependência e possibilitam a autonomia.
Durante a atividade, é imprescindível que a criança elabore respostas e
estratégias próprias para prosseguir no grupo, levando à sua autonomia
pessoal. Há desenvolvimento na percepção do ritmo, quando a criança é
estimulada para desenvolver a sintonia com sons e movimentos elaborados.
Os
pequenos
desenvolvem
a
criatividade
quando
os
jogos
exigem
individualidade, usando estratégias para vencer ou obter vantagem na
atividade, prevendo a jogada do outro. Conforme (DIEHL E FERREIRA, 2001),
“a falta de estímulos ou o pouco estímulo, pode ser o agravamento desse
31
retardo no desenvolvimento desses indivíduos, pois já está comprovado por
inúmeras pesquisas científicas que, ao realizarmos um bom trabalho de
estimulação motora, resultados positivos aparecem”.
É importante frisar que é de vital importância que as crianças
ouvintes e principalmente as surdas, sejam estimuladas precocemente, e que
tenha um bom convívio social, e freqüentem uma escola que as auxiliem no
desenvolvimento do seu potencial e se comuniquem em LIBRAS. Sendo assim,
seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional não será prejudicado em
nenhum momento de sua vida.
32
CONCLUSÃO
Para que a inclusão escolar seja real, o professor da classe de
Educação Infantil deve estar sensibilizado e capacitado para alterar sua forma
de lecionar e adaptar o seu currículo para atender às necessidades de todos os
alunos, inclusive de alguns que tenham maiores dificuldades. Faz-se
necessário repensar a prática pedagógica dos professores para transformar o
currículo tradicional em um currículo inclusivo. Ao invés da criança com
necessidades educativas especiais se adaptarem ao sistema escolar, a escola
é que deve adaptar-se à estas crianças.
É preciso incluir sem excluir, não sendo possível atender a criança
surda ignorando suas características, nem tão pouco tratá-la diferente dos
demais colegas de turma. É necessário perceber que ao tratar o incluso como
se não tivesse deficiência, seria ignorar suas características próprias. A
deficiência auditiva existe e faz-se necessário levá-la em consideração. Neste
sentido
é
importante
não
subestimar suas
potencialidades,
nem
as
dificuldades. Estas crianças têm o direito, podem e querem tomar suas próprias
decisões e assumir a responsabilidade por suas próprias escolhas.
Ter ou ser acometido por uma necessidade especial, seja qual for,
não faz com que uma criança seja melhor ou pior do que a outra que não
possui. É provável que esta criança apresente certas dificuldades para o
desenvolvimento de algumas habilidades, entretanto, apresentará tantas outras
conquistas. A escola enquanto espaço vivo, prazeroso e solidário, deve ter
como objetivo fundamental de assegurar a formação dos que participam do
processo de educação inclusiva.
A inclusão não pode ser responsabilidade única da Educação
Especial, não basta apenas o professor especializado nesta área auxiliar o
professor de Educação Infantil de como trabalhar com este aluno. Se não for
desenvolvida uma dinâmica de trabalho integrado, estaremos criando um
sistema especial dentro da escola regular, o que não se caracterizaria como
33
Educação Inclusiva. Portanto, a escola deve ser um espaço que promova
mudanças, voltada e preocupada com a qualidade dos seus conteúdos, com a
formação dos seus professores, realizando uma educação que crie para as
crianças uma perspectiva de um futuro melhor. Os alunos devem ser
trabalhados para compreender e aceitar o outro, a reconhecer as necessidades
e competências dos colegas, a respeitar todas as pessoas, a construir uma
sociedade mais solidária, a desenvolver atitudes de apoio mútuo, a criar e
desenvolver laços de amizade, a preparar uma comunidade que apóia todos os
seus membros e a diminuir a ansiedade diante das dificuldades.
A Escola Inclusiva não necessita de classes especiais. Todas classes
e todos os alunos são muito importantes para o seu professor. Há lugar para
todos, não há exigências quanto à acesso, nem mecanismos de seleção ou
discriminação de qualquer espécie. É o lugar onde cada aluno pensa, faz e cria
e não do que reproduz, anota ou decora, pois cada um fará no seu ritmo, no
seu modo e no seu tempo.
