UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA MONOGRAFIA DE BACHARELADO Potencial para Difusão das Tecnologias Alternativas ao Transporte do Gás Natural no Brasil: O Caso Gás Natural Comprimido e Gás Natural Liquefeito FABIO MARQUES PERRUT Matricula no101154162 ORIENTADOR : Prof. Edmar Luiz Fagundes de Almeida AGOSTO 2005 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA MONOGRAFIA DE BACHARELADO Potencial para Difusão das Tecnologias Alternativas ao Transporte do Gás Natural no Brasil: O Caso Gás Natural Comprimido e Gás Natural Liquefeito _______________________________ FABIO MARQUES PERRUT Matricula no101154162 ORIENTADOR : Prof. Edmar Luiz Fagundes de Almeida AGOSTO 2005 2 As opiniões expressas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do autor 3 Dedico esta monografia à minha mãe Maria do Céu, meu pai Dejair e meus irmãos Marcio e Marcelo que sempre estiveram presentes, incentivando o meu desenvolvimento e sucesso. 4 Agradecimentos à ANP/FINEP/UFRJ Este trabalho é resultado dos conhecimentos adquiridos através do Programa de Recursos Humanos da ANP que, através da parceria ANP/FINEP/UFRJ, forma profissionais especializados na área de Petróleo e Gás Natural. Este programa oferece disciplinas eletivas, capazes de fornecer uma maior compreensão das particularidades da indústria mundial do petróleo e gás natural, abordando ainda assuntos políticos e econômicos presentes na indústria de energia. Soma-se ainda a participação dos alunos bolsistas em congressos e seminários, contribuindo assim, para um maior contato dos alunos com a realidade das indústrias energéticas. Portanto, gostaria de agradecer ao Programa de Recursos Humanos da ANP, em especial ao PRH-21, pela oportunidade de aprimorar meus conhecimentos na indústria petrolífera e que foram de fundamental importância na conclusão desta monografia. 5 Agradecimentos Gostaria de agradecer a todo o corpo docente do Instituto de Economia da UFRJ, pelo curso de excelente qualidade que me foi oferecido. Agradeço ainda aos estagiários da sala 4 e às secretárias Joseane e Daisy que “me aturaram” ao longo da elaboração desta monografia. Devo um agradecimento especial ao meu orientador Edmar Almeida, com o qual trabalho a quase 2 anos, e que direcionou meus estudos e auxiliou na conclusão desta dissertação. Agradeço ainda a todos os demais professores do Grupo de Energia e ao professor Carlos Eduardo Young , que tiveram grande importância na minha formação acadêmica. Por fim, agradeço a minha família, meus amigos e a minha namorada Fernanda que, com muita paciência, me ajudaram na conclusão deste curso. 6 RESUMO Ao longo das últimas décadas, o gás natural vem ganhando importância tanto no cenário mundial quanto internamente. No entanto, o aumento da participação deste combustível em nossa matriz energética tem encontrado algumas barreiras ao seu desenvolvimento, dentre elas a pequena malha dutoviária. Neste cenário nacional, caracterizado pela pequena infra-estrutura de dutos, surge então um espaço que pode ser ocupado pelas tecnologias de transporte alternativo do Gás Natural. Estas tecnologias, conhecidas com GNC (Gás Natural Comprimido) e GNL (Gás Natural Liquefeito), poderiam suprir mercados onde a construção de gasodutos ainda não se tornou economicamente viável. Ao invés da utilização de dutos, o Gás Natural seria armazenado em cilindros e transportado através de caminhões até o mercado consumidor. Devido ao fato da utilização das tecnologias de transporte alternativo GNC e GNL ser muito recente em nosso território, estas necessitam de maiores pesquisas, assim como ampla divulgação. Portanto, o objetivo deste trabalho será analisar e estimar o potencial de difusão das tecnologias GNC e GNL como forma de transpor os problemas de transporte e distribuição do Gás Natural. Para tanto, a presente dissertação analisou o mercado veicular, onde o consumo de Gás Natural tem crescido a uma taxa de 42% a.a nos últimos 5 anos. Sendo assim, neste trabalho foi estimado o potencial de consumo de GNV (Gás Natural Veicular) através dessas novas tecnologias alternativas de transporte. Ao final, foi realizado um estudo de caso em duas regiões brasileiras, comprovando a viabilidade econômica de projetos de abastecimento via GNC e GNL. Concluiu-se ainda que o GNC é a melhor opção tecnológica para o transporte a distâncias não superiores a 200 Km, enquanto que o GNL é indicado para mercados localizados até 500 Km da estação de Liquefação. 7 ÍNDICE INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 10 CAPÍTULO I – A INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL ............................................................ 12 I.1 - ATRIBUTOS DA INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL .................................................................... 12 I.1.1 – Monopólio Natural ..................................................................................................... 13 I.1.2 – Presença de Ativos Específicos .................................................................................. 15 I.1.3 – Forte Concorrência Interenergética .......................................................................... 16 I.2 – A INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL NO BRASIL (IGN)............................................................ 17 I.2.1 – Situação Atual ............................................................................................................ 18 I.2.2 – Mercado de GNV no Brasil ........................................................................................ 24 I.3 – REGULAÇÃO DA IGN.......................................................................................................... 26 I.3.1 – Regulação do GN no Brasil........................................................................................ 27 I.4 – BARREIRAS AO CONSUMO DE GÁS NATURAL ..................................................................... 29 I.4.1 - Política de preço (preços competitivos)...................................................................... 29 I.4.2 –Investimento na infra-estrutura de transporte e distribuição ..................................... 31 CAPÍTULO II- ANÁLISE TÉCNICO ECONÔMICA DO TRANSPORTE VIA GNC E GNL............................................................................................................................................... 34 II.1 – TECNOLOGIA GNC....................................................................................................... 36 II.1.1 – Principais Empresas de GNC ................................................................................... 37 II.1.2 – Posto GNV abastecido por GNC............................................................................... 38 II.1.3 – Técnicas de abastecimento........................................................................................ 40 II.2 – TECNOLOGIA GNL....................................................................................................... 41 II.2.1- Principais empresas de GNL ...................................................................................... 43 II.2.2 – POSTO GNV ABASTECIDO POR GNL ................................................................... 44 II.3 – ASPECTOS ECONÔMICOS DO GNC X GNL ............................................................. 45 II.4 LEGISLAÇÂO GNC E GNL.............................................................................................. 48 II.4.1 Legislação GNC ........................................................................................................... 49 II.4.2 Legislação GNL ........................................................................................................... 50 II.4.3 Regulação do preço do GNC ....................................................................................... 50 II.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................... 51 CAPÍTULO III – MERCADO POTENCIAL DE GNV VIA GNC E GNL........................... 52 III.1 – ESTUDO DE CASO ............................................................................................................. 54 III.2 - REGIÃO Nº1 ...................................................................................................................... 58 III.2.1 - Projeto GNC na Região 1......................................................................................... 58 III.2.2 - Projeto GNL na Região 1 ......................................................................................... 59 III.3 - REGIÃO Nº 2 ..................................................................................................................... 61 III.3.1 - Projeto GNC na Região 2......................................................................................... 61 III.3.2 - Projeto GNL na Região 2 ......................................................................................... 63 CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS....................................................................................... 69 8 ÍNDICE DE GRÁFICOS, TABELAS E FIGURAS Gráficos Gráfico 1 - Evolução do Consumo de GN por Segmento.........................................................19 Gráfico 2 - Evolução do Consumo Anual de GNV no Brasil.........................................................24 Gráfico 3 - Variação do Preço dos Combustíveis no Brasil (R$/l e R$/m3 )............................25 Gráfico 4 - Demanda de Carretas X Distância.........................................................................45 Gráfico 5 - Custo X Distância via GNC e GNL.....................................................................................46 Gráfico 6 - Custo Totais do GNC X Distância.....................................................................................63 Gráfico 7 - Custo Totais do GNL X Distância.........................................................................63 Tabelas Tabela 1 - Consumo Médio Diário de Gás Natural por Segmento no Brasil em 2004...........20 Tabela 2 - Cidades Atendidas pelas Distribuidoras em 2005..................................................21 Tabela 3 - Tarifas dos Gasodutos de Transporte de Produção Nacional.................................29 Tabela 4 - Estrutura Patrimonial das Empresas de Distribuição de Gás Natural....................31 Tabela 5 - Investimento num Posto GNC...............................................................................38 Tabela 6 - Investimento num Posto GNL...............................................................................43 Tabela 7 - Relação Veículos/Posto por Faixas de Veículos em Áreas Providas por Duto.....50 Tabela 8 - Postos Potenciais em Áreas Desprovidas de Gasodutos........................................51 Tabela 9 - Média de Vendas de GNV por Posto no Brasil......................................................52 Tabela 10 - Dados Disponíveis do Projeto..............................................................................55 Tabela 11 - Investimentos do Projeto GNC na Região 1........................................................56 Tabela 12 - Resumo do Resultado do Projeto de Transporte via GNC na Região 1...............57 Tabela 13 - Investimento do Projeto GNL na Região 1..........................................................58 Tabela 14 - Resumo do Resultado do Projeto de Transporte via GNL na Região 1...............58 Tabela 15 - Investimentos do Projeto GNC na Região 2........................................................60 Tabela 16 - Resumo do Resultado do Projeto de Transporte via GNC na Região 2..............60 Tabela 17 - Investimento do Projeto GNL na Região 2..........................................................61 Tabela 18 - Resumo do Resultado do Projeto de Transporte via GNL na Região 2...............62 Figuras Figura 1 - Rede de Gasodutos no Brasil..................................................................................22 Figura 2 - Caminhão Equipado com Carreta para Transporte de GNC..................................35 Figura 3 - Processo de Abastecimento Lento..........................................................................39 Figura 4 - Processo de Abastecimento Rápido........................................................................39 Figura 5 - Esquema de uma Planta de Liquefação Tipo “Let-Down” ....................................41 Figura 6 - Caminhão Equipado com Carreta para Transporte de GNL..................................42 Figura 7 - Mapa da Região 1...................................................................................................53 Figura 8 - Mapa da Região 2...................................................................................................54 9 INTRODUÇÃO No Brasil, o Gás Natural possui ainda uma baixa participação na matriz energética apesar de ser um recurso natural abundante em nosso território. Um dos grandes entraves ao desenvolvimento dessa indústria, ainda nascente, é a nossa rede de transporte e distribuição através de dutos, que é muito pequena e não cobre grandes áreas de nosso território1. Como veremos mais adiante, o transporte do Gás Natural é responsável por cerca de 2/3 dos custos do insumo e, portanto, o desenvolvimento da IGN depende de grandes investimentos em sua infra– estrutura de transporte e distribuição. A Indústria do Gás Natural possui características tanto de indústria petrolífera, assim como de indústria de rede, onde a construção de infra-estrutura de transporte e distribuição demanda um alto investimento inicial, com longo prazo de maturação e custos afundados. Além disso, a forte concorrência interenergética, a ausência de mercados cativos e o elevado custo de capital no Brasil, contribuem ainda mais para aumentar a insegurança dos investidores. Desta forma, as incertezas no investimento nesses segmentos da indústria comprometem o funcionamento de todo o elo da cadeia produtiva do Gás Natural. A dificuldade de investimento na infra-estrutura dutoviária abre espaço para o investimento em formas alternativas de transporte do gás natural. Através destas tecnologias alternativas é possível viabilizar o acesso a novos mercados localizados fora do alcance da rede de distribuição por gasodutos. Para tanto, o presente trabalho focará o uso do Gás Natural Comprimido e do Gás Natural Liquefeito, transportados via carretas. Logo, o objetivo desta monografia será analisar e estimar o potencial de difusão das tecnologias GNC e GNL como forma de transpor os problemas de transporte e distribuição do Gás Natural. Nesse contexto, a presente dissertação fará uma análise do potencial de abastecimento do setor automotivo, via GNC e GNL, assim como a opção tecnológica mais rentável de acordo com a distância a ser percorrida pelas carretas. 