JAN / MAR / 2009 • No 1 • ANO XXXIII Conosur Os destaques do XII Congresso Internacional de Reumatologia do Cone Sul, em Curitiba Dia a dia Conduta prática para olho e boca seca Ação Sinérgica que vai além da dor1 • Diminuição da dor 1 Em 2 anos de terapia combinada adalimumabe + MTX: • Ajuda na recuperação da mobilidade articular 1 • 49% dos pacientes alcançaram a remissão clínica1 • Maior tolerabilidade, com o menor consumo de AINES / analgésicos 2,3,4 Durante 5 anos de terapia com adalimumabe: • Inibição sustentada da progressão radiológica2 PANTONE PANTONE221 2728 CVCV C 0 M 100 Y 20 TM K 35 Na AR, cuidar hoje preserva o amanhã CMYK HUMIRATM (adalimumabe). Indicações: Artrite Reumatóide, Artrite Psoriásica, Espondilite Anquilosante, Doença de Crohn e Psoríase em placas. Contra-Indicações: hipersensibilidade conhecida ao adalimumabe ou quaisquer componentes da fórmula do produto. Precauções: Alergia: Se uma reação alérgica grave ocorrer, a administração deve ser interrompida imediatamente e iniciado tratamento apropriado. Tuberculose: Antes de iniciar o tratamento, todos os pacientes devem ser avaliados quanto à presença de tuberculose ativa ou inativa (latente), com anamnese detalhada, radiografia de tórax e teste tuberculínico (PPD). O uso concomitante de adalimumab com anakinra ou abatacepte não é recomendado. Imunizações: Não se recomenda a administração concomitante de vacinas com agentes vivos. Insuficiência cardíaca congestiva: Deve-se ter cautela ao usar adalimumabe em pacientes com insuficiência cardíaca. Processos auto-imunes: Se um paciente desenvolver sintomas que sugiram Síndrome Lúpica durante o tratamento com Adalimumabe, o tratamento deve ser descontinuado. Carcinogenicidade, Mutagenicidade e Alterações na Fertilidade: Não foram realizados estudos experimentais de longo prazo para avaliar o potencial carcinogênico ou os efeitos do adalimumabe sobre a fertilidade. Gravidez: Mulheres em idade reprodutiva devem ser advertidas a não engravidar durante o tratamento com Adalimumabe. Lactação: Recomenda-se decidir entre descontinuar o tratamento com Adalimumabe TM ou interromper o aleitamento, levando em conta a importância do medicamento para a mãe. Uso pediátrico: adalimumabe não foi estudado na faixa etária pediátrica. Advertências: Infecções: o tratamento não deve ser iniciado em pacientes com infecções ativas. Reativação da Hepatite B: o uso de inibidores de TNF foi associado à reativação do vírus da hepatite B (HBV). Eventos neurológicos: Deve-se ter cautela em pacientes com PANTONE doenças desmielinizantes de início recente ou preexistente. Malignidades: Deve-se ter cautela ao se considerar o tratamento com Adalimumabe em pacientes com história de malignidade. Interações Medicamentosas: Metotrexato: Não há necessidade de ajuste das doses de nenhum dos dois medicamentos. Outras: Não foram realizados estudos formais de farmacocinética entre Adalimumabe e outras substâncias. Interação com testes laboratoriais: não são conhecidas interferências entre Adalimumabe e testes laboratoriais. Reações Adversas: anormalidade nos exames laboratoriais, astenia, exacerbação de reação clínica, síndrome gripal, dor abdominal, infecção, febre, distúrbio de membrana mucosa, dor nas extremidades, edema facial, dor lombar, celulite, calafrios, sepsis, reação alérgica, reação no local de injeção (dor, eritema, prurido, edema. reação local, hemorragia local, erupção local), exantema, prurido, herpes simples, distúrbios cutâneos, herpes zoster, exantema maculopapular, distúrbios nas unhas, pele seca, sudorese, alopecia, dermatite fúngica, urticária, nódulo cutâneo, úlcera de pele, eczema, hematoma subcutâneo, hiperlipidemia, hipercolesterolemia, aumento de fosfatase alcalina, uréia, creatina-fosfoquinase, desidrogenase lática e ácido úrico, edema periférico, ganho de peso, cicatrização anormal, hipopotassemia, náuseas, diarréia, dor de garganta, anormalidade das provas de função hepática, esofagite, vômitos, dispepsia, constipação, dor gastrintestinal, distúrbios dentários, gastroenterite, distúrbios da língua, monilíase oral, estomatite aftosa, disfagia, estomatite ulcerativa, anemia, granulocitopenia, aumento do tempo de coagulação, presença de anticorpo antinuclear, leucopenia, linfadenopatia, linfocitose, plaquetopenia, púrpura, equimoses, aparecimento de auto-anticorpos, infecções das vias respiratórias superiores, rinite, sinusite, bronquite, aumento da tosse, pneumonia, faringite, dispnéia, distúrbio pulmonar, asma, infecção urinária, monilíase vaginal, hematúria, cistite, menorragia, proteinúria, polaciúria, cefaléia, tontura, parestesia, vertigem, hipoestesia, nevralgia, tremor, depressão, sonolência, insônia, agitação, conjuntivite, distúrbios oculares, otite média, alteração do paladar, anormalidades visuais, borramento da visão, olho seco, distúrbios auditivos, dor ocular, hipertensão, vasodilatação, dor torácica, artralgia, cãibras musculares, mialgia, distúrbios articulares, sinovite, distúrbios tendinosos. Neoplasia: Os dados são insuficientes para determinar se o Adalimumabe contribuiu para o desenvolvimento de neoplasias. Posologia e Administração: Artrite Reumatóide : a dose recomendada é de 40 mg, administrados em dose única injetável por via subcutânea, a cada 14 dias. Artrite Psoriásica: a dose recomendada é de 40 mg, administrados em dose única injetável por via subcutânea, a cada 14 dias. Espondilite Anquilosante: a dose recomendada é de 40 mg, administrados em dose única por via subcutânea, a cada 14 dias. Doença de Crohn: a dose recomendada é de 160 mg na semana 0, 80 mg na semana 2 e 40 mg em semanas alternadas, a partir da semana 4, por via subcutânea. Psoríase em Placas: a dose recomendada é de 80 mg na semana 0 e 40 mg em semanas alternadas a partir da semana 1, por via subcutânea. Superdosagem: A dose máxima tolerada de adalimumabe não foi determinada em humanos. Armazenamento: Deve ser armazenado em geladeira na temperatura entre 2 oC e 8 oC. Não deve ser congelado. Registro no MS: no 1.0553.0294. Por se tratar de um medicamento novo, efeitos indesejáveis e não conhecidos podem ocorrer. Informações Adicionais: Estão disponíveis aos profissionais de saúde: Abbott Laboratórios do Brasil Ltda – Diretoria Médica: Rua Michigan, 735 – Brooklin, São Paulo / SP 04566-905 ou fone 0800 703 1050. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. TM TM Referências: 1. Breedveld FC, Weisman MH, Kavanaugh AF, Cohen SB, Pavelka K, van Vollenhoven R, Perez JL, Spencer-Green GT, para os investigadores do PREMIER. Arthritis & Rheumatism. 2006; 54:26-37. 2. Keystone EC, Kavanaugh AF, Sharp JT, Patra K, Perez JL. Inhibition of radiographic progression in patients with long-standing rheumatoid arthritis treated with adalimumab plus methotrexate for 5 years. Pôster apresentado no EULAR 2007, Barcelona, Espanha, (THU 0168). ABBOTT CENTER - Central de Relacionamento com o Cliente 0800 7031050 e-mail: [email protected] www.abbottbrasil.com.br Caixa com 30 cápsulas | Caixa com 90 cápsulas Referências Bibliográficas: 1) Reginster, J. et al. Naturocetic (glucosamine and chondroitin sulfate) compounds as structure-modifying drugs in the treatment of osteoarthritis. Curr. Op. Rheumatol, 15: 651-55, 2003. 2) Dodge GR, et al. Glucosamine sulfate modulates the levels of aggrecan and matrix metalloproteinase-3 synthesized by culture human osteoarthritis articular chondrocytes. Osteoarthritis and Cartilage 2003; 11:424-432. 3) Seda, H. Seda, AC. Osteoartrite: Reumatologia - Diagnóstico e Tratamento / Carvalho MAP, ed Medsi: 289-307, 2001. 4) De los Reyes, GC. et al. Glucosamine and chondroitin sulfates in treatment of osteoarthritis: a survey. Prog in Drugs Res: 55: 81-103, 2000. 5) Bula do produto. ARTROLIVE. sulfato de glicosamina. sulfato de condroitina. MS - 1.0573.028. 6) IMS/PMB – MAT SET/08. INFORMAÇÕES PARA PRESCRIÇÃO: ARTROLIVE. sulfato de glicosamina + sulfato de condroitina. MS – 1.0573.0286. INDICAÇÕES: ARTROLIVE é indicado para osteoartrite, osteoartrose ou artrose em todas as suas manifestações. CONTRA-INDICAÇÕES: ARTROLIVE É CONTRA-INDICADO EM PACIENTES QUE APRESENTEM HIPERSENSIBILIDADE A QUAISQUER DOS COMPONENTES DE SUA FÓRMULA; GRAVIDEZ E LACTAÇÃO. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: SÃO NECESSÁRIOS O DIAGNÓSTICO PRECISO E O ACOMPANHAMENTO CUIDADOSO DE PACIENTES COM SINTOMAS INDICATIVOS DE AFECÇÃO GASTRINTESTINAL, HISTÓRIA PREGRESSA DE ÚLCERA GÁSTRICA OU INTESTINAL, DIABETES MELLITUS, OU A CONSTATAÇÃO DE DISTÚRBIOS DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO OU DA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA ASSIM COMO PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA DAS FUNÇÕES RENAL, HEPÁTICA OU CARDÍACA. SE OCORRER EVENTUALMENTE ULCERAÇÃO PÉPTICA OU SANGRAMENTO GASTRINTESTINAL EM PACIENTES SOB TRATAMENTO, A MEDICAÇÃO DEVERÁ SER SUSPENSA IMEDIATAMENTE. DEVIDO À INEXISTÊNCIA DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL, ARTROLIVE NÃO ESTÁ INDICADO PARA SER UTILIZADO DURANTE A GRAVIDEZ. NÃO EXISTEM INFORMAÇÕES SOBRE A PASSAGEM DO MEDICAMENTO PARA O LEITE MATERNO SENDO DESACONSELHADO SEU USO NESSAS CONDIÇÕES E AS LACTANTES SOB TRATAMENTO NÃO DEVEM AMAMENTAR. PODE OCORRER FOTOSSENSIBILIZAÇÃO EM PACIENTES SUSCETÍVEIS, PORTANTO PACIENTES COM HISTÓRICO DE FOTOSSENSIBILIDADE A OUTROS MEDICAMENTOS DEVEM EVITAR SE EXPOR À LUZ SOLAR. FORAM DESCRITOS NA LITERATURA, ALGUNS CASOS DE HIPERTENSÃO SISTÓLICA REVERSÍVEL, EM PACIENTES NÃO PREVIAMENTE HIPERTENSOS, NA VIGÊNCIA DO TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA. PORTANTO, A PRESSÃO ARTERIAL DEVE SER VERIFICADA PERIODICAMENTE DURANTE O TRATAMENTO COM ARTROLIVE. FORAM RELATADOS POUCOS CASOS DE PROTEINÚRIA LEVE E AUMENTO DA CREATINO-FOSFOQUINASE (CPK) DURANTE TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA, QUE VOLTARAM AOS NÍVEIS NORMAIS APÓS INTERRUPÇÃO DO TRATAMENTO. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: O tratamento concomitante com antiinflamatórios não-esteroidais pode incorrer no agravamento de reações adversas do sistema gastrintestinal, sendo recomendado um acompanhamento médico mais rigoroso nesses casos. Alguns autores da literatura médica descrevem que o uso de glicosamina e condroitina pode incorrer em um aumento da resistência à insulina, porém, esses estudos foram realizados com doses muito superiores às indicadas na terapêutica clínica normal e sua validade ainda é discutida por vários outros autores. Estudos recentes demonstraram que a associação condroitina e glicosamina, quando empregada em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo II, não levou a alterações no metabolismo da glicose. Os resultados destes estudos não podem ser extrapolados para pacientes com diabetes mellitus descompensado ou não-controlado. É recomendável que pacientes diabéticos monitorem seus níveis sanguíneos de glicose mais frequentemente durante o tratamento com ARTROLIVE. O uso concomitante de ARTROLIVE com os inibidores da topoisomerase II (etoposídeo, teniposídeo e doxorrubicina) deve ser evitado, uma vez que a glicosamina induziu resistência in vitro a estes medicamentos em células humanas cancerosas de cólon e de ovário. Há relato de um caso na literatura de potencialização do efeito da varfarina, com consequente aumento dos valores sanguíneos de INR (International Normalized Ratio). Portanto, o uso concomitante de ARTROLIVE com anticoagulantes orais deve levar em conta avaliações rigorosas do INR. Reações adversas: SISTEMA CARDIOVASCULAR: EDEMA PERIFÉRICO E TAQUICARDIA JÁ FORAM RELATADOS COM O USO DA GLICOSAMINA, PORÉM NÃO FOI ESTABELECIDA UMA RELAÇÃO CAUSAL. FORAM DESCRITOS NA LITERATURA, ALGUNS CASOS DE HIPERTENSÃO SISTÓLICA REVERSÍVEL, EM PACIENTES NÃO PREVIAMENTE HIPERTENSOS, NA VIGÊNCIA DO TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA. PORTANTO, A PRESSÃO ARTERIAL DEVE SER VERIFICADA PERIODICAMENTE DURANTE O TRATAMENTO COM ARTROLIVE. SISTEMA NERVOSO CENTRAL: MENOS DE 1% DOS PACIENTES EM ESTUDOS CLÍNICOS APRESENTARAM CEFALÉIA, INSÔNIA E SONOLÊNCIA NA VIGÊNCIA DO TRATAMENTO COM A GLICOSAMINA. ENDÓCRINO-METABÓLICO: ESTUDOS RECENTES DEMONSTRARAM QUE A ASSOCIAÇÃO CONDROITINA E GLICOSAMINA, QUANDO EMPREGADA EM PACIENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO II, NÃO LEVOU A ALTERAÇÕES NO METABOLISMO DA GLICOSE. OS RESULTADOS DESTES ESTUDOS NÃO PODEM SER EXTRAPOLADOS PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS DESCOMPENSADO OU NÃO-CONTROLADO. É RECOMENDÁVEL QUE PACIENTES DIABÉTICOS MONITOREM SEUS NÍVEIS SANGUÍNEOS DE GLICOSE MAIS FREQUENTEMENTE DURANTE O TRATAMENTO COM ARTROLIVE. GASTRINTESTINAL: NÁUSEA, DISPEPSIA, VÔMITO, DOR ABDOMINAL OU EPIGÁSTRICA, CONSTIPAÇÃO, DIARRÉIA, QUEIMAÇÃO E ANOREXIA TÊM SIDO RARAMENTE DESCRITOS NA LITERATURA NA VIGÊNCIA DE TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA. PELE: ERITEMA, PRURIDO, ERUPÇÕES CUTÂNEAS E OUTRAS MANIFESTAÇÕES ALÉRGICAS DE PELE FORAM REPORTADAS EM ENSAIOS CLÍNICOS COM GLICOSAMINA. PODE OCORRER FOTOSSENSIBILIZAÇÃO EM PACIENTES SUSCETÍVEIS, PORTANTO PACIENTES COM HISTÓRICO DE FOTOSSENSIBILIDADE A OUTROS MEDICAMENTOS DEVEM EVITAR SE EXPOR À LUZ SOLAR. POSOLOGIA: Adultos: Recomenda-se iniciar a terapêutica com a prescrição de 1 cápsula via oral 3 vezes ao dia. Como os efeitos do medicamento se iniciam em média após a terceira semana de tratamento deve-se ter em mente que a continuidade e a não-interrupção do tratamento são fundamentais para se alcançar os benefícios analgésicos e de mobilidade articular. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. CPD 2029102 05/07 BU 05 100 95 Editorial E 75 sta edição do Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) reflete com fidelidade o papel da publicação: divulgar as atividades da SBR e das regionais, mostrar trabalhos de colegas que defenderam teses ou se destacaram em eventos internacionais e fornecer atualização prática para o dia a dia do consultório, com uma pitada de cultura e descontração para temperar sua leitura. Assim, você vai encontrar, nas próximas páginas, abordagens úteis sobre a conduta clínica no tratamento de olho e boca seca nos portadores da síndrome de Sjögren, o impacto da fibromialgia na avaliação dos pacientes com artrite reumatoide e o estudo das células NK em gestantes lúpicas. A gota também participa deste número, mas sob um curioso pris- 25 5 0 ma histórico. E a esclerodermia, por sua vez, aparece na carta de uma paciente que tem muito a nos ensinar. O boletim ainda destaca diversas atividades educacionais que ocorreram do fim do ano passado para cá, com destaque para o recente Congresso Internacional de Reumatologia do Cone Sul, o XII Conosur, que foi um grande sucesso de público e crítica em Curitiba (PR), com mais de 600 participantes. Não por acaso, escolhemos uma obra de um artista local, Erbo Stenzel, para ilustrar nossa capa e, claro, presentear seus olhos entre a leitura de um e outro artigo. Aproveite! Marcelo Pinheiro, Fábio Jennings e Kaline Medeiros OS EDITORES SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA Diretoria Executiva SBR – Biênio 2008-2010 Presidente Ieda Maria Magalhães Laurindo – SP Tesoureiro Manoel Barros Bertolo – SP Secretária-geral Claudia Goldenstein Schainberg – SP Vice-tesoureiro Célio Roberto Gonçalves – SP Primeiro-secretário Gilberto Santos Novaes – SP Diretor científico Eduardo Ferreira Borba Neto – SP Segundo-secretário Francisco José Fernandes Vieira – CE Presidente eleito Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro – RJ Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94 01402-000 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986 100 www.reumatologia.com.br 95 @ [email protected] Coordenação editorial Diretoria Executiva 75 Conselho editorial Marcelo de Medeiros Pinheiro – SP Martin Fábio Jennings Simões – SP 25Kaline Medeiros Costa Pereira – SP Colaborador: Plínio José do Amaral – SP Jornalista responsável Solange Arruda (Mtb 45.848) Layout Sergio Brito Impressão Sistema Gráfico SJS Tiragem: 2.000 exemplares Índice 4 5 6 8 11 12 14 16 19 20 21 SBR.doc Matéria de capa Primeira fila O melhor do Brasil Cartas Coluna Seda Notas Dia a dia Questão de foco Regionais Agenda 5 o 0 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • N 1 • jan/mar/2009 3 Agenda 2009 SBR.doc Conheça as propostas da nova comissão de AR A 4 - Apoio aos pacientes pós a formação da Comissão de Artrite Reumatoide (CAR) da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), gestão 2008-2010, os membros desse time de especialistas sugeriram uma agenda de propostas durante a primeira reunião de planejamento e discussão de metas da SBR, que ocorreu nos dias 17 e 18 de outubro de 2008, em São Roque, interior de São Paulo. De acordo com o presidente da CAR, Ivânio Alves Pereira, as principais propostas apresentadas têm, como alvo, os reumatologistas e os pacientes reumatoides e envolvem diversas ações em educação médica continuada, eventos, pesquisa e orientações aos portadores de artrite reumatoide (AR), conforme você confere a seguir. 1 - Educação médica continuada Na parte educacional, a proposta é divulgar, para os reumatologistas sócios da SBR, recomendações baseadas em evidências científicas com o objetivo de uniformizar as condutas para o diagnóstico e o tratamento da doença. Será feita ainda uma avaliação do grau de concordância e da dificuldade de implementação das recomendações internacionais. Para tanto, o grupo se valerá de vários meios de divulgação dessas informações, entre os quais: • textos impressos e conteúdo virtual no site da SBR; • folhetos para preenchimento uniforme e sistemático de dados clínicos dos pacientes (articulações edemaciadas e dolorosas, escores compostos, como DAS28 e SDAI, e resultados de VHS, PCR, hemograma, função renal e enzimas hepáticas); • aulas on-line pelo site da SBR, enriquecidas com discussões de casos clínicos e participação interativa dos interessados, que serão realizadas aos sábados, às 9 horas, com modelo semelhante ao das espondiloartrites, sob a coordenação do Dr. Percival Degrava Sampaio-Barros; • publicação de revisões sobre temas relevantes, como diagnóstico precoce, comorbidades, monitoração e novos alvos terapêuticos. 