Directora: Ana Arvanas E-mail: [email protected] http://www.takeoff.pt Rua Sofia de Carvalho, Nº 29 A 1495-122 Algés Telefone: 214 121 071 “Sobre as asas ínclitas da fama voam os militares da Esquadra 502” Recepção do novo Boeing 777-300ER da TAAG ■ Aero Club de Portugal ■ Cosford Airshow 2011 ■ Plácido Air Cup 2011 PUBLICIDADE 800 91 90 91 Assinatura do Take-Off por apenas 25 euros Para que possa receber comodamente o Take-Off no local onde preferir, pode renovar ou subscrever a sua assinatura a partir de qualquer parte do mundo. O preço da assinatura anual para o Continente, Açores e Madeira é de 25 euros. Para a União Europeia o valor da assinatura é de 37 euros. Para outros países custa 55 euros. Formas de pagamento: 1 - Transferência Bancária Se optar por realizar Transferência Bancária, utilize o NIB da Absoluto Fascínio para fazer o seu pagamento: 0035 0097 00007990530 49 Se estiver no estrangeiro: IBAN:PT50 0035 0097 00007990530 49 BIC/SWIFT: CGDIPTPL Após ter efectuado a transferência agradecemos o envio do comprovativo e os seus dados (nome, morada e contacto) para o e-mail [email protected]. 2 - Cheque ou Vale Postal Se optar por efectuar o pagamento através de cheque, faço-o à ordem de Absoluto Fascínio Envie-nos o cheque juntamente com os seus dados (nome, morada e contacto) para Rua Sofia de Carvalho, Nº 29 A 1495-122 Algés Se preferir envie-nos os seus dados para o e-mail [email protected]. Poderá também optar pelo pagamento por Vale Postal. 3 - Depósito em Numerário Dirija-se a qualquer agência da Caixa Geral de Depósitos e deposite o valor referente à sua assinatura para a conta da Absoluto Fascínio: Conta nº 0097 0079 9053 0 Jornal Mensal Nº 145 Ano 13 - Julho 2011 Continente: 2,50 Euros IVA incluído Edição, Propriedade e Administração: Sede Rua Sofia de Carvalho, Nº 29 A 1495-122 Algés Pessoa Colectiva nº 509277543 Capital Social: 5 000 euros Telefone: 214 121 071 www.takeoff.pt E-mail: [email protected] Sumário Take-Off 145 Editorial 4 – Editorial: Ana Arvanas 6 Destaque 6 – Sobre as asas ínclitas da fama voam os militares da Esquadra 502 Directora Ana Arvanas Chefe de Redacção Ana Sofia Ribeiro Colaboradores Aerolazer, APAU, APOOA, Artur Ferreira, Emmanuel Lomba, Empordef TI, Fidel Cardoso, José João Brandão Ferreira, José Freitas, José Vilhena, Lino Gonçalves, Luís Neves, Luís Padrão, Luís Pereira, Mara Contreiras Alves, Miguel Lourenço, Miguel Silveira, Mike Silva, Paulo Noia, Renato Pinheiro, Rui Alves Grafismo, Paginação Digital Aerospray Marketing & Publicidade Guilhermino Pinto Fernanda Lobo Direcção, Redacção e Publicidade Rua Sofia de Carvalho, Nº 29 A 1495-122 Algés Telefone: 214 121 071 E-mail: [email protected] Assinaturas Preços Assinatura Anual (12 números): Continente, Açores e Madeira: 25€ União Europeia: 37€ Outros Países: 55€ Telefone: 214 121 071 E-mail: [email protected] Impresso na União Europeia Distribuição Nacional VASP- Distribuidora de Publicações, Lda. Media Logistics Park Quinta do Grajal – Estrada da Venda Seca 2739-511 Agualva Cacém Tiragem 7 500 exemplares Registado no ICS sob o nº 123108/99 Depósito Legal: 137515/99 O Take-Off não se responsabiliza pelas opiniões expressa pelos seus colaboradores nos trabalhos publicados, e não se identifica necessariamente com essas opiniões, assim como a responsabilidade dos produtos e conteúdos das mensagens publicitárias que aparecem no jornal são de exclusiva imputação ao anunciante. É proibido reproduzir total ou parcialmente o conteúdo deste jornal, ainda que haja citação à procedência, sem uma autorização expressa e por escrito da Directora do Take-Off. O Take-Off esclarece que todos os comentários presentes na nossa “Joke List” (através do texto apresentado