539 GESTÃO ECONÔMICA DAS FUNDAÇÕES E RESPONSABILIDADE SOCIAL Ms José Alfredo de Pádua Guerra – Uni-Facef / Unesp Orientadora: Drª Claudia Maria Daher Cosac - Unesp As sociedades modernas passam por profundas alterações estruturais decorrentes da priorização da economia concorrencial de mercados, em um denominado contexto de globalização. Esses novos tempos têm a marca de grandes potências econômicas transferindo maciçamente capitais especulativos ou de produção, gradativamente derrubando as fronteiras territoriais e fiscais para aumentar a lucratividade e o consumo. Os países que tentam alcançar a concorrência desenfreada e a ampliação do mercado consumidor são aqueles que tiveram como exigência básica a estrita necessidade de efetivar três reformas estruturais nos setores das políticas públicas, na economia e no social. A realidade social tem como princípio estruturante um potencial das organizações do Terceiro Setor (fundações), a partir das possibilidades da ação política, em especial no que se refere à articulação entre sociedade civil e Estado discutindo a questão da cidadania.. O presente artigo tem por objetivo estudar a função e gestão da Responsabilidade Social das Fundações no município de Franca – SP apresentando que o comprometimento social das fundações deixou de ter conotação puramente filantrópica e ganhou dimensão estratégica, garantia de sucesso econômico a longo prazo Palavras Chaves: Desenvolvimento Econômico, Responsabilidade Social, Gestão do Terceiro Setor, Fundações. Introdução A idéia de desenvolvimento econômico é recente. Antes do surgimento do capitalismo as sociedades encontravam-se em estágios lentos de desenvolvimento. Elas eram basicamente agrícolas e variavam pouco ao longo dos anos, com exceção da ocorrência de boas ou más colheitas, de guerra ou epidemias. 540 O capitalismo está trazendo contínuas mudanças tecnológicas e acumulação de capital, alterou de forma radical as estruturas destas sociedades. Para que para uma sociedade cresça economicamente alguns fatores são fundamentais: acumulação de capital; realização de obras de infraestrutura e investimento de recursos humanos. Deve ocorrer também um aumento na população implicando com isto em um aumento da força de trabalho e da demanda interna e, por fim, o avanço tecnológico. O conceito de crescimento econômico está associado a desenvolvimento econômico, no entanto, são conceitos distintos. Crescimento econômico refere-se ao aumento contínuo do produto interno bruto em termos global e per capita, ao longo do tempo. Para Kindleberger e Herrick (1997), o desenvolvimento econômico é o aumento na produção acompanhado de modificações nas disposições técnicas e institucionais, isto é, mudanças nas estruturas produtivas e na alocação dos insumos pelos diferentes setores da produção. Para que haja “desenvolvimento” é necessário o “crescimento”. Este critério implica também em uma melhor eficiência no setor produtivo. As decisões de política econômica definem certos objetivos a serem alcançados em termos de desenvolvimento econômico levando em conta a existência de estruturas oligopólicas ou então ligada a uma visão da realidade. Adam Smith ressalta que o sistema competitivo de mercado, o interesse individual faz com que necessidades da coletividade sejam atendidas, cabendo ao mercado o papel de regulador de interesses, evitando a existência de lucros excessivos. No mercado concorrencial vários ótimos são atingidos tais como: o desemprego, por exemplo, só existe se for voluntário, pois de acordo com J. B. Say, “a oferta cria sua própria procura”; o funcionamento do mercado permite ainda, de acordo com a visão marshalliana, que se atinja a máxima eficiência produtiva, dado que as empresas tenderão a operar no tamanho ótimo. E quando estão o custo médio de longo prazo será o mínimo; por fim haverá uma justiça distributiva no sentido de que a distribuição da renda se da de acordo com o produto marginal. O desenvolvimento econômico no mínimo refere-se ao crescimento do produto per capita. Isto significa que com o desenvolvimento tem-se um 541 aumento da quantidade de bens por habitante, o que vale dizer um maior padrão de atendimento das necessidades e, portanto, maior bem-estar. Apesar do desenvolvimento acarretar um aumento na quantidade de bens e serviços, isto não significa que haja uma preocupação de se maximizar a satisfação e a preocupação com o indivíduo. A necessidade do desenvolvimento está muito mais ligada aos objetivos das empresas do que ao interesse em se atender o ser humano. Reforçando este pensamento podemos citar como fundamento teórico às proposições de Keynes, Marx e Kalecki. Em resumo, o pensamento keynesiano, em seu livro Teoria Geral do Emprego, mostra que as poupanças existem e estas devem ser investidas. Mesmo que se