4 2 - Apoio a eventos, simpósios e encontros A comissão vai continuar estimulando a atualização de novos conceitos em diagnóstico, monitoração e tratamento da AR no que diz respeito a eventos. Isso já ocorreu em 2009, por exemplo, no curso pré-congresso da 12ª edição do Conosur, realizada em março, em Curitiba (PR), o qual foi dedicado ao tema de métricas em doenças reumáticas e idealizado pelo presidente do evento e membro da CAR, o Dr. Sebastião Radominski, com a participação de diversos convidados internacionais. 3 - Pesquisa No que toca à pesquisa, a CAR pretende levantar o perfil do reumatologista brasileiro, mostrando como o especialista aborda os pacientes, desde o diagnóstico da AR, passando pelos exames mais solicitados, pela estratégia de tratamento utilizada e pelas medicações mais prescritas, até o manuseio das comorbidades mais prevalentes, como a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, as dislipidemias, a aterosclerose e a osteoporose. Além disso, o grupo tenciona atualizar, no ano que vem, o Consenso de Tratamento da Artrite Reumatoide em conjunto com a diretoria e a presidência da SBR. As ações dirigidas aos pacientes deverão se traduzir no fornecimento de informações e apoio aos portadores de AR por meio do site da SBR e também na distribuição de folhetos informativos sobre a doença em consultórios, sempre com o esclarecimento e o aconselhamento de familiares e cuidadores, com o intuito de obter mais apoio e incentivo aos doentes. Com o advento das novas terapias, é fundamental que o paciente conheça os detalhes da doença, a importância da adesão ao tratamento, a necessidade da monitoração regular dos exames e da atividade da doença, as formas de reabilitação e readaptação às atividades profissionais e à vida diária e a necessidade de manter hábitos de vida saudáveis a fim de minimizar os riscos de doenças cárdio e cerebrovasculares, bem como de hepatotoxicidade. É mesmo uma agenda lotada de prioridades, mas isso nem de longe preocupa os membros da CAR. “A comissão se encontra bastante motivada com as metas e tarefas que têm pela frente e conta desde já com o apoio de todos os colegas da SBR para o preenchimento de questionários e pesquisas”, avisa o Dr. Ivânio Pereira. X Veme Journée de Rhumatologie Avancée – Echanges France-Brésil XV Encontro de Reumatologia Avançada Data: de 21 a 23 de maio Local: Maksoud Plaza Hotel, São Paulo (SP) Contato: www.reumatologiasp.com.br XVII Jornada Centro-Oeste IV Jornada Mineira de Reumatologia Data: de 5 a 8 de agosto Local: Ouro Preto (MG) Contato: www.reumatologia2009.com.br [email protected] XXXVI European Symposium on Calcified Tissues (ECTS) Data: de 23 a 27 de maio Local: Viena, Áustria Contato: www.ectsoc.org IV Curso de Revisão para Clínicos Data: 7 e 8 de agosto Local: APM, São Paulo (SP) Contato: www.reumatologiasp.com.br Eular Data: de 10 e 13 de junho Local: Copenhague, Dinamarca Contato: www.eular.org XII Congresso Colombiano de Reumatologia Data: de 13 a 16 de agosto Local: Bogotá, Colômbia Contato: www.asoreuma.org Fórum de Discussão sobre Políticas de Medicamentos no Brasil Data: 30 de junho Local: APM, São Paulo (SP) Contato: www.reumatologiasp.com.br XVII Jornada do Cone Sul de Reumatologia Data: de 3 a 5 de setembro Local: Maringá (PR) Contato: www.reumato2009.com.br [email protected] Jornada Anual de Reumatologia do Rio de Janeiro – ReumaRio 2009 Data: 17 e 18 de julho Local: Praia de Copacabana, Rio de Janeiro (RJ) Contato: [email protected] Congresso Mundial da Osteoarthritis Research Society International (Orsi) Data: de 10 a 13 de setembro Local: Quebec, Canadá Contato: www.oarsi.org American Society for Bone and Mineral Research (ASBMR) Data: de 11 a 15 de setembro Local: Denver, EUA Contato: www.asbmr.org A charge do Valderílio XX Jornada Paulista de Reumatologia Data: 25 e 26 de setembro Local: Ribeirão Preto (SP) Contato: www.reumatologiasp.com.br 73 ACR Data: de 16 a 21 de outubro Local: Filadélfia, EUA Contato: www.rheumatology.org Comissão de Artrite Reumatoide da SBR Presidente: Jornada de Reumatologia do ABC e Litoral Data: 20 e 21 de novembro Local: Guarujá (SP) Contato: www.reumatologiasp.com.br Ivânio Alves Pereira (SC) [email protected] Membros: Claiton Viegas Brenol (RS) Oswaldo Melo da Rocha (SP) Dawton Torigoe (SP) Francisco Aires C. de Lima (DF) Sebastião C. Radominski (PR) Marco Antonio Rocha Loures (PR) Carlos Geraldo (BA) Gláucio R. W. de Castro (SC) Sônia Maria Alvarenga Anti (SP) BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 www.reumatologia.com.br XVIII Encontro Rio-São Paulo de Reumatologia Data: de 3 a 6 de dezembro Local: Angra dos Reis (RJ) Contato: www.reumatorj.com.br/jornada [email protected] BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 21 Regionais www.reumatologia.com.br Bem perto de você Anote o endereço eletrônico de sua regional e não deixe de mandar, sempre que preciso, suas dúvidas, sugestões e críticas. Sociedade Alagoana de Reumatologia Dra. Maria Aparecida Celestino Madeiro Contato: [email protected] Sociedade Mineira de Reumatologia Dra. Cristina Costa Duarte Lanna Contato: [email protected] Sociedade Amazonense de Reumatologia Dr. Domingos Sávio N. de Lima Contato: [email protected] Sociedade Paraense de Reumatologia Dr. José Ronaldo M Carneiro Contato: [email protected] Sociedade Baiana de Reumatologia Dra. Carla Souza Macedo Contato: [email protected] Sociedade Paraibana de Reumatologia Dra. Eutília Andrade Medeiros Freire Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia de Brasília Dr. Rodrigo Aires Corrêa Lima Contato: www.reumatodf.com.br [email protected] Sociedade Paranaense de Reumatologia Dra. Marilia Barreto Gameiro Silva Contato: [email protected] Sociedade Catarinense de Reumatologia Dr. Antonio Carlos Althoff Contato: [email protected] Sociedade Cearense de Reumatologia Dr. Max Victor Carioca de Freitas Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia do Espírito Santo Dr. Jose Roberto Pereira Santos Contato: [email protected] Sociedade Goiana de Reumatologia Dra. Eleusa Fleury Taveira Contato: [email protected] Sociedade Maranhense de Reumatologia Dr. Jose Mauro Carneiro Fernandes Contato: [email protected] Associação Mato-Grossense de Reumatologia Dr. Jose Carlos Amaral Filho Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia do Mato Grosso do Sul Dr. Izaias Pereira da Costa Contatos: [email protected] / [email protected] 20 Matéria de capa XII Conosur reúne mais de 600 especialistas em Curitiba O primeiro evento oficial da gestão 2008-2010 da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) foi o XII Congresso Internacional de Reumatologia do Cone Sul (Conosur), que ocorreu de 5 a 7 de março, em Curitiba (PR). Sob o comando do Dr. Sebastião Radominski, o congresso contou com 560 inscritos, provenientes de todo o Brasil e de outros países da América Latina, além de 65 palestrantes, dos quais dez internacionais, integrantes de entidades como Eular, Panlar e ACR, a exemplo de Joseph Smolen (Áustria), Daniel Aletaha (Áustria), Eduardo Collantes-Estevez (Espanha), Daniel Furst (EUA), Luis Espinoza (EUA), John Reveille (EUA), Pedro Miranda (Chile), Alfredo Arturi (Argentina), Julio Mazzoleni (Paraguai) e Emilia Spangenberg (Uruguai). O ponto alto do evento foi o curso de métricas, que reuniu uma plateia de 400 especialistas e discutiu os principais instrumentos para a avaliação da atividade da doença no lúpus eritematoso sistêmico (Sledai), na artrite reumatoide (DAS28, SDAI e CDAI) e na espondilite anquilosante (Basdai, Basmi e Basfi), entre outras. Algumas aulas tiveram complementação prática, como o escore cutâneo na esclerose sistêmica. Além disso, John Reveille apresentou o panorama genético das doenças reumáticas, após traçar um paralelo da prevalência dessas afecções ao longo do tempo e de acordo com a própria história da humanidade. Sociedade Paulista de Reumatologia Dr. José Carlos Mansur Szajubok Contato: [email protected] Sociedade Pernambucana de Reumatologia Dra. Lílian David de Azevedo Valadares Contato: [email protected] Abertura do XII Conosur Sociedade Piauiense de Reumatologia Dra. Ângela Maria Freitas Paiva Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Norte Dra. Maria de Fátima Fernandes Dantas Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Sul Dr. Charles Lubianca Kohem Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro Dr. Reno Martins Coelho Contato: [email protected] Sociedade Sergipana de Reumatologia Dra. Mônica Valeria S. Santana de Vecchi Contato: [email protected] BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Ieda Laurindo, presidente da SBR, e Ricardo Xavier entre os palestrantes internacionais. Da esquerda para a direita, Caio Moreira, Geraldo Castelar e João Francisco Neto. Adil Samara recebe homenagem. +Curitiba Os valores da cidade e do homem na visão do artista plástico Erbo Stenzel Por falar em Curitiba, a SBR aproveita para homenagear um grande artista plástico, litógrafo e escultor paranaense: ninguém menos que Erbo Stenzel (1911-1980), responsável por inúmeros monumentos daquele Estado. Descendente de alemães e austríacos, místico, poliglota e exímio jogador de xadrez, Stenzel nasceu em Paranaguá e estudou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, tendo retornado a Curitiba em 1949, quando passou a lecionar Anatomia e Fisiologia Artística na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Suas principais obras estão instaladas na capital paranaense, como a escultura “Água para o Morro”, erroneamente chamada de “Maria Lata D’Água”, que BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 ilustra a capa desta edição do Boletim Informativo da SBR. O monumento mostra uma afrodescendente com um balde de água acima de seu rosto calejado e machucado, associado a um olhar triste e vazio. Há ainda o “Homem Nu”, que simboliza a emancipação do Paraná do Estado de São Paulo, em 1853, embora não tenha sido muito bem-aceita pelos curitibanos, uma vez que apresenta traços negroides e cabeça desproporcional. A cidade também exibe a “Mulher Nua”, que Stenzel esculpiu para representar a Justiça, só que de olhos abertos e sem a balança do equilíbrio. A “Mulher”, porém, ficou anos escondida até que pudesse fazer companhia ao “Homem”. 5 Primeira fila Questão de foco Análise das células NK nas gestantes com LES* Alessandra Cardoso Pereira1 Roger Abramino Levy2 Mônica Cristina Brandão dos Santos Lima3 Os dois lados da Bahia O contraste da natureza num mesmo Estado foi registrado pela câmera atenta da reumatologista Kaline Medeiros Costa Pereira, vinda de Alagoas e radicada em São Paulo, em uma viagem de 5 mil quilômetros pelo interior do Brasil, durante a 1ª Expedição Brasil Melhor, em 2006. De um lado, a beleza paradisíaca da Praia de Itacaré, pronta para ser cartão-postal de qualquer turista, com um mar a perder de vista. De outro, a imensidão do céu azul que cobre o sertão baiano, num híbrido de seca e beleza, tão bem caracterizado pelas expressões do homem, do garoto, dos animais e da própria vegetação. Dois mundos diferentes, que não se misturam nem hão de se cruzar, contrariando as profecias de Antônio Conselheiro – o sertão não vai virar mar nem o mar vai virar sertão. Introdução O sistema imune inato tem papel central na reprodução, especialmente as células NK, que podem esclarecer pontos cruciais na patogênese das complicações observadas durante a gestação de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES). Objetivo Quantificar as células NK circulantes e sua viabilidade em gestantes com LES. Material e métodos O estudo analisou amostras de sangue de quatro grupos, com dez pacientes cada: gestantes com LES (GLES); pacientes com LES não gestantes (PLES); gestantes controles (Gcontroles) e não gestantes saudáveis (Controles). Em todas as mulheres, a quantidade e a viabilidade das células NK foram medidas por citometria de fluxo e a apoptose total, avaliada por coloração para anexina V e iodeto de propidium. Resultados Devido à variabilidade dos resultados, a mediana de cada grupo foi utilizada para avaliar a porcentagem de CD56+ [GLES (0,10), PLES (0,12), Gcontroles (0,15) e Controles (0,08)] e de apoptose total [GLES (0,06), PLES (0,04), Gcontroles (0,11) e Controles (0,11)]. Os resultados da contagem de células vivas, por sua vez, evidenciaram baixa variabilidade e, por isso, a média e o desvio-padrão foram usados para comparação: [GLES (0,91±0,06), PLES (0,95±0,03), Gcontroles (0,86±0,11) e Controles (0,88±0,08)]. Conclusão Apesar de não ter alcançado valor de significância estatística, o percentual da apoptose total nos grupos com LES mostrou-se menor do que nos controles e a porcentagem de células vivas, maior. Isso demonstra que, em pacientes com LES, grávidas ou não, as células NK apresentam vida útil prolongada – ou um turnover menor/diferente –, sugerindo um maior estímulo imune, o que faz com que as células NK demorem mais para ativar o processo de apoptose. 6 *Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas 1 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro para a obtenção 2 do grau de mestre em Ciências Médicas. 3 Aluna do mestrado Orientador da dissertação Coorientadora da dissertação BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Caso você também tenha imagens que mereçam ser compartilhadas, envie suas fotos para o e-mail: [email protected] BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 19 Primeira fila tolerados, como o polyquad (Oftane®, Alcon), o perborato de sódio (Genteal®, Novartis) e o cloreto de sódio ou purite (Fresh Tears® e Optive®, Alergan). O purite e o perborato evaporam ao entrar em contato com a superfície da córnea, sendo, assim, preferíveis aos demais. Lubrificantes sem conservantes estão disponíveis em dose única, porém são mais caros e inconvenientes do que as opções que possuem conservantes menos tóxicos. Os eletrólitos mais importantes são o potássio, por manter a espessura da córnea, e o bicarbonato, por recuperar o epitélio. A osmolaridade cristaloide deve ser baixa, uma vez que a hiperosmolaridade é pró-inflamatória, e a osmolaridade coloidal precisa ser alta para aumentar a retenção de água e favorecer a recuperação epitelial (Hypotears®, Novartis). Em casos mais graves, pode ser feita a oclusão do ponto lacrimal, a fim de aumentar o tempo de permanência da lágrima. Em geral, inicia-se o tratamento pela oclusão temporária com implantes dissolvíveis de colágeno ou tampões de silicone. É uma opção de baixo risco, mas em cerca de 50% dos casos há extrusão espontânea. “Plugues” modernos se adaptam à anatomia do canal logo após o implante, diminuindo o risco de migração e extrusão (Smartplug®, Medennium Inc. CA). Por fim, os agonistas muscarínicos de ação direta apresentam algumas contraindicações, tais como hipertiroidismo, úlcera péptica, asma, bradicardia, hipotensão, coronariopatia, epilepsia, Parkinson, peritonite, vagotomia, obstrução intestinal ou urinária e glaucoma. Além disso, podem causar vários eventos adversos, a exemplo de cólica abdominal, náuseas, diarreia, urgência miccional, cefaleia, hipotensão, eritema, broncoespasmo, sudorese, tosse e miose. 18 Quadro 3 Tratamento medicamentoso da xeroftalmia 1 Colírios lubrificantes sem benzalcônio e EDTA, com macromoléculas de longa permanência (polietilenoglicol, propilenoglicol, hidroximetilcelulose e carboximetilcelulose): uso frequente, no mínimo 6 vezes por dia (N 3)*. 2 Oclusão de ponto lacrimal: pode ser feita por meio de cauterização, implante de conjuntiva, ponto cirúrgico ou “plugues” (N 2). 3 Agonistas muscarínicos: • pilocarpina (Salagen®, Apsen), de 5 a 10 mg, 3-4 vezes por dia (N 1); • cevimelina (Evoxac®, Daiichi Sankyo), de 15 a 30 mg, 2-3 vezes por dia (N 1); • colírio de pilocarpina 2%, de 2 a 5 gotas, 3-4 vezes por dia (N 3). 4 Colírio de ciclosporina: 0,05% (Restasis®, Alergan) ou 0,1% na fórmula aviada, que é a mais eficaz, mas também a mais irritativa, na dose de 1 gota a cada 12 horas, durante 3-6 meses (N 1). É o único imunomodulador aprovado pelo FDA e pela Anvisa. 5 Óleo de linhaça: cápsulas de 1 g, 2 vezes por dia (N 2). 6 Hidroxicloroquina: 6 mg/kg por dia (N 3). 7 Imunossupressores sistêmicos: se houver evidência de atividade inflamatória e gravidade da síndrome seca, podem ser usados glicocorticosteroides (N 3), micofenolato (N 2), leflunomida (N 2), azatioprina (N 3) e rituximabe (N 2). 8 Lentes de contato de silicone hidrogel com lubrificantes, que possuem alta permeabilidade ao oxigênio, em pacientes com lesão de córnea (N 3). 9 Colírios de glicocorticosteroides: se houver esclerite associada (N 3). 10 Soro autólogo para lubrificação: rico em fatores de crescimento, é indicado para casos graves e refratários às demais opções terapêuticas (N 3). 11 Transplante de glândula salivar e transplante de membrana amniótica: para casos graves selecionados (N 3). Níveis (N) de evidência: 1 Pelo menos um ensaio clínico 2 Estudos de coorte, caso-controle ou controlados, mas sem randomização 3 Estudos descritivos, relatos de caso e opinião de especialistas A autora declara não haver conflito de interesse. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Estudo da associação da fibromialgia com os resultados dos escores DAS28, HAQ e SF-36 em pacientes com artrite reumatoide* Aline Ranzolin1 João Carlos Tavares Brenol2 Ricardo Machado Xavier3 Objetivo Estudar a associação da fibromialgia (FM) com os valores dos escores Disease Activity Score (DAS28), Health Assessment Questionnaire (HAQ) e Medical Outcomes Study 36 – Item Short Form Health Survey (SF-36) em pacientes com artrite reumatoide (AR). Métodos O estudo, de caráter transversal prospectivo, envolveu 270 pacientes com AR, que foram submetidos à avaliação clínica e à aplicação dos questionários HAQ e SF-36. A atividade de doença foi medida por meio do DAS28 e o diagnóstico de FM, feito de acordo com os critérios do American College of Rheumatology (ACR). Resultados A prevalência de fibromialgia na amostra chegou a 13,4%. Comparado aos pacientes que apresentavam somente AR, o grupo que tinha associação de AR e FM reunia mais pessoas do sexo feminino, idade mais avançada, pior classe funcional e maior duração da rigidez matinal. O DAS28 foi mais elevado em pacientes com AR e FM (5,36±0,99) do que naqueles com AR isolada (4,03±1,39; p<0,001). Na análise de regressão linear multivariável, a FM mostrou-se como um importante preditor do DAS28, mesmo após ajuste para VHS, número de articulações edemaciadas, classe funcional, número de drogas modificadoras de doença, uso de glicocorticoides e presença de erosões. Da mesma forma, os índices HAQ e SF-36 foram piores em pacientes com AR e FM do que nos indivíduos que tinham apenas artrite reumatoide. Conclusão A FM está associada à piora dos escores DAS28, HAQ e SF-36 em pacientes com AR, podendo ter importantes implicações na interpretação do DAS28, uma vez que existe relação entre sua presença e índices mais altos nesses instrumentos de avaliação, de modo independente das evidências objetivas de atividade da AR. *Trabalho realizado com o apoio da Fipe/Hospital de Clínicas de Porto 1 Alegre (RS) e apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2 para a obtenção do título de mestre em Ciências Médicas. 3 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Aluna do mestrado Orientador do trabalho Coorientador do trabalho 7 O melhor do Brasil Brasília Quadro 1 União de esforços resulta na criação de programa de assistência básica para queixas reumáticas A percepção da necessidade de atender os portadores de condições muito prevalentes na Reumatologia, a fila de espera de cerca de dois anos para marcar uma consulta com um reumatologista, os encaminhamentos incorretos e a dificuldade de acesso ao especialista por parte de pacientes com doenças reumáticas mais complexas levaram à criação do Plano Diretor da Reumatologia – Da Atenção Primária à Terciária. De acordo com o presidente da Sociedade de Reumatologia de Brasília (SRB), Rodrigo Aires Corrêa Lima, o programa tem o objetivo de organizar o fluxo de atendimento das pessoas com queixas reumáticas no Distrito Federal e, para tanto, será realizado em conjunto com a SRB, com a Secretaria Estadual de Saúde do Governo do Distrito Federal e com a Unidade de Reumatologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB). “Pretendemos criar um sistema no qual as doenças reumáticas de alta complexidade, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico, cheguem mais rapidamente ao reumatologista de uma unidade terciária de atendimento e as condições mais prevalentes, como fibromialgia e osteoartrose, desde que não complicadas, sejam atendidas nas unidades básicas de saúde por clínicos treinados nos locais onde funcionará o sistema de referência e contrarreferência”, explica Lima. Essa iniciativa foi apresentada pela reumatologista Ana Patrícia de Paula, do HUB, no I Encontro da Atenção Primária à Saúde com Especialidades Médicas – Capítulo Reumatologia, que ocorreu em dezembro do ano passado, no auditório da Unip, na capital federal, com a participação de clínicos, médicos 8 do programa da saúde da família, ginecologistas, psiquiatras, enfermeiros, fisioterapeutas e pediatras, assim como de diretores de regionais de saúde e hospitais locais e de representantes do secretário de saúde do Distrito Federal. Na oportunidade, o reumatologista Mario Orientações gerais para xeroftalmia e xerostomia em pacientes com síndrome de Sjögren Soares também falou sobre a situação do atendimento reumatológico em Brasília e Rodrigo Lima aproveitou a ocasião para alertar os profissionais presentes a respeito dos mitos e verdades sobre a fibromialgia – que, afinal, é uma das condições-alvo do programa. Grupo envolvido no Plano Diretor de Reumatologia – Da Atenção Primária à Terciária. 1 Suspensão ou substituição de medicações relacionadas com maior chance de secura, como diuréticos, betabloqueadores, antidepressivos e ansiolíticos 2 Ingestão frequente de líquidos, especialmente de água, em pequenas quantidades para não estimular a diurese 3 Uso de umidificadores de ambientes 4 Redução da permanência em ambientes com ar condicionado e ventiladores ou em regiões de clima seco 5 Correção de hábitos dietéticos, como evitar alimentos ácidos e picantes 6 Suspensão do consumo de bebidas cafeinadas, álcool e tabaco 7 Adoção de intervalos em atividades que diminuam o ato de piscar, como passar longos períodos no computador ou fazer leituras prolongadas 8 Uso de óculos com proteção lateral durante exposição ao vento ou prática de esportes ao ar livre 9 Remoção adequada da maquiagem Quadro 2 Tratamento medicamentoso da xerostomia Festa de confraternização e vernissage marcam troca de gestão Para encerrar o intenso trabalho da gestão 2006-2008 da Sociedade de Reumatologia de Brasília (SRB), presidida pela Dra. Lícia Mota, a entidade realizou, no dia 27 de novembro de 2008, uma festa de confraternização no Clube do Médico, sua nova sede na capital federal. A iniciativa não apenas comemorou os dois anos de significativas realizações e de reestruturação física, contábil e científica da SRB, como também deu as boas-vindas para a gestão 2008-2010, que tem à frente o Dr. Rodrigo Lima. Além disso, o evento abriu espaço para expor os talentos artísticos dos sócios que se dispuseram a compartilhar suas criações com os convidados, entre pinturas, fotografias e artes em cerâmica, culinária, literatura e música. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 tem de levar em consideração o tipo de solução e seu tempo de permanência. O ideal é um produto hipo ou isotônico, levemente alcalino, contendo eletrólitos e macromoléculas que confiram boa viscosidade à córnea e aí permaneçam por um período prolongado. Agentes viscosos dão estabilidade ao filme lacrimal e funcionam como “surfactantes”. A carboximetilcelulose 0,5% e 1% (Fresh Tears® e Optive®, Alergan) apresenta longa permanência e é a substância mais usada para essa finalidade, em forma de gel ou de pomadas lubrificantes. Apesar de sua eficiência, esses produtos podem borrar a visão, devendo ser utilizados à noite. Há, no entanto, conservantes menos tóxicos e mais bem 1 Saliva artificial: Salivan®, Apsen, ou Saliva Artificial®, Biotène, uso frequente, especialmente antes das refeições (N 3)*. 2 Estimulantes ou sialogogos mecânicos de saliva, tais como gomas de mascar e balas duras sem açúcar. Existe apresentação comercial de silicone (N 3). 3 Agonistas muscarínicos: • pilocarpina (Salagen®, Apsen), de 5 a 10 mg, 3-4 vezes por dia (N 1); • cevimelina (Evoxac®, Daiichi Sankyo), de 15 a 30 mg, 2-3 vezes por dia (N 1); • colírio de pilocarpina 2%, de 2 a 5 gotas por via oral, 3-4 vezes por dia (N 3). 4 Hidroxicloroquina: 6 mg/kg por dia (N 3). 5 Imunossupressores sistêmicos: se houver evidência de atividade inflamatória e gravidade da síndrome seca, podem ser usados glicocorticosteroides (N 3), micofenolato (N 2), leflunomida (N 2), azatioprina (N 3) e rituximabe (N 2). *Níveis (N) de evidência: 1 Pelo menos um ensaio clínico 2 Estudos de coorte, caso-controle ou controlados, mas sem randomização 3 Estudos descritivos, relatos de caso e opinião de especialistas BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 > 17 Dia a Dia O melhor do Brasil Boca seca e olho seco: a conduta no tratamento dos sintomas da síndrome de Sjögren Valéria Valim* A boca seca e o olho seco são sintomas-guia para o diagnóstico da síndrome de Sjögren (SS) e o tratamento dessas manifestações visa não apenas a aliviá-las, como também a prevenir complicações e a estimular a função e o reparo do tecido glandular. Clínica Médica da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e médica do Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário Cassiano Antônio de redução da produção de saliva está associada à diminuição do paladar, assim como à alteração e à elevação da microbiota oral, favorecendo o surgimento de cáries, halitose e candidíase. A lágrima na SS é hiperosmolar e proporciona aumento do processo inflamatório ocular, com consequente prurido, hiperemia, irritação, sensação de corpo estranho, embaçamento visual e redução da acuidade visual. O tratamento das queixas secas inclui orientações gerais ao paciente (quadro 1), com o propósito de auxiliá-lo na hidratação e na melhor higienização da mucosa, além de diversas opções terapêuticas, que devem ser indicadas caso a caso. Na boca seca, embora alivie apenas temporariamente os sintomas, o uso de substitutos (saliva artificial) e secretagogos (pilocarpina e cevimelina) é importante para o manuseio da xerostomia (quadro 2). Algumas formulações são rinses orais à base de carboximetilcelulose (carmelose sódica 10mg/mL, Salivan®, Alergan). O gel lubrificante fornece alívio mais prolongado, sendo indicado para uso noturno e em casos de fissuras. Se a saliva artificial for aviada, pode receber o acréscimo de sabor de pêssego, morango ou coco para tornála mais agradável, porém menta e hortelã devem ser evitados. Na ausência de lágrimas Por sua vez, a abordagem da xeroftalmia engloba colírios lubrificantes, oclusão do ponto lacrimal e uso de drogas imunomoduladoras, tais como ciclosporina tópica e suplementação oral com ômega-3, a exemplo do óleo de linhaça (quadro 3). A escolha dos colírios lubrificantes Moraes (Hucam), da Ufes. 16 O Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia dá as boas-vindas para os grupos de colegas que assumiram a diretoria nas sociedades regionais para o biênio 2008-2010. SOCIEDADE PARAIBANA DE REUMATOLOGIA BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 SOCIEDADE DE REUMATOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO Presidente: Valéria Valim Tesoureiro: José Miguel Eduardo Assad Secretária: Ana Karina Nascif Diretora científica: Andreza Magid Tironi Presidente: Eutília Medeiros Freire Vice-presidente: Marcus Ivanovith SOCIEDADE DE REUMATOLOGIA DO RIO DE JANEIRO Secretário-geral: Carlos Fernando T. de Melo Presidente: Reno Martins Coelho Primeira-secretária: Evânia Claudino Figueiredo Vice-presidente: Francinne Machado Ribeiro Tesoureira: Danielle Egypto de Brito Diretora científica: Blanca Helena Bica Diretora científica: Alessandra Braz de Andrade Secretário-geral: Leonardo Romeiro Diretor de relações públicas: Aécio Póla Fernandes Segunda-secretária: Mariana Rodriguez Conselho: Tesoureiro-geral: Washington Bianchi Segundo-tesoureiro: Dante Bianchi Boletim: Sueli Carneiro, Ingrid Moss e Laura Mendonça Comissão de Ensino: Elisa Albuquerque, Mauro Goldfarb, Roger Levy e Ronaldo Baptista Conselho Fiscal: Evandro Klumb, Geraldo Castelar, Mário Newton, José Verztman e Maria Cecília Salgado Clube do Reumatismo: Adriana Danowiski, Evandro Klumb, Angelo Papi e Nocy Leite Reumatologia Pediátrica: Flavio Sztajnbok e Cynthia Torres França da Silva Aderson Diniz, Evandro Pinheiro do Egypto e Silvino Chaves Neto SOCIEDADE MINEIRA DE REUMATOLOGIA A *Professora do Departamento de Regionais têm nova diretoria Presidente: Cristina Costa Duarte Lanna Vice-presidente: Rejane Pinheiro Damasceno Secretária-geral: Nelma Marchetti Mesquita Tesoureira: Rosa Weiss Telles Diretora científica: Maria Vitória Quintero Presidente eleito para o biênio 2011-2012: Rafael Fraga Comissão de Reumatologia Pediátrica: Flávia Patrícia Teixeira de Sena e Rejane Pinheiro Damasceno Educação continuada: Achiles Cruz Filho Responsável pelo site: Eduardo José do Rosário e Souza Representantes das regionais de Minas Gerais: Paulo Ivan Guimarães (Norte/Nordeste), Rafael Fraga (Zona da Mata), Carlos Eugênio Parolini (Alto Paranaíba / Triângulo Mineiro) e Enio Ribeiro (Sul) Reumatologia do Esporte: Paulo Handan Conselho de Ética: Swami Guimarães, Joaquim Nava, Jaime Barros e Hilton Seda Encontros de Leigos: Wanda Heloisa e Stella de Carli Biblioteca e website: João Luiz Vaz e João Ignácio Hora Interior: Luis Octavio Dias D’Almeida e Flavio Fernando N. de Melo Assuntos institucionais: Reno Coelho, Francinne Ribeiro, Blanca Bica e Geraldo Castelar Minas Gerais e Centro-Oeste Jornada compartilhada vai girar em torno do paciente reumático A escuta, as evidências e os avanços no cuidado do paciente reumático vão conduzir as aulas e discussões da XVII Jornada Centro-Oeste e da IV Jornada Mineira de Reumatologia, evento que será promovido pela Sociedade Brasileira de Reumatologia no período de 6 a 8 de agosto de 2009, no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (MG). A programação promete grande abrangência, com temas que vão dos fundamentos do atendimento ao portador de doenças reumáticas, passando por infecções virais e autoimunidade, até a aplicação da farmacoeconomia no uso de medicamentos biológicos. Para mais informações sobre a iniciativa, acesse o site www.reumatologia2009.com.br. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 9 O melhor do Brasil Notas Trabalho brasileiro fica entre os três melhores do Fórum Internacional de Esclerose Sistêmica Rio de Janeiro Vem aí a ReumaRio 2009 Durante o III Fórum Internacional de Esclerose Sistêmica, que ocorreu no período de 28 de fevereiro a 1º de março de 2009 na cidade de Basileia, na Suíça, o trabalho sobre acometimento visceral na esclerose sistêmica, de autoria do Grupo de Esclerose Sistêmica do Projeto Pronuclear (Gepro) da Sociedade Brasileira de Reumatologia, capitaneado pelo Dr. Percival Degrava Sampaio-Barros, foi escolhido como um dos três melhores do encontro. Resultante de um grande esforço multicêntrico, o estudo do Gepro, um dos quatro levados pelo grupo ao fórum, aborda o acometimento visceral na esclerose sistêmica por meio da análise de 1.149 pacientes brasileiros, assunto que, aliás, mereceu grande destaque na oportunidade. Esse reconhecimento demonstra quanto os pesquisadores brasileiros estão alinhados com o que se faz ao redor do mundo para o entendimento da esclerose sistêmica, além de dar visibilidade à dedicação dos nossos especialistas. O evento, afinal, reuniu 600 reumatologistas de 46 países – 14 do Brasil – e teve a coordenação da professora Dame Carol Black, da Inglaterra, e o patrocínio do laboratório Actelion. Reserve os dias 17 e 18 de julho para um verdadeiro mergulho nas novidades diagnósticas e terapêuticas em doenças reumáticas. Nessa ocasião, a Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro vai promover sua primeira jornada anual de atualização em 2009, a ReumaRio. Além de contar com a participação indispensável de diversos colegas que atuam no Brasil, o evento vai trazer especialistas internacionais, como Burgo Vargas, do México, que falará sobre as espondiloartrites, e Michelle Petri, dos Estados Unidos, que traçará um panorama sobre o lúpus eritematoso sistêmico. O evento será realizado no Hotel Pestana, na Praia de Copabacana, no Rio de Janeiro. Mais informações pelo e-mail [email protected]. Rio Grande do Sul Homenagem póstuma a Aécio Britto transforma reunião científica em sessão solene Por ocasião de sua reunião científica, realizada no último dia 14 de março, a Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Sul (SRRS) homenageou postumamente o professor Aécio Soares Britto, que morreu em 15 de novembro de 2008. Durante sessão solene, diversos colegas discursaram para enaltecer a figura do Dr. Aécio, entre os quais os doutores Roberto Calil, Fernando Neubarth, Maria Lúcia Lopes, Alberto Torrico, Edgar Vares, Jorge Dib e Mauro Keiserman. Além disso, o Dr. João Carlos Brenol levou à sessão mensagens de reumatologistas de todo o Brasil. Na oportunidade, a filha do professor Aécio, Alice Britto, também reumatologista, recebeu uma placa de prata com os seguintes dizeres: “Homenagem da SRRS ao Prof. Dr. Aécio Soares Britto por tudo que representou para a Reumatologia gaúcha e brasileira”. Da esquerda para a direita, Roberto Calil, João Carlos Brenol, Alice Britto e o presidente da SRRS, Charles Lubianca Kohem. 10 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Reumatologia é reeleita para o Conselho Deliberativo da AMB A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) conseguiu ser reeleita para o Conselho Deliberativo da Associação Médica Brasileira (AMB), continuando entre as cinco especialidades clínicas que compõem esse grupo de conselheiros, aliás, o mais importante da associação. Essa conquista advém da participação ativa do representante da SBR na AMB, Maurício Levy Neto, assim como da presidente da entidade, Ieda Laurindo. A eleição ocorreu no dia 19 de março e teve, entre as mais votadas, 14 das 27 especialidades médicas que compõem o Conselho Científico da AMB, a saber: Anestesiologia, Cirurgia Geral, Coloproctologia, Ginecologia e Obstetrícia, Ortopedia e Traumatologia, Otorrinolaringologia, Oftalmologia, Cardiologia, Clínica Médica, Infectologia, Pediatria, Reumatologia, Patologia Clínica e Patologia. Delegação brasileira em visita à cidade de Colmar, na Alsácia francesa, situada a 50 km de Basileia. Como vai a função renal de seus pacientes? O Dia Mundial do Rim, comemorado no último dia 12 de março, trouxe um bom ensejo para abordar a necessidade de detectar precocemente a doença renal, considerada por muitos como a nova epidemia do século XXI – apenas no Brasil, estima-se que haja 2 milhões de pessoas com insuficiência renal crônica. Ocorre que a identificação de alterações nos rins em fase inicial é, por enquanto, a única forma de interromper ou diminuir a velocidade da perda da função renal. Não por acaso a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) mantém, desde 2003, a campanha Previna-se, uma ação permanente de prevenção para alertar médicos e pacientes sobre esse risco. Mesmo porque em quase metade dos casos os indivíduos não têm sintomas e, portanto, não sabem que são portadores da doença. Consequentemente, acabam recebendo um diagnóstico tardio, quando o comprometimento já é grande o bastante para requerer a instituição de alguma terapia de substituição renal. Dando merecida vazão à campanha da SBN, é importante que também os reumatologistas estejam atentos à saúde dos rins de seus pacientes. A preocupação tem de se acentuar nos grupos de risco, ou seja, em hipertensos, diabéticos, idosos, cardiopatas e indivíduos com história familiar de insuficiência renal, que devem ser periodicamente submetidos a testes de triagem, como exames de urina e de avaliação da função renal. Para mais detalhes sobre a campanha e informações científicas sobre o tema, acesse o site www.sbn.org.br/previna.htm. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 15 Notas Cartas Para deixar na mesa consultório: o essencial da Reumatologia reunido num só livro A Editora Guanabara Koogan acaba de lançar o livro Reumatologia Essencial, de autoria dos reumatologistas Caio Moreira, coordenador voluntário do Ambulatório de Doenças Osteometabólicas e Osteoarticulares do Serviço de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, professor adjunto da disciplina de Reumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e João Francisco Marques Neto, professor titular de Reumatologia do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Mé- dicas da Universidade Estadual de Campinas. Com 600 páginas, a obra contempla os principais desafios diagnósticos e terapêuticos da especialidade e as condições mais prevalentes do dia a dia, como a fibromialgia, as síndromes dolorosas regionais, as lesões por esforços repetitivos e a osteoartrite. Sem contar que ainda dedica capítulos especiais às doenças autoimunes e às enfermidades osteometabólicas, com destaque para a osteoporose. O livro está disponível nas principais livrarias do País ou pode ser adquirido pela internet: www.editoraguanabara.com.br. Ex-senadores recebem título de benemérito da Academia Nacional de Medicina Na última sessão de encerramento da Academia Nacional de Medicina (ANM), realizada em 27 de novembro de 2008, o presidente da entidade, Marcos Fernando de Oliveira Moraes, homenageou os ex-senadores Bernardo Cabral e Lúcio Alcântara, outorgandolhes o título de benemérito pelo inestimável apoio de ambos à memória da Da esquerda para a direita, Raymundo Leitão, Mário Newton Leitão, Omar R. Santos, Joaquim Nava, Roberto Carneiro, Ieda Laurindo, Geraldo Castelar e Jaime Danowski. 14 medicina brasileira. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, apareceu de surpresa no evento e fez questão de entregar pessoalmente as homenagens. Em seu breve discurso, assinalou a importância de reconhecer os ex-senadores, que tanto contribuíram para a saúde, no ano em que o SUS completa 20 anos. Cabral aproveitou a ocasião para ressaltar as conquistas do ministro Temporão e, ao fim de seu discurso, recomendou ao titular da pasta da Saúde: “Enfrente os vendavais que estão por aí, ministro”, disse ele. “A posteridade lhe fará justiça”. Na oportunidade, o Dr. Roberto Antonio Carneiro ainda tomou posse como honorário nacional da ANM. Saudado pelo acadêmico Pietro Novelino, Carneiro fez um agradecimento especial ao presidente da academia e destacou seu sentimento de felicidade em poder participar das atividades da entidade. Carta a um reumatologista Um pouco do que aprendi com a esclerodermia C Eular apoia e divulga curso de ultrassonografia da SBR Graças aos esforços do presidente do Comitê de Imagem da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Ari Radu Helpern, o curso de ultrassonografia que a entidade promoveu em Natal (RN), de 15 a 17 de abril, recebeu o aval da The European League Against Rheumatism (Eular). O evento não apenas contou com o patrocínio científico da instituição, como também foi divulgado em seu website. Chegadas e partidas • O reumatologista Willer Bittencourt morreu no último dia 27 de fevereiro. Bittencourt era sócio da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro e clinicava na cidade fluminense de Duque de Caxias. Deixou saudades entre familiares, pacientes e colegas. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 om o diagnóstico de esclerodermia há 30 anos, eu teria muitos relatos tristes e trágicos a proferir, mas preferi dizer que tudo por que passei e passo me tornou uma pessoa melhor do que era antes da descoberta da doença. Comecei a ter sintomas aos 19 anos, que pioraram após o nascimento do meu primeiro filho, aos 21 anos. Fiz pulsoterapia, usei bengala e duas luvas em cada mão por muitos anos. Tomava medicação de madrugada, mas não deixava de trabalhar e de levar uma rotina normal durante o dia, mesmo com muitas dificuldades. A opção por não me entregar, tenho certeza, foi minha maior aliada. Esse crescimento humano, com a possibilidade de poder conviver com a doença sem que ela me destruísse por completo, só ocorreu pela capacidade do médico que me acompanha há 27 anos. Tive a sorte de encontrar um profissional competente, com uma conduta humana e sensível, de ética irretocável, o que, somado ao seu profundo conhecimento e ao seu envolvente gosto pela profissão, exerceu um papel fundamental no êxito de todos os tratamentos, fazendo de mim, uma paciente muito jovem e insegura à época, em vista da situação grave por que passava e das complicações que experimentava, a mulher segura e confiante que sou hoje. Médico precisa gostar de gente! Precisa compreender os sinais emocionais do paciente. Sem o potencial de compreender e perceber o outro, ninguém conseguirá ajudar uma pessoa com esclerodermia, uma doença que oscila e se manifesta principalmente conforme o estado emocional do indivíduo. A esclerodermia nos deixa inseguros, pois não sabemos quando e quanto suas manifestações poderão nos destruir. Esse é fator determinante, a meu ver, no desenrolar e na progressão da doença. Não podemos sucumbir a ela e muito menos nos aceitar “doentes”. É necessário que nos empenhemos, com todas as forças e de todas as formas, para que não nos entreguemos quando das fortes dores, da isquemia alucinante, das vasculites que nos tiram os movimentos de pés e mãos, da tosse que nos impede de dormir por meses a fio, da azia, da falta de ar ao caminharmos e subirmos escadas, dos batimentos cardíacos acelerados e “estranhos”, da boca e dos olhos secos, da diminuição da audição e da visão, da tontura e do esquecimento momentâneo. Precisamos ser guerreiros e aprender a combater cada um desses “inimigos”. Na minha vivência, o segredo para enfrentar a esclerodermia se resume a lutar e vencer cada etapa com serenidade, disciplina, vontade e fé. A vontade de viver e o verdadeiro amor pela vida, pelo próximo, pela família, pelos filhos, pelo trabalho, pela natureza, pela BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Carmem Pio* poesia, pela música e pelas expressões humanas nos ajudam a enfrentar com dignidade essa situação. Não sabemos por que a esclerodermia surge, mas precisamos encará-la e tirar dela lições positivas. A maneira como o paciente esclerodérmico se comporta perante o problema indica a evolução da doença, que será tanto mais rápida e cruel quanto mais deprimidos, inseguros e amedrontados estivermos. Diante de uma postura de esperança, a esclerodermia fica mais amena, uma vez que, dessa forma, conseguimos ser mais fortes do que ela. Saber pedir e aceitar ajuda Evidentemente, não é fácil conviver com a doença. As conquistas têm de ser diárias, sem que percamos a esperança e a vontade de viver. Precisamos continuar percebendo e ouvindo os outros e não imaginar que somos os únicos seres com problemas no mundo. Não estamos no centro do universo só porque temos esclerodermia. Devemos continuar inseridos na família, no trabalho e em grupos de amigos sem nos tornar um peso para aqueles com quem convivemos. Se necessitarmos da ajuda de outras pessoas para realizar atividades habituais, como vestir-se ou pentear-se, devemos pedila e aceitá-la com carinho. Temos de aprender a receber o apoio e a atenção de quem quer nos auxiliar. Essa assistência, se recebida com dignidade e respeito ao outro, fará de nós pessoas melhores, mais humanas, solidárias e justas. A felicidade e a serenidade são sentimentos sutis, nobres e profundos, com os quais só tive contato verdadeiro após meu encontro com a esclerodermia. Para melhorar a postura dos pacientes perante a doença, a aproximação entre esclerodérmicos é de fundamental importância, visto que permite a troca de experiências e a formação de grupos e de associações. Esse contato nos fortalece e nos dá esperança redobrada, funcionando como injeções de ânimo e de estímulo. Por tudo isso, fico à disposição de todos os pacientes com esclerodermia para que nos comuniquemos, seja pelos sites da Associação Brasileira de Pacientes com Esclerodermia (Asclero) e da Grupal, seja por e-mail ou telefone, seja pessoalmente. Desejo que todos tenham a sorte de encontrar um médico como o que encontrei e, da mesma maneira, que possam compreender essa doença como uma forma de nos tornarmos seres humanos melhores, independentemente da beleza de nosso físico ou de nosso tempo de vida. Sou a prova viva de que isso é possível. *Carmen Pio é advogada e mora em Porto Alegre (RS). Contato: [email protected] 11 Coluna Seda GOTA EM MULHERES CÉLEBRES de tudo, cuidou sempre do marido, até morrer. Já em idade avançada, apresentava boas condições gerais e era uma das figuras mais importantes da corte, a ponto de participar de refeições, concertos e recepções a convite de seu filho, o rei Frederico II, que reinou de 1740 a 1786 e era grande amante das artes, da música e da literatura francesa. Sophie Dorothea von Preussen morreu no dia 28 de julho de 1757, aos 70 anos. “Agora tudo acabou”, foram suas últimas palavras2,6. Em comum, elas tiveram nas mãos o destino de poderosas nações e, nas articulações, inconvenientes e dolorosos depósitos de cristais de urato monossódico. Hilton Seda A gota já foi conhecida como a doença dos reis e da prosperidade – the disease of kings and the king of diseases. Petrarca escreveu, em carta a Giovanni Collona di San Vito, no século XIV, que os pobres devem tolerar alguns incômodos, como as aranhas, pois seu modo simples de viver os protege da gota1. Apesar de sua predominância masculina, a doença também ocorre em mulheres, aí incluindo, evidentemente, as rainhas. Filha de Jaime II e Lady Anne Hyde, a rainha Ana, ou Queen Anne, nasceu em Londres, no dia 6 de fevereiro de 1665. Foi a última Stuart, por não haver quem a substituísse quando ela faleceu, aos 49 anos. Quando criança, teve uma infecção ocular e foi levada à França para tratamento, retornando a seu país em 1670. Casou-se com o príncipe protestante Jorge da Dinamarca, em 28 de julho de 1683, formando uma união impopular, mas feliz. Em 8 de março de 1702, tornou-se rainha da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda, sucedendo a Guilherme III, e reinou até 1714. Pelo Acts of Union, de 1707, unificou Inglaterra, Escócia e Irlanda sob o nome de Reino da GrãBretanha. Queen Anne sofria de gota e, na sua coroação, teve um grave ataque, o que a obrigou a ser levada para a cerimônia em uma cadeira. Morreu por complicações da doença e de erisipela no dia 1º de agosto de 1714. No sepultamento da rainha, na abadia de Westminster, seu corpo encontrava-se tão inchado e volumoso que precisou ser colocado em um enorme caixão, quase quadrado2,3,4. A família Médici, ou Médicis, foi uma poderosa linhagem de Florença que começou em 1331, com Salvestro de Médici, e ficou marcada por figuras importantes, como Lourenço de Médici, o Magnício (1449-1492), Cosmo de Médici, o Grande (1519-1574), Catarina de Médici (1519-1589), rainha da França, e Maria de Médici (1573-1642), além de quatro papas (Leão X, Clemente VII, Pio IV e Leão XI). Era uma família de gotosos. Piero di Cosimo ficou conhecido como Piero, il Gottoso. Lourenço de Médici, pelos 40 anos, já experimentava grande incapacidade produzida pela doença. Maria de Médici, filha de Francisco I de Médici, grão-duque de Toscana (1541-1587), e de Joana de Áustria (1546-1578), sofria de litíase renal provavelmente gotosa. Em 1600, casou-se com o rei 12 Dedicado à memória de Geraldo Castelar Pinheiro. Henrique IV, o primeiro dos Bourbon no trono da França, e teve seis filhos. Foi coroada rainha em 13 de maio de 1610. Com o assassinato do marido, passou a regente, pois o filho Luís XIII ainda não completara 9 anos de idade, assim permanecendo até 1617. Mesmo depois da coroação de Luís XIII, continuou a governar em seu nome. Envolvida em várias tramas palacianas, foi exilada em 1617, vindo a morrer no dia 3 de julho de 1642, em Colônia2,5. Nem a infanta Isabel escapou Mau humor de origem reumática Outra que entra na galeria das mulheres célebres com gota é Sophie Dorothea von Preussen. Nascida em Hanover, no dia 26 de março de 1687, era filha de Georg Ludwig de Hanover e de Sophie Dorothea de Celle, que se haviam casado em 1682. Muito à base de interesses financeiros, esse casamento foi bastante infeliz. Georg teve uma amante, Melusina von Schulenburg, e se desinteressou da esposa, passando a tratá-la de forma agressiva. Consta que Sophie Dorothea, quando sua filha já havia nascido, apaixonou-se por um conde, o que causou grande escândalo. Como punição, foi confinada no Castelo de Ahlden até sua morte, em 1726. O aprisionamento de sua mãe fez com que Sophie Dorothea von Preussen fosse entregue aos cuidados de sua avó, também de nome Sophie, na corte do Eleitor de Hanover6. Quando tinha 19 anos, casou-se com Frederico Guilherme I, da Casa dos Hohenzollern, no dia 28 de novembro de 1706. Em virtude de sua inclinação para o militarismo, Frederico Guilherme I, que reinou de 1713 a 1740, era conhecido popularmente como o Rei Soldado ou o Rei Sargento. Apesar de viver um casamento com dificuldades, o casal teve nada menos que 14 filhos2,5,6. Sophie Dorothea von Preussen era afetuosa e, constantemente, declarava sua paixão pelo marido. Na realidade, usava de um estratagema para acalmar os rompantes do seu par, extremamente ciumento. Ela cultivava um sonho de moradia. Talvez não tenha sido exatamente o que a esposa desejava, mas Frederico Guilherme I, logo depois de ter assumido o trono, em 1713, presenteou-a com o Palácio Monbijou, situado ao norte de Berlim, e Sophie o transformou em uma espécie de caixa de joias, criando galerias de porcelana e espelhando os quartos da residência. Ali recebia seus hóspedes com grande delicadeza, oferecendo-lhes comidas saborosas e divertindo-se com jogos de azar. O rei tinha uma política de restrição de despesas, mas ela pôde se libertar dessas limitações quando recebeu uma herança de sua mãe, não mais necessitando de permissão do marido para gastar. No entanto, Sophie Dorothea von Preussen teve alguns problemas com a educação dos filhos porque não concordava muito com os métodos severos usados pelo monarca. Uma decisão de Frederico Guilherme I, logo em seguida à sua coroação, foi indicar a esposa como regente do reino quando ele estivesse em campanha militar, salientando que, se acontecesse algo de grande importância, o assunto deveria ser comunicado a ela, mas não quando ele estivesse presente5. A idade trouxe para Sophie Dorothea um empecilho que a fez sofrer intensamente – a gota. Não há muitas referências a essa fase, mas hoje se sabe que ela passou a ter um humor bastante desagradável após a manifestação da doença. Apesar BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 A infanta Isabel Maria de Bragança – na verdade, Isabel Maria da Conceição Joana Gualberta Ana Francisca de Assis Xavier de Paula de Alcântara Antônia Rafaela Micaela Gabriela Joaquina Gonzaga de Bragança e Bourbon – era a quarta filha mulher de D. João VI e D. Carlota Joaquina de Bourbon, tendo nascido em Lisboa, em 4 de julho de 1801. Estava com 7 anos quando viajou para o Brasil, em 1808, com a Família Real Portuguesa em virtude da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão. A corte permaneceu no Brasil até 1821. Em 6 de março de 1826, D. João VI, que padecia de uma doença que o levaria à morte quatro dias depois, fez um decreto criando uma regência presidida pela infanta D. Isabel Maria, então com 25 anos, que duraria até 26 de fevereiro de 1828, quando assumiu o “legítimo herdeiro e sucessor da coroa”, D. Pedro IV, o D. Pedro I do Brasil. No livro 50 anos de Reumatologia em Portugal, Roberto Martins se refere à gota de D. Isabel Maria, sem, contudo, oferecer pormenores sobre o início e a evolução da doença. A infanta não se casou e viveu bastante para os padrões da época. A despeito da tormenta do ácido úrico, D. Isabel Maria morreu no dia 22 de abril de 1876, pouco antes de completar 75 anos, em Benfica, nos arredores de Lisboa, tendo sido sepultada em São Vicente de Fora2,7,8. Referências bibliográficas 1 Benedek TG, Rodnan GP, Petrach on Medicine and the Gout, Bull Hist Med 1963; 37: 397-416. 2 Dicionário Enciclopédico Ilustrado Larousse, Editora Abril, São Paulo, 2006. 3 http://en.wikipedia.org/wiki/Anne-of-Great-Britain 4 http://www.historic-uK.com/HistoryUK/England-History/Queen Anne.htm. 5 http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_de_Medici. 6 http://www.fembio.org/english/biography.php/woman/features/sophiadorothea.von-preussen 7 htpp://pt.wikipedia.org/wiki/Isabel_Maria_de_Bragança 8 Martins R. 50 anos de Reumatologia em Portugal, Instituto Português de Reumatologia, Lisboa, 1998. 