Liliana Correia Neves
Nº. 980054, 4º ano
“Não há arte revolucionária
sem forma revolucionária.”
Maia Kovsky
O Filme Documentário
• “O filme documentário é aquele que, pelo
registo do que é e acontece, constitui uma
fonte de informação para o historiador e
para todos os que pretendem saber como
foi e como aconteceu.”
Penafria, Manuela
In “O Filme Documentário”, Edições Cosmos, Lx, 1999
Função
• Documentar a vida das pessoas e os
acontecimentos do mundo de modos
diversos.
• Há vários tipos de documentários:
- Científico
- Etnográfico
- Histórico
- …
Ficção e Não-ficção
• Ficção
- Western
- Filme de terror
• Não-ficção
- Documentário histórico,
etnográfico,…
- Reportagem televisiva
- Filme institucional
- Anúncio publicitário
O documentário insere-se na não-ficção, mas nem todos
os filmes de não-ficção são documentários.
Ficção e Não-ficção
• Ficção
• Não-ficção
- As imagens fazem parte - As imagens remetem
de um determinado
universo que não tem
correspondência com o
que nos rodeia e
remetem para o mundo
construído, para o todo
do filme.
para o que está ou
para o que tem
existência fora do filme.
Documentário versus Reportagem
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Não existe livro de estilo
Não é obrigatório que haja texto em
off
Exploração do lado conotativo das
imagens
Imagens: elemento essencial do
documentário
Espaço onde se abre a possibilidade
de construírem, reconstruírem,
criarem, recriarem e combinarem
formas de ordenação dos elementos
que dele fizerem parte
Temáticas abordadas: não se limitam
às destacadas pelo discurso
jornalístico
Trata os temas em profundidade
Tem como ponto de partida imagens
recolhidas in loco
A abordagem a um assunto tem em
conta determinado ponto de vista
•
•
•
•
•
•
Existe livro de estilo
Texto em off para explicar ou
descrever as imagens
Imagens têm uma função mais
ilustrativa e confirmativa
Deve responder: quem, o quê,
quando, onde, porquê
Mais objectiva: quem a faz é um
jornalista
Transporta o leitor ou ouvinte para o
local do acontecimento
Documentário e Reportagem
• Possibilidade de tratarem o mesmo material
(vida das pessoas e acontecimentos do
mundo)
Mas
• Diferente tratamento desse material
• Jornalista e Documentarista pautam-se por
princípios muito diferenciados
Documentário e Ficção
• Oferece o acesso ao mundo
• Mostra imagens de um mundo
que existe fora dessas
imagens
• Oferece acesso a um mundo
• Constrói um mundo para o qual
nos transporta
No documentário também há “elementos de ficção” - é o caso de
reconstruções – “The Thin Blue Line” (1987), de Errol Morris
O Documentário
• Apresenta um argumento sobre o mundo histórico
↓
• Coloca diante do espectador uma evidência de
onde constrói um determinado ponto de vista
• É um testemunho histórico e património da vida real
O género documentário tem um passado.
Encontra-se associado ao cinema.
Primeiros documentários
• La sortie des ateliers Lumière
• Terá sido o 1º documentário
• Nascimento do documentário
(quase) coincide com o do cinema
↓
• Actores – são os naturais
• Gestos – os espontâneos
• Fundo – paisagem natural
↓
• É a não-ficção que nasce ao
mesmo tempo que o cinema
Os primórdios
• Primeiro princípio identificador do documentário
↓
Registo in loco
• As regras do documentário foram impulsionadas pela prática
documentarista
Anos 20
↓
Robert Flaherty e Dziga Vertov
Flaherty e Vertov
Identidade
• Início da história do cinema
documental:
O Homem da Câmara (1929)
Nanuk, O Esquimó (1922)
“O impulso de registar o mundo é essencial para o documentário, e mais
concretamente para o documentarista. A câmara de filmar sai do estúdio, vai
de encontro ao mundo. “
Penafria, Manuela,
in “O filme Documentário”, p. 39
Nanuk, O Esquimó
• Terras geladas junto à Baía de
Hudson (Norte do Canadá)
• Filmar quotidiano do povo inuit
• Em particular: esquimó Nanuk,
Nyla (mulher), filhos e Comock
(cão)
• Actores reais em cenário real
• Encenação da vida dos inuit
(antepassados)
• Expoente máximo da produção
afastada do estúdio
• Individualiza a(s) personagem(ns)
Flaherty - Mundo disponível para ser explorado
O Homem da Câmara
•
•
•
•
•
•
•
Vertov
Recusa-se a filmar actores
Quer: gestos e acções
espontâneos ↓
Actividades e comportamentos
Filmar sem pessoas se
aperceberem
Privilegia a montagem
Defende cinema alternativo:
“cinema-olho”
Imagens submetem-se ao
poder da montagem
Vertov – descoberta de um mundo que a câmara oferece
O Homem da Câmara
• O filme começa com uma câmara
de filmar
• A sensação com que ficamos é a
de que vamos ver para além do
filme
• Há um filme dentro do próprio filme
• Remete para uma metalinguagem
• Vê-se um teatro convencional e
cadeiras que se baixam sem
ninguém
• Significa que as pessoas vão ao
cinema mas não captam a
mensagem
• Como se não estivessem lá
O documentarismo britânico
• Foi com John Grierson que o documentário ganhou
autonomia
• Implementou a produção de documentários
↓
Criação das “Film Units”
↓
Institucionalização do documentário
John Grierson
• Elaborou os “First principles of documentary”
• Exploração numa nova forma de arte da “capacidade do
cinema se movimentar e fazer selecções a partir da própria
vida”
• Documentário como filme distinto e alternativo
• Género superior: usam material recolhido in loco
“O documentário elabora os seus temas de modo criativo e
dramático, revelando algo sobre os fenómenos que, no caso,
são essencialmente os problemas sociais e económicos dos
anos 30.”