admita a existência de governo, não se pode aceitar que ele continuamente absorva a totalidade de poupanças do sistema para eliminar a necessidade de investimentos e, portanto, de crescimento. Ressaltando que se não forem investidas, acarretará em uma ausência de investimento conseqüentemente queda de produção e do crescimento econômico. Marx mostra com clareza a necessidade da realização de investimentos “é a concorrência que impõe a cada capitalista as leis imanentes do modo capitalista de produção como leis coercitivas externas. Compele-o a expandir continuamente seu capital, para conservá-lo, e só pode expandir por meio de acumulação de progressiva”. Marx afirma que se um capitalista deixa de reinvestir a mais-valia, permitirá que seus concorrentes, internos e externos, ameacem suas vantagens em termos de mercados, fontes de matérias-primas, custos e eficiência, tecnologia e assim por diante. Mas o reinvestimento da mais-valia, ou seja, formação de capital, aumenta a capacidade do sistema depende do crescimento econômico. Para Kalecki, o investimento é o gasto que permite ao capitalista a obtenção de lucros. De forma bastante sintética, podemos dizer que para Kalecki a renda é formada por lucros e salários, enquanto que o produto é formado por consumo dos trabalhadores, consumo dos capitalistas e investimento. Sob a premissa de que os trabalhadores não poupam, tem-se que os lucros são iguais aos gastos dos capitalistas com investimentos e consumo. 542 Abertura Econômica e Inovações Empresariais Durante as três últimas décadas, desprenderam-se forças novas e poderosas que vêm transformando a estrutura e as características competitivas de ramos que vão dos refrigerantes às telecomunicações. As empresas na atualidade têm buscado a inovação constante para se pôr à frente ou, para se manter no mercado. Tem cultivado a flexibilidade organizacional em um semnúmero de áreas, entre elas tecnologia, comercialização, canais de distribuição e economia fabril. Com a abertura ao comércio internacional e a criação dos blocos econômicos, empresas que sempre atuaram em mercados altamente protegidos passaram a sofrer uma grande competição de concorrentes nacionais e internacionais. Este novo cenário impulsionou a implementação de estratégia de integração e expansão de suas atividades internacionais. Objetiva-se com isto, aproveitar economias de escala e sinergias, aumentando sua competitividade global. A integração à economia mundial, especialmente em economias que estiveram fechadas ao comércio internacional durante décadas, caso dos países latino americanos e em particular o Brasil, coloca os dirigentes empresariais diante de mudanças estruturais, exigindo uma nova adequação aos negócios. As mudanças estruturais na economia mundial tornaram-se visíveis nos países desenvolvidos durante a década de 1970, com o avanço da integração econômica mundial e aumento da competição pelos mercados nacionais. O ambiente empresarial foi alterado sobremaneira. Em poucos anos as empresas brasileiras começaram a registrar redução em seus lucros e em sua participação no mercado. A crise das organizações nos EUA e na Europa, assim como no Brasil, tem sua origem nas próprias estratégias que as tornaram bem-sucedidas no passado, sendo que uma das principais foi à diversificação de negócios, que levou as empresas a atuarem de forma verticalizada ou horizontalizada. As estratégias de diversificação têm como objetivo reduzir riscos de perda de rentabilidade, ou seja, pela presença em diversos mercados, seja pelo controle da cadeia produtiva. Para Bassi (1997), com o aumento da 543 competição internacional pelos mercados, instala-se gradualmente um movimento de “desmonte” das grandes empresas. Entre as técnicas utilizadas para esse objetivo, a reengenharia é a ferramenta mais conhecida. Esta também é a era do Kanban, do Just-in-time, do Downsing da terceirização, das ISOs, da Qualidade Total, etc. Todas são técnicas de gestão que pretendem a racionalização e a simplificação dos processos interno, a redução de estoques e a melhoria na qualidade. Sua adoção ocorreu em grande número de empresas, na tentativa de reduzir custos e aumentar a produtividade, e em muitas delas, graças a sua aplicação adequada, realmente se registram melhorias de eficiência, via redução de níveis hierárquicos e de funções, diminuição nos custos financeiros, redução de defeitos nos produtos, aumento de produtividade e redução nos custos operacionais. O que se deduz com as aplicações dessas técnicas voltadas para melhorar a eficiência e a produtividade interna das empresas, é que as empresas não estão atentando para o fator fundamental, a globalização da economia. Eficiência interna, competitividade global, inovação tecnológica, sistemas informacionais são exigências à nova empresa. A