1 . Atualmente nossa rede de dutos cobre menos de 5% das cidades brasileiras 10 O primeiro capítulo tratará do desenvolvimento mundial da Indústria de Gás Natural e de seus atributos, em especial das características da indústria de rede e da forma como ela se desenvolve. Numa perspectiva histórica, serão apresentados os fatores motores da evolução da Indústria do Gás Natural e, tendo como cenário o caso brasileiro, as barreiras ao seu crescimento. Nesse capítulo ainda serão discutidos os avanços regulatórios, decorrentes do processo de liberalização. Por último, serão apresentadas as tecnologias alternativas de transporte via gás natural comprimido (GNC) e gás natural liquefeito (GNL), de forma a aumentar a participação do gás natural em nossa matriz energética. No segundo capítulo, será feita uma análise técnico-econômica das tecnologias GNC e GNL, visando abastecer, em especial, o setor automotivo. Devido ao grande crescimento no consumo de GNV nos últimos anos e à maior margem de ganho que o transportador de GNC e GNL consegue obter, comparando-se com os demais setores, o setor automotivo apresenta grande potencial de utilização dessas tecnologias. Com base nas informações obtidas, será possível estabelecer o melhor nicho de mercado para cada opção tecnológica. Ao final deste capítulo ainda serão analisados os aspectos legais a serem cumpridos para o desenvolvimento do transporte e distribuição destas tecnologias alternativas. Por fim, no terceiro capítulo será estimado o consumo total de GNV transportado nas formas comprimida e liquefeita, tendo como base os dados das cidades que já possuem infraestrutura de dutos. Serão apresentados dois estudos de caso, onde serão aplicadas todas as informações obtidas ao longo do trabalho. Nesse capítulo, será feita a análise da rentabilidade de dois projetos de abastecimento via GNC e GNL em regiões localizadas a distâncias distintas do gasoduto. Desta maneira, será possível perceber o real impacto dos custos de deslocamento das carretas, e conseqüentemente, os mercados potenciais para cada tipo de tecnologia de transporte. 11 CAPÍTULO I – A INDÚSTRIA DO GÁS NATURAL O objetivo deste capítulo é traçar uma breve análise da indústria do gás natural, dando ênfase às características inerentes ao segmento de transporte via dutos. Desta forma, poder-se-á ver de que forma o transporte do gás natural se torna um fator decisivo na viabilização de seu consumo. Esta análise, portanto, servirá como base para a discussão acerca da potencialidade de difusão de tecnologias alternativas aos gasodutos nos próximos capítulos. I.1 - Atributos da Indústria do Gás Natural O Indústria de Gás Natural – IGN apresenta algumas especificidades técnico-econômicas importantes que determinam sua dinâmica de desenvolvimento. O gás natural ocupa um volume 1000 vezes maior que o do petróleo para um mesmo conteúdo energético. Esta característica faz com que o desenvolvimento da IGN necessite de investimentos em uma enorme infra–estrutura de transporte e distribuição. Em média, 2/3 dos custos totais do GN são provenientes desta infra– estrutura (Almeida 2004). Trata-se de uma indústria de rede, pois em sua longa cadeia de produção, a coordenação entre as diferentes etapas constitui elemento essencial e a utilidade de cada equipamento está irremediavelmente ligada à sua correta inserção na cadeia. A falha de um destes equipamentos invariavelmente inviabiliza toda a cadeia e a interrupção, seja qual for sua origem, provavelmente acarretará danos irreparáveis tanto para o produtor, quanto para os consumidores (Cecchi,2001). Esta cadeia pode ser dividida em três níveis de atividade: exploração, desenvolvimento e produção (upstream), processamento e transporte (midstream) e distribuição (downstream). A exploração corresponde à etapa de identificação dos reservatórios (geofísica e geologia), perfuração e instalação de equipamentos para estudar a viabilidade do campo. Caso este seja viável economicamente, passa-se à fase de desenvolvimento do campo, que receberá os investimentos nos equipamentos necessários à fase de produção do gás propriamente dito. A produção do gás natural (associados ou não ao petróleo) ocorre, por muitas vezes, em regiões 12 distantes dos mercados consumidores e muitas vezes em lugares de difícil acesso2. Tal fato aumenta os custos e os riscos dessa etapa da cadeia do Gás Natural. O midstream corresponde ao transporte, via dutos, do gás natural até as estações de medição de vazão e redução de pressão (city gates). De acordo com a ANP, o transporte de gás canalizado só pode ser realizado por empresas que não comercializem o produto, podendo estas apenas comprar o gás natural necessário ao seu consumo próprio. A distribuição (downstream) é a etapa final da cadeia do gás natural e se inicia nos city gates3, instalados nas interconexões entre os gasodutos de transporte e distribuição, e termina no usuário final. Nesta etapa, o gás já deve estar atendendo aos padrões rígidos de especificações e, quando necessário, deverá também estar odorizado para ser detectado facilmente em caso de vazamentos. I.1.1 – Monopólio Natural A indústria do Gás Natural se caracteriza por grandes economias de escala e investimentos que requerem elevado custo fixo. Apesar do grande volume de recursos despendidos na construção da infra-estrutura de gasodutos, os custos de transporte do Gás Natural são relativamente baixos, assim como o custo marginal da produção, isto é, o custo adicional de fornecimento de mais um metro cúbico a um cliente individual. Como conseqüência deste elevado custo fixo e da grande economia de escala existente, cria-se uma tendência à formação de uma estrutura de monopólio natural, com apenas uma empresa atuando e inibindo a entrada de novos agentes. Pelos mesmos motivos, no segmento de distribuição, a presença de uma única firma ocorre principalmente pelo fato da duplicação da rede ser antieconômica. Isto ocorre porque não é justificável, do ponto de vista econômico, que seja levado duas tubulações de gás ao mesmo 2 Por exemplo a floresta Amazônica e a plataforma continental no Brasil. 3 City Gate: segundo o site gasenergia é o ponto de entrega do gás natural. É onde a PETROBRAS entrega o gás para a distribuidora estadual de gás, ocorrendo também a medição. 13 mercado consumidor para que o usuário escolha de qual empresa distribuidora deseja comprar o Gás Natural. Caso duas ou mais empresas atuassem na distribuição de gás, a ausência de grandes economias de escala dificultaria a redução dos preços do gás, tornando o combustível mais caro para a sociedade. If production is characterized by economies of scale everywhere, then average cost decreases as output increases, and it is always less costly for one firm to produce any given output than for several firms to produce that output. Therefore, when average cost falls with the output, there is a natural monopoly. (Carlton e Perloff, 1994, p.151) Neste setor de transporte e distribuição, com presença de grandes economias de escala, o mercado não comporta mais de uma firma operando em escala e escopo eficientes, uma vez que o custo médio de uma única firma operando no mercado é menor que o de duas ou mais firmas em operação no mesmo mercado. Desta forma, existe a tendência de concentração de mercado, dada a elevada escala mínima de eficiência4. Neste caso, a escala mínima de eficiência é maior ou igual à totalidade do mercado. Caso haja mais de uma firma atuando no mercado, os custos serão mais elevados do que em uma situação de monopólio. Outro fator importante a ser considerado são as economias de rede. À medida que a malha de transporte e distribuição se tornam mais extensas e ramificadas, o custo marginal de expansão da rede se torna decrescente. Com a expansão da malha dutoviária, as áreas desprovidas de infra-estrutura de gasodutos tendem a se aproximar da rede de dutos, implicando em menores custos em novas construções. Como será visto mais adiante, é de grande importância que haja uma regulação bem definida para o setor de transporte e distribuição, de forma a possibilitar retornos atrativos para os 4 Escala mínima de eficiência corresponde ao nível da planta onde todas as economias de escala possíveis são exauríveis e, portanto, representa a menor quantidade de produto possível de ser obtida de forma que o custo médio de longo prazo seja minimizado.(Kupfer e Hasenclever, 2002, p.52) 14 investidores e redução dos riscos de investimento. Por outro lado, este arcabouço regulatório deve ser capaz de evitar o abuso de poder de mercado, muito comum num regime monopolista. I.1.2 – Presença de Ativos Específicos Alguns dos aspectos mais característicos da IGN são as especificidades de seus ativos de transporte e distribuição. Estes são caracterizados pela elevada intensidade em capital; longo prazo de maturação dos investimentos e existência de custos afundados. Tais fatos implicam em uma especificidade locacional importante, ou seja, uma vez construídos, os gasodutos não podem ser realocados para um projeto diferente daquele para o qual foi inicialmente concebido (Almeida, 2004). As instalações de infra-estrutura devem ser capazes de responder, simultaneamente, às fortes oscilações da demanda (que podem ser cíclicas ou sazonais) e ao crescimento sustentado e de longo prazo desta mesma demanda. Sendo assim, tais instalações são quase sempre superdimensionadas, projetadas de forma a ser facilmente ampliadas e ter sua oferta expandida em etapas bem definidas e escalonadas no tempo. Caso os gasodutos não sejam capazes de acompanhar o crescimento da demanda, os ativos de infra-estrutura se transformam rapidamente em pontos de estrangulamento, que inviabilizam em definitivo a continuidade do desenvolvimento (Cecchi, 2001). Nestas instalações de infra-estrutura, por serem superdimensionadas e não poderem ser parceladas, seus ativos exigem um investimento inicial significativo, com prazo de maturação bastante elevado (é necessário muito tempo para que o investimento comece a dar retorno). Como veremos adiante, esse longo prazo de maturação dos investimentos vem afastando o interesse dos investidores nesse setor no Brasil. Por último, existe ainda o problema dos custos afundados (sunk costs). Estes estão intimamente ligados aos custos fixos, e podem ser definidos como a diferença entre o custo de oportunidade ex-ante e o seu retorno após o compromisso de investimento ser realizado. Os gasodutos de transporte e distribuição são ativos que não podem ser reaproveitados em outras localidades, ou seja, caso a demanda esperada pelo GN fique abaixo do esperado, os investidores 15 não conseguirão reinstalar os dutos em novas cidades como forma de recuperar seus investimentos. A dificuldade em diminuir as incertezas do mercado acaba afastando um grande número de agentes, tornando este mercado cada vez mais concentrado. Quanto maior for a proporção de sunk costs no custo fixo total do projeto, mais forte será a tendência ao monopólio natural (Austvik, 2000). Tal fato ajuda ainda mais a mostrar a necessidade da regulação neste mercado, como forma de diminuir a incertezas e criar regras claras para o seu desenvolvimento. I.1.3 – Forte Concorrência Interenergética O uso do gás como combustível iniciou-se em 1812, na Inglaterra, com a primeira empresa de gás manufaturado do mundo (London and Westminster Gas Light and Coke Company), que fazia iluminação pública a gás manufaturado a partir do carvão. No entanto, a indústria do gás natural sempre teve a sua expansão dificultada devido à forte concorrência inter energética, pois o gás natural nunca possuiu um mercado cativo (Almeida, 2004). No setor industrial, o Gás Natural compete com a eletricidade e o óleo combustível, enquanto que, no transporte, ele compete com o álcool, a gasolina e o diesel. Já no setor residencial, a cocção é feita utilizando-se em sua maioria o Gás Liquefeito do Petróleo (GLP). Conclui-se assim que o gás natural não possui um mercado cativo para seu consumo. Soma-se ainda a desvantagem decorrente da baixa densidade energética e do grande custo de transporte do insumo que, em muitas vezes, inviabiliza o seu desenvolvimento. Como o Gás Natural não possui um mercado garantido, o preço do gás natural tem o seu limite estabelecido pelos energéticos substitutos, ou seja, o consumo de gás será viável enquanto este estiver com o preço abaixo de seus concorrentes em todos os mercados. Apesar da grande concorrência com outros combustíveis, a Indústria do Gás Natural vem ganhando espaço no cenário mundial nas últimas décadas. A influência de fatores políticos, como o choque no preço do petróleo e as constantes guerras próximas às regiões petrolíferas, vem incentivando os países importadores deste insumo a procurarem combustíveis alternativos. 16 Influenciados ainda por fatores ecológicos, como veremos adiante, os países industrializados vêm destacando o uso de Gás Natural em suas políticas energéticas. As novas legislações ambientais acabaram por privilegiar o uso do gás natural por sua queima mais limpa, com menor emissão de carbono, baixo nível de enxofre e particulados. Os novos acordos ambientais firmados pelos países desenvolvidos, cuja principal referência é o Protocolo de Kioto, criaram um incentivo para uma maior utilização do Gás Natural. Este acordo, que entrou em vigor em 2004, determina metas de redução das emissões de gases poluentes para os países desenvolvidos para 2008 e 2012. Uma das medidas implementadas para viabilizar o cumprimento dessas metas é a criação de um mercado de crédito de carbono, no qual as empresas responsáveis por tais projetos podem vender sua parcela de redução de emissões para outros países, incentivando, assim, projetos ambientalmente limpos. Esses acordos ainda estão em sua fase inicial de implementação, e merecem a atenção dos agentes envolvidos na IGN, já que podem tornar-se uma fonte adicional de recursos para os mesmos. Com a recente entrada em vigor do Protocolo de Kioto, os governos municipais e estaduais buscam se adaptar às regras do acordo, especialmente pela possibilidade de negociar créditos de carbono, que terão importante papel no desenvolvimento de projetos de infra-estrutura no país. Outro fator é o crescimento da própria dinâmica tecnológica da Indústria do Gás Natural, que pode ser observado com o aumento do rendimento das turbinas a gás, principalmente de tecnologia de ciclo combinado, que transformou a geração de eletricidade num mercado bastante atrativo para o gás natural. I.2 – A Indústria do Gás Natural no Brasil (IGN) O desenvolvimento do gás natural no cenário nacional data da década de 50, quando foram feitas as primeiras descobertas de óleo e gás na Bahia. De início o gás era utilizado basicamente para aumentar a taxa de recuperação dos poços de petróleo, dado que a reinjeção do gás aumenta a pressão nos poços e facilita a extração do óleo. A partir da década de 60, com o surgimento das primeiras Unidades de Processamento de Gás Natural (UPGNs) na Bahia, o GN passa a ser comercializado e seu uso vai se ampliando ao longo do tempo. De inicio, o 17 fornecimento de gás atingiu primeiramente as indústrias têxteis e de cerâmica, e a partir da década de 70, deu-se inicio ao uso do gás na indústria petroquímica. Com o primeiro choque do petróleo em 1973 e a crise dos juros em 1979 (aumento da dívida externa), a elevação dos preços do petróleo e seus derivados e a desvalorização cambial brasileira aumentaram os custos de importação de petróleo. Tais fatos levaram o país a estimular a produção interna de petróleo e, conseqüentemente, de gás natural associado. I.2.1 – Situação Atual “O Brasil caminha na direção da matriz energética mundial, onde há uma maior participação de gás natural e uma menor participação de hidráulica, entretanto, ainda apresenta situação privilegiada em termos de utilização de fontes renováveis de energia. No país, 41%da OIE5 é renovável, enquanto que a média mundial é de 14%e nos países da OECD6 é de 6%”.