nos nossos balões de diálogo) são apenas uma interpretação humorística da situação ilustrada, escrita pelo autor do Cartoon. Reportagem 9 – A crise parece não ter chegado este ano ao Paris Air Show Aeroclubes 10 – Aero Club de Portugal, juntos há 102 anos pela causa do ar 14 História 11 – O Aero Club de Portugal 13 – Companhias Portuguesas - Os nomes que voam nas suas asas Angola 14 – Novo Boeing 777-300ER já opera pela TAAG 16 – Air26 pretende chegar ao mercado internacional Eventos 18 – Volta APAU 2011: Castas & Sabores 19 – Cosford Airshow 2011 19 20 – Plácido Air Cup 2011 marcada pela forte presença espanhola 21 – É de criança que se ganha o gosto pela aviação Spotting 22 – Movimentos de Destaque de Junho 20 Ensino 24 – Nortávia: Escola e investigação tecnológica num só Voo à vela 27 – Era uma vez... Pluma Blanca Opinião 28 – Gestão De Energias I: Conceitos teóricos Foto: Take-Off Administração Ana Arvanas Opinião Julho 2011 4 EDITORIAL Ana Arvanas Congresso Anual do Airport Council International - ACI A ANA – Aeroportos de Portugal dignificou, mais uma vez, o sector aeronáutico por se ter apresentado como uma excelente anfitriã no 21.º Congresso Anual do Airport Council International (ACI) Europe, e acabou por ver também reconhecido o mérito derivado a, e ainda que com um espaço de manobra bastante limitado, conseguir criar infra-estruturas que respondam às cada vez mais exigentes necessidades dos utilizadores dos aeroportos que estão sob a égide da empresa. A segurança, as preocupações ambientais e as condições aeroportuárias continuaram a merecer o lugar de maior destaque neste congresso, sendo assim os temas mais falados pelos oradores, que partilharam dificuldades, mas também avançaram possíveis soluções, proliferando sempre a ideia de que a Europa global tem que reagir às condições/alterações do mercado de forma conjunta. Uma das figuras centrais deste evento foi Carolyn McCall, CEO da easyJet, que acabou por ser também a oradora principal do congresso, e igualmente ela, como a maioria dos participantes, sublinhou que a carência de investimentos em infra-estruturas trava fortemente o crescimento das companhias europeias. Por sua vez, e apesar de o fazer por outras palavras, também o director-geral do ACI tinha já adiantado que a partir de 2030 a Europa acabaria por perder forçosamente passageiros por estar privada das capacidades aeroportuárias necessárias ao normal funcionamento do sector. Sem sair do fio condutor que pautou quase, senão mesmo todos os discursos dos intervenientes, o CEO da TAP, Fernando Pinto, destacou a indispensabilidade da “coordenação” e “cooperação” entre os aeroportos e as companhias aéreas, sustentando esta “teoria” no caso português, alegando que as mudanças para melhor a que o aeroporto de Lisboa se sujeitou apenas se tornaram possíveis por via da união de esforços entre a TAP e a ANA – Aeroportos de Portugal, que através da associação de empenho geraram e continuam a gerar um aumento significativo ao nível dos serviços disponibilizados aos passageiros. Por não estar ainda formado governo à data términus do congresso, os responsáveis máximos pelas empresas do sector escusaram-se a avançar prognósticos sobre as futuras decisões sobre as privatizações que estão em cima da mesa. Dia do 59º aniversário da nossa FAP Dia 1 de Julho de 1952 a Força Aérea Portuguesa foi constituída como Ramo independente das Forças Armadas, e desde aí esta instituição não tem medido esforços para, sobre a terra e sobre o mar, defender e ajudar quem mais precisa. Desejamos um feliz aniversário à Força Aérea, e ambicionamos para todos os militares, que com o empenho dos inteiros recursos que têm ao seu alcance, contribuem diariamente para que