Os professores e demais profissionais que atuam junto ao aluno
surdo na Educação Infantil e classe regular, devem ser informados de que,
embora ele não tenha uma linguagem claramente expressa, poderá ter mais
chances de integrar-se, se os profissionais, principalmente os professores,
estivessem atentos aos seguintes itens: aceitar o aluno surdo sem rejeição,
ajudá-lo a pensar, raciocinar, não lhe fornecendo soluções prontas e não
manifestar conduta de superproteção. Tratar o aluno normalmente como
qualquer outro, sem discriminação ou distinção, não ficar de costas ou de lado
para o aluno quando estiver falando. Preparar os colegas de classe para
recebê-lo naturalmente. Ao falar, dirigir-se diretamente ao aluno surdo e
expressar-se pausadamente para que ele entenda. Não esquecer de verificar
se o aparelho de amplificação sonora individual está funcionando, se a criança
usá-lo, observando sua atenção. Algumas crianças surdas realizam a leitura
labial. Devemos chamar a sua atenção através de um gesto convencional ou
através de um sinal. Acomodá-lo nas primeiras cadeiras, utilizando todos os
recursos que facilitem sua compreensão e estimulando-a a expressar-se
através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Pedir a sua ajuda para que se
34
sinta um membro ativo e participante e sua família deve ser inclusa em todo o
processo educativo para o seu pleno desenvolvimento. Obter informações
atualizadas sobre a educação de crianças surdas e acreditar em suas
potencialidades, observando seu crescimento cognitivo, social e afetivo. As
pessoas vivem em constante processo de aprendizagem, e o papel da escola é
ensinar para a vida, o processo ensino-aprendizagem permite tanto ao
educador
quanto
ao
educando
trocar
experiências,
ocasionando
um
aprendizado contínuo com a formação de seus professores e criando
oportunidades para estas crianças de um futuro melhor.
O objetivo da escola é acompanhar esta dinâmica, compreendendo o
seu fazer diário, refletindo e avaliando continuamente sua prática pedagógica.
Essas ações estão presentes no cotidiano escolar, com o objetivo principal de
que o aluno compreenda o mundo em que vive, conquiste sua autonomia,
desenvolva a auto-estima e o equilíbrio pessoal, crie vínculos para uma
interação social, reconheça o outro respeitando as diversidades culturais,
éticas,
religiosas,
sexuais
e
sociais,
recusando
qualquer
forma
de
discriminação ou preconceito, mantendo o interesse pela aprendizagem e
fortalecendo a capacidade de aprender.
A escola deve proporcionar à todas as crianças acesso às diversas
formas de cultura. Que a alfabetização seja imprescindível para torná-la um
cidadão pleno durante toda a vida. A escola ideal, seria aquela que
despertasse a curiosidade da criança, proporcionasse todas as experiências
possíveis do conhecimento e discutisse francamente com os seus alunos
valores éticos e morais. A escola necessita ser um espaço aberto, pensante e
flexível aberto à sociedade em que está inserida. O aluno é um eterno
aprendiz, em constante interação com as oportunidades que o mundo oferece
ao longo da vida.
A escola inclusiva que sonhamos, precisa atender a todos os alunos
com necessidades educativas especiais. Que seja uma escola direcionada
para a comunidade, onde o processo educativo seja entendido como um
processo social, onde todas as crianças aprendam juntas, mesmo tendo
objetivos e processos diferenciados. Que torne os professores a estabelecer
35
maneiras criativas de atuação com as crianças com necessidades especiais.
Que haja um atendimento integrado para o professor de classe regular, onde
todas sejam vistas como capazes. Não existe uma metodologia única,
específica para a educação das crianças surdas, mas são necessárias
adaptações curriculares para atender as especificidades da clientela, seja na
escola especial ou na regular. Os educadores devem considerar, além da
metodologia, as necessidades específicas dos alunos, com o objetivo de
favorecer sua adaptação e sua integração.
As escolas vêm buscando adotar métodos e técnicas que propiciem
ao aluno surdo aquisição necessária de conhecimentos e habilidades, bem
como a formação de valores que o identifiquem como pessoa única e como
parte integrante da sociedade.
A escola, comum ou especializada, deve preparar a criança surda
para a vida em sociedade, oferecendo-lhe condições de aprender um código de
comunicação que permita o seu ingresso na realidade sócio-cultural, com
efetiva participação da sociedade. O trabalho de linguagem, tanto em Língua
Portuguesa (oral) quanto na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), é
desenvolvido de forma a dar à criança surda um instrumento lingüístico que a
torne capaz de se comunicar.