(Balanço energético nacional, p.18, 2003). No Brasil, o gás natural possui ainda uma baixa participação na matriz energética apesar de ser um recurso natural abundante em nosso território. Atualmente, de toda a energia que o país consome, 7,5% é proveniente do Gás Natural, o que corresponde a uma demanda em torno de 37 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia (m³/d). De acordo com o planejamento estratégico da Petrobrás de 2005, a perspectiva é que esse consumo no Brasil ocupe, em 2010, de 12% a 15% da matriz energética, alcançando a meta de 78 milhões m³/dia. 5 Oferta Interna de Energia. 6 Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento. 18 Gráfico 01 - Evolução do Consumo de GN por Segmento MM m ³/dia 40 35 30 25 20 15 10 5 Geração Residencial /0 4 tri /0 4 3º tri tri /0 4 2º /0 3 1º tri 4º tri /0 3 /0 3 3º tri 2º tri /0 3 /0 2 Automotivo 1º tri 4º tri /0 2 /0 2 3º tri 2º tri /0 2 /0 1 1º tri 4º tri /0 1 /0 1 Industrial 3º tri tri /0 1 2º 1º tri tri /0 0 4º /0 0 3º tri 2º /0 0 0 Comercial Fonte: BNDES,2005 Como podemos observar no gráfico 01, no segundo trimestre de 2000, a média de consumo de GN se encontrava em torno de 15 milhões de m3 diários. Porém, já ao final do terceiro trimestre de 2004, o consumo de Gás Natural registrava uma demanda diária em torno de 37 milhões de m3 ao dia, o que representa uma média de crescimento de 25% ao ano. Ao longo deste período, podemos observar que os setores automotivo, industrial e de geração elétrica foram os grandes responsáveis pelo aumento do consumo deste combustível, enquanto que, os setores residencial e comercial mantiveram o seu padrão de consumo praticamente inalterado. 19 Tabela 01 - Consumo Médio Diário de Gás Natural por Segmento no Brasil em 2004 Co-geração Industrial automotivo residencial comercial JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 7.438 9.899 11.031 10.478 9.354 9.574 9.777 10.546 10.461 11.923 9.730 10.632 20.585 18.814 19.611 12.407 20.612 20.646 20.836 21.003 20.036 20.281 21.291 20.217 3.829 3.892 4.129 3.116 4.251 4.281 4.253 4.487 4.371 4.604 4.652 4.891 481 488 541 285 523 738 663 659 700 603 593 560 381 407 403 196 413 493 467 467 504 485 572 475 Média mensal Parcela mercado (%) Fonte: IBP 2005 10.070 29% 19.695 56% 4.230 12% 570 2% 439 1% A participação industrial tem o maior peso no consumo do gás natural, respondendo por quase 56% do total de metros cúbicos vendidos pelas distribuidoras. Em seguida, a cogeração responde por demanda de 29% do total consumido. Outra importante constatação é a baixa participação do consumo residencial e comercial em comparação a demanda total pelo gás, que representam apenas 2% e 1% respectivamente. Portanto, pode-se esperar que a construção de um gasoduto seja viável economicamente apenas caso fosse com o objetivo de abastecer um parque industrial, uma usina termelétrica ou outro agente que demandasse grande volume de gás (consumidores âncora). Apesar da grande evolução do consumo, o atual estágio da indústria do Gás Natural ainda se encontra muito abaixo dos 78 milhões m³/dia almejados pela Petrobrás. A principal razão pelo seu baixo aproveitamento é sua rede de gasodutos, que cobre uma pequena área de nosso território, deixando inúmeras cidades sem acesso ao Gás natural. 20 Tabela 02 - Cidades Atendidas pelas Distribuidoras em 2005 Cidades na área de concessão Cidades atendidas por gasodutos Tamanho da rede ALGÁS 22 5 106 BAHIAGÁS 417 7 300 CEGÁS 184 7 180 COPERGÁS 185 13 211 PBGAS 223 6 70 POTIGÁS 166 8 140 SERGÁS 75 5 63 GASMIG 853 13 185 CEG 16 16 2.560 CEG RIO 75 65 383 COMGÁS 177 44 3.400 GAS NATURAL 93 6 150 GAS BRASILIANO 375 4 168 BR DISTRIBUIDORA 77 Não disponível Não disponível COMPAGÁS 399 7 402 SULGÁS 467 16 370 SCGÁS 293 17 409 78 2 58 241 9.155 Nordeste Sudeste Sul Centro_Oeste MSGÁS TOTAL 4.175 Fonte: GASNET 2005 e sites de empresas de distribuição 21 Comparando os dados da tabela acima com os números do IBGE, podemos perceber que a relação entre o número de cidades atendidas pelo gás natural e o total de cidades brasileiras é muito pequeno. Até o final de 2003, eram 241 num universo de 5.560 cidades brasileiras (menos de 5% do total). Entretanto, mais de 61 milhões de habitantes encontram-se em cidades com acesso ao Gás Natural Veicular (GNV), isso porque a maioria das capitais brasileiras já possuem o combustível. Dentre os principais gasodutos, encontra-se o Gasbol que liga a Bolívia ao sul e sudeste brasileiro, passando por 135 cidades brasileiras em seus 3.000 km de extensão, ao custo de US$ 2 bilhões (TBG 2004). Apesar do grande volume de reservas de Gás Natural, grande parte do gás consumido no Brasil vem da Bolívia, utilizando-se deste gasoduto. Em 2004, foram importados uma média de 22,2 milhões de metros cúbicos diários, sendo 95% de origem boliviana e o restante da Argentina (ANP 2004). Existe ainda o Gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre. Este duto foi criado pela TSB (Transportadora Sulbrasileira de Gás) para fornecer gás natural ao Estado do Rio Grande do Sul, que importa 70% do seu consumo de eletricidade, e interligar as principais bacias gasíferas do Brasil, da Argentina e da Bolívia. O empreendimento exigirá investimentos na ordem de US$350milhões e, com capacidade máxima, poderá transportar 15 milhões de m³/dia. Com 615 km de extensão, o empreendimento beneficia 23 municípios dentro da sua área de influência (GASENERGIA 2005). 22 Figura 01 - Rede de Gasodutos no Brasil Fonte: Gasenergia 2005 Outro importante gasoduto é o São Miguel-Cuiabá, também conhecido como lateralCuiabá. O início do gasoduto é na estação de medição São Matias, na Bolívia e, no Brasil, passa pelo município de Cáceres, até chegar na capital do Estado, Cuiabá, fornecendo gás natural à Usina Termelétrica Mário Covas. Este gasoduto tem uma extensão de 680 km e possui uma capacidade de transporte diária de 14,9 milhões de metros cúbicos diários (GASENERGIA 2005). Além destes, existem ainda o gasoduto que transporta a produção da bacia de Campos para as áreas das regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo, assim como um terceiro que atende a região Nordeste transportando a produção da própria região para as indústrias locais. 23 I.2.2 – Mercado de GNV no Brasil O consumo de Gás Natural continua aumentando por todo país, principalmente impulsionado pelo crescimento do gás natural veicular, e com isso os incentivos para a interiorização do combustível também vêm crescendo. A Petrobrás, em seu atual planejamento estratégico, prevê um crescimento na demanda de gás natural de 14% ao ano até 2010, mas somente em GNV, segundo dados do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), o aumento do consumo de GNV vem alcançando médias muitos superiores. Em 2000 a média mensal de consumo do setor automobilístico era de 999 mil m3 de GNV, porém em 2004 esse valor já atingia a marca de 4,2 milhões m3. Portanto, nesse período o GNV cresceu a uma taxa de 42% ao ano, o que mostra a importância deste setor como impulsionador do combustível em nossa matriz energética. Média diária de consumo (mil m3) Gráfico 02 - Evolução do Consumo Anual de GNV no Brasil 4.500 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 2000 2001 2002 2003 2004 Fonte : IBP 2005 24 Vários estados brasileiros em parceria com as distribuidoras vêm incentivando a conversão de automóveis para o gás natural veicular, desde a redução do IPVA7 (imposto sobre propriedade e veículos automotores) até bônus em dinheiro para reabastecimento dos carros convertidos. No Rio de Janeiro, a Lei Municipal n º 3.123 de novembro de 2000, em seu artigo 8º Caput8, que determina que os táxis da Cidade do Rio de Janeiro utilizem o gás natural, mostra que o GNV vem ganhando o espaço no mercado, aumentando sua importância no mercado veicular. Além disso, os motoristas vêm sendo incentivados a adaptar seus carros devido à estabilidade do preço do GNV que vem se mantendo constante nos últimos anos, ao contrário dos preços do álcool, gasolina e diesel. Gráfico 03 - Variação do Preço dos Combustíveis no Brasil (R$/l e R$/m3 ) 2,40 2,20 2,00 1,80 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 ÁLCOOL (R$/l) DIESEL (R$/l) GNV (R$/m3) ju l/0 5 m ai /0 5 m ar /0 5 ja n/ 05 04 no v/ se t/0 4 ju l/0 4 m ai /0 4 m ar /0 4 ja n/ 04 03 no v/ se t/0 3 ju l/0 3 m ai /0 3 m ar /0 3 ja n/ 03 0,40 GASOLINA (R$/l) 7 No Rio, a redução do IPVA é de 75%, enquanto que em São Paulo, quem tem carro movido a GNV paga 25% menos do que os demais. Em Santa Catarina e em outros estados, o incentivo também vem sendo pleiteado. 8 Art 8 Caput.”Fica estabelecida a obrigatoriedade de utilização de gás natural combustível pelos veículos de aluguel a taxímetro – táxis – de propriedade de empresas de qualquer natureza ou autônoma”. 25 Fonte: ANP 2005 No entanto, em algumas cidades, a infra-estrutura de dutos/tubulação de gás natural ainda não se tornou viável (por motivos já citados anteriormente). Sendo assim, o gás natural poderia ser transportado, na forma comprida ou liquefeita, à essas cidades através de carretas e desta forma conseguir difundir o uso de GNV. A título de exemplo, podemos citar a cidade de Friburgo no Rio de Janeiro que tem interesse em investir em opções de tecnologias alternativas ao transporte de gás natural. O investimento em gasoduto é estimado em R$ 30 milhões, enquanto o valor da instalação de postos de GNC na cidade ficaria em torno de R$ 10 milhões. (GASENERGIA 03/01/2005) I.3 – Regulação da IGN Por se tratar de um segmento em que não existem outros concorrentes e o consumidor possui dificuldades para substituir a mercadoria comprada, o poder de fixação de preço do fornecedor do serviço de transporte é extremamente elevado, sendo muito provável que ele abuse desta situação em prejuízo de todos (Cecchi,2001). Vale lembrar que uma vez que o consumidor tenha investido em equipamento a GN ele fica refém da cia distribuidora Por outro lado, por ser um segmento que apresenta economias de escala, caso a empresa responsável pelo transporte ofertasse o seu serviço ao custo marginal de produção, como ocorre na concorrência perfeita, a empresa encarregada do transporte iria incorrer em sucessivas perdas e este importante segmento da economia não seria atrativo aos investimentos da iniciativa privada. Em se tratando de um setor de infra-estrutura com tantas especificidades, como já foi visto, dificilmente a livre negociação entre ofertantes e demandantes levará a um preço correto. O monopólio sem a devida supervisão pode não atender às necessidades da sociedade e reduzir as externalidades de rede9 geradas pelas indústrias de infra-estrutura. Portanto, para evitar que 9 Na externalidade de rede o benefício de um consumidor depende do número de usuários ligados à rede. O benefício de um consumidor que dispõe de uma linha telefônica depende diretamente do número 26 ocorram as falhas de mercado o Estado deve intervir na produção através de um arcabouço regulatório capaz de conciliar o bem estar da sociedade a um retorno atrativo para os investimentos privados. A IGN nos últimos anos vem experimentando um processo de transformação, em que a concorrência, através da entrada de novos competidores em alguns segmentos do mercado, coexiste com segmentos de monopólio Natural, sujeitos à regulação. O monopólio foi tradicionalmente a forma pela qual a Indústria do Gás Natural, desenvolvia-se, obtendo ganhos de escala e reduzindo os custos de transação. Contratos de longo prazo (take or pay) eram utilizados como forma de viabilizar projetos, num cenário de poucos produtores e apenas uma única companhia de transporte nesse setor. Esta estrutura regulatória prevaleceu até 1970, quando alguns mercados alcançaram sua maturidade (Almeida e Oliveira, 2000, p.6). Nos anos 80, com o surgimento de uma nova organização industrial nos mercados maduros, a introdução da competição e do open access mudou a estrutura de mercado. Os consumidores são livres para contratarem o gás natural, embora tenham que pagar aos donos dos gasodutos pela utilização de sua infra-estrutura. Barreiras quanto à utilização de gás em alguns mercados foram retiradas, promovendo exploração de economias de escopo. Neste momento se destaca a convergência das indústrias elétrica e de gás, resultante da competitividade das turbinas de geração elétrica a gás. I.3.1 – Regulação do GN no Brasil No caso do Brasil, com sua industria de Gás Natural ainda nascente, nosso país vem seguindo a evolução dos mercados maduros. Esta circunstância gera riscos aos investidores e aumentam os custos de transação, uma vez que, até recentemente, a política energética nacional priorizava a indústria petrolífera, deixando o GN para um segundo plano. Segundo Almeida e Oliveira (2000, p.11), não há consistência entre as regulações federal e estadual, assim como de pessoas que estão conectadas, e com as quais ele pode se conectar.