as acções desta louvável instituição sejam bem sucedidas, que nunca voltem de um voo sem o sentimento de “missão cumprida”. Bons voos a todos… PUBLICIDADE Em nosso entender é através destas iniciativas que a aviação evolui, pois este tipo de actividades propicia a troca de experiências e potencia a entreajuda de que o mercado aeronáutico necessita neste momento em que vivemos, consequência da profunda e prolongada crise económico-financeira internacional, que só terá um fia à vista se soubermos retirar das más experiências dos demais aqueles que são os “erros que não podemos cometer”. O transporte já não tem um Ministério É Sérgio Silva Monteiro quem vai ficar com a tutela das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, que antes estavam sob o domínio de um ministério, transformando-se assim em um dos 36 secretários de Estado do Executivo de Pedro Passos Coelho. A pasta das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, que surge agora introduzida no ministério da Economia, trará intrínseca, provavelmente, a visão de alguém que até agora fazia parte do conselho de administração do Caixa BI, banco de investimento do grupo CGD, com destaque na área de project finance. Sérgio Silva Monteiro é alguém com experiência e conhecimentos atestados ao nível da Banca de Investimento, mas são-lhe, todavia, reconhecidas as aptidões, e até talvez o favoritismo, em relação à política de alienação de património, que poderá ser uma enorme vantagem no curto prazo, e apenas se forem tomadas as medidas correctas neste âmbito, mas tal também se poderá tornar calamitoso, caso estas medidas encabecem todas as acções do Secretário de Estado. Câmeras térmicas e convencionais O secretário de Estado está entre os seis que agora fazem parte do ministério da Economia e Emprego liderado por Álvaro Santos Pereira, que ao abrigo do programa de governo, já entregue no parlamento, fará a prevista reavaliação do novo aeroporto de Lisboa, avaliação essa que não sabemos em que incidirá, se deitará por terra as já gastas teorias sobre a localização do novo aeroporto, ou se tão somente estarão sob apreciação pormenores relacionados com outras questões de menor relevância. À data apenas sabemos que, apesar da discórdia do PPD/PSD e do CDS em relação à construção do novo aeroporto na Ota, ambos os partidos anuíam na transferência de local para a margem sul do Tejo, definida em 2009. Alienar também a totalidade das participações na TAP, em articulação com o modelo de privatização da ANA - Aeroportos de Portugal, é uma das intenções do actual governo, ou se preferirem, da Parpública (Sociedade Gestora de Participações Sociais (SGPS) de capitais exclusivamente públicos que detém os 100% de capital da TAP), cujo capital são 2.000.000.000,00€. Por sua vez a Parpública é detida a 100% pelo Estado, ou seja, não o sendo, o Estado acaba por ser o único acionista da TAP. Apesar desta alienação, uma vez que não é correcto chamarmos venda a este processo, prevê-se que o modelo de privatização da nossa companhia de bandeira seja assente em três questões que serão para manter, independentemente de quem seja/m o/s comprador/es, prevendo-se, desta forma, a conservação da imagem de “companhiabandeira”, bem como das suas principais operações baseadas no aeroporto de Lisboa, e assim também o serviço de transporte aéreo para as ilhas será para manter na TAP. Apesar dos constrangimentos que a alienação da TAP nos pode vir a trazer, esta solução trata-se da única possível, perante um cenário em que nada mais há a fazer para restabelecer a companhia, uma vez que está vedada ao Estado a possibilidade de injectar capital na sua companhia de bandeira, como aliás, está também vedado este direito a todos