UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS XVIII EREM – Encontro Regional de Educação Matemática _______________________________________________________ EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E PEDAGOGIA DE PROJETOS: DA AÇÃO DOCENTE ÀS NECESSIDADES DE FORMAÇÂO Dr. Samuel Edmundo López Bello 1 Karliuza Fonseca Bitencourt2 Palavras Chave: Pedagogia de projetos – Formação de professores – ação docente Este texto tem como objetivo discutir, a partir de uma experiência empírica desenvolvida junto a alunos de Ensino Médio, em uma escola da cidade de Porto Alegre, a prática pedagógica por projetos em educação matemática apontando os desafios que se perfilam para os docentes e sua formação. A realização de um projeto implica em considerar aspectos importantes desde a escolha das temáticas abordadas, a própria problematização dos temas, a escolha de fontes de informação, a organização das informações e principalmente a limitação em torno do conteúdo específico restrito muitas vezes a questões elementares. (BELLO, 2003). O projeto astronomia, no qual se baseia nossa experiência, foi desenvolvido no período de maio a agosto de 2004, no Centro de Ensino Médio Pastor Dohms com um grupo de 20 alunos, com idades entre 15 e 18 anos, pertencentes a diferentes séries do ensino médio. Para o desenvolvimento inicial desse projeto, houve a necessidade da busca de um aprofundamento dos conceitos a serem trabalhados. Desenvolveu-se também uma parceria de trabalho com o IPCT-PUCRS3 , coordenado pela cientista Thais Russomano (representante brasileira na NASA). Nessa parceria foi desenvolvido um planejamento, em que o projeto começaria a partir de uma problematização (vários tópicos sobre Astronomia) e uma experiência prática sobre microgravidade (a ser realizada no IPCT com a condição que todos os alunos deveriam participar). Depois da interação com o objeto de estudo, discutir-se-ia que tema seria desenvolvido e conseqüentemente, aprofundado. Este projeto foi completamente sistêmico e interativo, em que foram desenvolvidos diferentes conceitos, em vários espaços diferenciados, ora biblioteca, ora na sala de informática, ora na PUC, ora em sala de artes, ora em sala de aula e finalmente no planetário. A prática pedagógica por meio do desenvolvimento de projetos, não é somente o professor quem planeja para os alunos executarem, ambos são parceiros e sujeitos de aprendizagem, cada um atuando, nessa interação. A partir de reflexões pessoais e profissionais é que se começa a sentir a necessidade de mudança no fazer pedagógico, isto é, um fazer em que o(a) professor(a) incentiva a imaginação criativa, favorece a iniciativa, a espontaneidade, o questionamento e a inventividade, promove e vivencia a cooperação, o diálogo, a partilha e a solidariedade. 1 Professor Adjunto do DEC/FACED/UFRGS e do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS. PPGEDU/FACED/UFRGS – Mestrado em andamento, UFPEL - Licenciatura plena em Matemática. E-mail: [email protected]. 3 IPTC-PUCRS – Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul 2 Av. Unisinos, 950 Caixa Postal 275 CEP 93022-000 São Leopoldo Rio Grande do Sul Fone: (51) 3590-8796 Fax: (51) 3590-8262 http://www.unisinos.br Brasil UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS XVIII EREM – Encontro Regional de Educação Matemática _______________________________________________________ A aprendizagem por projetos tem a intenção de possibilitar o desenvolvimento cognitivo do aluno e do professor. O passo fundamental do ensino crítico continua sendo, portanto, a descoberta de novos horizontes de ação. Buscando atingir esse objetivo na aprendizagem escolar e pretendendo desenvolver uma aprendizagem significativa, partimos da concepção de que o aluno e o professor devam ser sujeitos nesse processo interativo de construção do conhecimento e que a educação por projetos possa ser uma metodologia que se caracterize por esta perspectiva. A respeito da ação do professor de Matemática, sérias reflexões sobre sua formação se tornam pertinentes. O profissional desta área de ensino deve considerar que na sua ação pedagógica perspectivas interdisciplinares são necessárias. As diferenças e inter-relações das diferentes áreas de conhecimento, da ciência e da tecnologia, bem como a contextualização abordando a dimensão sócio-cultural dos diferentes conteúdos acadêmicos, deverão ser levados em consideração. Nesse sentido, alguns questionamentos para nós professores de Matemática revermos nossos posicionamentos são necessários. Qual é a nossa concepção de Matemática? E como essa concepção se relaciona com a nossa prática pedagógica? Outras questões também importantes são: qual o papel da Matemática como disciplina e o que justifica sua presença no currículo escolar? Como os conteúdos são selecionados? Assim, é necessário repensar a formação do professor, e do professor de Matemática, no sentido de como lidar com essa diversidade de contextos e de enfrentar esses questionamentos. Pensar numa proposta para o trabalho de sala de aula que estabeleça os vínculos entre diferentes formas de conhecimento implica considerá-la não como uma mera metodologia, mas como um conjunto de princípios, atitudes pedagógicas, cognitivas e, ainda, epistemológicas, que orientam a postura do docente na sua prática, exigindo uma compreensão da realidade do aluno, da escola, da sociedade. Gostaríamos de finalizar apontando que, embora reconheçamos os limites do trabalho com projetos, por condições insuficientes de pesquisa na universidade, vemos nela uma forte estratégia para tratamento de problemas de modo inter e transdisciplinar. Ressaltamos que o trabalho com projetos requer um comprometimento e um envolvimento do docente com a possibilidade de criar ambientes e/ou espaços escolares nos quais, além de se buscarem dados e informações, exista a oportunidade de se construir conhecimentos, desenvolver habilidades e, principalmente, formar cidadãos críticos com potencial de análise da sua realidade. Referências bibliográficas: BELLO, Samuel E. L. A pedagogía de projetos para o ensino interdisciplinar de Matemática em cursos de formação continuada de professores. In: Educação Matemática em Revista. n.15, ano 10, 2003 (a). p. 29 – 38. BELLO, Samuel E. L.; KINDEL, Eunice I. A. Educação em Ciências Naturais e Matemática: dificuldades e desafios na formação inicial e continuada de professores. In: OSTERMANN et al (org). A Universidade na educação para a ciência. Porto Alegre: UFRGS, 2004. p. 115-116 BITENCOURT, Karliúza . Educação por Projetos: A construção do conhecimento- da ação à conceituação. – Projeto de dissertação de mestrado (UFRGS): Porto Alegre, 2005 Av. Unisinos, 950 Caixa Postal 275 CEP 93022-000 São Leopoldo Rio Grande do Sul Fone: (51) 3590-8796 Fax: (51) 3590-8262 http://www.unisinos.br Brasil