(Kupfer e Hasenclever, 2002, p.519) 27 entre gás e eletricidade. Sendo assim, a abertura do mercado de redes e dutos para a competição requer um novo arcabouço regulatório. Enquanto a Lei nº 9.478/97 determina que a ANP, entidade integrante da Administração Federal indireta vinculada ao Ministério de Minas e Energia, regule as atividades de exploração, produção, importação e transporte de gás natural, a Constituição Federal de 1988, no § 2º de seu Artigo 25, alterado pela Emenda Constitucional nº 5 de 1995, estabelece que: “Artigo 25 § 2º ...cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.” A regulação do segmento de distribuição do gás natural é de responsabilidade dos Estados da Federação que, para desempenharem tal tarefa, utilizam-se das agências reguladoras estaduais ou das secretarias estaduais correspondentes, as quais assumem o mesmo papel. Segundo Krause e Pinto Jr. (1998b) esse tema exige grande atenção, pois o segmento de distribuição do gás natural poderia estar sujeito a uma dupla ação regulatória. “ No caso do GN essa questão assume particular relevância, ao contrário do que se passa, por exemplo, com a indústria elétrica na qual a ANEEL exerce o papel de poder concedente único. Esse será um tema que, do ponto de vista jurídico, exigirá reflexões sistematizadas nos próximos anos. O segmento de distribuição do GN poderia estar sujeito a uma dupla ação regulatória: por um lado, as tarefas que incubem à ANP e, por outro, as agências estaduais, sem a garantia, nesse último caso, de uma configuração institucional semelhante de um estado a outro.” (Krause e Pinto Jr. 1998b,p.11 ) Portanto, essa “inconsistência regulatória”, que dá liberdade aos estados de controlar a distribuição, pode aumentar as incertezas e dificultar a expansão do setor, dado que não existe a garantia de uma configuração institucional semelhante de um estado ao outro. Entretanto, muitas reuniões vêm sendo realizadas com a participação de autoridades, especialistas na área e os demais agentes da cadeia produtiva. A expectativa é que até o final deste ano a união desses 28 esforços resulte na nova lei do gás, capaz de estabelecer um arcabouço legal mais claro e uniforme. I.4 – Barreiras ao Consumo de Gás Natural I.4.1 - Política de preço (preços competitivos) Na indústria do gás natural, como já explicado anteriormente, quase 2/3 do preço do produto decorre dos custos de transporte. Esta indústria segue uma tendência de preços distinta dos produtos derivados do petróleo assim como a do álcool. Na composição dos preços do Gás Natural, grande parcela de sua composição é dedicada a remunerar os transportadores e distribuidores do gás, enquanto que o valor dessa commodity ocupa um espaço reduzido no preço final deste combustível. Por outro lado, o preço dos demais derivados de petróleo (diesel, gasolina, óleo combustível dentre outros) segue uma tendência de equilíbrio entre oferta e demanda mundial. O Gás natural, por ter uma pequena parcela de seus custos incorporada à variação do preço internacional de sua commodity, acompanha apenas em parte a evolução do preço nos mercados externos. O preço do álcool depende basicamente da safra de cana-deaçúcar, que varia em função das condições climáticas durante o intervalo de tempo entre o plantio e a colheita. Para o cálculo do preço do Gás Natural vendido para as distribuidoras, somam-se duas parcelas. A primeira parte seria a remuneração do produtor, referida como commodity, e que engloba os custos de produção, transferência e processamento. A esse preço seria somada a tarifa de transporte entre a produção e o ponto de recepção do gás. A partir de janeiro de 2002, os preços do gás de produção nacional deixaram de seguir as regras de reajuste do GASBOL10 e passaram a ser estabelecidos por meio de contratos liberalizados, da mesma forma que ocorre com o gás importado. A ANP, a partir de então, passou a arbitrar os possíveis conflitos entre as partes envolvidas nos contratos, além de verificar se as tarifas acordadas são compatíveis com o mercado e não prejudicam os interesses do consumidor. O Brasil importa gás principalmente da Bolívia, através do Gasbol, que é operado pela TBG, onde a forma de tarifação não varia com a distância. (Freitas 2004,p.106) 10 Os contratos do gás de produção nacional eram regidos pela Portaria 001/MF-MME que foi revogada em 2002. 29 Entretanto, os demais gasodutos de transporte existentes no país apresentam diferentes tarifas, que variam de um estado ao outro. Sendo assim, o preço do Gás Natural em todos os city gates de Minas Gerais serão iguais, porém, o preço do Gás Natural nos city gates do Estado do Rio de Janeiro será diferente do Estado mineiro. Segundo a Portaria da ANP no 45 de 2002, as tarifas para o cálculo dos preços máximos do gás natural de produção nacional para vendas à vista às empresas concessionárias de gás canalizado são apresentadas na tabela 03. Tabela 03 - Tarifas dos Gasodutos de Transporte de Produção Nacional Estado Ceará Rio Grande do Norte Paraíba Pernambuco Sergipe Bahia Espírito Santo Rio de Janeiro São Paulo Minas Gerais Média R$/mil m³ 26,94 19,2 30,46 38,84 14,29 15,15 15,05 16,18 30,98 36,56 24,42 Fonte:ANP, 2005 Esse “descolamento” do preço do Gás Natural em comparação à evolução dos preços dos demais combustíveis gera incertezas que podem inviabilizar o investimento na ampliação de gás natural. Enquanto o preço do Gás Natural estiver muito abaixo dos demais combustíveis concorrentes é interessante investir na construção de gasodutos, substituir as máquinas anteriores por novos equipamentos movidos ao novo insumo, fazer a conversão de veículos, etc. Entretanto como o preço do GN não acompanha plenamente os demais combustíveis, em momentos de grande queda do preço do barril de petróleo ou de uma super safra de cana-de-açúcar, a diminuição do diferencial de preços poderia diminuir a atratividade pelo combustível e, portanto, aumentaria os riscos para os vultuosos investimentos necessários. 30 I.4.2 –Investimento na infra-estrutura de transporte e distribuição Numa indústria de gás nascente, como é a brasileira, um dos grandes entraves ao desenvolvimento do mercado é a disponibilidade de fontes de financiamento à expansão. O segmento de distribuição de Gás Natural vem encontrando grandes dificuldades para alavancar o seu ritmo de crescimento e tal situação pode ser entendida ao analisarmos suas características intrínsecas, já comentadas no início deste capítulo. A intensidade em capital, longo-prazo para maturação dos investimentos e a existência de custos afundados criam um cenário que dificulta o financiamento da expansão da rede de dutos. Como agravante, as empresas de distribuição são em sua maioria muito pequenas e não possuem uma geração de caixa suficiente para se auto financiarem. Ademais disso, em grande parte das empresas distribuidoras o sócio majoritário é representado pelos governos estaduais. Estes necessitam priorizar seus investimentos em diversas áreas, como saúde, educação e saneamento básico e, portanto, dificilmente possuem uma saúde financeira capaz de injetar recursos nas empresas para os investimentos na expansão da malha dutoviária. 31 Tabela 04 – Estrutura Patrimonial das Empresas de Distribuição de Gás Natural Petrobras Estado Outros 41,50% 41,50% 41,50% 41,50% 41,50% 41,50% 41,50% 37,25% 23,50% 17% 17% 17% 17% 17% 17% 17% 25.5% 25.5% 41.5%- Gaspart 41.5% - Gaspart 41.5% - Textilia 41.5% - Enron 41.25% - Gaspart 41.5% - Gaspart 20.75% - EIT, 20.75% - Gaspart 37.25% - Termogas 51% - Termogas Gasmig 0% 0.4% Ceg 0% 0% Ceg Rio 25% 0% Comgás Gás Natural São Paulo Sul s.a. Gás Brasiliano 0% 0.06% 95.2% - Cemig, 4.45% - MG Part. 19% - Gas Natural, 34.55% -BNDES, Enron - 25% 9.9% - Iberdrola 34% - Ementhal 25% - Gas natural 13%- Iberdrola 3% -Pluspetrol 12%outros 62.69% - BG ,15.56% - Shell 18% - outros 0% 0% 100% - Gas Natural 0% 0% 51% - Snam, 49%- Italgas 24,50% 49% 41% 0% 51% 17% 24.5% - Dutopar, 51% - Copel 0% 41% - Gaspart 1% - Infragás 49% 51% 0% Nordeste Algas Bahiagás Cegas Copergás Sergás PB Gas Potigás Gaspisa Gasmar Sudeste Petrobrás (ES) 100% Sul Compagás Sulgás Scgás Centro-Oeste Msgás GoiasGás Cebgás 28,20% 51% 32% 17% 41,50% 32,25% 17% 25,50% 51% - Brasília Gas Group Norte Rongás Gasap 41.5% - Termogás 35,25% - CS.Participações Ltda Fonte: GASNET,2005. 32 Nestes casos, a única fonte de recursos próprios é a capitalização das empresas pelos sócios controladores pois, em caso contrário, a capacidade de endividamento das empresas também está afetada pela falta de capitalização das mesmas. Como as empresas de distribuição não possuem recursos próprios suficientes, e em muitos casos não têm condições de apresentar as contrapartidas requeridas pelos financiadores, a capacidade de adquirir empréstimos para expansão da rede se torna bastante reduzida (Almeida et al, 2004). Como conseqüência dessa capitalização, as disparidades entre as empresas distribuidoras de Gás Natural privatizadas se acentuam perante as empresas controladas pelos governos estaduais. Os planejamentos estratégicos das empresas capitalizadas apontam para vultuosos investimentos em ampliação da rede de dutos, enquanto as últimas, com grande participação societária estatal, apresentam valores muito distantes da real necessidade do setor. Com isso o desenvolvimento do gás natural entre os diferentes estados se torna bastante heterogêneo. Nesses lugares, onde não existe infra-estrutura de dutos, cria-se então um espaço que poderia ser ocupado por tecnologias de transporte alternativo do Gás Natural. Sendo assim, o presente trabalho focará o uso do Gás Natural Comprimido (GNC) e do Gás Natural Liquefeito (GNL), que são as tecnologias que apresentam real potencial técnico e econômico. Através destas, o Gás Natural seria transportado através de carretas, desde o city gate até o mercado consumidor, podendo suprir regiões onde o transporte via dutos ainda não se tornou viável por motivos como: • O mercado não ser suficientemente grande para se aproveitar a economia de escala. • Necessidade de criação de um mercado cativo antes da chegada dos dutos. • Sua construção não ser tecnicamente viável por motivos geográficos ou até mesmo ambientais. 33 CAPÍTULO II- ANÁLISE TÉCNICO ECONÔMICA DO TRANSPORTE VIA GNC E GNL O Gás Natural pode ser transportado até o mercado consumidor através de dutos ou via sistemas de transporte alternativos também conhecidos como Gasodutos Móveis ou Gasodutos Virtuais. Esse sistema utiliza caminhões com carretas especiais, que possuem capacidade de transporte de grande volume de gás natural comprimido ou liquefeito e que são abastecidas nas estações de compressão/liquefação atendidas pelo gasoduto. Segundo alguns estudos já feitos nessa área, estas carretas transportam o GNC ou GNL até outra região, desprovida de infraestrutura dutoviária em um raio de 200 Km (no caso do Gás Natural Comprimido) e até 500 Km (no caso do Gás Natural Liquefeito). A razão desta limitação decorre do fato de um caminhão conseguir rodar em média 500 Km por dia. Caso o mercado consumidor se situe a uma distância acima de 250 Km do gasoduto, a carreta utilizada no transporte do gás não conseguirá completar uma viagem inteira por dia (ida e volta). Desta maneira, o transportador deverá utilizar mais caminhões para fazer o transporte do Gás Natural, aumentando assim os custos do projeto. Como será abordado ao longo de todo este capítulo, a menor capacidade de armazenamento da tecnologia GNC implica em maior sensibilidade ao aumento dos custos de transporte. A escolha do método de transporte depende da comparação econômica das duas possibilidades e da disponibilidade de capital. No caso do GNC, deverá ser construída uma estação de compressão no local de origem, enquanto que, no caso do GNL, uma unidade de liquefação. Como veremos mais adiante, o processo de liquefação do gás é mais custoso que o de compressão, no entanto, este primeiro possibilita o transporte do GN com um custo menor. Portanto, para se optar entre uma ou outra tecnologia, além de depender da disponibilidade de recursos financeiros, deverá levar-se em conta a distância e o volume a ser transportado. 34 Os Gasodutos Móveis ou Virtuais, nome dado às carretas GNC e GNL, surgem como uma boa opção para o mercado brasileiro, dado o elevado custo de capital no Brasil. Um dos grandes problemas dos gasodutos tradicionais, como já visto anteriormente, são os elevados custos de construção em ativos específicos que se convertem em custos afundados. Essas construções demandam vultuosas quantias de capital com longo prazo de maturação, e com isso, elevam o risco do empreendimento. Desta forma, num país como o Brasil, com elevada taxa de juros, os investimentos em infra-estrutura de dutos tornam-se menos atrativos aos investidores. Além do menor tempo e custo de construção, os Gasodutos Virtuais apresentam outras vantagens aos gasodutos tradicionais, como menor escala de eficiência e menor burocracia para sua implementação. Além disso, as tecnologias GNC e GNL podem suprir mercados de pequena escala, como um posto de GNV ou uma pequena fábrica, que não justificariam a construção de um gasoduto. O longo processo burocrático também é bastante custoso. Os dutos de transporte e distribuição demandam grande quantidade de tempo e dinheiro, uma vez que são necessárias inúmeras autorizações e licenças para sua construção, envolvendo diferentes esferas de governo. Mesmo depois de decorrido todo o trâmite burocrático, faz-se necessário estabelecer um programa de desocupação da área de construção do gasoduto, assim como das áreas adjacentes. Tal fato tende a onerar bastante o projeto, visto que famílias devem ser realocadas e os donos de propriedades cortadas pelos gasodutos indenizados. Os Gasodutos Móveis vêm sendo utilizados em inúmeros países, como Rússia, Argentina, EUA, Iran e Egito. No Brasil este tipo de projeto já vem ocorrendo em cidades como Teresina (PI), Campina Grande (PB) e Engenheiro Coelho (SP). Porém, vale ressaltar que os Gasodutos Móveis não devem ser considerados como concorrentes aos dutos de distribuição, mas sim como uma forma de antecipar ou completar o abastecimento realizado pela tubulação tradicional. 35 II.1 – TECNOLOGIA GNC O transporte do GNC é possível graças à redução do volume do gás através da sua compressão. O Gás Natural Comprimido ocupa um volume cerca de 268 vezes menor que o volume ocupado nas condições normais. Quanto maior a compressão do gás, menor o volume ocupado e, portanto, maior será a quantidade transportada. Nesse procedimento, o gás pode ser transportado em cilindros capazes de suportar taxas de compressão de 3000 psig ou 200 Bar (Radu, 2002). No sistema de transporte via GNC, primeiramente retira-se o gás natural em um ponto de coleta do gasoduto. Em seguida, comprime-se o gás através de uma estação de compressão até encher a carreta de transporte, para depois transportar o gás até o ponto de consumo. Neste momento, será feita a transferência do gás dos cilindros para um ponto de estocagem no destino final. Para o atendimento ao mercado de GNV, o proprietário do posto pode ainda comprar o gás GNC e GNL não consumido de um posto vizinho ao invés de fretar o transporte do GNC do gasoduto até o seu estabelecimento. O transporte de GNC é uma grande opção para o desenvolvimento de novos mercados, com inúmeros clientes potenciais. Este público alvo seria os consumidores de pequenos volumes impedidos de serem atendidos, por razões econômicas, pela construção de um novo gasoduto ou pela ampliação das redes de distribuição. Nesse contexto, incluem-se regiões não muito distantes do gasoduto principal onde se registram como oportunidades os mercados de gás natural veicular (GNV) e de pequenas indústrias que hoje consomem principalmente GLP, diesel ou óleo combustível. 