abertura econômica e o crescimento do mercado, acessível de qualquer parte do mundo provocou um processo de crescimento da variedade de produtos, fazendo com que as grandes empresas, dispostas, sem dúvida, de um volume maior de capital para investir em grande escala, tenham melhores condições de disputa de espaços econômicos. Responsabilidade Social Diante destes contextos de globalização de abertura econômica percebe-se que as empresas a cada dia têm se tornado mais responsável com relação ao seu capital investido. O termo responsabilidade, de uso tão comum, encerra sempre a idéias de prestação de contas: alguém deve justificar a própria atuação perante outrem. Indica a obrigação, imposta ao administrador e assumida pôr ele, de prestar contas dos bens recebidos e como os aplicou. Tal acepção firmou-se na área econômica. A empresa é vista, tradicionalmente, como entidade instituída pelos acionistas, para a obtenção de lucros sendo, 544 portanto um patrimônio deles. Assim, a única responsabilidade da empresa, como entidade, e de seus administradores e operários, como contratados, seria a de obter lucros possíveis para os donos da empresa. Este modelo, sem dúvida alguma, foi útil e serviu à humanidade. Não é necessário fazer a apologia da contribuição da empresa para o desenvolvimento e para o avanço da humanidade. O importante é lembrar que a humanidade não cessou, nem cessa de evoluir. E se as condições mudam, os velhos modelos têm forçosamente de se adaptarem, ainda que seja apenas por uma elementar questão de sobrevivência. As instituições, em geral, não escapam à regra. O liberalismo sempre defendeu o princípio da segregação, entre a esfera de atuação pública onde age o Estado, como guardião do interesse coletivo, e a particular onde as pessoas, sozinhas ou em grupo, cuidam dos interesses individuais. Tal esquema não corresponde às exigências da sociedade contemporânea, onde o particular e o público mesclam-se profundamente e interagem intensamente. Embora a racionalidade postule uma distinção entre interesses públicos e particulares, nem sempre tal distinção pode ser feita de modo suficientemente claro para evitar a intervenção do Estado na esfera particular. Além do que, tal separação de esferas só seria factível e benéfica se os homens fossem capazes de conciliar, por si, o interesse pessoal com o de outras pessoas, e com o da sociedade. Mas a história e a evidencia empírica demonstram o quanto é utópica tal hipótese. Assim sendo, o modelo tradicional de empresa, com a velha acepção de propriedade dos acionistas, e com a única função de obter lucros, já não satisfaz. A empresa não se resume no capital e que este, sozinho, é improdutivo. Sem os recursos da terra (que pôr direito natural, é de toda a humanidade, não só dos capitalistas) e sem a inteligência e o trabalho dos homens, o capital não produz riquezas, não satisfaz às necessidades humanas, não gera avanços, não melhora a qualidade de vida. Inserida na sociedade que lhe dá razão de ser, a empresa é acima de tudo, uma realidade humana. A responsabilidade social deve ou tem que estar inserida no contexto da empresa, não obstante a presença da concorrência acirrada e do mercado que buscam otimizar resultados minimizando custos. 545 A empresa não se compõe de coisas ou animais, mas de seres humanos. Pessoas que querem e devem ser vitais a ela. Apresenta-se sob diversas dimensões. A social na qual o homem só existe em sociedade, sendo impossível a absoluta separação entre sua realidade pessoal e sua realidade social. A dimensão política onde é impossível o isolamento entre o interesse público e o particular. Há uma permanente participação de um poder maior na difícil tarefa de conciliar um e outro. A dimensão econômica, que legitima existência da empresa e sua atuação no seio da sociedade é de natureza econômica. A empresa é composta de seres humanos integrados numa entidade maior, a sociedade. E, portanto, os objetivos pessoais de seus membros e os objetivos maiores da coletividade vão além dos objetivos particulares da empresa. A conduta humana é balizada por dois parâmetros distintos, porém complementares: a moral e o direito. Por conseqüência, também a atividade econômica deve ater-se não só às determinações legais, como também os princípios éticos e nas normas aceitas pela sociedade. A história mostra que muitas normas, com o passar do tempo, transformam-se em leis. Na área econômica, servem de exemplo às normas morais relativas à duração da jornada de trabalho, salário mínimo e outras que, por sua relevância social, acabam transformando-se em leis. Na prática, há questões em que alguns aspectos são regulados por prescrições legais, enquanto outros ainda permanecerem no domínio da moral. Isto acontece, por exemplo, com a segurança dos produtos. O avanço do conhecimento freqüentemente demonstra a insuficiência de padrões mínimos habituais, surge a necessidade de uma regulamentação e da definição de padrões legais. Mas além se suas responsabilidades jurídicas, já definidas em lei, as empresas têm responsabilidades prescritas pela moral. São estas últimas que constituem o domínio da responsabilidade social da empresa. É quando a empresa além de agir segundo obrigações impostas passa a agir em razão de responsabilidades assumidas. 