Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.Especial, p.397-410, 2011 ISSN 1517-8595 397 AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE DOCES CREMOSOS PRODUZIDOS COM SORO DE LEITE DE CABRA, LEITE DE VACA E POLPA DE UMBU Maria do Socorro Santos da Silva1, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo2, Alexandre José de Melo Queiroz2, Vanessa Maria dos Santos Santiago3 RESUMO O leite de cabra oferece vantagem competitiva em relação ao leite de vaca pela sua melhor digestibilidade e por se prestar para a produção de queijos especiais de alto valor comercial. A produção de queijo gera, em grandes quantidades, soro como subproduto. O soro é um alimento rico em proteínas de alto valor biológico, mas sofre com baixa aceitabilidade devido ao sabor e odor, ainda mais quando derivado de leite caprino. A estratégia economicamente mais viável para o aproveitamento do soro de leite caprino é a incorporação de ingredientes que mascarem seu sabor, com ganhos maiores se forem usados ingredientes locais, como a polpa de umbu. Neste trabalho utilizou-se soro de leite de cabra na produção de doce de leite cremoso, com a incorporação de sacarose e polpa de umbu. As amostras foram elaboradas com a mistura de soro de leite de cabra na proporção de 1:1, mais 20% de sacarose e polpa de umbu variando nas proporções de 10, 15 e 20%. Nas análises sensoriais os provadores avaliaram as amostras por meio de uma escala hedônica de nove pontos, na qual julgaram os atributos consistência, sabor, cor, aroma, aparência, acidez e doçura. Os doces de leite cremosos tiveram suas características químicas e físico-químicas alteradas pela adição de polpa de umbu, apresentando diminuição nos valores de pH e proteínas. A adição de polpa aos doces não afetou proporcionalmente os parâmetros teor de cinzas, açúcares redutores, lipídios, massa específica, atividade de água e os parâmetros de cor também foram afetados, mas sem indicação de proporcionalidade. As amostras com menor quantidade de polpa tiveram melhor aceitação. À medida que a quantidade de polpa aumentou, a aceitação diminuiu. Palavras-chave: Spondias tuberosa, análise sensorial, caprinos PHYSICOCHEMICAL AND SENSORY EVALUATION OF SWEET PRODUCED WITH WHEY GOAT, MILK AND UMBU PULP ABSTRACT The goat milk offers competitive advantage compares to the cow milk for its best digestibility and for its use in special cheeses of high commercial value. The cheese production generates, in great amounts, serum as residue. The serum is a rich food in proteins of high biological value, but it suffers with low acceptability due to the flavor and smell, and that acceptability is even worse when the serum is derivative of bovid milk. The strategy economically viable for the use of the serum of bovid milk is the incorporation of ingredients that chew its natural flavor, which may bring great advantage if local ingredients were used, as the umbu pulp. In this work serum of goat milk was used in the production of candy of milk, with the sucrose and umbu pulp incorporation. The samples were elaborated with the mixture of serum of goat milk in the proportion of 1:1, with addiction of 20% sucrose and umbu pulp which varied in the proportions of 10, 15 and 20%. In the sensorial analyses the tasters evaluated the samples through a hedonic scale of nine points, in which it judged the consistence, flavor, color, aroma, appearance, acidity and sweetness attributes. The sweet creamy milk had their chemical and physical-chemical altered by the addition of umbu pulp, with decrease in pH and protein. Pulp added to the candy did not affect proportionally ash, reducing sugars, lipids, density, water activity and color parameters were also affected, but no indication of proportionality. The samples which contains smaller pulp content had better acceptance. The pulp content was inversely proportional the acceptance, so as the amount of pulp increased the acceptance decreased. Keywords: Spondias tuberosa, sensorial analysis, bovid Protocolo 13-2011-68 de 25 de novembro de 2011 1 Mestre em Engenharia Agrícola, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Belo Jardim, PE. E-mail: [email protected] 2 Professor Doutor, Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, UFCG, Campina Grande, PB. Email: [email protected], [email protected] 3 Mestre em Engenharia Agrícola, Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Centro de Tecnologia e Recursos Naturais, UFCG, Campina Grande, PB. E-mail: [email protected] 398 Avaliação físico-química e sensorial de doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra..... Silva et al. INTRODUÇÃO O leite é utilizado como alimento básico na dieta humana em todas as faixas etárias por ser um dos produtos mais