36 Figura 02 – Caminhão Equipado com Carreta para Transporte de GNC Fonte: GALILEO 2005. Uma opção tecnológica interessante para atendimento de postos GNV são as “estações mãe e filha”. Neste sistema, as estações filhas, que são carretas que se deslocam entre uma estação de compressão mãe e o mercado final, são deixadas no mercado consumidor (posto de GNV por exemplo). Enquanto isso, o caminhão retorna com a outra carreta vazia até a estação de compressão mãe para o reabastecimento. Logo em seguida, esta carreta retorna ao consumidor final para substituir novamente a carreta que havia ficado, num processo contínuo. Este consumidor final poderá ser um posto de GNV ou uma pequena fábrica, porém, em ambos os casos não há a necessidade de transferência para um conjunto de cilindros de estocagem, pois o gás da estação filha é transferido diretamente para os tanque dos veículos GNV ou para os equipamentos de consumo da indústria. Através dessa tecnologia, o transporte é feito até o local da estação-filha, onde o trailer é deixado para abastecimento dos veículos. As carretas de transporte de GNC podem utilizar também pequenos cilindros com capacidade de até 140L (GALILEO, 2005). II.1.1 – Principais Empresas de GNC Existem algumas empresas ofertando serviços de transporte de GNC e fornecendo equipamentos para empresas de transporte no Brasil. As duas mais importantes são a NEOgas™, com sede no Rio de Janeiro e a Galileo, com sede em Buenos Aires. A Neogas oferece uma carreta equipada com um sistema de transferência do GNC entre cilindros do caminhão e do posto, conhecido como método Hydrogas. Esta tecnologia permite 37 que o carregamento e o descarregamento do gás depositado em cilindros seja realizado através de uma bomba hidráulica, que é responsável por impulsionar um fluido que desloca o gás do cilindro. Com a ajuda desta bomba, o carregamento dos cilindros do caminhão, a transferência do GNC dos cilindros do caminhão para os cilindros do posto GNV e a transferência para os cilindros dos veículos GNV, podem ser realizados rapidamente, sem deixar um volume residual importante nos cilindros do caminhão. Mais importante ainda, é que a transferência entre os cilindros pode se realizar a uma pressão constante11.(NEOGAS 2005) Galileo é um grupo empresarial argentino, que desenvolveu uma tecnologia inovadora para o transporte do Gás Natural Comprimido (GNC), visando, principalmente o mercado de gás natural veicular. Esta tecnologia, conhecida como Sistema Modular de Transporte (SIMT), baseia-se na construção em um curto período de tempo de instalações com baixo custo e modulares, permitindo a expansão do sistema de transporte de acordo com o aumento da demanda. A versatilidade da tecnologia SIMT está apoiada em três empreendimentos tecnológicos. O primeiro empreendimento consiste nas estações modulares de GNC denominadas MICROBOX ou MICROSKID, o segundo consiste nas plantas de regulação de pressão modulares da linha da empresa italiana Tartarini. Por último temos o transporte do GNC feito via os caminhões dotados da tecnologia MAT. Neste sistema de transporte o caminhão tem a capacidade de transportar até quatro módulos MAT (6.000 m3), sendo o carregamento e descarregamento dos Módulos MAT nos caminhões, feito através de uma plataforma especialmente construída para esta aplicação. II.1.2 – Posto GNV abastecido por GNC O mercado GNV aparece como grande mercado consumidor dessas tecnologias alternativas devido ao grande crescimento desse setor, como veremos no próximo capítulo. Outro fator importante são as margens de ganho no mercado de GNV. Enquanto o Gás Natural Veicular compete com a gasolina, que atualmente é comprada pelo posto em média a um preço 11 Normalmente igual a 250 bars. 38 de R$ 2,00 por litro, nas grandes indústrias a concorrência seria com o óleo combustível (tipo A1 por exemplo), orçado em torno de R$ 0,80/Kg (ANP 2005). Se levarmos em consideração suas equivalências energéticas, o preço máximo com o qual o GN seria competitivo na indústria seria em torno de R$0,60/m3, enquanto que um proprietário de posto GNV estaria disposto a pagar de R$ 0,70 a R$ 0,80 por m3 do gás. Um posto de GNC padrão é composto pelos seguintes equipamentos: cilindros para estocagem do gás, válvulas, reguladores de pressão, compressores e dispensers12. O custo de investimento em um posto de abastecimento GNC é em torno de US$ 290 mil, sendo 1/3 do custo referente ao compressor. A escolha do compressor depende das condições operacionais e da temperatura da região. Tabela 05 – Investimento num Posto GNC 3 1 Custo unitário US$ $20.000,00 $147.000,00 Valor em dólar $60.000,00 $147.000,00 Valor em reais* R$150.000,00 R$367.500,00 1 $13.000,00 $13.000,00 R$32.500,00 $66.000,00 $66.000,00 $286.000,00 R$165.000,00 R$715.000,00 Equipamentos Quantidade Dispensers Compressores Sist. Armazenagem Obras civis 1 TOTAL *Supondo taxa de cambio R$/US$ = 2,5 Fonte: Valores obtidos em entrevista com fornecedores. A escolha fundamental num posto de GNC é quanto ao uso de energia elétrica ou gás natural em seus compressores. Os motores elétricos são relativamente baratos, causando menos impacto ambiental, além de requererem menor manutenção. Porém, os custos de compressão podem ser significativamente maiores caso o compressor seja utilizado em horas de pico ou em áreas onde a energia elétrica é cara. No caso da opção pelo gás natural, este é um combustível mais barato, porém possui maiores custos de manutenção. Para postos de GNC de pequeno e médio porte o ideal seria utilizar a energia elétrica, enquanto que os postos maiores deveriam usar o gás natural. (Ward 1999, p.25 e 26) 12 Segundo Teixeira (2003), dispenser é o equipamento similar à bomba de gasolina. 39 II.1.3 – Técnicas de abastecimento Existem várias técnicas de abastecimento, cada uma apresentando vantagens e desvantagens. Dentre as mais conhecidas destacam-se a de abastecimento lento ou slow fill e a de abastecimento rápido ou fast fill (IANGV 1997) Com a técnica slow fill, consegue-se abastecer, através da conexão a um compressor, um grande número de veículos. Esse processo é ideal para os transportadores de carga que não trafegam à noite ou ficam algumas horas inutilizados. Os veículos poderiam ser abastecidos no período noturno, onde a energia elétrica é mais barata. Um posto de abastecimento lento típico de GNV requer um compressor e um dispenser de abastecimento lento, eliminando a necessidade de um sistema de armazenagem de alta pressão (cilindros). Figura 03 - Processo de Abastecimento Lento Fonte: NGV 2001 Somam-se ainda as vantagens decorrentes do custo de investimento no sistema de abastecimento, devido à menor potência do compressor e menor necessidade de cilindros de armazenamento. No entanto, seu processo é lento e necessita de um espaço grande o suficiente para estacionar todos os veículos ao mesmo tempo. Na técnica fast fill, o abastecimento do veículo leva de 2 a 3 minutos. O uso do reabastecimento por cascata requer um compressor com grande capacidade, além de cilindros de armazenamento, o que eleva o custo de operação do posto. Um posto de abastecimento rápido de GNV é composto, basicamente, de uma área de compressão, área de armazenagem e dispenser. 40 Figura 04 - Processo de Abastecimento Rápido Fonte: NGV,2001 II.2 – TECNOLOGIA GNL O GNL, é também uma alternativa tecnológica para o transporte do gás entre regiões onde não existe uma infra-estrutura de gasodutos, ou onde sua construção não é técnica ou economicamente viável. A liquefação do gás ocorre quando o Gás Natural é exposto à temperaturas criogênicas de -162º C. No estado líquido, o GNL tem uma densidade energética aproximadamente 230% superior ao GNC e 60% superior ao óleo diesel. (Teixeira, 2003, p.43) Os processos de liquefação de Gás Natural se dividem em dois tipos: os processos do tipo “base-load” e do tipo “peak-shaving”. Os objetivos e as características técnicas de cada tipo de processo de liquefação são diferentes. Os processos do tipo “base-load” têm como objetivo a liquefação de Gás Natural em grandes volumes, visando o transporte por navios metaneiros e comercialização do gás natural no mercado internacional. Enquanto isso, as plantas do tipo peakshaving têm uma capacidade máxima de produção bem menor que a base load e visam abastecer pequenos mercados consumidores, como postos de GNV e algumas fábricas. Nos EUA, muitas distribuidoras de gás confiam nas plantas peak shaving como forma de suprir os picos de demanda que ocorrem principalmente durante o inverno. Lá o GNL é estocado em grandes tanques refrigerados e integrados à rede local de dutos. Esses tanques podem servir então como uma alternativa para a estocagem do gás não consumido, podendo então ser utilizado num período em que o consumo deste seja mais elevado, como ocorre no inverno. As plantas 41 peak shaving produzem em média 100.000t/ano de metros cúbicos de gás e costumam estar localizadas próximos ao mercado consumidor. (Parfomak, 2003) As tecnologias de liquefação de larga escala (base load) esbarram em barreiras, como elevados custos de investimento, necessidade de grandes reservas e a distância dos mercados consumidores. Esse tipo de construção tende a se concentrar nos transportes intercontinentais, para o abastecimento de países com menor custo de capital, como Estados Unidos e Japão, e que a construção de infra-estrutura de gasodutos se inviabiliza por motivos tecnológicos e geográficos (Barreiro 2004). As plantas de pequena escala (peak shaving) utilizam dois tipos de tecnologia; “let down” e por compressores. Neste trabalho, a tecnologia para produção de GNL a ser estudada será a “let down pressure”13, em virtude de seus custos menores. Através dessa tecnologia de liquefação, a energia liberada pela redução de pressão do Gás Natural nos city gates, ao invés de ser desperdiçada, seria utilizada para liquefazer o gás (CH – IV 2005). 13 Esta tecnologia mencionada acima se aproveita do efeito Joule-Thomson, quando o gás ao diminuir de pressão em condições naturais se esfria, tornando-se líquido. 42 Figura 05 -Esquema de uma Planta de Liquefação Tipo “Let-Down” Fonte: Wilding, 2003 A planta Let-Down apresenta um baixo custo quando comparada com outras plantas de liquefação, pois o investimento necessário é bem inferior às outras, uma vez que não utiliza compressores. Além disso, aproveitando a energia que seria desperdiçada no city-gate, a tecnologia Let down consegue reduzir os custos operacionais, apresentando assim um grande potencial técnico e econômico para o mercado de GNV. Vale lembrar que somente no Gasbol existem 36 city gates (TBG 2004). II.2.1- Principais empresas de GNL Atualmente, as principais empresas com capacitação tecnológica para fornecer plantas de GNL de pequena escala são: Air Products and Chemicals Inc. (EUA), Black & Veatch Pritchard (EUA), Chart Industries Inc. (EUA), CH-IV Cryogenics (EUA), Chicago Bridge & Iron Company (EUA), Chart (EUA), Cryogenics (EUA), Hamworthy KSE (Noruega), KryoPak Inc. (EUA) and Linde (Alemanha) e a Russa Gazprom. 43 O panorama brasileiro com relação ao GNL está mudando devido a Joint Venture feita entre a PETROBRAS e a White Martins, construída na cidade de Paulínia(SP). Trata-se de uma planta de liquefação de pequena escala chamada GEMINI, que produz GNL a um custo de 10% a 15% do preço do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo),e por isso vem despertando o interesse das indústrias. O objetivo deste projeto é levar o gás em carretas para locais que não são atendidos por gasodutos, e a expectativa é que, com a construção de uma nova unidade de liquefação(ainda em estudo), seja possível abastecer o interior de São Paulo, norte do Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal e Sul de Minas. A idéia, é que a segunda unidade tenha a mesma capacidade da primeira que é de processar 380 mil metros cúbicos gás natural por dia (Globo Online 31/03/2005). Figura 06 – Caminhão Equipado com Carreta para Transporte de GNL Fonte: IANGV II.2.2 – POSTO GNV ABASTECIDO POR GNL Um posto de GNV padrão, abastecido via GNL, é composto pelos seguintes equipamentos (Yonezawa, 2002). Tanque de estocagem de GNL Bomba GNL Vaporizador de alta pressão 44 Cilindros para estocagem GNL Dispensers Tabela 06 - Investimento num Posto GNL Equipamentos Quantidade Dispensers Tanques criogênicos de GNL Bomba Criogênica Vaporizador de Alta Pressão Sistemas de armazenagem TOTAL 3 2 2 2 2 Custo unitário US$ $20.000,00 $50.000,00 $25.000,00 $25.000,00 $13.000,00 Valor em dólar Valor em reais* $60.000,00 $100.000,00 $50.000,00 $50.000,00 $26.000,00 $286.000,00 R$150.000,00 R$250.000,00 R$125.000,00 R$125.000,00 R$ 65.000,00 R$715.000,00 *Supondo taxa de cambio R$/US$ = 2,5 Fonte: Valores obtidos em entrevista com fornecedores. Uma vez produzido numa planta de liquefação, o GNL pode ser transportado por caminhão ou trem em tanques criogênicos, fabricados com aço inoxidável e com sistema de isolamento térmico. O GNL pode ser estocado nos tanques criogênicos de transporte por até 3 dias sem perdas por vaporização. A transferência do GNL do tanque do caminhão de transporte para o tanque do posto e do tanque do posto para os cilindros de GNC do posto pode ser realizada através de uma bomba criogênica. A capacidade típica de uma carreta é de 40 m³ de GNL (16 toneladas), o que equivale à cerca de 24.000 m³ de gás natural. Um posto abastecido por GNL não requer compressores para armazenar o gás natural em cilindros de alta pressão. O GNL é bombeado através de uma bomba criogênica para um vaporizador de alta pressão, que permite transferir o gás diretamente para os cilindros do posto. Uma vez que o posto GNL não requer investimento em capacidade de compressão, o custo de investimento do posto se reduz em cerca de 20 a 30%, quando comparado a um posto padrão abastecido por gasoduto (IANGV, 1997). II.3 – ASPECTOS ECONÔMICOS DO GNC X GNL A maior densidade energética do GNL, comparada ao GNC, é uma vantagem para o seu transporte em projetos do tipo “gasoduto virtual”, dado que, uma carreta de GNL pode transportar até 6 vezes a quantidade de gás de uma carreta GNC. Com a tecnologia disponível 45 atualmente, um caminhão de 40 toneladas de GNC pode transportar cerca de 4.500 m3, enquanto que um caminhão similar de GNL pode transportar em torno de 24.000 m3. Esta opção tecnológica permite atender aos postos de GNV localizados em distâncias superiores aos abastecidos por GNC ou um maior número de postos para uma mesma distância. No entanto, a construção de uma planta de liquefação é um projeto mais complexo do ponto de vista tecnológico, com um custo e um tempo de construção superior a uma planta de