546 Competitividade Empresarial / Social Para Johnson (1997), muitas vezes homens de negócio, a despeito se suas boas intenções, não poderão assumir obrigações outras que não as submetidas na produção de um artigo vendável ao menor preço possível. Argumenta-se que os esforços individuais dos homens de negócio para fazer o bem aumentarão seus custos de produção, tornando-os perdedores na corrida de competição, a menos que todos os seus concorrentes estejam igualmente preocupados com o bem estar social. Na Lei Econômica de Gresham na qual o dinheiro mau expulsará o bom, poderá desestimular homens de empresas, que desfrutam de certo grau de poder monopolista, a se lançarem as atividades com finalidades sociais. A omissão de certos competidores em aceitar suas responsabilidades sociais pode impedir os demais de fazer o que acham ser direito, relativamente a salários, condições de trabalho, qualidade dos produtos, estabilidade econômica. Por certo, não será lógico pedir a homens de negócios para assumir obrigações sociais que só podem arrastá-los a bancarrota e mesmo quando as normas são prescritas por lei, os que obedecem a esta são, às vezes, enredados pelos seus rivais menos escrupulosos. Sem embargo, essa lei comercial de Gresham não arrasa totalmente a doutrina da responsabilidade social. O argumento de que a competição impede os homens de negócio de revelarem o lado bom de seu caráter, não é completamente verdadeiro nem mesmo quando o comércio se processa em mercados de concorrência ativa. Pode-se demonstrar isto por uma analise econômica elementar. Na medida em que os mercados não forem completamente baseados na competição, o seu rendimento não precisará ser inteiramente proporcional à produtividade. Pode-se perceber a responsabilidade social na empresa, quando esta busca um novo significado para a palavra lucro. No seu relacionamento com a sociedade existem obrigações, tais como a preservação do meio ambiente, a criação e manutenção de empregos, a contribuição para a formação profissional, a qualidade dos bens/serviços e outras que não estão legalmente assumidas, mas que são importantíssimas até mesmo para a continuidade da empresa. 547 O compromisso social de uma empresa é, sem dúvida, muito maior hoje do que há alguns anos. Isto porque a empresa tem se tornando uma das peças fundamentais para o desenvolvimento econômico e social de uma nação. A inter-relação existente entre a empresa e os vários elementos do ambiente demonstram a dimensão da sua responsabilidade social. Na sociedade existe uma preocupação crescente se analisar a empresa como uma instituição social e não somente como uma instituição econômica. Isto porque a sociedade vem premiando aquelas empresas que tomam iniciativas de desenvolver atividades sociais relacionadas com seus empregados e com a sociedade e de participar do processo de preservação e proteção do meio ambiente onde está inserida “Numa visão mais tradicional, supõe que uma empresa que está maximizando seus lucros está maximizando sua contribuição para a sociedade. Entretanto, esta visão tradicional não tem atendido às necessidades da comunidade, devido às complexas mudanças econômicas e políticas do mundo moderno, que alteram o comportamento social desta comunidade. Os problemas de gastos com o controle da poluição ambiental e condições de higiene e segurança no trabalho são alguns dos problemas sociais que devem ser evidenciados pelas empresas” (Hendriksen 1965, p. 36). As empresas têm procurado responder a esses desafios, desenvolvendo esforços no sentido de tornar mais “sociais” suas tomadas de decisão. Verificase um recente reconhecimento da necessidade de redefinição das empresas na sociedade. Essa transformação da mentalidade empresarial, concedendo-se prioridade à qualidade em lugar da quantidade, vem exigindo apreciável modificação nos critérios administrativos, em particular nos relacionamentos com o social. Muitos gestores de empresas têm reconhecido que quanto mais motivados estão os empregados, mais produtividade a empresa alcança. Quanto mais credibilidade a empresa transmite à sociedade, mais respeito e compromisso (no que diz respeito ao consumo de seus produtos/serviços) ela terá dessa sociedade. 