completos do ponto de vista nutricional por possuir alta digestibilidade além de ser fonte de cálcio, magnésio e de proteína de alto valor biológico, devido à presença expressiva de todos os aminoácidos essenciais (Santos, 2011). A produção de leite, tanto bovino como caprino, para consumo in natura ou transformado em derivados, tem destacada importância para a região Nordeste. Nos últimos anos tem-se notado o crescente aumento de derivados lácteos originados do leite de cabra em decorrência da atividade pecuária leiteira caprina que está em pleno desenvolvimento, principalmente nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, onde esta atividade tem sido vista como uma alternativa de emprego e renda para a agricultura familiar (Ivo, 2007). Segundo Haelein (2004), a demanda por leite de cabra cresce em função de três aspectos: os caprinos são fonte de carne e leite para a população de áreas rurais, representando em certas regiões parte importante do consumo doméstico de proteína, e sua demanda, nestas regiões, acompanha o próprio crescimento populacional; o segundo aspecto é o interesse de conhecedores e especialistas por produtos como queijos e iogurtes, especialmente em países desenvolvidos, demanda que está relacionada à maior renda; e o terceiro aspecto deriva da preocupação cada vez maior das pessoas com alimentação e saúde e a procura crescente por alimentos nutritivos, saudáveis e funcionais. A caprinocultura no Brasil é uma atividade realizada majoritariamente por pequenos produtores. A criação de caprinos está fortemente concentrada na região Nordeste, que responde por 91% do rebanho nacional, além de deter a maior produção de leite de cabra, 67%. A Paraíba desponta como o maior produtor de leite de cabra do país, com uma produção média de meio milhão de litros/mês, produzida por criadores agregados em 22 associações rurais, na região do Cariri paraibano (IBGE, 2007). Nos últimos anos, vários esforços têm sido realizados por agências governamentais em associação às universidades para implementar programas de melhoria do nível tecnológico da indústria de leite de cabra. Embora a produção de leite de cabra tenha aumentado no Brasil, especialmente na Região Nordeste, há uma considerável lacuna de informações sobre a qualidade do leite de cabra comercializado no país, para subsidiar as necessidades da indústria (Anualpec, 2003). Produtos como queijos, iogurtes, doces e bebidas lácteas, podem ser obtidos a partir do leite de cabra, utilizando-se de processos simples, sendo essa uma alternativa para o aumento no consumo de produtos de origem caprina, e para a agregação de valores a tais produtos (Santos, 2011). O soro de leite, um subproduto das queijarias, possui alto valor nutricional e até pouco tempo era rejeitado, tornando-se um resíduo de elevado impacto ambiental quando eliminado no ambiente, principalmente em cursos de água. Esse desperdício vem sendo gradualmente reduzido na indústria, onde tem sido utilizado na composição de produtos alimentícios diversos, inclusive na elaboração de compostos lácteos, líquidos ou em pó, geralmente com preços mais acessíveis. No Brasil, porém, esse aproveitamento é dedicado quase exclusivamente ao leite bovino. O leite caprino, já de baixa aceitabilidade por boa parcela da população devido ao sabor peculiar, transmite essa característica ao soro, um produto de gosto ácido e normalmente inaceitável para consumo direto. Alternativas para contornar esse problema são possíveis por meio de misturas e incorporações de outros ingredientes que conduzam a um novo produto, preferencialmente aproveitando as disponibilidades e produções locais. Segundo Madrona et al. (2009) a substituição de parte do leite pelo soro de queijo significa para a indústria diminuição nos custos de fabricação e uma forma racional de aproveitamento deste produto secundário, que apresenta excelente valor nutritivo. Tendo em vista a elaboração de um novo alimento, com boa aceitação sensorial e aproveitando o potencial nutricional do soro de leite de cabra e de um fruto nativo, este trabalho foi realizado com o objetivo de se elaborar doces de leite cremosos compostos de soro de leite de cabra, leite de vaca e polpa de umbu, avaliando suas características químicas, físicas e sua aceitabilidade do ponto de vista sensorial. MATERIAL E MÉTODOS Matérias-primas Foram utilizados como matérias-primas polpa de umbus (Spondias tuberosa Arruda Câmara) maduros, proveniente da zona rural do Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.Especial, p.397-410, 2011 Avaliação físico-química e sensorial de doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra..... Silva et al. município de Belo Jardim, PE, leite integral de vaca esoro de leite de cabra