Os principais recursos utilizados nesse trabalho são atividades de
imitação, jogos, desenhos, dramatizações, brincadeiras de faz-de-conta e
histórias infantis. Tais atividades possibilitam, ao mesmo tempo, a aquisição da
linguagem e a aprendizagem de conceitos e regras de um código de
comunicação, aspectos importantíssimos para o processo de integração
escolar. A criança surda adquire sua linguagem ao relacionar a experiência que
está vivendo com a verbalização e/ou os sinais que ela observa em outra
pessoa como os colegas, pais, professores e família, bem como ao relacionar o
que está sendo falado pelo outro com suas próprias experiências e também ao
comunicar seus pensamentos e experiências de forma oral, escrita ou com
sinais. A partir dessas situações espontâneas de relacionamento, o professor e
os pais podem realizar atividades e brincadeiras que estimulem a interação
36
com a criança, mantendo sua atenção e ajudando-a a se expressar a partir de
gestos, sinais, atitudes corporais e linguagem oral.
O envolvimento da família é fundamental para a inclusão da criança
surda na Educação Infantil ou classe comum. Participando do processo
escolar, os pais acompanham o desenvolvimento do seu filho e colaboram para
que ele se entrose e se sinta valorizado pessoalmente.
Outro fator relevante para que o processo da inclusão se efetive, é
que os educadores acreditem que todo gesto, atitude, planejamento, ação e
avaliação estão a serviço do aluno surdo e que este pode aprender com tudo,
em todos os ritmos e de vários modos, com diversos métodos e com tempo
indeterminado. É correto afirmar que a inclusão educacional é uma luta que
envolve toda a sociedade porque depende também de políticas econômicas e
sociais, assim o educador, sem apoio desses segmentos, não poderá
desempenhar um bom trabalho.
E infelizmente é isso que a realidade apresenta, quando os alunos
são inseridos em sala de aula regular, sem nenhum apoio, sem que o educador
tenha recebido preparo, a família se omite, e a criança surda vai apenas figurar
na lista de chamada, porém sem apresentar nenhum progresso. Além de tudo
isso, sabe-se que a falta de comunicação é algo complicado, levando o aluno
surdo a se recolher num mundo de alienação, até que deixa de comparecer à
escola, pois para ele não faz sentido estar entre pessoas que não o entendam
e que ele não consegue entender.
Muitos professores questionam essa situação, no entanto, ficam sem
respostas e o problema persiste, o que fica evidenciado é que a inclusão
educacional não tem sido tratada com prioridade pelo Sistema Educacional
Brasileiro, havendo necessidade da conscientização de todos sobre os
benefícios advindos da inclusão.
Sabe-se que a inclusão de crianças e adultos surdos não é uma
tarefa fácil, mas que constitui um compromisso ético que visa democratizar a
participação de todas as pessoas no processo educacional, num interrelacionamento que favoreça a troca de experiências, passando a promover a
37
melhoria da qualidade de vida. A educação numa democracia é o principal
meio de instrumentalização do indivíduo para o exercício de suas funções na
sociedade. Logo, é imprescindível que as diretrizes norteadoras da política
nacional de educação contemplem todos os alunos sem exceção. Se a
inclusão educacional unir a criatividade do professor à sua convicção de que a
aprendizagem é possível para todos os alunos e que não há limites na
aprendizagem quando bem direcionada, com certeza haverá remoções de
barreiras que ainda embaraçam a inclusão de crianças com necessidades
especiais. A inclusão de crianças surdas vem ganhando espaço no contexto
social. São avanços lentos, mas significativos que poderão comprovar que a
escola de qualidade, acolhedora para todos, é um sonho possível, pois o direito
de todos os indivíduos à educação, como caminho possível de integração com
o meio social, deve ser respeitado, independente das dificuldades do
educando.
38
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2009
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www.xa.yang.com Acesso dia: 17/12/2011
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO ..................................................................................... ........ 2
AGRADECIMENTO ..................................................................................... ........ 3
DEDICATÓRIA............................................................................................. ........ 4
RESUMO .................................................................................................... ........ 5
METODOLOGIA .......................................................................................... ........ 6
SUMÁRIO .................................................................................................... ........ 7
INTRODUÇÃO ............................................................................................. ........ 8
CAPÍTULO I - A criança surda e a pré-escola: seus direitos ...................... ........ 10
CAPÍTULO II – O desenvolvimento da criança através de jogos e
brincadeiras.................................................................................................. ........ 18
CAPÍTULO III – Atividades práticas: um instrumento de inclusão social para as
crianças surdas. ......................................................................................... ........ 25
CONCLUSÃO ............................................................................................. ........ 32
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ ........ 36
ÍNDICE ........................................................................................................ ........ 40
FOLHA DE AVALIAÇÃO .............................................................................. ........ 41
41
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Faculdade Integrada AVM
Título da Monografia: O Brincar da Criança Surda
Autor: Arilson Fernandes Pires
Data da entrega:
Avaliado por: Mary Sue Pereira
Conceito:
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