Reportagem forumB2B.com Conferência “A Reforma do Estado e o papel das Tecnologias da Informação” A Conferência organizada pelo Grupo Algébrica, no passado dia 28 de Maio, no Centro de Congressos de Lisboa, teve o mérito de surgir no momento em que a Europa lança o novo plano de acção eEurope, denominado “eEurope 2005”. E, a este propósito, a Comissão Europeia acaba de anunciar, também, a fase seguinte na implementação da “IDA Public Key Infrastructure for Closed User Groups” (PKI CUG) – uma rede de infra-estruturas de comunicações seguras para a partilha de informação entre as Administrações Públicas europeias. Estes são dois marcos para o mês de Maio de 2002, no desenvolvimento da Sociedade da Informação Europeia e das suas estruturas, quer as que visam directamente os cidadãos, quer as que visam o(s) Estado(s). Antecedendo o workshop do forumB2B.com sobre o tema “Contribuição do ‘e-Procurement’ para a racionalização, transparência e redução de custos da Administração Pública”, a sessão plenária “Desafios da Administração Pública” contou com uma vasta audiência e com a seguinte mesa: José Dias Coelho (moderador); José Tribolet, Manuel Lopes Rocha, Diogo Vasconcelos e José Magalhães. José Tribolet, professor catedrático de Sistemas de Informação, defendeu o facto da AP não se destinguir em nada de fundamental de uma organização empresarial, a não ser pelo facto de não ter como objectivo remunerar directamente e em espécie o capital nela investido. A AP é uma organização, com objectivos, que produz produtos e serviços para os cidadãos e para o próprio Estado. Segundo José Tribolet, a reforma do Estado deve ser sujeita a um processo de ‘Engenharia Organizacional’ em que – antes de se pensar no papel das TI’s – dever-se-á definir rigorosamente quais são os processos produtores na AP e quais são as suas entidades informacionais, a nível local e a nível central. Só então, as TI’s deverão ser encaradas como instrumento de mudança, num contexto rigoroso, objectivo e eficaz. Manuel Lopes Rocha, advogado, reflectiu fundamentalmente sobre o processo legislativo em Portugal na área da Sociedade da Informação e, em particular, na questão do Aprovisionamento Electrónico Público (‘e-Procurement’). O orador chamou a atenção da audiência para o facto de, à lei em vigor, ainda faltarem normas complementares que regulamentem, por exemplo, a certificação das empresas capazes de disponibilizarem as assinaturas digitais – factor último para a real execução do ‘e-Procurement’. 1 Reportagem forumB2B.com Na sua apresentação, Manuel Rocha lançou uma outra crítica, dirigida ao não aproveitamento do anteprojecto que esteve em discussão sobre esta matéria, em sua opinião, muito mais rico e rigoroso, do que a legislação finalmente publicada. Chegada a vez de José Magalhães, deputado do PS e conhecido entusiasta das Tecnologias da Informação, este aproveitou para reflectir sobre a cidadania digital. A cidadania digital exerce-se convocando a sociedade para o debate e para a acção em tempo real, através da massificação do acesso aos meios disponíveis de interacção. José Magalhães disse ser possível superar questões como a crise das democracias representativas através de novas ferramentas e da utilização dos meios electrónicos, desde que: haja programas de acção e estratégias que promovam a cidadania à escala nacional e comunitária (exemplo do eEurope 2005); haja programas de acção que estimulem a óptica micro, na acção individual dos cidadãos (exemplo do eContent e das Cidades Digitais). Diogo Vasconcelos, deputado do PSD, apresentou de forma reforçada os objectivos do actual governo em matéria de e-Government, salientando a necessidade de racionalização e de eficácia dos recursos disponíveis. O aumento da produtividade e da interactividade são objectivos indispensáveis para se cumprir o objectivo europeu, e nacional, da colocação dos serviços públicos, da saúde e da educação online. Após esta sessão, teve lugar o workshop do forumB2B.com sobre o tema “Contribuição do ‘eProcurement’ para a racionalização, transparência e redução de custos da Administração Pública”, com apresentação do Administrador Delegado António Lucena de Faria. De acordo com o último relatório da IDA (Interchange of Data between Administrations, entidade da Comissão Europeia), o ‘e-Procurement’ tem sido identificado, no plano de acção eEurope, como um dos domínios-chave onde se consegue sentir um maior impacto na Sociedade da Informação. Os benefícios já identificados pela IDA, na aplicação do Aprovisionamento Público Electrónico é o de um aumento evidente da transparência dos processos e de uma redução muito importante nos custos associados. Quando devidamente integrado nos processos de transacção, as eficiências são substanciais quer para o Estado quer para os seus fornecedores. 2 Reportagem forumB2B.com Conforme exposto por António Lucena de Faria, o ‘e-Procurement’ na Administração Pública tem aplicação quer ao nível das transacções rotineiras de ordem de compra de pequeno valor, quer ao nível dos concursos públicos. À semelhança de qualquer organização, os processos de aquisição/compra na Administração Pública – local ou central – têm um conjunto de tarefas que se repetem e que podem ser automatizadas. Para além desta questão os processos de aprovação e recepção são muito burocratizados e excessivamente regulamentados, e podem ser agilizados pela integração numa plataforma que permita maior facilidade e fluidez das comunicações. Com a utilização da plataforma forumB2B.com, é já possível à Administração Pública, fazer a preparação dos seus concursos públicos (através da adaptação electrónica dos seus cadernos de encargos), fazer a publicação ou notificação electrónica e entrega de documentação (dotando todas as partes de mais informação e de forma mais acessível), fazer a abertura dos concursos e respectiva avaliação dos concorrentes, realizar a adjudicação e respectivos pagamentos. Esta é uma realidade que existe em Portugal, de facto, nos instrumentos e no know-how – conforme é o exemplo do forumB2B.com. Relativamente à legislação, o Aprovisionamento Público Electrónico também está já regulamentado (faltando apenas a questão das assinaturas digitais). O próximo passo a dar é da responsabilidade das estruturas da Administração Pública – central e local – e da vontade política que, em período de contenção de despesas, tem no ‘eProcurement’ um inegável instrumento de rigor e transparência na gestão e aplicação dos dinheiros públicos portugueses. 3