548 Para algumas empresas, trata-se apenas de dar transparência aos investimentos sociais que vem fazendo silenciosamente e num volume e qualidades cada vez mais crescentes. Várias empresas no Brasil desenvolvem, há alguns anos, nos mais diferentes campos, projetos sócio-culturais: educação, meio ambiente, cinema, teatro, música, literatura, entre outros. A responsabilidade social da empresa situa-se além de suas responsabilidades legais. Mas não basta ir além da obrigação legal para se ter um comportamento socialmente responsável. A mesma atividade de uma empresa pode ser considerada socialmente responsável num tempo, sob determinado conjunto de circunstâncias e dentro de uma cultura, e socialmente irresponsável em outro lugar ou sob diferentes circunstâncias. Ou seja, uma empresa pode ter diferentes posturas em diferentes áreas e ocasiões. Por exemplo, pode ater-se estritamente à lei no tocante ao relacionamento com os fornecedores, ao mesmo tempo em que adota uma atitude negligente quanto à segurança de seus produtos; pode ter uma postura socialmente responsável no trato com os empregados e adotar práticas fraudulentas no faturamento, prejudicando os interesses coletivos. Pode-se questionar o que fazem as empresas privadas pelo social. No Brasil, como em toda à parte, cresce o entendimento de que uma política de desenvolvimento social está a exigir a participação de novos atores. O Estado deve ser o principal protagonista, contudo não possui condições nem para elaborar sozinho essa política, nem implementá-la. Face às limitações da ação estatal e à natureza do fenômeno da exclusão social, somente com uma ampla mobilização da sociedade será possível reunir recursos suficientes para enfrentar o problema. Trata-se, portanto, de buscar parceiros fora do Estado, na sociedade ou, mais especificamente, nas empresas privadas e no terceiro setor. Nos últimos anos, tem sido observado que as empresas privadas e as organizações do terceiro setor vêm mobilizando um volume cada vez maior de recursos destinados a iniciativas sociais. Tal multiplicação de iniciativas privadas com sentido público é um fenômeno relativamente recente. O protagonismo dos cidadãos e de suas organizações rompe a dicotomia entre público e privado, no qual o público era sinônimo de estatal, e o privado, de 549 empresarial. A atuação das empresas em atividades sociais e a expansão do terceiro setor dão origem a uma esfera pública não estatal. Considerações Finais O comprometimento social deixou de ter uma conotação puramente filantrópica e ganhou dimensão estratégica para as empresas, uma garantia de sucesso econômico à longo prazo. Atualmente, uma das condições para a empresa obter lucro e ser competitiva é relacionar sua marca a conceitos e valores éticos. Afinal, para conquistar o consumidor, que exerce com mais consciência a sua cidadania, as companhias precisam comprovar que adotam uma postura correta, tanto na relação com funcionários, consumidores, fornecedores e clientes como no que diz respeito às leis, aos direitos humanos e ao meio ambiente. Vale lembrar que as atuações sociais são atitudes louváveis e devem ser usadas para a valorização da empresa no mercado. No entanto, essa valorização deve associar os valores e objetivos da empresa à ética, gerando resultados que irão, ao mesmo tempo, colaborar para a melhoria das condições sociais da comunidade onde ela está inserida. Dessa forma, esperamos que a gestão socialmente responsável seja o fator que pode contribuir para a evolução das empresas nesse processo. Ao adotar um efetivo compromisso com a ética e a sustentabilidade social, as companhias estarão exercendo plenamente sua responsabilidade social e ajudando a construir um mundo melhor para todos. As enormes carências e desigualdades sociais existentes em nosso País dão à responsabilidade social empresarial relevância ainda maior. A sociedade brasileira espera que as empresas cumpram um novo papel no processo de desenvolvimento: sejam agentes de uma nova cultura, atores de mudança social e construtores de uma sociedade melhor. O fato de os órgãos governamentais não atenderem aos anseios da sociedade abre um importante espaço para a formação de parcerias entre o 550 governo e as empresas privadas, no intuito de assumir e implementar ações de responsabilidade social. O resultado da pesquisa poderá contribuir para que o profissional do serviço social conheça as interações entre a economia entendida não somente como mercado e formação de preços, como produto de interações sociais importantes para que os homens realizem suas capacidades. Referências Bibliográfica ASSIS, Luís Eduardo. Globalização econômica. Gazeta Mercantil, 21/03/2000. BAER, Werner. A Industrialização e o Desenvolvimento Econômico do Brasil, 3ª ed. Rio de janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas. 1997. 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