resultante de produção de queijo. Processamento do umbu 399 minutos e procedeu-se a reposição de cálcio, adicionando-se 4 mL de cloreto de cálcio para cada 10 litros de leite. Umbus Inicialmente, os umbus foram submetidos a um processo de seleção manual com o objetivo de eliminar os frutos danificados e obter um lote uniforme. Após a seleção, os frutos foram higienizados mediante lavagem em água corrente, sanitizados por imersão em solução de hipoclorito de sódio a 50 ppm, durante 15 minutos, enxaguados em água corrente e secos ao ar. O despolpamento foi realizado em despolpadeira provida de tela com aberturas de 1,0 mm, sendo separada a polpa das sementes. Após o despolpamento, a polpa de umbu foi homogeneizada e envasada automaticamente em sacos de polietileno de baixa densidade e armazenada em câmara de congelamento na temperatura de -18 °C. As etapas utilizadas no processamento para a obtenção da polpa de umbu estão representadas na Figura 1. Seleção Sanitização Despolpamento Homogeneização Embalagem Congelamento Obtenção do soro do queijo de leite de cabra O soro de leite de cabra foi produzido com atenção às condições higiênico-sanitárias na fabricação de queijo de coalho, a fim de se obter um material isento de contaminações e apropriado para a fabricação dos doces. Inicialmente, obteve-se o leite de cabra no setor de caprinocultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Campus Belo Jardim, proveniente de animais saudáveis em pleno ciclo de produção leiteira. Ao chegar às instalações de processamento, foi feita a recepção do leite com realização das análises de plataforma (teste de alizarol e densidade); em seguida, o leite foi pasteurizado artesanalmente a 65°C por 30 Armazenamento (-18 °C) Figura 1 – Fluxograma do processamento da polpa de umbu Em seguida, adicionou-se o coalho conforme instruções do fabricante. A coagulação ocorreu entre 40 e 50 minutos, e a coalhada foi cortada em cubos com cerca de 1,5 a 2 cm de lado. Realizou-se uma mexedura lenta, em forma de 8,com intervalos de 5 minutos até atingir um dessoramento parcial, sendo essa primeira dessoragem separada para elaboração do doce. Na Figura 2 são apresentadas as etapas seguidas na fabricação do queijo de coalho. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.Especial, p.397-410, 2011 400 Avaliação físico-química e sensorial de doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra..... Silva et al. Matéria prima (leite de cabra) Recepção Pasteurização (65°C-30 minutos) Adição de ingredientes Cloreto de cálcio e Coagulante Coagulação Corte da massa Mexedura 1ª dessoragem Soro utilizado no doce Figura 2 – Fluxograma para a obtenção do soro para elaboração do doce de leite Processamento dos doces Foram elaborados três doces cremosos contendo soro de leite de cabra, leite integral de vaca, sacarose e polpa de umbu integral em diferentes concentrações (10, 15 e 20%). Para a elaboração dos doces, inicialmente foi formulada uma mistura de soro de leite de cabra e leite integral de vaca na proporção (1:1), a qual foi homogeneizada e adicionado 0,5 g de bicarbonato de sódio para redução da acidez. Em seguida, sob aquecimento em fogão industrial a 55 °C e agitação manual, foi adicionada sacarose à mistura até atingir 52 °Brix. Os doces cremosos foram obtidos por meio de um novo processo de homogeneização e cocção da mistura com adição da polpa de umbu nas concentrações de 10, 15 e 20%, até obter ponto de doce. A seguir foi realizado um batimento durante 10 minutos. Os doces obtidos foram envasados em recipientes plásticos com capacidade para 250 mL e armazenados em local fresco e arejado, sob temperatura ambiente, até a realização das análises sensoriais. Na Figura 3 são apresentadas as etapas seguidas para a obtenção dos doces cremosos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.Especial, p.397-410, 2011 Avaliação físico-química e sensorial de doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra..... Silva et al. 401 Matéria prima (soro de leite de cabra + leite de vaca) Homogeneização Correção da acidez Aquecimento (55 °C) Adição de sacarose 2ª Homogeneização Cocção Adição da polpa (10, 15 e 20%) Ponto do doce Batimento do doce (10 minutos) Envase Armazenamento Figura 3 - Fluxograma do processamento dos doces cremosos Caracterização da polpa de umbu e dos doces cremosos A polpa de umbu e os doces cremosos com adição de 10, 15 e 20% de polpa de umbu foram caracterizados química, física e físicoquímicamente, em triplicata, quanto ao pH, atividade de água, ácido ascórbico, acidez total titulável, cinzas, açúcares redutores, cor, proteínas totais, lipídios e massa específica. O pH foi determinado pelo método potenciométrico, com medidor de pH da marca Tecnal modelo TEC-2, previamente