• Documentário aprofunda os temas
• Papel activo do autor
John Grierson
O que interessa a Grierson
Pobreza, desemprego, casas degradadas
↓
Problemas dos anos 30
Acredita no potencial educacional dos filmes
↓
Documentário assume uma dimensão social
Ainda Grierson
Contribuía para a divulgação das medidas do
↓
Estado
↓
Durante Grande Depressão
• Documentário político, mas uma das suas características é a
existência do ponto de vista do autor
• Criatividade: manipulação da câmara, iluminação, cenário,…
O Couraçado Potemkin
Filme de ficção ou documentário?
O Couraçado Potemkin
• É todo encenado ao pormenor
• Remete para um facto histórico
(que não se passou tal como aparece
no documentário)
• Aspectos de propaganda
• Funciona como metáfora da
Revolução Russa
• Montagem: elemento
fundamental para conferir
significação
↓
• Dada pelo modo como se
alinham os planos
O Couraçado Potemkin
• Encontra-se a teoria-base da
montagem de Eisenstein:
- Métrica
- Rítmica
- Tonal
- Sobretonal
- Musical
- Intelectual
• Eisenstein recolhe uma
mensagem imediata através da
emoção, indignando as pessoas
A Escadaria de Odessa
• Corte de imagens para manipular o tempo do
filme
• Uso frequente de linguagem metafórica
• Visão subliminar da informação
• Planos muito fortes
• Cenas montadas cheias de cidadãos
massacrados pelas tropas do Governo
• Poder da imagem articulado com a importância
da montagem
• Conflito e tensão: carrinho de bebé, óculos da
senhora → intercalar das rodas, óculos,
expressões faciais e armas
Anos 30-50
•
•
•
•
•
Arquivo documental é essencialmente propagandístico
Clima de recessão económica
Impera o fascismo na Europa:
Alemanha com Hitler
Itália com Mussolini
Guerra Civil em Espanha
Poder da União Soviética
Europa ideologicamente conturbada
Anos 30-50
• A realidade era de crise política e económica
• Período extremamente complicado e conturbado
• Países envolvidos nas crises vêem a propaganda como uma
questão de estado
• 1908 – o Ministério da Agricultura dos EUA contrata
caçadores de imagens para fazerem propaganda
• Propaganda na rádio marca a do cinema.
• Com o aparecimento da onda curta, os países criam estações
que chegam a emitirem mais de 100 línguas
Leni Rienfenstahl
• Realizou “O Triunfo da
Vontade” (1934)
• Ideologia propagandística
• Consegue prender o
espectador
• Poder da imagem muito
evidenciado
• Som fantástico
• Tudo planeado ao
pormenor
“O Triunfo da Vitória”
• Hitler chega a Nuremberga para
presidir ao Congresso do Partido
Nazi como um anjo salvador
• Chegada e recepção triunfantes
• População feliz e saudável
↓
Sociedade Perfeita
• Discurso pela juventude e para ela
• Tudo conduzia a entrada para a
guerra
• Final: tudo marcha numa enorme
parada militar
Quase parecia um directo!
Pare Lorentz
• Produziu imagens de propaganda nos EUA
• “The River” (1937)
-
Evidencia a grandiosidade do Rio Mississipi
Voz off muito forte, como se fosse de consciência
Fonte de riqueza e de desgraça
Desgraça: grandes inundações
• Documentário propagandístico → características que o
definem como “a ficção do real”
Bibliografia
•
-
Livros
EISENSTEIN, Sergei M., “O Couraçado Potemkin”, Cinetexto, Global
Editora, 1ª edição, 1982
Penafria, Manuela, “O Filme Documentário”, Edições Cosmos, Lx, 1999
RAMOS, Jorge Leitão, “Sergei Eisenstein”, Livros Horizonte, 1981
•
-
Internet
www.tbaytel.net/tbhms/flaherty.htm
www.thanitart.com/dzigavertov
www.imagesjournal.com
www.arts.adelaide.edu.au/personal/dhart/films/triumphofwill.html
www.worldbank.org/wbi/governance/pdf/art_gov.pdf
www.inthenursery.com/reviews/bullfrog_int.html
Bibliografia
• Multimédia
- “Diciopédia 2001”, Porto Editora, versão de luxo, 2001
• Outros
- Apontamentos das aulas do Dr. Jorge Campos, 2º Semestre, Escola
Superior de Jornalismo, Porto, 2002
Download

apresentação para um seminário sobre o