compressão. No transporte de GNC, o peso dos cilindros e a reduzida autonomia são os limites à expansão do uso de GNC. Segundo a IANGV (1997), um caminhão a diesel possui um rendimento médio entre 1,8 e 2,5 Km por litro, enquanto que um veículo GNV equivalente apresenta um rendimento desempenho médio de 1,5 a 2,2 Km por kg de GN . Com um tanque com capacidade de 250-300 litros e um peso médio do sistema de abastecimento de aproximadamente 300 kg, um caminhão diesel possui uma autonomia de cerca 700 kms, o que, na maioria dos casos, permite um abastecimento a cada 2 dias. Para que um veículo a GNC possa ter a mesma autonomia de um veículo diesel, este teria que armazenar aproximadamente 300 kg de GN, necessitando então de 10 cilindros de aço com capacidade de armazenamento de 30 kg e peso do cilindro de 120 kg cada. O peso total do sistema de armazenagem do GNC atingiria então cerca 1,4 toneladas, comprometendo de forma significativa o rendimento e o espaço de carga do veículo (SINOR,1991). Com apenas 4 cilindros de 30 quilos a autonomia do veículo se reduz para cerca de 250 Km, com o peso do sistema de armazenagem atingindo cerca de 600 quilos (o dobro do caminhão movido a diesel). Como as carretas de GNC não possuem a capacidade de transportar um grande volume de Gás Natural, comparadas as GNL, estas são obrigadas a fazer maior número de viagens, em comparação as carretas de gás liquefeito, para atender a um mesmo cliente.14 No entanto, essa opção tecnológica ainda seria justificável enquanto a distância entre a unidade de compressão e o mercado consumidor não ultrapassasse um raio em torno de 200 Km. A partir dessa distância, o caminhão de GNC dificilmente consegue fazer mais de uma viagem ao dia e, portanto, necessitaria de mais um veículo para efetuar o transporte diário do combustível. Com isso, os 14 3 Supondo que este cliente consuma mais de 4.500 normais metros cúbicos (nm ) 46 investimentos em novas carretas, assim como a duplicação de seus custos operacionais, tornam o transporte via GNC mais caro que o via GNL, para longas distâncias. Gráfico 04 - Demanda de Carretas X Distância 50 45 40 Nº Carretas 35 30 CarretaGNL 25 20 Carretas GNC 15 10 5 0 50 100 200 300 400 500 Distância (Km ) *Supondo demanda de 100.000 m3. Fonte: Elaboração Própria. Por outro lado, a utilização de tecnologia GNL nos Gasodutos Virtuais seria mais atrativa para o transporte do gás a distâncias superiores a 200 km. Acima desta distância, o transportador economizaria no número de viagens, comparando-se com o GNC. No entanto, para o transporte num raio menor, este tipo de transporte talvez não justificasse o grande aporte de investimentos feitos nas plantas de liquefação. 47 Gráfico 05 - Custo X Distância via GNC e GNL* 0,85 0,8 Custo em R$/m³ 0,75 0,7 GNC 0,65 GNL 0,6 0,55 0,5 0,45 0,4 50 100 200 300 400 500 Distância (Km ) *Supondo demanda de 100.000 m3. Fonte: Elaboração Própria. II.4 LEGISLAÇÂO GNC E GNL De acordo com a presente legislação brasileira, a atividade de transporte de gás natural é autorizada e fiscalizada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), que visa através de suas atribuições, garantir o suprimento de gás natural em todo o território nacional, assim como a proteção dos interesses dos consumidores quanto a preço, qualidade e oferta do produto, cabendo a ela ainda aplicar as sanções administrativas e pecuniárias previstas em lei, regulamento ou decreto. De acordo com a lei n 9.478 considera-se transporte toda a movimentação de petróleo, derivados ou gás natural em meio ou percurso considerado de interesse geral, sendo que o transporte por meio de dutos constitui monopólio da união, podendo tal atividade ser exercida mediante autorização por empresas ou consórcio de empresas constituídas sob as leis brasileiras e com sede e administração no país. Através da autorização, tais empresas ou consórcio de empresas poderão efetuar qualquer modalidade de transporte de gás natural, seja para suprimento interno ou para importação e exportação. 48 II.4.1 Legislação GNC De acordo com a portaria no 243/2000 da ANP, para o exercício da atividade de distribuição de GNC a granel é necessário que a pessoa jurídica, constituída segundo as leis brasileiras, possua comprovante de registro na junta comercial e capacidade financeira para cobertura de suas atividades dentre outras documentações. A empresa distribuidora de GNC deverá ainda possuir o capital social integralizado, de no mínimo R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), assim como a licença de instalação expedida pelo órgão ambiental competente. Ao preencher todos os pré requisitos, o distribuidor de GNC a granel poderá exercer a atividade em todo o território nacional, sendo obrigado a realizar inspeções periódicas anuais, junto à firma credenciada pelo INMETRO, de seus equipamentos. O distribuidor de GNC deve ainda informar mensalmente à ANP os volumes e poderes caloríficos superiores das aquisições de Gás Natural ou GNC e a variação nos estoques. Além disso, o transportador de GNC deve deter a propriedade de Veículos Transportadores de GNC com capacidade total de armazenamento de, no mínimo, 10.000 m³ de gás natural. O distribuidor de GNC a granel não é obrigado a construir a unidade de compressão e distribuição do GNC, podendo adquirir o gás natural comprimido de uma unidade de terceiros. Caso seja de interesse do distribuidor de GNC a construção de unidades de compressão e distribuição do gás natural, será exigido a mesma documentação apresentado à ANP para a atividade de distribuição de GNC, somando-se ainda a licença de operação expedida pelo órgão ambiental competente, e um plano de manutenção das instalações para que a unidade possa entrar em funcionamento. É importante ressaltar que as pessoas jurídicas autorizadas a construir a unidade de compressão e distribuição de GNC serão responsabilizadas por qualquer problema de instalação e construção ainda que tenham contratado empresa prestadora de serviço especializado. 49 II.4.2 Legislação GNL De acordo com a portaria no 118 da ANP, para que o órgão regulador autorize à empresa exercer a atividade de distribuição de gás natural liquefeito, é necessário que o interessado possua o registro na junta comercial, fazenda federal e estadual. O interessado deve ainda possuir comprovação de propriedade de central de distribuição de GNL15 própria ou de terceiros, devidamente autorizada pela ANP a operar, para receber do produtor ou de outra fonte supridora o volume de GNL correspondente aos contratos para distribuição. Caso a empresa de distribuição de GNL queira construir uma central de distribuição própria, será necessário obter a autorização da ANP, mediante a apresentação da licença de instalação e operação do empreendimento junto ao órgão ambiental competente, licença de construção municipal e estadual, assim como possuir projeto básico de instalação, contendo a capacidade de armazenagem e o cronograma físico financeiro da central de distribuição. Além da documentação exigida para exercer a atividade de distribuição de GNL, é necessário possuir no mínimo 2 veículos transportadores, de propriedade própria, fretados ou arrendados, e que sejam adequados ao transporte de carga perigosa, segundo o INMETRO. Por último, fica facultada à empresa atuar na atividade de liquefação do gás, desde que esta seja realizada por pessoa jurídica constituída sob as leis brasileiras e com sede e administração no pais. II.4.3 Regulação do preço do GNC A questão do preço do GNC na distribuição gera polêmica entre os reguladores pois a opinião da ANP diverge de algumas agências reguladoras estaduais. A ANP não estabelece portarias que regulam os preços do GNC, porém, as agências reguladoras estaduais, como a CSPE (Comissão de Serviços Públicos de Energia) de São Paulo, atrelam os preços de distribuição do GNC ao gás natural canalizado. Estas divergências de opiniões prejudicam ainda 15 Central de Distribuição de GNL: área devidamente delimitada que contém os Recipientes destinados ao recebimento, armazenamento e transvasamento de GNL, construída e operada de acordo com as normas internacionalmente adotadas; 50 mais o desenvolvimento do Gás Natural, pois os investidores necessitam de regras claras para que se obtenha retornos atrativos e com segurança. II.5 Considerações Finais Conforme apresentado neste capítulo, o GNC e GNL possuem especificidades técnicas e econômicas bastante diferentes entre si. A tecnologia de compressão do gás demanda um nível de investimentos muito menor que a tecnologia de liquefação. No entanto, o GNC ocupa um volume muito maior que o GNL e, por isso, sua capacidade de transporte por carreta é muito inferior ao GNL. Sendo assim, para atender a grandes demandas de Gás Natural, o transportador de GNC necessita dispor de muitas carretas, o que eleva bastante os custos operacionais deste tipo de transporte, podendo inviabilizar este tipo de negócio. Enquanto isso, o GNL, apesar do elevado custo de capital inicial, se aproveita melhor das economias de escala e consegue manter seus custos operacionais em patamares mais baixos que o GNC. A variável distância também é de grande influência na escolha da tecnologia mais apropriada. Como já foi observado, para grandes distâncias o GNL tende a ser a mais apropriada, enquanto que, para deslocamentos de até 200 quilômetros o transporte de GNC é a melhor opção. Após realizada essa comparação entre as diferentes opções tecnológicas, será estimada a demanda potencial do Gás Natural no Brasil via transporte de GNC e GNL. O setor escolhido para a análise será o mercado de GNV no país. Como veremos no próximo capítulo, o setor automobilístico vem apresentando as maiores taxas de crescimento no consumo de Gás Natural, superando as expectativas da Petrobras, e portanto, aparece como um bom nicho de mercado para o desenvolvimento da Indústria do Gás Natural no Brasil. 51 CAPÍTULO III – MERCADO POTENCIAL DE GNV VIA GNC E GNL Neste capítulo será estimado o potencial de crescimento do uso do GNC e GNL visando apenas abastecer o mercado de gás natural veicular brasileiro. Para tanto foi necessário estimar a frota de veículos necessária para viabilizar a construção de um posto de GNV. De inicio foi necessário levantar o atual estágio de desenvolvimento de gás natural veicular em regiões que já possuem infra-estrutura de gasodutos, para depois, com base nos resultados obtidos, estimar a possível demanda de GNV em cidades desprovida de rede de dutos. Na metodologia de pesquisa, foi levantado o número de cidades brasileiras que até o inicio de 2005 possuíam posto de GNV (132), assim como suas respectivas frotas de veículos. Cruzando essas informações com a frota das cidades que ainda não possuíam GNV, foi possível estimar o número de postos GNV necessários ao abastecimento de suas frotas de automóveis. Nesta pesquisa parte-se do pressuposto de que em cidades com grandes frotas de veículos o consumo de GNV será maior do que em cidades com menos carros, dado que a distância e o tempo de locomoção serão maiores. A partir daí, a pesquisa foi feita levando-se em consideração diferentes faixas de frota. Sendo assim, foi possível estabelecer a quantidade de veículos por posto de GNV, desde cidades pequenas até em lugares com mais de 500.000 veículos. Tabela 07 - Relação Veículos/Posto por Faixas de Veículos em Áreas Providas por Dutos Veículos Cidades 0 até 10.000 10.001 até 50.000 50.001 até 100.000 100.001 até 200.000 Mais de 200.000 TOTAL 33 54 23 11 11 132 Total de veículos 140.308 1.363.481 1.608.866 1.370.531 7.808.259 12.291.445 Postos veículos/posto 51 135 137 85 507 915 2.751 10.100 11.744 16.124 15.401 13.433 Fonte: IBGE 2005 52 A título de entendimento, de acordo com a tabela 07, existem 33 cidades com até 10.000 veículos e que somam um total de 140.308 veículos. Nesta faixa de veículos encontram-se 51 postos de GNV, o que leva a uma média de 2.751 veículos por posto. Porém, para o cálculo da estimativa potencial do GNV, não foi levado em consideração as cidades com menos de 10.000 veículos. Nestas cidades, o total de postos não visam somente o abastecimento local de sua frota, mas sim de todas as cidades em seu entorno. Desta forma seria difícil estimar quantos postos demandariam as pequenas cidades, não cobertas por gasodutos, uma vez que, seria necessário projetar o consumo de todas as cidades vizinhas. Neste caso, o presente trabalho se tornaria complexo, de difícil compreensão e poderia destoar muito da realidade. Tendo sido feita esta restrição, o segundo passo foi estimar o número de postos suficientes para cada cidade que não possui GNV hoje, de forma a suprir toda a demanda potencial de GNV. Nesta etapa, tendo os índices de veículos/posto de cada faixa frotista, obteve-se o número de postos para cada cidade brasileira. O resultado desta previsão aparece na tabela abaixo, onde já aparecem somados o número de postos encontrados de acordo com o intervalo de veículos. Tabela 08 - Postos Potenciais em Áreas Desprovidas de Gasodutos Veículos 10.001 até 50.000 50.001 até 100.000 100.001 até 200.000 Mais de 200.000 TOTAL Cidades 162 10 8 2 182 Postos 318 58 59 57 492 Veículos/postos 10.100 11.744 16.124 15.401 -------------------- Fonte: IBGE 2005 Portanto, de acordo com a tabela 08, a princípio, existiria um potencial de mercado para consumo de GNV de 492 novos postos e que seriam abastecidos com GNC ou GNL. Entretanto, como já foi comentado anteriormente, a distância entre o centro consumidor e o gasoduto pode inviabilizar o transporte do GNC e GNL, dado o aumento dos custos do combustível a medida que as potenciais cidades se distanciam dos gasodutos. 53 Em seguida estimou-se a oferta média diária de um posto. De posse dos dados do total de número de postos até abril de 2005 (915) e do montante de vendas de GNV neste mesmo período (5,233 milhões de metros cúbicos), chegou-se a média de aproximadamente 5.700 m3 diários de GNV vendidos por posto. Tabela 09 - Média de Vendas de GNV por Posto no Brasil Total de Postos GNV* 915 Consumo GNV (mil m 3/dia)* 5.233 Média venda/posto (mil m 3/dia)* 5,7 *Dados de Abril de 2005 Fonte: GASNET 2005 e Folha do GNV Por fim, de acordo com a atual média de vendas de GNV por posto no Brasil, foi estimada uma oferta adicional de mais 2 milhões e 800 mil metros cúbicos diários para abastecer os 492 potenciais postos de GNV no Brasil. Desta forma, somando-se ao consumo atual de GNV, o setor automotivo atingiria o patamar de 8 milhões de metros cúbicos consumidos diariamente. Essa variação nas vendas de GNV representaria um aumento de 53% no consumo do combustível veicular. Em suma, conclui-se que o GNV pode se torna o “cartão de visita” do Gás Natural em inúmeras cidades brasileiras, possibilitando a interiorização do combustível. O amadurecimento do consumo de GNV poderá justificar futuros investimentos em infra-estrutura de gasodutos em cidades atendidas anteriormente via GNC e GNL. Entretanto, o transporte de Gás Natural através de carretas não é viável economicamente para todas as cidades brasileiras. III.1 – Estudo de Caso Como foi observado, o setor automotivo possui um grande potencial de demanda de GNV, no entanto, não é possível atender a todos os possíveis mercados via gasodutos virtuais. Um dos maiores entraves é a distância que, como já explicado no capítulo II, torna lugares longínquos inviáveis economicamente. 