calibrado com soluções tampão de pH 4,0 e 7,0; os resultados foram expressos em unidades de pH. As atividades de água das amostras foram determinadas a 25 oC utilizando-se o equipamento Aqualab modelo 3TE da Decagon Devices. O ácido ascórbico foi determinado segundo o método da AOAC (1997), modificado por Benassi & Antunes (1988). Nesta metodologia o ácido oxálico é usado como solução extratora e se baseia na titulação da amostra com o 2,6 diclorofenolindofenol sódio, que apresenta a cor rosa em solução ácida e a cor azul em solução alcalina. Os resultados foram expressos em mg de ácido ascórbico/100 g da amostra. A acidez total titulável foi determinada através do método acidimétrico do manual do Instituto Adolfo Lutz (Brasil, 2005), sendo as amostras tituladas com solução padronizada de NaOH 0,1 N, com os resultados expressos em percentagem de ácido cítrico. As cinzas foram determinadas utilizando-se a metodologia descrita pela AOAC (1997) e expressas em percentagem (%). Os açúcares redutores foram Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.Especial, p.397-410, 2011 402 Avaliação físico-química e sensorial de doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra..... Silva et al. determinados utilizando-se a metodologia descrita pela AOAC (1997), com os resultados expressos em percentagem de glicose. A determinação da cor das amostras foi realizada, em triplicata, em espectrofotômetro portátil Hunter Lab Mini Scan XE Plus, modelo 4500 L, no sistema de cor L*, a* e b*. L* é a luminosidade, a* a transição da cor verde (-a*) para o vermelho (+a*) e b* a transição da cor azul (-b*) para a cor amarela (+b*). Determinou-se o teor de proteínas, expresso em percentagem, através do método descrito no manual do Instituto Adolfo Lutz (Brasil, 2005). O teor de lipídios foi determinado através do método descrito no manual do Instituto Adolfo Lutz (BRASIL, 2005). A massa específica das amostras foram determinadas através do método picnométrico, na temperatura de 25 ºC. Análise sensorial As análises sensoriais dos doces com adição de diferentes concentrações de polpa de umbu (10, 15 e 20%) foram realizadas em cabines individuais com 84 provadores não treinados, de ambos os sexos, com idade variando entre 18 e 50 anos. As amostras foram colocadas em copos plásticos descartáveis de cor branca com capacidade para50 mL, os quais foram codificados com números de três dígitos. Juntamente com o doce foram servidos biscoito “água e sal” e água mineral. Além disso, os degustadores foram instruídos a fazer uma pausa entre uma análise e outra, servindo-se desses recursos para minimizar o sabor residual deixado pela prova anterior. Os julgadores analisaram as amostras usando o teste de aceitação com escala hedônica de nove pontos (1 a 9), avaliando os atributos cor, consistência, sabor, doçura e odor (Figura 4), expressando-se o grau de gostar ou desgostar dos doces, em que o valor 1 referiu-se à pior avaliação e o valor 9 correspondeu a melhor avaliação. A intenção de consumo foi avaliada aplicando-se o teste afetivo com escala estruturada numérica de 7 pontos, conforme Figura 5. As amostras foram também avaliadas quanto ao grau de preferência, aplicando-se o teste afetivo de ordenação-preferência (Figura 6) com escala variando de 1 a 3, referindo-se a nota (1) como menos preferida, (2) intermediária e (3) mais preferida. TESTE DE ACEITAÇÃO Idade: ____ Julgador: _________________________________ Data: ________ Você está recebendo três amostras codificadas. Avalie cada amostra segundo o grau de gostar ou desgostar, utilizando a escala abaixo: ( 9 ) Gostei muitíssimo ( 8 ) Gostei moderadamente ( 7 ) Gostei regularmente ( 6 ) Gostei ligeiramente ( 5 ) Não gostei/ nem desgostei ( 4 ) Desgostei ligeiramente ( 3 ) desgostei regularmente ( 2 ) Desgostei moderadamente ( 1 ) Desgostei muitíssimo Amostra (no) Cor Consistência Nota Odor Sabor Doçura Comentários:_____________________________________________________________ Figura 4 - Formulário utilizado para análise dos atributos sensoriais cor, consistência, sabor, doçura e odor dos doces cremosos Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.Especial, p.397-410, 2011 Avaliação físico-química e sensorial de doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra..... Silva et al. 403 Idade: ____ Julgador: _________________________________ Data: ________ Você está recebendo três amostras codificadas. Avalie cada uma segundo a sua intenção de consumo, utilizando a escala abaixo. (7) Comeria sempre (6) Comeria muito frequentemente (_______)__________ (5) Comeria frequentemente (4) Comeria ocasionalmente (_______)__________ (3) Comeria raramente (2) Comeria muito raramente (_______)__________ (1) Nunca comeria