HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO HUPE / UERJ Acrodermatite Contínua de Hallopeau em paciente com hepatite C Roberto Souto da Silva Fernanda Valente da Silva Rehfeldt Isabele Araújo de Miranda Lislaine Bomm Alexandre Carlos Gripp AUSÊNCIA DE CONFLITO DE INTERESSE Paciente feminina, branca, 65 anos, com início há um ano de lesões eritemato-descamativas nos MMII. Posteriormente, passou a apresentar lesões nos pododáctilos, evoluindo com lesões em 15 dígitos. Referia dor e prurido local. Já havia realizado diversos tratamentos sem melhora. Estava em uso de corticóide e calcipotriol tópicos, referindo melhora muito discreta do quadro ungueal e melhora importante das lesões nos MMII. Ao exame, apresentava eritema, edema e pústulas periungueais e onocodistrofia importante, acometendo 15 dígitos das mãos e pés e hipercromia residual nos MMII. Histopatológico de lesão da coxa evidenciou paraceratose confluente, microabcessos de Munro, hipogranulose e acantose psoriasiforme discreta. Histopatológico de lesão da coxa evidenciou paraceratose confluente, microabcessos de Munro, hipogranulose e acantose psoriasiforme discreta. Solicitadas sorologias, PPD, RX tórax, EAS e USG de lojas renais e encaminhada para reumatologia para avaliação de acometimento articular, que posteriormente foi excluído. Apresentava sorologia positiva para hepatite C, confirmada por PCR qualitativo. Encaminhada para gastro, sendo submetida à biópsia hepática, não sendo necessário o início do tratamento com Interferon. Dessa forma, optou-se pelo início do tratamento com Ciclosporina 200 mg/dia e manutenção do corticóide e calcipotriol tópicos, evoluindo com importante melhora do quadro, com onicodistrofia residual e mínima paroníquia. Iniciará tratamento de manutenção com adalimumab e diminuição gradual da ciclosporina. A ACH é uma doença rara, crônica e recorrente, caracterizada por erupção pustulosa estéril, envolvendo predominantemente as falanges distais das mãos e pés, causando lesões dolorosas e incapacitantes. A ACH, geralmente, é considerada uma variante rara da psoríase pustulosa, pelos seus achados histopatológicos semelhantes. Sua etiologia ainda é desconhecida. Acomete, mais comumente, mulheres de meia-idade. Clinicamente, caracteriza-se por múltiplas pústulas em uma base eritematosa e descamativa, geralmente restrita a porção distal de um ou dois dígitos. Pústulas no leito e na matriz ungueal estão frequentemente associadas com onicodistrofia e até mesmo anoníquia nos dígitos envolvidos. A erupção pode, eventualmente, causar, esclerose e, até mesmo, osteólise da falange distal. Surtos de psoríase pustulosa generalizada podem ocorrer como complicação. O tratamento é muito difícil e frequentemente desapontador. A ciclosporina é uma das terapias mais utilizadas na psoríase, entretanto, pelo seu efeito imunossupressor, ela é contraindicada em pacientes com infecções crônicas. Pesquisas recentes revelaram que a ciclosporina inibe a replicação do vírus da hepatite C, através do bloqueio da ciclofilina B. Sendo assim, a ciclosporina pode ser uma excelente solução para pacientes com ambas as doenças. Os anti TNF α também representam uma opção terapêutica nos pacientes com psoríase severa e hepatite C. A droga mais estudada nessa situação é o etanercept. Muitos estudos demonstraram que o etanercept não modificou a carga viral, os níveis de transaminases e os achados na biópsia hepática. Os inibidores de TNF α também mostraram benefícios quando usados em conjunto com interferon e ribavirina, diminuindo a carga viral e seus efeitos adversos Dessa forma, optamos por iniciar o tratamento com a ciclosporina, que é uma droga com início de ação mais rápido na psoríase, ideal na fase aguda da doença, e segura em pacientes com hepatite C. No entanto, por ser uma droga com efeitos colaterais freqüentes, como HAS e nefrotoxicidade, devemos iniciar uma droga de manutenção e reduzi-la gradualmente, de acordo com a melhora clínica. Optamos por realizar a manutenção com o adalimumab, que também é uma droga segura na hepatite C. 1. 2. 3. 4. 5. Puig L, Barco D, Vilarasa E, Alomar A. Treatment of acrodermatitis continua of Hallopeau with TNF-blocking agents: a case report and review. Dermatology. 2010;220(2);154-8. Epub 2010 Jan 26. Review. Ryan C, Collins P, Kirby B, Rogers S: Treatment of acrodermatitis continua of Hallopeau with adalimumab. Br J Dermatol 2009; 160:203-205. Nikkels AF, Piérard GE: Etanercept and recalcitrant acrodermatitis continua of Hallopeau. J Drugs Dermatol 2006; 5: 705-706. Weisshaar E, Diepgen TL: Successful etanercept therapy in therapy refractory acrodermatitis continua suppurativa Hallopeau. J Dtsch Dermatol Ges 2007; 5: 489-492. Harland CC, Kilby PE, Dalziel KL: Acrodermatitis continua responding to cyclosporine therapy. Clin Exp Dermatol 1992; 17: 376-378.