13 Coluna Seda GOTA EM MULHERES CÉLEBRES de tudo, cuidou sempre do marido, até morrer. Já em idade avançada, apresentava boas condições gerais e era uma das figuras mais importantes da corte, a ponto de participar de refeições, concertos e recepções a convite de seu filho, o rei Frederico II, que reinou de 1740 a 1786 e era grande amante das artes, da música e da literatura francesa. Sophie Dorothea von Preussen morreu no dia 28 de julho de 1757, aos 70 anos. “Agora tudo acabou”, foram suas últimas palavras2,6. Em comum, elas tiveram nas mãos o destino de poderosas nações e, nas articulações, inconvenientes e dolorosos depósitos de cristais de urato monossódico. Hilton Seda A gota já foi conhecida como a doença dos reis e da prosperidade – the disease of kings and the king of diseases. Petrarca escreveu, em carta a Giovanni Collona di San Vito, no século XIV, que os pobres devem tolerar alguns incômodos, como as aranhas, pois seu modo simples de viver os protege da gota1. Apesar de sua predominância masculina, a doença também ocorre em mulheres, aí incluindo, evidentemente, as rainhas. Filha de Jaime II e Lady Anne Hyde, a rainha Ana, ou Queen Anne, nasceu em Londres, no dia 6 de fevereiro de 1665. Foi a última Stuart, por não haver quem a substituísse quando ela faleceu, aos 49 anos. Quando criança, teve uma infecção ocular e foi levada à França para tratamento, retornando a seu país em 1670. Casou-se com o príncipe protestante Jorge da Dinamarca, em 28 de julho de 1683, formando uma união impopular, mas feliz. Em 8 de março de 1702, tornou-se rainha da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda, sucedendo a Guilherme III, e reinou até 1714. Pelo Acts of Union, de 1707, unificou Inglaterra, Escócia e Irlanda sob o nome de Reino da GrãBretanha. Queen Anne sofria de gota e, na sua coroação, teve um grave ataque, o que a obrigou a ser levada para a cerimônia em uma cadeira. Morreu por complicações da doença e de erisipela no dia 1º de agosto de 1714. No sepultamento da rainha, na abadia de Westminster, seu corpo encontrava-se tão inchado e volumoso que precisou ser colocado em um enorme caixão, quase quadrado2,3,4. A família Médici, ou Médicis, foi uma poderosa linhagem de Florença que começou em 1331, com Salvestro de Médici, e ficou marcada por figuras importantes, como Lourenço de Médici, o Magnício (1449-1492), Cosmo de Médici, o Grande (1519-1574), Catarina de Médici (1519-1589), rainha da França, e Maria de Médici (1573-1642), além de quatro papas (Leão X, Clemente VII, Pio IV e Leão XI). Era uma família de gotosos. Piero di Cosimo ficou conhecido como Piero, il Gottoso. Lourenço de Médici, pelos 40 anos, já experimentava grande incapacidade produzida pela doença. Maria de Médici, filha de Francisco I de Médici, grão-duque de Toscana (1541-1587), e de Joana de Áustria (1546-1578), sofria de litíase renal provavelmente gotosa. Em 1600, casou-se com o rei 12 Dedicado à memória de Geraldo Castelar Pinheiro. Henrique IV, o primeiro dos Bourbon no trono da França, e teve seis filhos. Foi coroada rainha em 13 de maio de 1610. Com o assassinato do marido, passou a regente, pois o filho Luís XIII ainda não completara 9 anos de idade, assim permanecendo até 1617. Mesmo depois da coroação de Luís XIII, continuou a governar em seu nome. Envolvida em várias tramas palacianas, foi exilada em 1617, vindo a morrer no dia 3 de julho de 1642, em Colônia2,5. Nem a infanta Isabel escapou Mau humor de origem reumática Outra que entra na galeria das mulheres célebres com gota é Sophie Dorothea von Preussen. Nascida em Hanover, no dia 26 de março de 1687, era filha de Georg Ludwig de Hanover e de Sophie Dorothea de Celle, que se haviam casado em 1682. Muito à base de interesses financeiros, esse casamento foi bastante infeliz. Georg teve uma amante, Melusina von Schulenburg, e se desinteressou da esposa, passando a tratá-la de forma agressiva. Consta que Sophie Dorothea, quando sua filha já havia nascido, apaixonou-se por um conde, o que causou grande escândalo. Como punição, foi confinada no Castelo de Ahlden até sua morte, em 1726. O aprisionamento de sua mãe fez com que Sophie Dorothea von Preussen fosse entregue aos cuidados de sua avó, também de nome Sophie, na corte do Eleitor de Hanover6. Quando tinha 19 anos, casou-se com Frederico Guilherme I, da Casa dos Hohenzollern, no dia 28 de novembro de 1706. Em virtude de sua inclinação para o militarismo, Frederico Guilherme I, que reinou de 1713 a 1740, era conhecido popularmente como o Rei Soldado ou o Rei Sargento. Apesar de viver um casamento com dificuldades, o casal teve nada menos que 14 filhos2,5,6. Sophie Dorothea von Preussen era afetuosa e, constantemente, declarava sua paixão pelo marido. Na realidade, usava de um estratagema para acalmar os rompantes do seu par, extremamente ciumento. Ela cultivava um sonho de moradia. Talvez não tenha sido exatamente o que a esposa desejava, mas Frederico Guilherme I, logo depois de ter assumido o trono, em 1713, presenteou-a com o Palácio Monbijou, situado ao norte de Berlim, e Sophie o transformou em uma espécie de caixa de joias, criando galerias de porcelana e espelhando os quartos da residência. Ali recebia seus hóspedes com grande delicadeza, oferecendo-lhes comidas saborosas e divertindo-se com jogos de azar. O rei tinha uma política de restrição de despesas, mas ela pôde se libertar dessas limitações quando recebeu uma herança de sua mãe, não mais necessitando de permissão do marido para gastar. No entanto, Sophie Dorothea von Preussen teve alguns problemas com a educação dos filhos porque não concordava muito com os métodos severos usados pelo monarca. Uma decisão de Frederico Guilherme I, logo em seguida à sua coroação, foi indicar a esposa como regente do reino quando ele estivesse em campanha militar, salientando que, se acontecesse algo de grande importância, o assunto deveria ser comunicado a ela, mas não quando ele estivesse presente5. A idade trouxe para Sophie Dorothea um empecilho que a fez sofrer intensamente – a gota. Não há muitas referências a essa fase, mas hoje se sabe que ela passou a ter um humor bastante desagradável após a manifestação da doença. Apesar BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 A infanta Isabel Maria de Bragança – na verdade, Isabel Maria da Conceição Joana Gualberta Ana Francisca de Assis Xavier de Paula de Alcântara Antônia Rafaela Micaela Gabriela Joaquina Gonzaga de Bragança e Bourbon – era a quarta filha mulher de D. João VI e D. Carlota Joaquina de Bourbon, tendo nascido em Lisboa, em 4 de julho de 1801. Estava com 7 anos quando viajou para o Brasil, em 1808, com a Família Real Portuguesa em virtude da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão. A corte permaneceu no Brasil até 1821. Em 6 de março de 1826, D. João VI, que padecia de uma doença que o levaria à morte quatro dias depois, fez um decreto criando uma regência presidida pela infanta D. Isabel Maria, então com 25 anos, que duraria até 26 de fevereiro de 1828, quando assumiu o “legítimo herdeiro e sucessor da coroa”, D. Pedro IV, o D. Pedro I do Brasil. No livro 50 anos de Reumatologia em Portugal, Roberto Martins se refere à gota de D. Isabel Maria, sem, contudo, oferecer pormenores sobre o início e a evolução da doença. A infanta não se casou e viveu bastante para os padrões da época. A despeito da tormenta do ácido úrico, D. Isabel Maria morreu no dia 22 de abril de 1876, pouco antes de completar 75 anos, em Benfica, nos arredores de Lisboa, tendo sido sepultada em São Vicente de Fora2,7,8. Referências bibliográficas 1 Benedek TG, Rodnan GP, Petrach on Medicine and the Gout, Bull Hist Med 1963; 37: 397-416. 2 Dicionário Enciclopédico Ilustrado Larousse, Editora Abril, São Paulo, 2006. 3 http://en.wikipedia.org/wiki/Anne-of-Great-Britain 4 http://www.historic-uK.com/HistoryUK/England-History/Queen Anne.htm. 5 http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_de_Medici. 6 http://www.fembio.org/english/biography.php/woman/features/sophiadorothea.von-preussen 7 htpp://pt.wikipedia.org/wiki/Isabel_Maria_de_Bragança 8 Martins R. 50 anos de Reumatologia em Portugal, Instituto Português de Reumatologia, Lisboa, 1998. 13 Notas Cartas Para deixar na mesa consultório: o essencial da Reumatologia reunido num só livro A Editora Guanabara Koogan acaba de lançar o livro Reumatologia Essencial, de autoria dos reumatologistas Caio Moreira, coordenador voluntário do Ambulatório de Doenças Osteometabólicas e Osteoarticulares do Serviço de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, professor adjunto da disciplina de Reumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e João Francisco Marques Neto, professor titular de Reumatologia do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Mé- dicas da Universidade Estadual de Campinas. Com 600 páginas, a obra contempla os principais desafios diagnósticos e terapêuticos da especialidade e as condições mais prevalentes do dia a dia, como a fibromialgia, as síndromes dolorosas regionais, as lesões por esforços repetitivos e a osteoartrite. Sem contar que ainda dedica capítulos especiais às doenças autoimunes e às enfermidades osteometabólicas, com destaque para a osteoporose. O livro está disponível nas principais livrarias do País ou pode ser adquirido pela internet: www.editoraguanabara.com.br. Ex-senadores recebem título de benemérito da Academia Nacional de Medicina Na última sessão de encerramento da Academia Nacional de Medicina (ANM), realizada em 27 de novembro de 2008, o presidente da entidade, Marcos Fernando de Oliveira Moraes, homenageou os ex-senadores Bernardo Cabral e Lúcio Alcântara, outorgandolhes o título de benemérito pelo inestimável apoio de ambos à memória da Da esquerda para a direita, Raymundo Leitão, Mário Newton Leitão, Omar R. Santos, Joaquim Nava, Roberto Carneiro, Ieda Laurindo, Geraldo Castelar e Jaime Danowski. 14 medicina brasileira. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, apareceu de surpresa no evento e fez questão de entregar pessoalmente as homenagens. Em seu breve discurso, assinalou a importância de reconhecer os ex-senadores, que tanto contribuíram para a saúde, no ano em que o SUS completa 20 anos. Cabral aproveitou a ocasião para ressaltar as conquistas do ministro Temporão e, ao fim de seu discurso, recomendou ao titular da pasta da Saúde: “Enfrente os vendavais que estão por aí, ministro”, disse ele. “A posteridade lhe fará justiça”. Na oportunidade, o Dr. Roberto Antonio Carneiro ainda tomou posse como honorário nacional da ANM. Saudado pelo acadêmico Pietro Novelino, Carneiro fez um agradecimento especial ao presidente da academia e destacou seu sentimento de felicidade em poder participar das atividades da entidade. Carta a um reumatologista Um pouco do que aprendi com a esclerodermia C Eular apoia e divulga curso de ultrassonografia da SBR Graças aos esforços do presidente do Comitê de Imagem da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Ari Radu Helpern, o curso de ultrassonografia que a entidade promoveu em Natal (RN), de 15 a 17 de abril, recebeu o aval da The European League Against Rheumatism (Eular). O evento não apenas contou com o patrocínio científico da instituição, como também foi divulgado em seu website. Chegadas e partidas • O reumatologista Willer Bittencourt morreu no último dia 27 de fevereiro. Bittencourt era sócio da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro e clinicava na cidade fluminense de Duque de Caxias. Deixou saudades entre familiares, pacientes e colegas. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 om o diagnóstico de esclerodermia há 30 anos, eu teria muitos relatos tristes e trágicos a proferir, mas preferi dizer que tudo por que passei e passo me tornou uma pessoa melhor do que era antes da descoberta da doença. Comecei a ter sintomas aos 19 anos, que pioraram após o nascimento do meu primeiro filho, aos 21 anos. Fiz pulsoterapia, usei bengala e duas luvas em cada mão por muitos anos. Tomava medicação de madrugada, mas não deixava de trabalhar e de levar uma rotina normal durante o dia, mesmo com muitas dificuldades. A opção por não me entregar, tenho certeza, foi minha maior aliada. Esse crescimento humano, com a possibilidade de poder conviver com a doença sem que ela me destruísse por completo, só ocorreu pela capacidade do médico que me acompanha há 27 anos. Tive a sorte de encontrar um profissional competente, com uma conduta humana e sensível, de ética irretocável, o que, somado ao seu profundo conhecimento e ao seu envolvente gosto pela profissão, exerceu um papel fundamental no êxito de todos os tratamentos, fazendo de mim, uma paciente muito jovem e insegura à época, em vista da situação grave por que passava e das complicações que experimentava, a mulher segura e confiante que sou hoje. Médico precisa gostar de gente! Precisa compreender os sinais emocionais do paciente. Sem o potencial de compreender e perceber o outro, ninguém conseguirá ajudar uma pessoa com esclerodermia, uma doença que oscila e se manifesta principalmente conforme o estado emocional do indivíduo. A esclerodermia nos deixa inseguros, pois não sabemos quando e quanto suas manifestações poderão nos destruir. Esse é fator determinante, a meu ver, no desenrolar e na progressão da doença. Não podemos sucumbir a ela e muito menos nos aceitar “doentes”. É necessário que nos empenhemos, com todas as forças e de todas as formas, para que não nos entreguemos quando das fortes dores, da isquemia alucinante, das vasculites que nos tiram os movimentos de pés e mãos, da tosse que nos impede de dormir por meses a fio, da azia, da falta de ar ao caminharmos e subirmos escadas, dos batimentos cardíacos acelerados e “estranhos”, da boca e dos olhos secos, da diminuição da audição e da visão, da tontura e do esquecimento momentâneo. Precisamos ser guerreiros e aprender a combater cada um desses “inimigos”. Na minha vivência, o segredo para enfrentar a esclerodermia se resume a lutar e vencer cada etapa com serenidade, disciplina, vontade e fé. A vontade de viver e o verdadeiro amor pela vida, pelo próximo, pela família, pelos filhos, pelo trabalho, pela natureza, pela BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Carmem Pio* poesia, pela música e pelas expressões humanas nos ajudam a enfrentar com dignidade essa situação. Não sabemos por que a esclerodermia surge, mas precisamos encará-la e tirar dela lições positivas. A maneira como o paciente esclerodérmico se comporta perante o problema indica a evolução da doença, que será tanto mais rápida e cruel quanto mais deprimidos, inseguros e amedrontados estivermos. Diante de uma postura de esperança, a esclerodermia fica mais amena, uma vez que, dessa forma, conseguimos ser mais fortes do que ela. Saber pedir e aceitar ajuda Evidentemente, não é fácil conviver com a doença. As conquistas têm de ser diárias, sem que percamos a esperança e a vontade de viver. Precisamos continuar percebendo e ouvindo os outros e não imaginar que somos os únicos seres com problemas no mundo. Não estamos no centro do universo só porque temos esclerodermia. Devemos continuar inseridos na família, no trabalho e em grupos de amigos sem nos tornar um peso para aqueles com quem convivemos. Se necessitarmos da ajuda de outras pessoas para realizar atividades habituais, como vestir-se ou pentear-se, devemos pedila e aceitá-la com carinho. Temos de aprender a receber o apoio e a atenção de quem quer nos auxiliar. Essa assistência, se recebida com dignidade e respeito ao outro, fará de nós pessoas melhores, mais humanas, solidárias e justas. A felicidade e a serenidade são sentimentos sutis, nobres e profundos, com os quais só tive contato verdadeiro após meu encontro com a esclerodermia. Para melhorar a postura dos pacientes perante a doença, a aproximação entre esclerodérmicos é de fundamental importância, visto que permite a troca de experiências e a formação de grupos e de associações. Esse contato nos fortalece e nos dá esperança redobrada, funcionando como injeções de ânimo e de estímulo. Por tudo isso, fico à disposição de todos os pacientes com esclerodermia para que nos comuniquemos, seja pelos sites da Associação Brasileira de Pacientes com Esclerodermia (Asclero) e da Grupal, seja por e-mail ou telefone, seja pessoalmente. Desejo que todos tenham a sorte de encontrar um médico como o que encontrei e, da mesma maneira, que possam compreender essa doença como uma forma de nos tornarmos seres humanos melhores, independentemente da beleza de nosso físico ou de nosso tempo de vida. Sou a prova viva de que isso é possível. *Carmen Pio é advogada e mora em Porto Alegre (RS). Contato: [email protected] 11 O melhor do Brasil Notas Trabalho brasileiro fica entre os três melhores do Fórum Internacional de Esclerose Sistêmica Rio de Janeiro Vem aí a ReumaRio 2009 Durante o III Fórum Internacional de Esclerose Sistêmica, que ocorreu no período de 28 de fevereiro a 1º de março de 2009 na cidade de Basileia, na Suíça, o trabalho sobre acometimento visceral na esclerose sistêmica, de autoria do Grupo de Esclerose Sistêmica do Projeto Pronuclear (Gepro) da Sociedade Brasileira de Reumatologia, capitaneado pelo Dr. Percival Degrava Sampaio-Barros, foi escolhido como um dos três melhores do encontro. Resultante de um grande esforço multicêntrico, o estudo do Gepro, um dos quatro levados pelo grupo ao fórum, aborda o acometimento visceral na esclerose sistêmica por meio da análise de 1.149 pacientes brasileiros, assunto que, aliás, mereceu grande destaque na oportunidade. Esse reconhecimento demonstra quanto os pesquisadores brasileiros estão alinhados com o que se faz ao redor do mundo para o entendimento da esclerose sistêmica, além de dar visibilidade à dedicação dos nossos especialistas. O evento, afinal, reuniu 600 reumatologistas de 46 países – 14 do Brasil – e teve a coordenação da professora Dame Carol Black, da Inglaterra, e o patrocínio do laboratório Actelion. Reserve os dias 17 e 18 de julho para um verdadeiro mergulho nas novidades diagnósticas e terapêuticas em doenças reumáticas. Nessa ocasião, a Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro vai promover sua primeira jornada anual de atualização em 2009, a ReumaRio. Além de contar com a participação indispensável de diversos colegas que atuam no Brasil, o evento vai trazer especialistas internacionais, como Burgo Vargas, do México, que falará sobre as espondiloartrites, e Michelle Petri, dos Estados Unidos, que traçará um panorama sobre o lúpus eritematoso sistêmico. O evento será realizado no Hotel Pestana, na Praia de Copabacana, no Rio de Janeiro. Mais informações pelo e-mail [email protected]. Rio Grande do Sul Homenagem póstuma a Aécio Britto transforma reunião científica em sessão solene Por ocasião de sua reunião científica, realizada no último dia 14 de março, a Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Sul (SRRS) homenageou postumamente o professor Aécio Soares Britto, que morreu em 15 de novembro de 2008. Durante sessão solene, diversos colegas discursaram para enaltecer a figura do Dr. Aécio, entre os quais os doutores Roberto Calil, Fernando Neubarth, Maria Lúcia Lopes, Alberto Torrico, Edgar Vares, Jorge Dib e Mauro Keiserman. Além disso, o Dr. João Carlos Brenol levou à sessão mensagens de reumatologistas de todo o Brasil. Na oportunidade, a filha do professor Aécio, Alice Britto, também reumatologista, recebeu uma placa de prata com os seguintes dizeres: “Homenagem da SRRS ao Prof. Dr. Aécio Soares Britto por tudo que representou para a Reumatologia gaúcha e brasileira”. Da esquerda para a direita, Roberto Calil, João Carlos Brenol, Alice Britto e o presidente da SRRS, Charles Lubianca Kohem. 