Comentários:_____________________________________________________________ Figura 5 - Formulário utilizado para avaliar a intenção de consumo dos doces cremosos Idade: ____ Julgador: _________________________________ Data: ________ Você está recebendo três amostras codificadas, avalie cada uma na ordem crescente de sua preferência. ________ ________ (1) (menos preferida) (2) ________ (3) (mais preferida) Comentários:_____________________________________________________________ Figura 6 - Formulário utilizado para avaliar o grau de preferência dos doces cremosos Análise estatística RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o tratamento dos resultados das análises sensoriais foram utilizados os programas Consensor versão 1.1 (Silva et al., 2010) para calcular o coeficiente de concordância (Eq. 1) entre os julgadores, e o programa Assistat versão 7.6 beta (Silva & Azevedo, 2009). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com a comparação entre as médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. (1) em que, CC - coeficiente de concordância corrigido entre julgadores, %; d - menor diferença entre os valores das duas notas de maiores freqüências absolutas. Caracterização da polpa de umbu e dos doces pastosos Na Tabela 1 são apresentados, os valores médios da caracterização da polpa integral de umbu e do doce cremoso com adições 10,15 e 20% de polpa de umbu. Observa-se que o valor do pH encontrado para a polpa de umbu foi de 2,47, sendo superior ao valor encontrado por Lira Júnior (2005), que foi em média 2,20 e inferior ao encontrado por Pinto et al. (2001) que obteve em média 2,75. Diante do pH determinado temse que a polpa do umbu é classificada, de acordo com Baruffaldi & Oliveira (1998), como alimento muito ácido (pH abaixo de 3,7). O pH das amostras de doce nas concentrações de 10, 15 e 20% de polpa de umbu variaram entre 5,49 a 4,40, valores superiores aos encontrados por Martins et al. (2007) estudando as características de doces de umbu verde e Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.Especial, p.397-410, 2011 404 Avaliação físico-química e sensorial de doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra..... Silva et al. maduro, cujos valores foram de 3,33 a 3,55. Segundo Fernandes et al. (2008), a verificação do pH em alimentos pode ser usada para determinar a deterioração do alimento, crescimento de microrganismos, atividades de enzimas, textura, retenção do sabor-odor de produtos de frutas, verificação do estado de maturação de frutas, escolha da embalagem, etc., sendo este o fator que exerce maior efeito seletivo sobre a microflora capaz de se desenvolver. Segundo Fellows (2000), a disponibilidade de água para a atividade microbiológica, enzimática ou química é que determina a vida de prateleira, sendo um fator muito importante no controle da taxa de deterioração do alimento. O valor médio da atividade de água da polpa de umbu, de 0,84, sendo este valor, inferior ao resultado obtido por Carvalho et al. (2011) ao trabalhar com polpa de cajá, que foi de 0,98 ± 0,01. Para as amostras de doces a atividade de água variou entre 0,82 a 0,85, valores estes superiores aos encontrados para doces de umbu por Martins et al. (2007), que situaram-se entre 0,75 a 0,80. Dos resultados, tem-se que as amostras analisadas, embora ainda não se encontrem em faixa isenta de alterações, situam-se fora do valor ótimo de atividade de água para o crescimento de microrganismos patogênicos, na faixa de 0,92 e 0,99, conforme Adambounou et al. (1983). Para a polpa de umbu, o teor de ácido ascórbico encontrado foi de 9,10 mg/100g, valor inferior ao de Ferreira et al. (2000), que reportou 13,31 mg/100g para o mesmo fruto, mas superior ao encontrado por Follegatti et al. (2003), de 7,65 mg/100g. As quantidades de ácido ascórbico nas concentrações de 15 e 20% de polpa de umbu são estatisticamente iguais a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey e superiores ao valor determinado para o doce na concentração de 10%, ou seja, a adição de polpa proporcionou um enriquecimento dos doces em teores de ácido ascórbico. Tabela 1 – Caracterização da polpa de umbu e dos doces cremosos Doce – 10% Parâmetro Polpa de polpa de umbu pH 2,47d 4,40c Doce -15% de polpa de umbu 4,82b Doce -20% de polpa de umbu 5,49a Atividade de água 0,84b 0,83b 0,85a 0,82c Ácido ascórbico (mg/100g) 9,10a 5,21c 6,69b 6,81b Acidez total titulável (% ácido cítrico) 1,82a 0,31d 0,49c 0,62b Cinzas (%) 1,24c 1,24 c 1,45a 1,43b Açúcares redutores (% glicose) 22,91 a 23,25a 22,25 a 22,91a Luminosidade (L*) 43,93b 47,86 a 39,04d 41,13c Intensidade de vermelho (+a*) 0,47c 2,50a 1,01bc 1,46b Intensidade de amarelo (+ b*) 26,42a 20,85b 18,18c 18,03 c Proteínas Totais (%) - 3,85b 4,57a 4,77a