Associação Académica da Universidade do Minho Revisão do Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior O Programa do XIX Governo Constitucional prevê a avaliação da aplicação das leis estruturantes do Ensino Superior e a sua revisão e melhoria nos aspetos que se revelem deficientes. A principal dessas leis é o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior. O atual Governo, desde a sua entrada em funções, sempre manifestou a sua intenção de iniciar um processo de revisão da Lei n.º 62/2007 de 10 de setembro que estabelece o Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior (RJIES), decorrente da experiência ocorrida ao longo dos últimos anos. No entanto, a realidade é bem diferente, e tendo em conta a aproximação com o final da legislatura é já pouco provável que a lei seja revista por este Governo, seguindo o processo normal de diálogo entre os agentes do sistema até à sua discussão em Assembleia da República. O Governo falha, desta forma, um dos seus principais propósitos para o Ensino Superior, evidenciando a sua incapacidade de concretização e a sua falta de coragem ao não abordar assuntos de natureza estrutural, não tendo sequer dado a conhecer a avaliação que faz sobre a lei e que deveria ter sido conhecida em 2012, de acordo com o artigo 185.º do RJIES. A não constituição do Conselho Coordenador do Ensino Superior, previsto no artigo 170.º, é também a prova do receio que este Governo tem da existência de um órgão independente, constituído pelos diversos agentes do sistema, que produza reflexão sobre a política de ensino superior em Portugal. Além disso, o Governo procura levar a cabo reformas avulsas, contidas em documentos como as “Linhas Estratégicas de Ensino Superior”, esquecendo que as mesmas não podem ser levadas a cabo sem uma revisão do Regime Jurídico que lhes serve de base. Refira-se ainda, por fim, a ausência de clarificação acerca do regime de autonomia das Instituições de Ensino Superior que apresentaram e concretizaram pedidos de passagem a fundação pública de direito privado. Nesse sentido, o movimento associativo estudantil nacional, reunido em sede de Encontro Nacional de Direções Associativas em Lisboa no dia 7 de setembro de 2014, conclui que o Governo falhou um dos seus principais objetivos em matéria de Ensino Superior, não produzindo qualquer tipo de revisão do Regime Jurídico deixando sempre a sua discussão para segundo plano. Concluí ainda a sua total incapacidade de levar a cabo reformas bem como de as discutir com os diversos agentes do Ensino Superior, ficando-se pela apresentação de propostas que nunca passam disso mesmo e lançam confusão e perturbações sobre o sistema. Lisboa, 7 de setembro de 2014