54 Em cidades com mais de 500 Km de distância do gasoduto, o GNL chega ao posto de GNV com um custo muito elevado e sem capacidade de competir com os seus combustíveis substitutos, como o álcool, a gasolina e o diesel. Sendo assim, o objetivo final deste trabalho é definir qual a melhor opção tecnológica de abastecimento de mercados num raio de até 500 Km da infra-estrutura de gasodutos. Para tanto, será feito um estudo de caso em duas regiões brasileiras distintas, nas quais comparou-se a viabilidade de cada tecnologia em ambos os estudos. Na região n°1, localizada no interior paulista, estudou-se a viabilidade de suprir os mercados de GNV das cidades de Ribeirão Preto, Sertãozinho e Jaboticabal, que possuem a frota de 153.475, 22.018 e 16.479 veículos respectivamente. Em todas as cidades utilizou-se as tecnologias GNC e GNL para transportar o gás a partir do gasoduto localizado na cidade de Araraquara. Figura 07 - Mapa da Região 1 Fonte: Elaboração Própria Na região nº2, localizada no oeste paranaense, estudou-se a viabilidade de suprir os mercados de GNV das cidades de Londrina e Maringá com respectivas frotas de 119.043 e 84.328 veículos. Nestas cidades utilizou-se as tecnologias GNC e GNL para transportar o gás a partir do gasoduto localizado na cidade de Ponta Grossa. 55 Figura 08 - Mapa da Região 2 Fonte: Elaboração Própria Para a realização desta análise, será considerado o preço de venda para o posto de GNV como sendo R$ 0,70 por m3. Além disso, o transportador deverá comprar o Gás Natural no city gate a um preço de R$ 0,40 por m3, das distribuidoras. Com o atual preço de venda do GNV em torno de R$ 1,10 , o posto teria uma margem de ganho de 40 centavos de Real por metro cúbico. A empresa produtora e distribuidora de GNC e GNL teria uma margem de ganho de R$ 0,30 por m3 vendido. Vale lembrar que os donos de postos GNV abastecidos por dutos possuem um custo de compressão do GN em torno de R$ 0,10 por m3. Logo, caso o transporte do gás seja feito através dos “Gasodutos Móveis”, o proprietário do posto de abastecimento estaria disposto a comprar o GNV acima do preço pago às distribuidoras de gás canalizado, uma vez que o gás já viria comprimido. Como foi visto ao final do capítulo I, na tabela 03, as distribuidoras recebem o gás no city-gate pelo preço médio de R$ 0,24/m³ para o gás nacional, enquanto que para o gás boliviano 56 o preço fica em torno de R$ 0,32 por m³. A partir destes valores, será suposto que, com o preço médio de R$ 0,40 por m³, as distribuidoras de gás canalizado estariam obtendo uma remuneração aceitável para participar do projeto. Assim, este projeto pressupõe a cooperação das distribuidoras de gás natural por dutos, podendo as mesmas inclusive atuar diretamente nos projetos. As transportadoras de GNC e GNL estariam pagando às distribuidoras locais um preço referente ao custo de capital da infra-estrutura de gasodutos, apesar de não a utilizarem. Outros dados necessários à análise das tecnologias GNC e GNL estão disponíveis na tabela a seguir. Tabela 10 - Dados Disponíveis do Projeto Vendas (m³/dia) Disponibilidade do posto Taxa de desconto Vida útil Período de depreciacao (anos) Endividamento (%) Número de parcelas Taxa de Juros Taxa de cambio (R$/US$) Alíquota Cofins Imposto de Renda PIS Contribuição Social CPMF 80.000 355 12,00% 15 10 60,00% 10 11,00% 2,50 3,00% 25,00% 0,65% 9,00% 0,38% ISS 5,00% Fonte: Elaboração Própria. Como veremos adiante, para ambas as cidades será estimado um consumo diário de 80.000 m3 diários. A taxa de desconto de 12% corresponde à taxa de juros de longo prazo cobradas nos financiamentos do BNDES mais uma margem de ganho do banco, o qual também seria o financiador de 60% de cada projeto. Outro dado importante é a taxa de câmbio a ser utilizada, de R$2,50 por dólar, que corresponde ao cenário atual em que se encontra a moeda estrangeira. 57 III.2 - Região nº1 Utilizando-se da metodologia de cálculo de postos potenciais, presente no capítulo III, foi estimada a construção de 10 postos GNV em Ribeirão Preto, 2 em Sertãozinho e 2 em Jaboticabal. A partir daí, com o índice de vendas de GNV por posto no País, chegou-se ao consumo de 57.000 m3/dia para a cidade de Ribeirão Preto e 11.400 m3/dia para cada uma das outras duas cidades. Outra importante informação a ser considerada é a distância entre as cidades. Ribeirão Preto, Sertãozinho e Jaboticabal distam 82, 97 e 66 Km respectivamente de Araraquara. Sertãozinho se situa a 45 Km de Jaboticabal. Ao todo, nessa região será consumido diariamente uma média em torno de 80.000 metros cúbicos de Gás Natural Veicular. III.2.1 - Projeto GNC na Região 1 Na primeira região, seriam necessários 5 carretas GNC para abastecer os postos de Ribeirão Preto, 2 carretas para abastecer Sertãozinho e 1 carreta para a cidade de Jaboticabal, totalizando 8 carretas GNC. Os investimentos necessários para atender a demanda de 80.000 m3/dia estão resumidos na tabela 10. Vale ressaltar que os investimentos nos caminhões GNC dependem da distância entre a estação de compressão e os clientes finais. Quanto menor é a distância, maior é o número de viagens com uma mesma carreta e, portanto, menor são as necessidades de investimento em equipamentos. Tabela 11 - Investimentos do Projeto GNC na Região 1 Obras civis Carretas 1 8 Custo unitário US$ $80.000,00 $150.000,00 Cavalo Estação de Compressão Total 8 1 Equipamento Quantidade Valor em dólar Valor em reais $80.000,00 $1.200.000,00 R$ 200.000,00 R$ 3.000.000,00 $50.000,00 $400.000,00 R$ 1.000.000,00 $1.280.000,00 $1.280.000,00 R$ 3.840.000,00 $2.960.000,00 R$ 8.040.000,00 Fonte: Elaboração Própria com base em entrevista com fornecedores. Conforme é apresentado na tabela 11, são necessários cerca de 8 milhões de reais para viabilizar a construção de uma estação de compressão de capacidade de 80.000 metros cúbicos diários, além dos equipamentos e das obras civis necessárias. 58 Além do investimento inicial no projeto, os custos operacionais influenciam bastante na viabilidade do projeto. Os custos de operação e manutenção, que envolvem os custos da estação de compressão e dos caminhões, foram estimados em R$ 0,16 por m3 de gás vendido. Estes custos, somados ao custo de compra do gás natural a R$ 0,40/m3 resultam num custo operacional anual total de R$ 15.920.408,89. Por outro lado, a venda do gás a um preço de R$ 0,70 resulta numa receita operacional de R$ 19.980.000,00. Tabela 12 – Resumo do Resultado do Projeto de Transporte via GNC na Região 1 Custo Operacional Total R$ 15.920.408,89 Receita Total Payback (anos) Taxa Interna de Retorno (a.a.) Valor Presente Líquido R$ 19.880.000,00 2 37,81% R$ 6.738.614,30 Fonte: Elaboração Própria. Com uma taxa interna de retorno (TIR) de 37,81% e um payback de apenas 2 anos, o projeto de transporte de gás natural via GNC para o abastecimento da região 1 apresentou grande rentabilidade. O valor presente líquido (VPL) em torno de 6,7 milhões de reais, resulta do grande diferencial entre a TIR do projeto e a sua taxa de desconto. Tal fato comprova a viabilidade desta tecnologia de abastecimento na região 1. III.2.2 - Projeto GNL na Região 1 A seguir, será feita uma análise da rentabilidade do mesmo projeto, porém utilizando a tecnologia do GNL. As hipóteses formuladas quanto a margem de ganho do transportador de GNL foram as mesmas do projeto de abastecimento via GNC. O abastecimento dos Postos de GNV será feito da seguinte forma: - 1carreta GNL fazendo duas viagens ao dia para Ribeirão Preto 59 - 1carreta GNL Saindo de Araraquara em direção a Sertãozinho, porém abastecendo antes os postos de Jaboticabal. Ao retornar a Araraquara a carreta é novamente abastecida com GNL, para em seguida, fazer mais uma viagem, dessa vez a Ribeirão Preto. Este tipo de projeto apresenta as seguintes características: i) construção de uma planta de liquefação do tipo “let-down” no city-gate de Araraquara com capacidade de liquefação de 80.000 m3/dia. ii) aquisição de duas carretas GNL com capacidade de transporte de 24.000 m³ cada. Tabela 13 - Investimento do Projeto GNL na Região 1 Quantidade Custo unitário US$ Valor em dólar Valor em reais Obra civil (30% Planta Liquefação) 1 $600.000,00 $600.000,00 R$ 1.500.000,00 Carretas 2 $200.000,00 $400.000,00 R$ 1.000.000,00 Equipamento Cavalo 2 $50.000,00 $100.000,00 R$ 250.000,00 Planta de Liquefação 1 $8.000.000,00 $8.000.000,00 R$ 20.000.000,00 $9.100.000,00 R$ 22.750.000,00 Total Fonte: Elaboração própria com base em entrevista com fornecedores. Com base em informações obtidas em outros projetos, estimou-se um investimento em torno de R$ 21,5 milhões na planta de GNL (planta e obras civis). A tabela 13, apresenta ainda o custo de investimento por equipamento do sistema de transporte, que elevam o projeto ao custo total de R$ 22,7 milhões. Os custos de operação e manutenção do projeto (planta liquefação e transporte) foram estimados em R$0,10 reais por m³. Somando-se o valor de R$ 0,40/m3, referentes a compra do gás no city gate, o custo total anual de operação e manutenção deste projeto chega a R$ 14.362.826,67. Por outro lado, a venda do gás a um preço de R$ 0,70 também resulta numa receita operacional de R$ 19.980.000,00. Tabela 14 – Resumo do Resultado do Projeto de Transporte via GNL na Região 1 Custo Operacional Total Receita Total Payback (anos) Taxa Interna de Retorno (a.a.) Valor Presente Líquido R$ 14.362.826,67 R$ 19.880.000,00 3 16,32% R$ 2.930.886,40 Fonte: Elaboração Própria. 60 Como pode ser observado, o projeto de transporte de gás via GNL resulta numa rentabilidade menor que o projeto GNC, mas ainda assim aceitável. A rentabilidade do projeto GNL pode melhorar sensivelmente, em comparação ao GNC, caso a demanda se localize a uma distância superior a apresentada na região 1(média de 160 Km por viagem). Vale ressaltar que os custos de investimento na planta de liquefação são sensíveis à economia de escala, assim como os custos logísticos de transporte. Comparando os resultados podemos então perceber que o transporte de Gás Natural via GNC é indicado para o abastecimento de GNV nas cidades de Ribeirão Preto, Sertãozinho e Jaboticabal, partindo-se da cidade de Araraquara. III.3 - Região nº 2 Utilizando-se da mesma metodologia de cálculo de postos potenciais na região 1, foi estimada a construção de 7 postos GNV em Londrina, assim como 7 em Maringá. A partir daí, com o índice de vendas de GNV por posto no País, chegou-se ao consumo de 39.900 m3/dia para abastecer o mercado de GNV de cada cidade. Diferentemente da região 1, a região 2 apresenta uma grande distância entre o mercado consumidor e o city gate mais próximo. A cidade de Maringá se localiza a uma distância de 315 Km de Ponta Grossa, enquanto que os postos de GNV de Londrina estão a 270 Km. Ao todo, nessa região, também será consumido diariamente uma média em torno de 80.000 metros cúbicos de Gás Natural Veicular. III.3.1 - Projeto GNC na Região 2 Na segunda região a ser estudada, foram necessários 12 carretas GNC para abastecer os postos de Maringá e 9 carretas para abastecer Londrina, totalizando 21 carretas GNC. Como podemos perceber, apesar de ambas as cidades demandarem a mesma quantidade de GN, o número de carretas necessárias ao atendimento destes mercados varia consideravelmente. Isso acontece porque as carretas que abastecem Maringá terão que percorrer em média 90 Km a mais 61 para cada viagem(ida e volta), em comparação ao abastecimento da cidade de Londrina. Os investimentos necessários para atender a demanda de 80.000 m3/dia estão resumidos na tabela 15. Tabela 15 - Investimentos do Projeto GNC na Região 2 Quantidade Custo unitário US$ Valor em dólar Valor em reais Obras civis 1 $320.000,00 $320.000,00 $800.000,00 Carretas 21 $150.000,00 $3.150.000,00 $7.875.000,00 Cavalo 21 $50.000,00 $1.050.000,00 $2.625.000,00 Estação de Compressão 1 $1.280.000,00 $1.280.000,00 $3.200.000,00 $5.800.000,00 $14.500.000,00 Equipamento Total Fonte: Elaboração Própria com base em entrevista com fornecedores. Os custos de operação e manutenção foram estimados em R$ 0,19 por m3 de gás vendido, o que ajuda a comprovar a influência da distância nos custos totais do GNC. Houve um grande aumento desses custos, comparando-se com a região 1, que apesar de transportar a mesma quantidade, aumentaram em quase 60%, passando de R$ 0,12 para R$ 0,19. Estes custos, 3 somados ao custo de compra do gás natural a R$ 0,40/m resultaram num custo operacional anual total de R$ 16.680.266,67. Entretanto, a venda do gás a um preço de R$ 0,70 resultou numa mesma receita operacional de R$ 19.980.000,00. Tabela 16 – Resumo do Resultado do Projeto de Transporte via GNC na Região 2 Custo Operacional Total Receita Total Payback (anos) Taxa Interna de Retorno (a.a.) Valor Presente Líquido R$ 16.680.266,67 R$ 19.880.000,00 8 10,68% -R$ 555.969,39 Fonte: Elaboração Própria. Podemos perceber que o projeto de abastecimento dos mercados de Londrina e Maringá via GNC não é viável economicamente. A taxa interna de retorno em 10,68% se situa abaixo da taxa de desconto do projeto (12%), e com isso o valor presente líquido do projeto é negativo. 