10 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Reumatologia é reeleita para o Conselho Deliberativo da AMB A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) conseguiu ser reeleita para o Conselho Deliberativo da Associação Médica Brasileira (AMB), continuando entre as cinco especialidades clínicas que compõem esse grupo de conselheiros, aliás, o mais importante da associação. Essa conquista advém da participação ativa do representante da SBR na AMB, Maurício Levy Neto, assim como da presidente da entidade, Ieda Laurindo. A eleição ocorreu no dia 19 de março e teve, entre as mais votadas, 14 das 27 especialidades médicas que compõem o Conselho Científico da AMB, a saber: Anestesiologia, Cirurgia Geral, Coloproctologia, Ginecologia e Obstetrícia, Ortopedia e Traumatologia, Otorrinolaringologia, Oftalmologia, Cardiologia, Clínica Médica, Infectologia, Pediatria, Reumatologia, Patologia Clínica e Patologia. Delegação brasileira em visita à cidade de Colmar, na Alsácia francesa, situada a 50 km de Basileia. Como vai a função renal de seus pacientes? O Dia Mundial do Rim, comemorado no último dia 12 de março, trouxe um bom ensejo para abordar a necessidade de detectar precocemente a doença renal, considerada por muitos como a nova epidemia do século XXI – apenas no Brasil, estima-se que haja 2 milhões de pessoas com insuficiência renal crônica. Ocorre que a identificação de alterações nos rins em fase inicial é, por enquanto, a única forma de interromper ou diminuir a velocidade da perda da função renal. Não por acaso a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) mantém, desde 2003, a campanha Previna-se, uma ação permanente de prevenção para alertar médicos e pacientes sobre esse risco. Mesmo porque em quase metade dos casos os indivíduos não têm sintomas e, portanto, não sabem que são portadores da doença. Consequentemente, acabam recebendo um diagnóstico tardio, quando o comprometimento já é grande o bastante para requerer a instituição de alguma terapia de substituição renal. Dando merecida vazão à campanha da SBN, é importante que também os reumatologistas estejam atentos à saúde dos rins de seus pacientes. A preocupação tem de se acentuar nos grupos de risco, ou seja, em hipertensos, diabéticos, idosos, cardiopatas e indivíduos com história familiar de insuficiência renal, que devem ser periodicamente submetidos a testes de triagem, como exames de urina e de avaliação da função renal. Para mais detalhes sobre a campanha e informações científicas sobre o tema, acesse o site www.sbn.org.br/previna.htm. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 15 Dia a Dia O melhor do Brasil Boca seca e olho seco: a conduta no tratamento dos sintomas da síndrome de Sjögren Valéria Valim* A boca seca e o olho seco são sintomas-guia para o diagnóstico da síndrome de Sjögren (SS) e o tratamento dessas manifestações visa não apenas a aliviá-las, como também a prevenir complicações e a estimular a função e o reparo do tecido glandular. Clínica Médica da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e médica do Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário Cassiano Antônio de redução da produção de saliva está associada à diminuição do paladar, assim como à alteração e à elevação da microbiota oral, favorecendo o surgimento de cáries, halitose e candidíase. A lágrima na SS é hiperosmolar e proporciona aumento do processo inflamatório ocular, com consequente prurido, hiperemia, irritação, sensação de corpo estranho, embaçamento visual e redução da acuidade visual. O tratamento das queixas secas inclui orientações gerais ao paciente (quadro 1), com o propósito de auxiliá-lo na hidratação e na melhor higienização da mucosa, além de diversas opções terapêuticas, que devem ser indicadas caso a caso. Na boca seca, embora alivie apenas temporariamente os sintomas, o uso de substitutos (saliva artificial) e secretagogos (pilocarpina e cevimelina) é importante para o manuseio da xerostomia (quadro 2). Algumas formulações são rinses orais à base de carboximetilcelulose (carmelose sódica 10mg/mL, Salivan®, Alergan). O gel lubrificante fornece alívio mais prolongado, sendo indicado para uso noturno e em casos de fissuras. Se a saliva artificial for aviada, pode receber o acréscimo de sabor de pêssego, morango ou coco para tornála mais agradável, porém menta e hortelã devem ser evitados. Na ausência de lágrimas Por sua vez, a abordagem da xeroftalmia engloba colírios lubrificantes, oclusão do ponto lacrimal e uso de drogas imunomoduladoras, tais como ciclosporina tópica e suplementação oral com ômega-3, a exemplo do óleo de linhaça (quadro 3). A escolha dos colírios lubrificantes Moraes (Hucam), da Ufes. 16 O Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia dá as boas-vindas para os grupos de colegas que assumiram a diretoria nas sociedades regionais para o biênio 2008-2010. SOCIEDADE PARAIBANA DE REUMATOLOGIA BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 SOCIEDADE DE REUMATOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO Presidente: Valéria Valim Tesoureiro: José Miguel Eduardo Assad Secretária: Ana Karina Nascif Diretora científica: Andreza Magid Tironi Presidente: Eutília Medeiros Freire Vice-presidente: Marcus Ivanovith SOCIEDADE DE REUMATOLOGIA DO RIO DE JANEIRO Secretário-geral: Carlos Fernando T. de Melo Presidente: Reno Martins Coelho Primeira-secretária: Evânia Claudino Figueiredo Vice-presidente: Francinne Machado Ribeiro Tesoureira: Danielle Egypto de Brito Diretora científica: Blanca Helena Bica Diretora científica: Alessandra Braz de Andrade Secretário-geral: Leonardo Romeiro Diretor de relações públicas: Aécio Póla Fernandes Segunda-secretária: Mariana Rodriguez Conselho: Tesoureiro-geral: Washington Bianchi Segundo-tesoureiro: Dante Bianchi Boletim: Sueli Carneiro, Ingrid Moss e Laura Mendonça Comissão de Ensino: Elisa Albuquerque, Mauro Goldfarb, Roger Levy e Ronaldo Baptista Conselho Fiscal: Evandro Klumb, Geraldo Castelar, Mário Newton, José Verztman e Maria Cecília Salgado Clube do Reumatismo: Adriana Danowiski, Evandro Klumb, Angelo Papi e Nocy Leite Reumatologia Pediátrica: Flavio Sztajnbok e Cynthia Torres França da Silva Aderson Diniz, Evandro Pinheiro do Egypto e Silvino Chaves Neto SOCIEDADE MINEIRA DE REUMATOLOGIA A *Professora do Departamento de Regionais têm nova diretoria Presidente: Cristina Costa Duarte Lanna Vice-presidente: Rejane Pinheiro Damasceno Secretária-geral: Nelma Marchetti Mesquita Tesoureira: Rosa Weiss Telles Diretora científica: Maria Vitória Quintero Presidente eleito para o biênio 2011-2012: Rafael Fraga Comissão de Reumatologia Pediátrica: Flávia Patrícia Teixeira de Sena e Rejane Pinheiro Damasceno Educação continuada: Achiles Cruz Filho Responsável pelo site: Eduardo José do Rosário e Souza Representantes das regionais de Minas Gerais: Paulo Ivan Guimarães (Norte/Nordeste), Rafael Fraga (Zona da Mata), Carlos Eugênio Parolini (Alto Paranaíba / Triângulo Mineiro) e Enio Ribeiro (Sul) Reumatologia do Esporte: Paulo Handan Conselho de Ética: Swami Guimarães, Joaquim Nava, Jaime Barros e Hilton Seda Encontros de Leigos: Wanda Heloisa e Stella de Carli Biblioteca e website: João Luiz Vaz e João Ignácio Hora Interior: Luis Octavio Dias D’Almeida e Flavio Fernando N. de Melo Assuntos institucionais: Reno Coelho, Francinne Ribeiro, Blanca Bica e Geraldo Castelar Minas Gerais e Centro-Oeste Jornada compartilhada vai girar em torno do paciente reumático A escuta, as evidências e os avanços no cuidado do paciente reumático vão conduzir as aulas e discussões da XVII Jornada Centro-Oeste e da IV Jornada Mineira de Reumatologia, evento que será promovido pela Sociedade Brasileira de Reumatologia no período de 6 a 8 de agosto de 2009, no Centro de Artes e Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto (MG). A programação promete grande abrangência, com temas que vão dos fundamentos do atendimento ao portador de doenças reumáticas, passando por infecções virais e autoimunidade, até a aplicação da farmacoeconomia no uso de medicamentos biológicos. Para mais informações sobre a iniciativa, acesse o site www.reumatologia2009.com.br. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 9 O melhor do Brasil Brasília Quadro 1 União de esforços resulta na criação de programa de assistência básica para queixas reumáticas A percepção da necessidade de atender os portadores de condições muito prevalentes na Reumatologia, a fila de espera de cerca de dois anos para marcar uma consulta com um reumatologista, os encaminhamentos incorretos e a dificuldade de acesso ao especialista por parte de pacientes com doenças reumáticas mais complexas levaram à criação do Plano Diretor da Reumatologia – Da Atenção Primária à Terciária. De acordo com o presidente da Sociedade de Reumatologia de Brasília (SRB), Rodrigo Aires Corrêa Lima, o programa tem o objetivo de organizar o fluxo de atendimento das pessoas com queixas reumáticas no Distrito Federal e, para tanto, será realizado em conjunto com a SRB, com a Secretaria Estadual de Saúde do Governo do Distrito Federal e com a Unidade de Reumatologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB). “Pretendemos criar um sistema no qual as doenças reumáticas de alta complexidade, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico, cheguem mais rapidamente ao reumatologista de uma unidade terciária de atendimento e as condições mais prevalentes, como fibromialgia e osteoartrose, desde que não complicadas, sejam atendidas nas unidades básicas de saúde por clínicos treinados nos locais onde funcionará o sistema de referência e contrarreferência”, explica Lima. Essa iniciativa foi apresentada pela reumatologista Ana Patrícia de Paula, do HUB, no I Encontro da Atenção Primária à Saúde com Especialidades Médicas – Capítulo Reumatologia, que ocorreu em dezembro do ano passado, no auditório da Unip, na capital federal, com a participação de clínicos, médicos 8 do programa da saúde da família, ginecologistas, psiquiatras, enfermeiros, fisioterapeutas e pediatras, assim como de diretores de regionais de saúde e hospitais locais e de representantes do secretário de saúde do Distrito Federal. Na oportunidade, o reumatologista Mario Orientações gerais para xeroftalmia e xerostomia em pacientes com síndrome de Sjögren Soares também falou sobre a situação do atendimento reumatológico em Brasília e Rodrigo Lima aproveitou a ocasião para alertar os profissionais presentes a respeito dos mitos e verdades sobre a fibromialgia – que, afinal, é uma das condições-alvo do programa. Grupo envolvido no Plano Diretor de Reumatologia – Da Atenção Primária à Terciária. 1 Suspensão ou substituição de medicações relacionadas com maior chance de secura, como diuréticos, betabloqueadores, antidepressivos e ansiolíticos 2 Ingestão frequente de líquidos, especialmente de água, em pequenas quantidades para não estimular a diurese 3 Uso de umidificadores de ambientes 4 Redução da permanência em ambientes com ar condicionado e ventiladores ou em regiões de clima seco 5 Correção de hábitos dietéticos, como evitar alimentos ácidos e picantes 6 Suspensão do consumo de bebidas cafeinadas, álcool e tabaco 7 Adoção de intervalos em atividades que diminuam o ato de piscar, como passar longos períodos no computador ou fazer leituras prolongadas 8 Uso de óculos com proteção lateral durante exposição ao vento ou prática de esportes ao ar livre 9 Remoção adequada da maquiagem Quadro 2 Tratamento medicamentoso da xerostomia Festa de confraternização e vernissage marcam troca de gestão Para encerrar o intenso trabalho da gestão 2006-2008 da Sociedade de Reumatologia de Brasília (SRB), presidida pela Dra. Lícia Mota, a entidade realizou, no dia 27 de novembro de 2008, uma festa de confraternização no Clube do Médico, sua nova sede na capital federal. A iniciativa não apenas comemorou os dois anos de significativas realizações e de reestruturação física, contábil e científica da SRB, como também deu as boas-vindas para a gestão 2008-2010, que tem à frente o Dr. Rodrigo Lima. Além disso, o evento abriu espaço para expor os talentos artísticos dos sócios que se dispuseram a compartilhar suas criações com os convidados, entre pinturas, fotografias e artes em cerâmica, culinária, literatura e música. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 tem de levar em consideração o tipo de solução e seu tempo de permanência. O ideal é um produto hipo ou isotônico, levemente alcalino, contendo eletrólitos e macromoléculas que confiram boa viscosidade à córnea e aí permaneçam por um período prolongado. Agentes viscosos dão estabilidade ao filme lacrimal e funcionam como “surfactantes”. A carboximetilcelulose 0,5% e 1% (Fresh Tears® e Optive®, Alergan) apresenta longa permanência e é a substância mais usada para essa finalidade, em forma de gel ou de pomadas lubrificantes. Apesar de sua eficiência, esses produtos podem borrar a visão, devendo ser utilizados à noite. Há, no entanto, conservantes menos tóxicos e mais bem 1 Saliva artificial: Salivan®, Apsen, ou Saliva Artificial®, Biotène, uso frequente, especialmente antes das refeições (N 3)*. 2 Estimulantes ou sialogogos mecânicos de saliva, tais como gomas de mascar e balas duras sem açúcar. Existe apresentação comercial de silicone (N 3). 3 Agonistas muscarínicos: • pilocarpina (Salagen®, Apsen), de 5 a 10 mg, 3-4 vezes por dia (N 1); • cevimelina (Evoxac®, Daiichi Sankyo), de 15 a 30 mg, 2-3 vezes por dia (N 1); • colírio de pilocarpina 2%, de 2 a 5 gotas por via oral, 3-4 vezes por dia (N 3). 4 Hidroxicloroquina: 6 mg/kg por dia (N 3). 5 Imunossupressores sistêmicos: se houver evidência de atividade inflamatória e gravidade da síndrome seca, podem ser usados glicocorticosteroides (N 3), micofenolato (N 2), leflunomida (N 2), azatioprina (N 3) e rituximabe (N 2). *Níveis (N) de evidência: 1 Pelo menos um ensaio clínico 2 Estudos de coorte, caso-controle ou controlados, mas sem randomização 3 Estudos descritivos, relatos de caso e opinião de especialistas BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 > 17 Primeira fila tolerados, como o polyquad (Oftane®, Alcon), o perborato de sódio (Genteal®, Novartis) e o cloreto de sódio ou purite (Fresh Tears® e Optive®, Alergan). O purite e o perborato evaporam ao entrar em contato com a superfície da córnea, sendo, assim, preferíveis aos demais. Lubrificantes sem conservantes estão disponíveis em dose única, porém são mais caros e inconvenientes do que as opções que possuem conservantes menos tóxicos. Os eletrólitos mais importantes são o potássio, por manter a espessura da córnea, e o bicarbonato, por recuperar o epitélio. A osmolaridade cristaloide deve ser baixa, uma vez que a hiperosmolaridade é pró-inflamatória, e a osmolaridade coloidal precisa ser alta para aumentar a retenção de água e favorecer a recuperação epitelial (Hypotears®, Novartis). Em casos mais graves, pode ser feita a oclusão do ponto lacrimal, a fim de aumentar o tempo de permanência da lágrima. Em geral, inicia-se o tratamento pela oclusão temporária com implantes dissolvíveis de colágeno ou tampões de silicone. É uma opção de baixo risco, mas em cerca de 50% dos casos há extrusão espontânea. “Plugues” modernos se adaptam à anatomia do canal logo após o implante, diminuindo o risco de migração e extrusão (Smartplug®, Medennium Inc. CA). Por fim, os agonistas muscarínicos de ação direta apresentam algumas contraindicações, tais como hipertiroidismo, úlcera péptica, asma, bradicardia, hipotensão, coronariopatia, epilepsia, Parkinson, peritonite, vagotomia, obstrução intestinal ou urinária e glaucoma. Além disso, podem causar vários eventos adversos, a exemplo de cólica abdominal, náuseas, diarreia, urgência miccional, cefaleia, hipotensão, eritema, broncoespasmo, sudorese, tosse e miose. 18 Quadro 3 Tratamento medicamentoso da xeroftalmia 1 Colírios lubrificantes sem benzalcônio e EDTA, com macromoléculas de longa permanência (polietilenoglicol, propilenoglicol, hidroximetilcelulose e carboximetilcelulose): uso frequente, no mínimo 6 vezes por dia (N 3)*. 