Lipídios (%) - 4,40c 5,32a 4,70b Massa específica 1,03b 2,35a 2,34a 2,35a Médias seguidas das mesmas letras nas linhas não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade Para a acidez total titulável encontrado na polpa de umbu, de 1,82% de ácido cítrico, nota-se um valor superior ao determinado por Mattietto (2005) e Souza (2008), para este mesmo tipo de produto, que foram de 1,39 e 1,68%, respectivamente, e por Carvalho et al. (2008), que foi de 1,7%, para a polpa de umbucajá. Porém, é inferior ao valor encontrado para o umbu por Lima et al. (2002), que foi de 1,91% de ácido cítrico. Tais diferenças são esperadas em produtos de origem biológica, influenciados por fatores como variedade, solo, pluviosidade e luminosidade, entre outros. Os valores da acidez total titulável (% de ácido cítrico) para o doce nas concentrações de 10, 15 e 20% de polpa de umbu, diferiram estatisticamente a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey, com valores de 0,31% de ácido Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.Especial, p.397-410, 2011 Avaliação físico-química e sensorial de doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra..... Silva et al. cítrico, para a concentração de 10% de polpa e de 0,62 para o doce com 20% de polpa, aumentando com o aumento da proporção de polpa de umbu. Martins et al. (2007) também detectou variações na acidez titulável em amostras de doce de umbu, as quais situaram-se entre 0,39 e 0,66. O resíduo por incineração (cinzas) de 1,24% é superior ao verificado por Pereira (2008) e Torres et al. (2003), cujos resultados são de 0,60 e 0,54%, respectivamente. Observase que o teor de cinzas é pequeno em comparação com materiais ricos em minerais como polpa de jaca, que possui um percentual de 3,71% (Souza, 2008). Os teores de cinzas do doce de leite nas concentrações de 10, 15 e 20% polpa de umbu, foram de 1,24; 1,45 e 1,43%, sendo estatisticamente diferentes a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey, mas não se observa relação entre a concentração de polpa adicionada e o teor de cinzas. Nota-se que o teor médio de açúcares redutores (% glicose) da amostra de polpa de umbu foi de 22,91%, cerca de três vezes o valor encontrado por Pereira (2008) em polpa de umbu-cajá integral, na qual encontrou valor de 7,04 ± 0,19, e de quatro vezes o valor obtido por Bueno et al. (2002) para a polpa congelada de umbu, que reportou 5,7% de glicose. Os açúcares redutores (% glicose) das amostras de doce com concentrações de 10, 15 e 20% de polpa de umbu, foram estatisticamente iguais, de acordo com o teste de Tukey a 5% de probabilidade; o aumento da concentração de polpa de umbu não influenciou nos teores de açúcares redutores das amostras, onde o valor máximo obtido foi referente a concentração de 10% de polpa de umbu (23,25% glicose). Os parâmetros intensidade de vermelho (+a* = 0,47) e intensidade de amarelo (+b* = 26,42), identificam a predominância da cor amarela na polpa de umbu, diferentemente dos resultados reportados por Pereira (2008) na polpa de umbu-cajá, cujas intensidade de vermelho e intensidade de amarelo são mais equilibradas, com valores de +12,23, +24,17, respectivamente. A amostra de doce com a concentração de 10% apresentou-se mais clara que as demais, com índice de luminosidade (L) superior às demais concentrações e à polpa, 405 com tendência de escurecimento com o aumento da concentração de polpa. Os valores obtidos para o parâmetro intensidade de amarelo predominou em todas as amostras em relação à intensidade do vermelho, indicando a predominância da cor amarela. Verifica-se que o teor de proteínas totais das amostras com 15 e 20% de polpa de umbu foram estatisticamente iguais e com maiores teores do que a amostra com 10% de polpa, o que é natural tendo em vista que a polpa de umbu não se constitui em fonte proteica. Os valores médios de lipídios para o doce nas concentrações de 10, 15 e 20% de polpa de umbu diferiram estatisticamente entre si; a amostra com 15% de polpa foi a que apresentou maior percentual de lipídios, indicando que proporção de polpa não afetou o teor de lipídios. O valor médio de massa específica aumentou em mais de 100% entre a polpa e as amostras de doce, mas não sofreu alteração entre as amostras de doce com diferentes teores de polpa. Avaliação da aceitação dos doces cremosos Na Tabela 2 apresentam-se os valores médios obtidos na avaliação sensorial, utilizando escala hedônica de 9 pontos, dos atributos cor, consistência, sabor, doçura e odor dos doces fabricados com adição de diferentes concentrações de polpa de umbu. Observa-se que o doce com adição de 10% de polpa de umbu obteve médias, em valores absolutos, superiores às demais amostras em todos os parâmetros sensoriais analisados. Porém, constata-se que em todos os parâmetros analisados as notas médias dos doces com 10 e 15% de polpa de umbu não diferiram estatisticamente entre si, de acordo com o teste de Tukey a 5% de probabilidade, significando que estas amostras tiveram a mesma aceitação. As notas médias dos doces com 10 e 15% de polpa de umbu para o atributo sabor foram próximas ao encontrado por MILAGRES et al. (2010) para o doce de leite com açúcar, que foi de 7,53. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.Especial, p.397-410, 2011 406 Avaliação físico-química e sensorial de doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra..... Silva et al. Tabela 2 – Notas médias do teste de aceitação (parâmetros: cor, consistência, sabor, doçura e odor) dos doces cremosos fabricado com adição de diferentes concentrações de polpa de umbu (10, 15 e 20%) Doce 10% umbu 15% umbu 20% umbu Média geral DMS CV (%) Médias seguidas pela probabilidade Parâmetros Cor Consistência Sabor Doçura Odor 7,9 a 8,0 a 7,8 a 7,7 a 7,9 a 7,4 ab 7,4 a 7,4 a 7,4 a 7,3 ab 7,3 b 6,7b 6,5 b 6,4 b 7,0 b 7,6 7,4 7,2 7,2 7,4 0,6 0,6 0,7 0,7 0,6 20,5 22,7 25,4 25,1 22,5 mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de Verifica-se ainda, que para o doce com 15% de polpa de umbu ocorreu uma nota comum para os parâmetros cor, consistência, sabor e doçura, diferenciando ligeiramente apenas para o parâmetro odor, ainda assim com diferença mínima. De modo geral, avaliou-se que o doce com a concentração de 20% de polpa de umbu apresentou para os parâmetros sensoriais analisados consistência, sabor e doçura notas médias significativamente inferiores aos doces com as demais concentrações (10 e 15% de polpa de umbu). Para os parâmetros cor e odor não houve diferenças significativas a 5% de probabilidade entre as notas médias das amostras com 15 e 20% de polpa de umbu. Com relação ao parâmetro cor, as notas médias variaram entre 7,3 e 7,9 correspondendo ao termo com nota 7 “gostei regularmente”; para a consistência as notas médias foram de 8,0; 7,4 e 6,7, correspondendo aos termos na escala “gostei moderadamente”, “gostei regularmente” e “gostei ligeiramente”, respectivamente; para o sabor as notas médias variaram de 7,8 a 6,5, correspondendo aos termos “gostei regularmente” e “gostei ligeiramente”; para a doçura as notas médias variaram de 7,7 a 6,4, correspondendo também aos termos “gostei regularmente” e “gostei ligeiramente”; e para o odor as notas médias variaram de 7,9 a 7, correspondendo também aos termos “gostei regularmente” e “gostei ligeiramente”. Constata-se diante destes valores que as notas médias foram superiores a 6,0 para os atributos cor, consistência, sabor, doçura e odor, representando na escala hedônica um valor considerável, demonstrando um bom nível de aceitabilidade por parte dos consumidores. KONKEL et al. (2004) ao avaliar doces de leite cremosos com diferentes concentrações de amido também consideraram como “bom” valores acima de 6,0. COSTA et al. (2008) verificaram também uma boa aceitação de doces de leite elaborados com leite e soro de leite, sendo que a amostra elaborada com substituição de 50% do leite pelo soro de leite a de maior apreciação por parte dos provadores. Avaliação da intenção de consumo dos doces cremosos Tem-se na Tabela 3 as notas médias obtidas na avaliação sensorial, utilizando escala hedônica de 7 pontos, da intenção de consumo. Verifica-se que o doce com adição de 10% de polpa de umbu obteve nota média, em valor absoluto, superior às demais amostras. Contudo, do ponto de vista estatístico, observase que as notas médias dos doces com 10 e 15% de polpa de umbu não diferiram estatisticamente entre si, de acordo com o teste de Tukey a 5% de probabilidade, significando que estas amostras do ponto de vista estatístico tiveram a mesma intenção de consumo. E entre os doces com 15 e 20% de polpa de umbu, também se constata igualdade estatística. As notas médias da intenção de consumo das amostras com 10 e 15% de polpa de umbu correspondem ao termo na escala hedônica de sete pontos ao termo “Comeria freqüentemente” e para a amostra com 20% de polpa de umbu corresponde ao termo “Comeria ocasionalmente”. Ficando demonstrada a preferência dos julgadores dos doces com 10 e 15% de polpa de umbu. Tendo em vista os aspectos sensoriais analisados, observa-se que foram pequenas as Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.Especial, p.397-410, 2011 Avaliação físico-química e sensorial de doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra..... Silva et al. diferenças obtidas entre os tratamentos utilizados. Alguns julgadores manifestaram que havia grande semelhança entre as amostras. Madrona et al. (2009) verificaram que o soro de queijo in natura ou em