62 Portanto, é mais interessante ao empresário investir numa aplicação bancária, que renda 12% ao mês, ao invés de participar do negócio de abastecimento via GNC na região 2. III.3.2 - Projeto GNL na Região 2 Assim como na região 1, será feita uma análise da rentabilidade do mesmo projeto, porém utilizando a tecnologia do GNL. As hipóteses sobre a margem do transportador para a análise de viabilidade econômica para os projetos com GNL foram as mesmas dos projetos com GNC. Entretanto, para essa região foram utilizadas 5 carretas GNL, sendo 3 carretas para o abastecimento da cidade de Maringá e 2 para o mercado de Londrina. Assim como ocorreu com o GNC, o fator distância levou a cidade de Maringá a demandar mais carretas que Londrina, apesar de ambas possuírem o mesmo número de postos. Neste projeto, a planta de liquefação do tipo “let-down” será instalada no city-gate de Ponta Grossa, e as carretas de GNL também terão capacidade de transporte de 24.000 normais metros cúbicos. Tabela 17 - Investimento do Projeto GNL na Região 2 Obra civil (30% Planta Liquefação) 1 Custo unitário US$ $600.000,00 Carretas 5 $200.000,00 $1.000.000,00 R$ 2.500.000,00 Cavalo 5 $50.000,00 $250.000,00 R$ 625.000,00 Planta de Liquefação 1 $8.000.000,00 Equipamento Total Quantidade Valor em dólar $600.000,00 R$ 1.500.000,00 Valor em reais $8.000.000,00 R$ 20.000.000,00 $9.850.000,00 R$ 24.625.000,00 Fonte: Elaboração Própria com base em entrevista com fornecedores. Os custos de operação e manutenção do projeto (planta liquefação e transporte) foram estimados em R$0,11 por m³. Vale ressaltar que os custos operacionais e de manutenção por m3 de gás pouco se alteraram. Com o aumento da distância e do número equipamentos de transporte utilizadas, o custo operacional e de manutenção aumentou de 10 centavos, na região 1, para apenas 11 centavos por metro cúbico de gás, na região 2. Somando-se o valor de R$ 0,40/m3, referentes a compra do gás no city gate de Ponta Grossa, o custo total anual de operação 63 e manutenção deste projeto chega a R$ 14.505.300,00. Por outro lado, a venda do gás a um preço de R$ 0,70 também resulta numa receita operacional de R$ 19.980.000,00. Tabela 18 – Resumo do Resultado do Projeto de Transporte via GNL na Região 2 Custo Operacional Total Receita Total Payback (anos) Taxa Interna de Retorno (a.a.) Valor Presente Líquido R$ 14.505.300,00 R$ 19.880.000,00 3 13,68% R$ 1.211.065,49 Fonte: Elaboração Própria. Comparando os resultados obtidos com o transporte de GNC e GNL podemos então perceber que o transporte de Gás Natural via GNL é indicado para o abastecimento de GNV nas cidades de Londrina e Maringá, partindo-se da cidade de Ponta Grossa. Como pode ser observado, o projeto de transporte de gás via GNL na região 2 resulta numa rentabilidade positiva, ao contrário do que ocorreu com o GNC. O aumento da distância na qual o gás deveria ser transportado aumentou consideravelmente os custos operacionais e com equipamentos, no projeto GNC. No entanto, esse aumento de custos não foi tão sentido no projeto de transporte via GNL. Desta forma, confirmou-se a tese apresentado no capítulo II, de que o transporte de GNL deve ser utilizado em mercados localizados a mais de 200 Km do gasoduto, pois nesse caso a sua rentabilidade é maior que a do GNC. Apesar da melhor performance do GNL perante o GNC, com o aumento da distância, é importante frisar que a rentabilidade do GNL também diminui a medida que os mercados se afastam. Na região 1, onde a distância entre os consumidores e o city gate era em torno de 85 quilômetros, o projeto de GNL obteve uma taxa de retorno de 16,32%. Na Região 2, onde essa distância era de aproximadamente 290 quilômetros, a taxa de retorno para o projeto foi de 13,68%. Sendo assim, é de se esperar que o transporte de GNL seja rentável até uma distância em torno de 500 Km. Caso o mercado consumidor se localize a uma distância superior a esta, a baixa rentabilidade inviabilizaria o projeto. 64 Conforme apresentado no capítulo II, os custos do GNC e GNL aumentam com a distância a ser percorrida. À medida que o centro consumidor se distancia da estação de compressão/liquefação, a quantidade de viagens por carreta diminui e, portanto, é necessário utilizar um maior número de caminhões. Desta forma, os custos de capital e de operação do transporte do gás aumentam, seja ele GNC ou GNL. Gráfico 06 - Custo totais do GNC X Distância* 45 40 Centavos R$/m³ 35 30 25 20 15 10 5 0 50 Km 100 Km 200 Km Custo O&M 300 Km 400 Km 500 Km Custo Capital *Para uma produção de 100.000 m3/dia, e não incluso o preço de compra do gás no city gate. Fonte: Elaboração Própria Gráfico 07 - Custo Totais do GNL X Distância* 45 40 Centavos R$/m³ 35 30 25 20 15 10 5 0 50 Km 100 Km 200 Km Custo O&M 300 Km 400 Km 500 Km Custo Capital *Para uma produção de 100.000 m3/dia, e não incluso o preço de compra do gás no city gate. Fonte: Elaboração Própria 65 Comparando os custos do GNC e do GNL, as plantas de compressão apresentam um custo operacional superior, mas um custo de investimento 3 vezes inferior ao da planta GNL, para uma distância em torno de 50 KM. Desta forma, não é o custo de liquefação que contribui para reduzir o custo do projeto GNL em comparação com o GNC, mas sim o custo de transporte. Comparando o custo do transporte do GN na forma liquefeita e comprimida, podemos observar que o custo de transporte do GNL é muito inferior ao custo do transporte do GNC e menos sensível à distância percorrida. Isto se deve à maior intensidade energética do GNL que permite a utilização de um menor número de caminhões para um mesmo volume transportado. 66 CONCLUSÃO A indústria do Gás Natural possui especificidades que muitas vezes inviabilizam o seu desenvolvimento. Trata-se de uma indústria de rede que requer uma coordenação precisa de vultuosos investimentos, com longo prazo de maturação e custos afundados em todas as etapas de sua cadeia produtiva. Tais atributos, somados a forte concorrência interenergética e a ausência de mercado cativo, geram riscos e incertezas que dificultam o aumento da infra-estrutura de gasodutos no Brasil, devido ao elevado custo de capital. Sendo assim, o tema central de discussão desta dissertação baseou-se no potencial de desenvolvimento de tecnologias alternativas ao transporte de Gás Natural via gasodutos, como forma de amenizar os riscos e incertezas nas decisões de investimento nos segmentos de transporte e distribuição. Este cenário de riscos e incertezas dificulta ainda mais a expansão do Gás Natural, cujo caráter incipiente das redes de transporte e distribuição é a característica central do estágio desta indústria no país. Sendo assim, tecnologias de transporte alternativo, como a GNC e GNL transportadas via carretas, surgem como forma de viabilizar o desenvolvimento da IGN no Brasil. O GNC, com menor intensidade em capital e maiores custos operacionais, atingiria mercados localizados a distâncias não superiores a 200 Km, enquanto que o transporte de GNL, mais intensivo em capital e com menores custos operacionais em comparação ao GNC, seria direcionado para mercados a distâncias de até 500 Km. Este transporte de GN através de carretas, conhecido como “Gasoduto Virtual”, se caracteriza pela maneira mais rápida e econômica para suprir cidades com pequenas e médias demandas. As obras de construção de um gasoduto são muito demoradas e demandam elevados investimentos, enquanto que no método “Gasoduto Virtual”, o tempo de construção das estações de compressão/liquefação e os investimentos em equipamentos são muito menores que nos gasodutos tradicionais. Analisando os possíveis nichos de mercado, o abastecimento de postos GNV em cidades sem cobertura de infra-estrutura de dutos vem apresentando um grande potencial de mercado para o uso do GNC e GNL. Tendo em vista o grande crescimento na demanda de GNV nos últimos 67 anos e uma margem de ganho atrativa, o transporte do Gás Natural via carretas poderia suprir o consumo diário de GNV em lugares onde a construção de gasodutos ainda não se tornou economicamente viável. Neste cenário de expansão, a presente dissertação apresentou um acréscimo potencial na demanda de GNV em torno de 2,8 milhões de metros cúbicos diários. Entretanto, foi comprovado que a distância é um grande limitante ao crescimento dos “Gasodutos Virtuais”. Nos estudos de caso apresentados, observou-se que o consumo de Gás Natural é viável em cidades localizadas num raio de até 500 Km, em virtude da redução do número de viagens por carreta à medida que o mercado se afasta. Nos lugares localizados dentro deste raio, o consumo de GNV é capaz de competir com combustíveis como a gasolina, diesel ou álcool. Desta forma, o aumento no consumo de GNV, que além de possuir uma queima mais limpa que os outros combustíveis, possibilitaria uma redução em nossas importações de diesel e diversificaria nossa matriz energética. À medida que a demanda nessas cidades forem aumentando, com a utilização no uso comercial e em pequenas fábricas, os “Gasodutos Virtuais” se mostrarão ainda mais úteis e eficientes na conquista de novos mercado. No momento que essa demanda justificar a implantação da malha dutoviária, o sistema de “Gasoduto Virtual” poderá abrir novas regiões que não possuam o Gás Natural, utilizando-se dos mesmos equipamentos. Portanto, para que o Gás Natural aumente sua participação na matriz energética é preciso que haja novos investimentos em formas alternativas de transporte e distribuição. Através das tecnologias GNC e GNL, será possível interiorizar o consumo do GN no Brasil, melhorando nossa balança comercial, reduzindo os índices de poluição e criando novos mercados consumidores para esse combustível tão abundante em nosso país. 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ALMEIDA, E (coord.). “Corredores Azuis: Um Estudo da Viabilidade da Difusão do GNV em Rotas Internacionais no Cone-Sul”. Rio de Janeiro: Grupo de Energia-IE/UFRJ, 2004 ALMEIDA, E.. “Economia do Gás Natural”. Apostila Didática Mimeo. Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004. ALMEIDA, E L. F. e BICALHO, R. G. (2000) “Evolução das tecnologias de transporte e reestruturação da Industria de Gás Natural” – Grupo de Energia – IE/UFRJ ALMEIDA, E. e OLIVEIRA, A. (2000). “ Developing the Gas Industry in Brazil: Competition or Regulation ?” Minerals & Energy, 2000, vol. 15, no. 3. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. “Anuário Estatístico 2004”. <http://www.anp.gov.br/conheca/anuario_2004.asp>. Acesso em Maio de2005. Disponível em: ____________,”Dados Estatísticos Mensais”. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/petro/dados_estatisticos.asp>. Acesso em: 10 julho 2005 _____________, Portaria n° 243 de 2000, Regulamenta as atividades de distribuição e comercialização de gás natural comprimido (GNC) a granel e a construção, ampliação e operação de Unidades de Compressão e Distribuição de GNC. Disponível em: < http://www.anp.gov.br/gas/legis_gas.asp>. Acesso em junho de 2005. ____________,Portaria n° 118 de 2000, Regulamenta as atividades de distribuição de gás natural liquefeito (GNL) a granel e de construção, ampliação e operação das centrais de distribuição GNL. Disponível em: < http://www.anp.gov.br/gas/legis_gas.asp>. Acesso em junho de 2005 AUSTVIK, O. G. (2000) “Economics of Natural Gas Transportation”. <http://www.kaldor.no/energy/> Acesso julho de 2005. Disponível em: BACELLAR, R. “Atuação do BNDES no Financiamento ao Setor de Gás Natural”. BNDES, Departamento de Gás, Petróleo, Cogeração e Fontes Alternativas de Energia. Rio de Janeiro, Abril, 2005. BARREIRO, E. “Small Scale LNG Production Technologies. Use in Heavy Transport”. 9th International Conference and Exhibition on Natural Gas Vehicles, Buenos Aires. 2004. 69 BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil: Promulgada em 05 de outubro de 1988. 25º Edição, São Paulo, Editora Saraiva, 2000. ________, Lei 9.478/97, Dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo, Brasília, 1997. CARLTON, D. W. e PERLOFF, J. M. (1990) “Modern Industrial Organization”, Scott, Foresman and Company. CECCHI, J. C. (coord.). “Indústria Brasileira de Gás Natural: Regulação Atual e Desafios Futuros”; Rio de Janeiro: ANP,2001. CH-IV CRYOGENICS. <http://www.ch-iv.com/cryo/> Acesso em Março de 2005 Site oficial: FAIRBAIRN, W., (2000). “Technical Evaluation of a Small Scale Natural Gas Liquefaction Systems”. Liberty 2000 Natural Gas Liquefier, California Natural Gas Vehicle Coalition, September. GALILEO site oficial:< http://www.galileo.com.ar> Acesso em março de 2005. GASENERGIA. Site oficial:< http://www.gasenergia.com.br> Acesso em março de 2005. GASNET site oficial:< http://www.gasnet.com.br> Acesso em março de 2005. GAS TECHNOLOGY INSTITUTE (1998). “LNG Vehicle Markets and Infrastructure”, GRI98/0196, Março GLOBO ONLINE. “White Martins planeja construir nova unidade GNL no valor de US$ 50 milhões”. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/petroleo/147572813.asp>. Acesso em: Junho de 2005. GUIA QUATRO RODAS. Ed. Globo, Rio de Janeiro, 2004. CD-ROM. IANGV(1997). “Chapter 6: Gas Supply and Refuelling”. International Association for Natural Gas Vehicles. Position Paper Disponível em: <http://www.iangv.org/default.php?PageID=17> Acesso em abril de 2005. INEEL (2004). “Small-Scale Methane Liquefaction Plant”. Idaho National Engineering and Environmental Laboratory. Disponível em: <http://energy.inel.gov/fossil/lng/liquefaction-plant.shtml> Acesso em maio de 2005. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA: Site oficial: <http://www.gasenergia.com.br> Acesso em junho de 2005. 70 KRAUSE, G. G.; Pinto Jr., H. Q. “Estrutura e Regulação do Mercado de Gás Natural: Especificidades do Caso Brasileiro”. Nota técnica ANP n. º 04/SEE, setembro, 1998b. LISS, W. E.; ZUCKERMAN, D.; PERRY, M..; RICHARDS, M. e KOUNTZ, K. (2002) “Development of a Small-Scale Natural Gas Liquefier”. Gas Technology Institute, 1700 S. Mt. Prospect Rd., Des Plaines, IL 60018 MINISTÉRIO DE MINAS E ENRGIA. “Balanço Energético Nacional”. <http://www.mme.gov.br> Acesso em junho de 2005. Site oficial: NEOGAS. Site oficial:< http://www.neogas.com.br> Acesso em junho de 2005. NAÇÕES UNIDAS. “Protocolo de Kioto”. Kyoto, 1997. Disponível em: <http://unfccc.int/essential_background/kyoto_protocol/items/1678.php>. Acesso em julho de 2005. PARFOMAK, P.W. “Liquefied Natural Gas (LNG) Infrastructure Security: Background and Issues for Congress”. CRS Report for Congress. September 9 , 2003. PETROBRAS. Plano Estratégico Petrobrás 2015, Rio de Janeiro, Maio,2004. <http://www.petrobras.com.br>. Acesso em julho de 2005. Disponível em: RADU, M.(coord.). “Tecnologias de Compressão de Gás Natural: Avaliação das Tecnologias de Compressão de Gás Natural utilizadas pelas Empresas NEOGAS, GALILEO e FIBA”. Rio de Janeiro: PETROBRÀS,Janeiro, 2002. SCHALIN PETROLEO (2000). “Apresentação do Estudo Preliminar do Projeto de Liquefação de Gás Natural para Licenciamento Ambiental”. SINDE, Dezembro, 2000. SERDYUKOV, S. (2002). “Standard LNG Mini-Plants at the NGV Fuelling Stations and City Gates”. 8th International Conference and Exhibition on Natural Gas Vehicles, IANGV SINOR, J. “Comparison of CNG and LNG Technologies for Transportation Applications” 1991. Disponível em: <http://www.eere.energy.gov/afdc/pdfs/2451.pdf> Acesso em Fevereiro de 2005. TEIXEIRA, F, M, T. “Potencial do Gás Natural Veicular no Mercado Gaúcho”. 2003. 177 f. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Engenharia), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003. Transportadora Brasileira Gasoduto Brasil-Bolívia S.A. <http://www.tbg.com.br> Acesso em Fevereiro de 2005. Site oficial: WARD, P. “Evaluation of Compressed Natural Gas (CNG) Fueling Systems”. California Energy Commission. Outubro, 1999. Disponível em: <http://www.energy.ca.gov/reports/1999-10_500-99-019.PDF> Acesso em maio de 2005. 71 YONEZAWA, M. (2002). “Development Of L-Cng Refueling System”. Chiyoadkikai Works Co., Ltd. 8th International Conference and Exhibition on Natural Gas Vehicles, IANGV.2002 72