2 Oclusão de ponto lacrimal: pode ser feita por meio de cauterização, implante de conjuntiva, ponto cirúrgico ou “plugues” (N 2). 3 Agonistas muscarínicos: • pilocarpina (Salagen®, Apsen), de 5 a 10 mg, 3-4 vezes por dia (N 1); • cevimelina (Evoxac®, Daiichi Sankyo), de 15 a 30 mg, 2-3 vezes por dia (N 1); • colírio de pilocarpina 2%, de 2 a 5 gotas, 3-4 vezes por dia (N 3). 4 Colírio de ciclosporina: 0,05% (Restasis®, Alergan) ou 0,1% na fórmula aviada, que é a mais eficaz, mas também a mais irritativa, na dose de 1 gota a cada 12 horas, durante 3-6 meses (N 1). É o único imunomodulador aprovado pelo FDA e pela Anvisa. 5 Óleo de linhaça: cápsulas de 1 g, 2 vezes por dia (N 2). 6 Hidroxicloroquina: 6 mg/kg por dia (N 3). 7 Imunossupressores sistêmicos: se houver evidência de atividade inflamatória e gravidade da síndrome seca, podem ser usados glicocorticosteroides (N 3), micofenolato (N 2), leflunomida (N 2), azatioprina (N 3) e rituximabe (N 2). 8 Lentes de contato de silicone hidrogel com lubrificantes, que possuem alta permeabilidade ao oxigênio, em pacientes com lesão de córnea (N 3). 9 Colírios de glicocorticosteroides: se houver esclerite associada (N 3). 10 Soro autólogo para lubrificação: rico em fatores de crescimento, é indicado para casos graves e refratários às demais opções terapêuticas (N 3). 11 Transplante de glândula salivar e transplante de membrana amniótica: para casos graves selecionados (N 3). Níveis (N) de evidência: 1 Pelo menos um ensaio clínico 2 Estudos de coorte, caso-controle ou controlados, mas sem randomização 3 Estudos descritivos, relatos de caso e opinião de especialistas A autora declara não haver conflito de interesse. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Estudo da associação da fibromialgia com os resultados dos escores DAS28, HAQ e SF-36 em pacientes com artrite reumatoide* Aline Ranzolin1 João Carlos Tavares Brenol2 Ricardo Machado Xavier3 Objetivo Estudar a associação da fibromialgia (FM) com os valores dos escores Disease Activity Score (DAS28), Health Assessment Questionnaire (HAQ) e Medical Outcomes Study 36 – Item Short Form Health Survey (SF-36) em pacientes com artrite reumatoide (AR). Métodos O estudo, de caráter transversal prospectivo, envolveu 270 pacientes com AR, que foram submetidos à avaliação clínica e à aplicação dos questionários HAQ e SF-36. A atividade de doença foi medida por meio do DAS28 e o diagnóstico de FM, feito de acordo com os critérios do American College of Rheumatology (ACR). Resultados A prevalência de fibromialgia na amostra chegou a 13,4%. Comparado aos pacientes que apresentavam somente AR, o grupo que tinha associação de AR e FM reunia mais pessoas do sexo feminino, idade mais avançada, pior classe funcional e maior duração da rigidez matinal. O DAS28 foi mais elevado em pacientes com AR e FM (5,36±0,99) do que naqueles com AR isolada (4,03±1,39; p<0,001). Na análise de regressão linear multivariável, a FM mostrou-se como um importante preditor do DAS28, mesmo após ajuste para VHS, número de articulações edemaciadas, classe funcional, número de drogas modificadoras de doença, uso de glicocorticoides e presença de erosões. Da mesma forma, os índices HAQ e SF-36 foram piores em pacientes com AR e FM do que nos indivíduos que tinham apenas artrite reumatoide. Conclusão A FM está associada à piora dos escores DAS28, HAQ e SF-36 em pacientes com AR, podendo ter importantes implicações na interpretação do DAS28, uma vez que existe relação entre sua presença e índices mais altos nesses instrumentos de avaliação, de modo independente das evidências objetivas de atividade da AR. *Trabalho realizado com o apoio da Fipe/Hospital de Clínicas de Porto 1 Alegre (RS) e apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2 para a obtenção do título de mestre em Ciências Médicas. 3 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Aluna do mestrado Orientador do trabalho Coorientador do trabalho 7 Primeira fila Questão de foco Análise das células NK nas gestantes com LES* Alessandra Cardoso Pereira1 Roger Abramino Levy2 Mônica Cristina Brandão dos Santos Lima3 Os dois lados da Bahia O contraste da natureza num mesmo Estado foi registrado pela câmera atenta da reumatologista Kaline Medeiros Costa Pereira, vinda de Alagoas e radicada em São Paulo, em uma viagem de 5 mil quilômetros pelo interior do Brasil, durante a 1ª Expedição Brasil Melhor, em 2006. De um lado, a beleza paradisíaca da Praia de Itacaré, pronta para ser cartão-postal de qualquer turista, com um mar a perder de vista. De outro, a imensidão do céu azul que cobre o sertão baiano, num híbrido de seca e beleza, tão bem caracterizado pelas expressões do homem, do garoto, dos animais e da própria vegetação. Dois mundos diferentes, que não se misturam nem hão de se cruzar, contrariando as profecias de Antônio Conselheiro – o sertão não vai virar mar nem o mar vai virar sertão. Introdução O sistema imune inato tem papel central na reprodução, especialmente as células NK, que podem esclarecer pontos cruciais na patogênese das complicações observadas durante a gestação de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES). Objetivo Quantificar as células NK circulantes e sua viabilidade em gestantes com LES. Material e métodos O estudo analisou amostras de sangue de quatro grupos, com dez pacientes cada: gestantes com LES (GLES); pacientes com LES não gestantes (PLES); gestantes controles (Gcontroles) e não gestantes saudáveis (Controles). Em todas as mulheres, a quantidade e a viabilidade das células NK foram medidas por citometria de fluxo e a apoptose total, avaliada por coloração para anexina V e iodeto de propidium. Resultados Devido à variabilidade dos resultados, a mediana de cada grupo foi utilizada para avaliar a porcentagem de CD56+ [GLES (0,10), PLES (0,12), Gcontroles (0,15) e Controles (0,08)] e de apoptose total [GLES (0,06), PLES (0,04), Gcontroles (0,11) e Controles (0,11)]. Os resultados da contagem de células vivas, por sua vez, evidenciaram baixa variabilidade e, por isso, a média e o desvio-padrão foram usados para comparação: [GLES (0,91±0,06), PLES (0,95±0,03), Gcontroles (0,86±0,11) e Controles (0,88±0,08)]. Conclusão Apesar de não ter alcançado valor de significância estatística, o percentual da apoptose total nos grupos com LES mostrou-se menor do que nos controles e a porcentagem de células vivas, maior. Isso demonstra que, em pacientes com LES, grávidas ou não, as células NK apresentam vida útil prolongada – ou um turnover menor/diferente –, sugerindo um maior estímulo imune, o que faz com que as células NK demorem mais para ativar o processo de apoptose. 6 *Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas 1 da Universidade do Estado do Rio de Janeiro para a obtenção 2 do grau de mestre em Ciências Médicas. 3 Aluna do mestrado Orientador da dissertação Coorientadora da dissertação BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Caso você também tenha imagens que mereçam ser compartilhadas, envie suas fotos para o e-mail: [email protected] BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 19 Regionais www.reumatologia.com.br Bem perto de você Anote o endereço eletrônico de sua regional e não deixe de mandar, sempre que preciso, suas dúvidas, sugestões e críticas. Sociedade Alagoana de Reumatologia Dra. Maria Aparecida Celestino Madeiro Contato: [email protected] Sociedade Mineira de Reumatologia Dra. Cristina Costa Duarte Lanna Contato: [email protected] Sociedade Amazonense de Reumatologia Dr. Domingos Sávio N. de Lima Contato: [email protected] Sociedade Paraense de Reumatologia Dr. José Ronaldo M Carneiro Contato: [email protected] Sociedade Baiana de Reumatologia Dra. Carla Souza Macedo Contato: [email protected] Sociedade Paraibana de Reumatologia Dra. Eutília Andrade Medeiros Freire Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia de Brasília Dr. Rodrigo Aires Corrêa Lima Contato: www.reumatodf.com.br [email protected] Sociedade Paranaense de Reumatologia Dra. Marilia Barreto Gameiro Silva Contato: [email protected] Sociedade Catarinense de Reumatologia Dr. Antonio Carlos Althoff Contato: [email protected] Sociedade Cearense de Reumatologia Dr. Max Victor Carioca de Freitas Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia do Espírito Santo Dr. Jose Roberto Pereira Santos Contato: [email protected] Sociedade Goiana de Reumatologia Dra. Eleusa Fleury Taveira Contato: [email protected] Sociedade Maranhense de Reumatologia Dr. Jose Mauro Carneiro Fernandes Contato: [email protected] Associação Mato-Grossense de Reumatologia Dr. Jose Carlos Amaral Filho Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia do Mato Grosso do Sul Dr. Izaias Pereira da Costa Contatos: [email protected] / [email protected] 20 Matéria de capa XII Conosur reúne mais de 600 especialistas em Curitiba O primeiro evento oficial da gestão 2008-2010 da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) foi o XII Congresso Internacional de Reumatologia do Cone Sul (Conosur), que ocorreu de 5 a 7 de março, em Curitiba (PR). Sob o comando do Dr. Sebastião Radominski, o congresso contou com 560 inscritos, provenientes de todo o Brasil e de outros países da América Latina, além de 65 palestrantes, dos quais dez internacionais, integrantes de entidades como Eular, Panlar e ACR, a exemplo de Joseph Smolen (Áustria), Daniel Aletaha (Áustria), Eduardo Collantes-Estevez (Espanha), Daniel Furst (EUA), Luis Espinoza (EUA), John Reveille (EUA), Pedro Miranda (Chile), Alfredo Arturi (Argentina), Julio Mazzoleni (Paraguai) e Emilia Spangenberg (Uruguai). O ponto alto do evento foi o curso de métricas, que reuniu uma plateia de 400 especialistas e discutiu os principais instrumentos para a avaliação da atividade da doença no lúpus eritematoso sistêmico (Sledai), na artrite reumatoide (DAS28, SDAI e CDAI) e na espondilite anquilosante (Basdai, Basmi e Basfi), entre outras. Algumas aulas tiveram complementação prática, como o escore cutâneo na esclerose sistêmica. Além disso, John Reveille apresentou o panorama genético das doenças reumáticas, após traçar um paralelo da prevalência dessas afecções ao longo do tempo e de acordo com a própria história da humanidade. Sociedade Paulista de Reumatologia Dr. José Carlos Mansur Szajubok Contato: [email protected] Sociedade Pernambucana de Reumatologia Dra. Lílian David de Azevedo Valadares Contato: [email protected] Abertura do XII Conosur Sociedade Piauiense de Reumatologia Dra. Ângela Maria Freitas Paiva Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Norte Dra. Maria de Fátima Fernandes Dantas Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Sul Dr. Charles Lubianca Kohem Contato: [email protected] Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro Dr. Reno Martins Coelho Contato: [email protected] Sociedade Sergipana de Reumatologia Dra. Mônica Valeria S. Santana de Vecchi Contato: [email protected] BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 Ieda Laurindo, presidente da SBR, e Ricardo Xavier entre os palestrantes internacionais. Da esquerda para a direita, Caio Moreira, Geraldo Castelar e João Francisco Neto. Adil Samara recebe homenagem. +Curitiba Os valores da cidade e do homem na visão do artista plástico Erbo Stenzel Por falar em Curitiba, a SBR aproveita para homenagear um grande artista plástico, litógrafo e escultor paranaense: ninguém menos que Erbo Stenzel (1911-1980), responsável por inúmeros monumentos daquele Estado. Descendente de alemães e austríacos, místico, poliglota e exímio jogador de xadrez, Stenzel nasceu em Paranaguá e estudou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, tendo retornado a Curitiba em 1949, quando passou a lecionar Anatomia e Fisiologia Artística na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Suas principais obras estão instaladas na capital paranaense, como a escultura “Água para o Morro”, erroneamente chamada de “Maria Lata D’Água”, que BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 ilustra a capa desta edição do Boletim Informativo da SBR. O monumento mostra uma afrodescendente com um balde de água acima de seu rosto calejado e machucado, associado a um olhar triste e vazio. Há ainda o “Homem Nu”, que simboliza a emancipação do Paraná do Estado de São Paulo, em 1853, embora não tenha sido muito bem-aceita pelos curitibanos, uma vez que apresenta traços negroides e cabeça desproporcional. A cidade também exibe a “Mulher Nua”, que Stenzel esculpiu para representar a Justiça, só que de olhos abertos e sem a balança do equilíbrio. A “Mulher”, porém, ficou anos escondida até que pudesse fazer companhia ao “Homem”. 5 Agenda 2009 SBR.doc Conheça as propostas da nova comissão de AR A 4 - Apoio aos pacientes pós a formação da Comissão de Artrite Reumatoide (CAR) da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), gestão 2008-2010, os membros desse time de especialistas sugeriram uma agenda de propostas durante a primeira reunião de planejamento e discussão de metas da SBR, que ocorreu nos dias 17 e 18 de outubro de 2008, em São Roque, interior de São Paulo. De acordo com o presidente da CAR, Ivânio Alves Pereira, as principais propostas apresentadas têm, como alvo, os reumatologistas e os pacientes reumatoides e envolvem diversas ações em educação médica continuada, eventos, pesquisa e orientações aos portadores de artrite reumatoide (AR), conforme você confere a seguir. 1 - Educação médica continuada Na parte educacional, a proposta é divulgar, para os reumatologistas sócios da SBR, recomendações baseadas em evidências científicas com o objetivo de uniformizar as condutas para o diagnóstico e o tratamento da doença. Será feita ainda uma avaliação do grau de concordância e da dificuldade de implementação das recomendações internacionais. Para tanto, o grupo se valerá de vários meios de divulgação dessas informações, entre os quais: • textos impressos e conteúdo virtual no site da SBR; • folhetos para preenchimento uniforme e sistemático de dados clínicos dos pacientes (articulações edemaciadas e dolorosas, escores compostos, como DAS28 e SDAI, e resultados de VHS, PCR, hemograma, função renal e enzimas hepáticas); • aulas on-line pelo site da SBR, enriquecidas com discussões de casos clínicos e participação interativa dos interessados, que serão realizadas aos sábados, às 9 horas, com modelo semelhante ao das espondiloartrites, sob a coordenação do Dr. Percival Degrava Sampaio-Barros; • publicação de revisões sobre temas relevantes, como diagnóstico precoce, comorbidades, monitoração e novos alvos terapêuticos. 4 2 - Apoio a eventos, simpósios e encontros A comissão vai continuar estimulando a atualização de novos conceitos em diagnóstico, monitoração e tratamento da AR no que diz respeito a eventos. Isso já ocorreu em 2009, por exemplo, no curso pré-congresso da 12ª edição do Conosur, realizada em março, em Curitiba (PR), o qual foi dedicado ao tema de métricas em doenças reumáticas e idealizado pelo presidente do evento e membro da CAR, o Dr. Sebastião Radominski, com a participação de diversos convidados internacionais. 