pó pode ser utilizado no processamento de doce de leite pastoso sem causar alterações na qualidade sensorial do produto final. Tabela 3 – Notas médias da intenção de consumo dos doces cremosos fabricado com adição de diferentes concentrações de polpa de umbu (10, 15 e 20%) Doce Intenção de consumo 10% umbu 5,7 a 15% umbu 5,2 ab 20% umbu 4,7 b 5,2 Média geral 0,7 DMS 34,6 CV (%) Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade 407 Na Figura 7 observa-se o perfil sensorial do doce cremoso com adição das concentrações de 10, 15 e 20% de polpa de umbu. Verifica-se que para todos os parâmetros analisados (cor, consistência, sabor, doçura, odor e intenção de consumo) a amostra com 10% de polpa de umbu obteve as maiores notas e a amostra com 20% de polpa as menores, com a amostra a 15% colocando-se em pontuação intermediária. A maior aceitação para o doce formulado com a concentração de 10% de polpa de umbu, para todos os parâmetros sensoriais analisados (cor, consistência, sabor, doçura, odor e intenção de consumo) pode ser atribuída ao fato desta amostra conter a menor concentração de polpa de umbu, o que acarreta em menor teor de acidez do doce. De acordo com Clemente (2001) a impressão sensorial do consumidor de alimentos começa no mercado, onde os sentidos de visão, olfato e tato são usados na seleção de alimentos, de forma que o comportamento de compra do consumidor tem sua maior influência nos fatores sensoriais. Perfil sensorial dos doces Figura 7. Perfil sensorial dos doces cremosos com adição de diferentes concentrações de polpa de umbu Grau de concordância entre os julgadores Os resultados referentes ao grau de concordância entre os julgadores com relação à aceitação dos doces de leite com soro e polpa de umbu, estão apresentados na Tabela 4. Segundo Silva et al. (2010) os valores dos coeficientes de concordância (CC) são a Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.13, n.Especial, p.397-410, 2011 408 Avaliação físico-química e sensorial de doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra..... Silva et al. quantificação da dispersão de opinião dos julgadores. Verifica-se que os menores coeficientes de concordância em todos os atributos sensoriais (cor, consistência, sabor, doçura, intenção de consumo e odor) avaliados ocorreram no julgamento do doce com 20% de polpa de umbu; e os maiores CC ocorreram no doce com 10% de polpa de umbu, ou seja, houve diminuição dos CC com o aumento da concentração de polpa de umbu nos doces. Silva et al. (2010) verificaram que quanto maior a quantidade de leite adicionada ao suco de pinha menor o CC. Pessoa et al. (2011) também verificaram que os maiores coeficientes de concordância foram encontrados para as maiores médias dos atributos sensoriais avaliados. Diante disto, considera-se que a melhor amostra é aquela que tem o maior CC. Tabela 4 - Coeficiente de concordância entre julgadores (CC) da análise sensorial do doce de leite de cabra com adição de polpa de umbu, obtidos no teste de aceitação quanto aos parâmetros: cor, consistência, sabor, doçura, intenção de consumo e odor. Int. Amostra Cor Consistência Sabor Doçura Odor Consumo 10% umbu 47,18% 49,81% 42,18% 42,03% 37,61% 43,78% 15% umbu 34,90% 36,94% 30,49% 33,99% 37,24% 37,71% 20% umbu 34,26% 25,63% 23,35% 27,34% 32,09% 23,37% M- média; CC- coeficiente de concordância CONCLUSÕES A polpa de umbu se caracteriza como alimento muito ácido e sua adição aos doces induziu reduções de pH e proteínas proporcionais ao teor adicionado. A adição de polpa aos doces não afetou proporcionalmente o teor de cinzas, de açúcares redutores, lipídios e os parâmetros físicos massa específica, atividade de água, e os parâmetros de cor. Dos doces cremosos produzidos com soro de leite de cabra, leite de vaca, sacarose e com adição de 10, 15 e 20% de polpa de umbu conclui-se que o doce com 10% de polpa de umbu obteve as melhores notas na avaliação sensorial em todos os atributos avaliados (cor, consistência, sabor, doçura, odore intenção de consumo), e o aumento na concentração de polpa de umbu reduziu proporcionalmente o grau de aceitação. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a UFCG, ao IFPE e a CAPES pela realização do MINTER e a FACEPE pelo financiamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adambounou, T.L.; Castaigne, F.; Dillon, J.C. Abaissement de l'activité de l'eau de légumes tropicaux par déshydration osmotique partielle. Sciences des Aliments, v.3, n. 4, p. 551-567, 1983. Anualpec. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio, 2003. 319 p. AOAC - Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis of AOAC international. 16. ed. Maryland: AOAC International, 1997. 1141 p. 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