3 - Pesquisa No que toca à pesquisa, a CAR pretende levantar o perfil do reumatologista brasileiro, mostrando como o especialista aborda os pacientes, desde o diagnóstico da AR, passando pelos exames mais solicitados, pela estratégia de tratamento utilizada e pelas medicações mais prescritas, até o manuseio das comorbidades mais prevalentes, como a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, as dislipidemias, a aterosclerose e a osteoporose. Além disso, o grupo tenciona atualizar, no ano que vem, o Consenso de Tratamento da Artrite Reumatoide em conjunto com a diretoria e a presidência da SBR. As ações dirigidas aos pacientes deverão se traduzir no fornecimento de informações e apoio aos portadores de AR por meio do site da SBR e também na distribuição de folhetos informativos sobre a doença em consultórios, sempre com o esclarecimento e o aconselhamento de familiares e cuidadores, com o intuito de obter mais apoio e incentivo aos doentes. Com o advento das novas terapias, é fundamental que o paciente conheça os detalhes da doença, a importância da adesão ao tratamento, a necessidade da monitoração regular dos exames e da atividade da doença, as formas de reabilitação e readaptação às atividades profissionais e à vida diária e a necessidade de manter hábitos de vida saudáveis a fim de minimizar os riscos de doenças cárdio e cerebrovasculares, bem como de hepatotoxicidade. É mesmo uma agenda lotada de prioridades, mas isso nem de longe preocupa os membros da CAR. “A comissão se encontra bastante motivada com as metas e tarefas que têm pela frente e conta desde já com o apoio de todos os colegas da SBR para o preenchimento de questionários e pesquisas”, avisa o Dr. Ivânio Pereira. X Veme Journée de Rhumatologie Avancée – Echanges France-Brésil XV Encontro de Reumatologia Avançada Data: de 21 a 23 de maio Local: Maksoud Plaza Hotel, São Paulo (SP) Contato: www.reumatologiasp.com.br XVII Jornada Centro-Oeste IV Jornada Mineira de Reumatologia Data: de 5 a 8 de agosto Local: Ouro Preto (MG) Contato: www.reumatologia2009.com.br [email protected] XXXVI European Symposium on Calcified Tissues (ECTS) Data: de 23 a 27 de maio Local: Viena, Áustria Contato: www.ectsoc.org IV Curso de Revisão para Clínicos Data: 7 e 8 de agosto Local: APM, São Paulo (SP) Contato: www.reumatologiasp.com.br Eular Data: de 10 e 13 de junho Local: Copenhague, Dinamarca Contato: www.eular.org XII Congresso Colombiano de Reumatologia Data: de 13 a 16 de agosto Local: Bogotá, Colômbia Contato: www.asoreuma.org Fórum de Discussão sobre Políticas de Medicamentos no Brasil Data: 30 de junho Local: APM, São Paulo (SP) Contato: www.reumatologiasp.com.br XVII Jornada do Cone Sul de Reumatologia Data: de 3 a 5 de setembro Local: Maringá (PR) Contato: www.reumato2009.com.br [email protected] Jornada Anual de Reumatologia do Rio de Janeiro – ReumaRio 2009 Data: 17 e 18 de julho Local: Praia de Copacabana, Rio de Janeiro (RJ) Contato: [email protected] Congresso Mundial da Osteoarthritis Research Society International (Orsi) Data: de 10 a 13 de setembro Local: Quebec, Canadá Contato: www.oarsi.org American Society for Bone and Mineral Research (ASBMR) Data: de 11 a 15 de setembro Local: Denver, EUA Contato: www.asbmr.org A charge do Valderílio XX Jornada Paulista de Reumatologia Data: 25 e 26 de setembro Local: Ribeirão Preto (SP) Contato: www.reumatologiasp.com.br 73 ACR Data: de 16 a 21 de outubro Local: Filadélfia, EUA Contato: www.rheumatology.org Comissão de Artrite Reumatoide da SBR Presidente: Jornada de Reumatologia do ABC e Litoral Data: 20 e 21 de novembro Local: Guarujá (SP) Contato: www.reumatologiasp.com.br Ivânio Alves Pereira (SC) [email protected] Membros: Claiton Viegas Brenol (RS) Oswaldo Melo da Rocha (SP) Dawton Torigoe (SP) Francisco Aires C. de Lima (DF) Sebastião C. Radominski (PR) Marco Antonio Rocha Loures (PR) Carlos Geraldo (BA) Gláucio R. W. de Castro (SC) Sônia Maria Alvarenga Anti (SP) BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 www.reumatologia.com.br XVIII Encontro Rio-São Paulo de Reumatologia Data: de 3 a 6 de dezembro Local: Angra dos Reis (RJ) Contato: www.reumatorj.com.br/jornada [email protected] BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/mar/2009 21 100 95 Editorial E 75 sta edição do Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) reflete com fidelidade o papel da publicação: divulgar as atividades da SBR e das regionais, mostrar trabalhos de colegas que defenderam teses ou se destacaram em eventos internacionais e fornecer atualização prática para o dia a dia do consultório, com uma pitada de cultura e descontração para temperar sua leitura. Assim, você vai encontrar, nas próximas páginas, abordagens úteis sobre a conduta clínica no tratamento de olho e boca seca nos portadores da síndrome de Sjögren, o impacto da fibromialgia na avaliação dos pacientes com artrite reumatoide e o estudo das células NK em gestantes lúpicas. A gota também participa deste número, mas sob um curioso pris- 25 5 0 ma histórico. E a esclerodermia, por sua vez, aparece na carta de uma paciente que tem muito a nos ensinar. O boletim ainda destaca diversas atividades educacionais que ocorreram do fim do ano passado para cá, com destaque para o recente Congresso Internacional de Reumatologia do Cone Sul, o XII Conosur, que foi um grande sucesso de público e crítica em Curitiba (PR), com mais de 600 participantes. Não por acaso, escolhemos uma obra de um artista local, Erbo Stenzel, para ilustrar nossa capa e, claro, presentear seus olhos entre a leitura de um e outro artigo. Aproveite! Marcelo Pinheiro, Fábio Jennings e Kaline Medeiros OS EDITORES SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA Diretoria Executiva SBR – Biênio 2008-2010 Presidente Ieda Maria Magalhães Laurindo – SP Tesoureiro Manoel Barros Bertolo – SP Secretária-geral Claudia Goldenstein Schainberg – SP Vice-tesoureiro Célio Roberto Gonçalves – SP Primeiro-secretário Gilberto Santos Novaes – SP Diretor científico Eduardo Ferreira Borba Neto – SP Segundo-secretário Francisco José Fernandes Vieira – CE Presidente eleito Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro – RJ Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94 01402-000 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986 100 www.reumatologia.com.br 95 @ [email protected] Coordenação editorial Diretoria Executiva 75 Conselho editorial Marcelo de Medeiros Pinheiro – SP Martin Fábio Jennings Simões – SP 25Kaline Medeiros Costa Pereira – SP Colaborador: Plínio José do Amaral – SP Jornalista responsável Solange Arruda (Mtb 45.848) Layout Sergio Brito Impressão Sistema Gráfico SJS Tiragem: 2.000 exemplares Índice 4 5 6 8 11 12 14 16 19 20 21 SBR.doc Matéria de capa Primeira fila O melhor do Brasil Cartas Coluna Seda Notas Dia a dia Questão de foco Regionais Agenda 5 o 0 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • N 1 • jan/mar/2009 3 Ação Sinérgica que vai além da dor1 • Diminuição da dor 1 Em 2 anos de terapia combinada adalimumabe + MTX: • Ajuda na recuperação da mobilidade articular 1 • 49% dos pacientes alcançaram a remissão clínica1 • Maior tolerabilidade, com o menor consumo de AINES / analgésicos 2,3,4 Durante 5 anos de terapia com adalimumabe: • Inibição sustentada da progressão radiológica2 PANTONE PANTONE221 2728 CVCV C 0 M 100 Y 20 TM K 35 Na AR, cuidar hoje preserva o amanhã CMYK HUMIRATM (adalimumabe). Indicações: Artrite Reumatóide, Artrite Psoriásica, Espondilite Anquilosante, Doença de Crohn e Psoríase em placas. Contra-Indicações: hipersensibilidade conhecida ao adalimumabe ou quaisquer componentes da fórmula do produto. Precauções: Alergia: Se uma reação alérgica grave ocorrer, a administração deve ser interrompida imediatamente e iniciado tratamento apropriado. Tuberculose: Antes de iniciar o tratamento, todos os pacientes devem ser avaliados quanto à presença de tuberculose ativa ou inativa (latente), com anamnese detalhada, radiografia de tórax e teste tuberculínico (PPD). O uso concomitante de adalimumab com anakinra ou abatacepte não é recomendado. Imunizações: Não se recomenda a administração concomitante de vacinas com agentes vivos. Insuficiência cardíaca congestiva: Deve-se ter cautela ao usar adalimumabe em pacientes com insuficiência cardíaca. Processos auto-imunes: Se um paciente desenvolver sintomas que sugiram Síndrome Lúpica durante o tratamento com Adalimumabe, o tratamento deve ser descontinuado. Carcinogenicidade, Mutagenicidade e Alterações na Fertilidade: Não foram realizados estudos experimentais de longo prazo para avaliar o potencial carcinogênico ou os efeitos do adalimumabe sobre a fertilidade. Gravidez: Mulheres em idade reprodutiva devem ser advertidas a não engravidar durante o tratamento com Adalimumabe. Lactação: Recomenda-se decidir entre descontinuar o tratamento com Adalimumabe TM ou interromper o aleitamento, levando em conta a importância do medicamento para a mãe. Uso pediátrico: adalimumabe não foi estudado na faixa etária pediátrica. Advertências: Infecções: o tratamento não deve ser iniciado em pacientes com infecções ativas. Reativação da Hepatite B: o uso de inibidores de TNF foi associado à reativação do vírus da hepatite B (HBV). Eventos neurológicos: Deve-se ter cautela em pacientes com PANTONE doenças desmielinizantes de início recente ou preexistente. Malignidades: Deve-se ter cautela ao se considerar o tratamento com Adalimumabe em pacientes com história de malignidade. Interações Medicamentosas: Metotrexato: Não há necessidade de ajuste das doses de nenhum dos dois medicamentos. Outras: Não foram realizados estudos formais de farmacocinética entre Adalimumabe e outras substâncias. Interação com testes laboratoriais: não são conhecidas interferências entre Adalimumabe e testes laboratoriais. Reações Adversas: anormalidade nos exames laboratoriais, astenia, exacerbação de reação clínica, síndrome gripal, dor abdominal, infecção, febre, distúrbio de membrana mucosa, dor nas extremidades, edema facial, dor lombar, celulite, calafrios, sepsis, reação alérgica, reação no local de injeção (dor, eritema, prurido, edema. reação local, hemorragia local, erupção local), exantema, prurido, herpes simples, distúrbios cutâneos, herpes zoster, exantema maculopapular, distúrbios nas unhas, pele seca, sudorese, alopecia, dermatite fúngica, urticária, nódulo cutâneo, úlcera de pele, eczema, hematoma subcutâneo, hiperlipidemia, hipercolesterolemia, aumento de fosfatase alcalina, uréia, creatina-fosfoquinase, desidrogenase lática e ácido úrico, edema periférico, ganho de peso, cicatrização anormal, hipopotassemia, náuseas, diarréia, dor de garganta, anormalidade das provas de função hepática, esofagite, vômitos, dispepsia, constipação, dor gastrintestinal, distúrbios dentários, gastroenterite, distúrbios da língua, monilíase oral, estomatite aftosa, disfagia, estomatite ulcerativa, anemia, granulocitopenia, aumento do tempo de coagulação, presença de anticorpo antinuclear, leucopenia, linfadenopatia, linfocitose, plaquetopenia, púrpura, equimoses, aparecimento de auto-anticorpos, infecções das vias respiratórias superiores, rinite, sinusite, bronquite, aumento da tosse, pneumonia, faringite, dispnéia, distúrbio pulmonar, asma, infecção urinária, monilíase vaginal, hematúria, cistite, menorragia, proteinúria, polaciúria, cefaléia, tontura, parestesia, vertigem, hipoestesia, nevralgia, tremor, depressão, sonolência, insônia, agitação, conjuntivite, distúrbios oculares, otite média, alteração do paladar, anormalidades visuais, borramento da visão, olho seco, distúrbios auditivos, dor ocular, hipertensão, vasodilatação, dor torácica, artralgia, cãibras musculares, mialgia, distúrbios articulares, sinovite, distúrbios tendinosos. Neoplasia: Os dados são insuficientes para determinar se o Adalimumabe contribuiu para o desenvolvimento de neoplasias. Posologia e Administração: Artrite Reumatóide : a dose recomendada é de 40 mg, administrados em dose única injetável por via subcutânea, a cada 14 dias. Artrite Psoriásica: a dose recomendada é de 40 mg, administrados em dose única injetável por via subcutânea, a cada 14 dias. Espondilite Anquilosante: a dose recomendada é de 40 mg, administrados em dose única por via subcutânea, a cada 14 dias. Doença de Crohn: a dose recomendada é de 160 mg na semana 0, 80 mg na semana 2 e 40 mg em semanas alternadas, a partir da semana 4, por via subcutânea. Psoríase em Placas: a dose recomendada é de 80 mg na semana 0 e 40 mg em semanas alternadas a partir da semana 1, por via subcutânea. Superdosagem: A dose máxima tolerada de adalimumabe não foi determinada em humanos. Armazenamento: Deve ser armazenado em geladeira na temperatura entre 2 oC e 8 oC. Não deve ser congelado. Registro no MS: no 1.0553.0294. Por se tratar de um medicamento novo, efeitos indesejáveis e não conhecidos podem ocorrer. Informações Adicionais: Estão disponíveis aos profissionais de saúde: Abbott Laboratórios do Brasil Ltda – Diretoria Médica: Rua Michigan, 735 – Brooklin, São Paulo / SP 04566-905 ou fone 0800 703 1050. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. TM TM Referências: 1. Breedveld FC, Weisman MH, Kavanaugh AF, Cohen SB, Pavelka K, van Vollenhoven R, Perez JL, Spencer-Green GT, para os investigadores do PREMIER. Arthritis & Rheumatism. 2006; 54:26-37. 2. Keystone EC, Kavanaugh AF, Sharp JT, Patra K, Perez JL. Inhibition of radiographic progression in patients with long-standing rheumatoid arthritis treated with adalimumab plus methotrexate for 5 years. Pôster apresentado no EULAR 2007, Barcelona, Espanha, (THU 0168). ABBOTT CENTER - Central de Relacionamento com o Cliente 0800 7031050 e-mail: [email protected] www.abbottbrasil.com.br Caixa com 30 cápsulas | Caixa com 90 cápsulas Referências Bibliográficas: 1) Reginster, J. et al. Naturocetic (glucosamine and chondroitin sulfate) compounds as structure-modifying drugs in the treatment of osteoarthritis. Curr. Op. Rheumatol, 15: 651-55, 2003. 2) Dodge GR, et al. Glucosamine sulfate modulates the levels of aggrecan and matrix metalloproteinase-3 synthesized by culture human osteoarthritis articular chondrocytes. Osteoarthritis and Cartilage 2003; 11:424-432. 3) Seda, H. Seda, AC. Osteoartrite: Reumatologia - Diagnóstico e Tratamento / Carvalho MAP, ed Medsi: 289-307, 2001. 4) De los Reyes, GC. et al. Glucosamine and chondroitin sulfates in treatment of osteoarthritis: a survey. Prog in Drugs Res: 55: 81-103, 2000. 5) Bula do produto. ARTROLIVE. sulfato de glicosamina. sulfato de condroitina. MS - 1.0573.028. 6) IMS/PMB – MAT SET/08. INFORMAÇÕES PARA PRESCRIÇÃO: ARTROLIVE. sulfato de glicosamina + sulfato de condroitina. MS – 1.0573.0286. INDICAÇÕES: ARTROLIVE é indicado para osteoartrite, osteoartrose ou artrose em todas as suas manifestações. CONTRA-INDICAÇÕES: ARTROLIVE É CONTRA-INDICADO EM PACIENTES QUE APRESENTEM HIPERSENSIBILIDADE A QUAISQUER DOS COMPONENTES DE SUA FÓRMULA; GRAVIDEZ E LACTAÇÃO. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: SÃO NECESSÁRIOS O DIAGNÓSTICO PRECISO E O ACOMPANHAMENTO CUIDADOSO DE PACIENTES COM SINTOMAS INDICATIVOS DE AFECÇÃO GASTRINTESTINAL, HISTÓRIA PREGRESSA DE ÚLCERA GÁSTRICA OU INTESTINAL, DIABETES MELLITUS, OU A CONSTATAÇÃO DE DISTÚRBIOS DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO OU DA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA ASSIM COMO PORTADORES DE INSUFICIÊNCIA DAS FUNÇÕES RENAL, HEPÁTICA OU CARDÍACA. SE OCORRER EVENTUALMENTE ULCERAÇÃO PÉPTICA OU SANGRAMENTO GASTRINTESTINAL EM PACIENTES SOB TRATAMENTO, A MEDICAÇÃO DEVERÁ SER SUSPENSA IMEDIATAMENTE. DEVIDO À INEXISTÊNCIA DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS DURANTE O PERÍODO GESTACIONAL, ARTROLIVE NÃO ESTÁ INDICADO PARA SER UTILIZADO DURANTE A GRAVIDEZ. NÃO EXISTEM INFORMAÇÕES SOBRE A PASSAGEM DO MEDICAMENTO PARA O LEITE MATERNO SENDO DESACONSELHADO SEU USO NESSAS CONDIÇÕES E AS LACTANTES SOB TRATAMENTO NÃO DEVEM AMAMENTAR. PODE OCORRER FOTOSSENSIBILIZAÇÃO EM PACIENTES SUSCETÍVEIS, PORTANTO PACIENTES COM HISTÓRICO DE FOTOSSENSIBILIDADE A OUTROS MEDICAMENTOS DEVEM EVITAR SE EXPOR À LUZ SOLAR. FORAM DESCRITOS NA LITERATURA, ALGUNS CASOS DE HIPERTENSÃO SISTÓLICA REVERSÍVEL, EM PACIENTES NÃO PREVIAMENTE HIPERTENSOS, NA VIGÊNCIA DO TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA. PORTANTO, A PRESSÃO ARTERIAL DEVE SER VERIFICADA PERIODICAMENTE DURANTE O TRATAMENTO COM ARTROLIVE. FORAM RELATADOS POUCOS CASOS DE PROTEINÚRIA LEVE E AUMENTO DA CREATINO-FOSFOQUINASE (CPK) DURANTE TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA, QUE VOLTARAM AOS NÍVEIS NORMAIS APÓS INTERRUPÇÃO DO TRATAMENTO. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: O tratamento concomitante com antiinflamatórios não-esteroidais pode incorrer no agravamento de reações adversas do sistema gastrintestinal, sendo recomendado um acompanhamento médico mais rigoroso nesses casos. Alguns autores da literatura médica descrevem que o uso de glicosamina e condroitina pode incorrer em um aumento da resistência à insulina, porém, esses estudos foram realizados com doses muito superiores às indicadas na terapêutica clínica normal e sua validade ainda é discutida por vários outros autores. Estudos recentes demonstraram que a associação condroitina e glicosamina, quando empregada em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo II, não levou a alterações no metabolismo da glicose. Os resultados destes estudos não podem ser extrapolados para pacientes com diabetes mellitus descompensado ou não-controlado. É recomendável que pacientes diabéticos monitorem seus níveis sanguíneos de glicose mais frequentemente durante o tratamento com ARTROLIVE. O uso concomitante de ARTROLIVE com os inibidores da topoisomerase II (etoposídeo, teniposídeo e doxorrubicina) deve ser evitado, uma vez que a glicosamina induziu resistência in vitro a estes medicamentos em células humanas cancerosas de cólon e de ovário. Há relato de um caso na literatura de potencialização do efeito da varfarina, com consequente aumento dos valores sanguíneos de INR (International Normalized Ratio). Portanto, o uso concomitante de ARTROLIVE com anticoagulantes orais deve levar em conta avaliações rigorosas do INR. Reações adversas: SISTEMA CARDIOVASCULAR: EDEMA PERIFÉRICO E TAQUICARDIA JÁ FORAM RELATADOS COM O USO DA GLICOSAMINA, PORÉM NÃO FOI ESTABELECIDA UMA RELAÇÃO CAUSAL. FORAM DESCRITOS NA LITERATURA, ALGUNS CASOS DE HIPERTENSÃO SISTÓLICA REVERSÍVEL, EM PACIENTES NÃO PREVIAMENTE HIPERTENSOS, NA VIGÊNCIA DO TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA. PORTANTO, A PRESSÃO ARTERIAL DEVE SER VERIFICADA PERIODICAMENTE DURANTE O TRATAMENTO COM ARTROLIVE. SISTEMA NERVOSO CENTRAL: MENOS DE 1% DOS PACIENTES EM ESTUDOS CLÍNICOS APRESENTARAM CEFALÉIA, INSÔNIA E SONOLÊNCIA NA VIGÊNCIA DO TRATAMENTO COM A GLICOSAMINA. ENDÓCRINO-METABÓLICO: ESTUDOS RECENTES DEMONSTRARAM QUE A ASSOCIAÇÃO CONDROITINA E GLICOSAMINA, QUANDO EMPREGADA EM PACIENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO II, NÃO LEVOU A ALTERAÇÕES NO METABOLISMO DA GLICOSE. OS RESULTADOS DESTES ESTUDOS NÃO PODEM SER EXTRAPOLADOS PARA PACIENTES COM DIABETES MELLITUS DESCOMPENSADO OU NÃO-CONTROLADO. É RECOMENDÁVEL QUE PACIENTES DIABÉTICOS MONITOREM SEUS NÍVEIS SANGUÍNEOS DE GLICOSE MAIS FREQUENTEMENTE DURANTE O TRATAMENTO COM ARTROLIVE. GASTRINTESTINAL: NÁUSEA, DISPEPSIA, VÔMITO, DOR ABDOMINAL OU EPIGÁSTRICA, CONSTIPAÇÃO, DIARRÉIA, QUEIMAÇÃO E ANOREXIA TÊM SIDO RARAMENTE DESCRITOS NA LITERATURA NA VIGÊNCIA DE TRATAMENTO COM GLICOSAMINA E CONDROITINA. PELE: ERITEMA, PRURIDO, ERUPÇÕES CUTÂNEAS E OUTRAS MANIFESTAÇÕES ALÉRGICAS DE PELE FORAM REPORTADAS EM ENSAIOS CLÍNICOS COM GLICOSAMINA. PODE OCORRER FOTOSSENSIBILIZAÇÃO EM PACIENTES SUSCETÍVEIS, PORTANTO PACIENTES COM HISTÓRICO DE FOTOSSENSIBILIDADE A OUTROS MEDICAMENTOS DEVEM EVITAR SE EXPOR À LUZ SOLAR. POSOLOGIA: Adultos: Recomenda-se iniciar a terapêutica com a prescrição de 1 cápsula via oral 3 vezes ao dia. Como os efeitos do medicamento se iniciam em média após a terceira semana de tratamento deve-se ter em mente que a continuidade e a não-interrupção do tratamento são fundamentais para se alcançar os benefícios analgésicos e de mobilidade articular. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. CPD 2029102 05/07 BU 05 JAN / MAR / 2009 • No 1 • ANO XXXIII Conosur Os destaques do XII Congresso Internacional de Reumatologia do Cone Sul, em Curitiba Dia a dia Conduta prática para olho e boca seca