os Estados pertencentes à EU. www.takeoff.pt Portas Giratórias com detector de metal Catracas Alarmes Ancom Group Companies, Lda. Largo Frederick Engles casa nº 19 - Luanda - Angola – www.ancomangola.com Telef /Fax: +244 222 394 124 / 244 924069098 / 244 926 066983. E-mail: [email protected] CURSO INTEGRADO DE PILOTO DE LINHA AÉREA CURSO COMERCIAL DE HELICÓPTEROS COM VOO POR INSTRUMENTOS CURSO DE OFICIAL DE OPERAÇÕES DE VOO CURSO DE FORMAÇÃO DE PESSOAL NAVEGANTE DE CABINE CURSOS DE REFRESCAMENTO PARA PROFISSIONAIS DA AVIAÇÃO Crédito Bancário disponível até 120 meses com período de carência Av. Amália Rodrigues - Tires 2785-632 S. Domingos de Rana CENTRO DE INGLÊS AERONÁUTICO tel: 351 21 445 75 00 fax: 351 21 444 80 49 [email protected] www.gestair.com O nível 4 da ICAO para pilotos em INGLÊS AERONÁUTICO é agora obrigatório . Teste de diagnóstico . . de Inglês Aeronáutico Teste de Certificação de Inglês Aeronáutico Cursos de Inglês Aeronaútico para pilotos (nível 3 para nível 4) a nível internacional e pode ser testado e ensinado no único Centro de Inglês Aeronáutico certificado pelo INAC. Cursos de Inglês para pessoal de cabine, check-in e controladores de Tráfego Aéreo. Informações . [email protected] . tel: + 351 21 445 75 00 / +351 939 383 778 . fax: +351 21 444 80 49 Instituto Superior de Educação e Ciências Pioneiro na formação superior em Ciências Aeronáuticas na Península Ibérica, o ISEC apresenta os seguintes cursos: Parceiros LICENCIATURAS 3 anos – 180 ECTS Ciências Aeronáuticas Pilotagem (JAR-FCL) Manutenção (certificação EASA para TMA) formação manutenção Gestão Aeronáutica FORMAÇÃO AVANÇADA PÓS-GRADUAÇÕES 5 MESES – 30 ECTS Operações de Transporte Aéreo Brevemente em e-learning Gestão Aeroportuária Em colaboração com ANA, Aeroportos de Portugal Flight Operations Management Em colaboração com ISEG (CEGE) e GESTAIR AERONAUTICS EXECUTIVE MBA 8 MESES – 60 ECTS (uma das pós-graduações) Módulo de Management for Aeronautics 3 MESES Alameda das Linhas de Torres, 179 1750-142 Lisboa Tel.: 21 754 13 10 Fax: 21 754 13 19 www.isec.universitas.pt [email protected] FORMAÇÃO AVANÇADA [email protected] www.fom.com.pt Destaque Julho 2011 6 “SOBRE AS ASAS ÍNCLITAS DA FAMA” VOAM OS MILITARES DA ESQUADRA 502” Texto: Ana Arvanas Fotografia: Take-Off Hoje também nós fizemos Take-Off com os militares que, ao serviço da nação, patrulham diariamente os céus e os mares. Entrámos a bordo de um dos C-295 ao serviço da Força Aérea e acompanhámos uma das missões que os militares da Esquadra 502 “Elefantes” treinam constantemente para que no dia em que for realidade nada falhe. O início do dia dá-se por volta das nove horas da manhã, altura em que os militares já se encontram a postos para iniciarem mais uma missão, que hoje será de Treino de Manutenção de Qualificações, e fará recurso a duas aeronaves, ambas C-295. Para que a missão surta os resultados previstos, é de extrema importância que haja um briefing, no qual é conhecido o perfil da missão, a informação da missão, as tripulações e os aviões, os tempos, a descolagem e abortos à descolagem, os procedimentos para fazer a recuperação e aterragem, e também os procedimentos a seguir em caso da ocorrência de emergências. São, ao fim e ao cabo, explicados todos os procedimentos possíveis desde que a porta do C-295 é fechada, até que são desligados os motores. O briefing chega-nos pela voz do Tenente Rebelo, o militar que, de seguida, assumirá os comandos do C-295 conjuntamente com a Comandante de Esquadra, a Tenente-Coronel Diná Azevedo. Seguirão na aeronave 16701, aqui com o nome de código “Elefante Um”. Na aeronave 16703, com o nome de código ”Elefante Dois”, seguirão o Capitão Neves e o Tenente Henriques. Uma vez finalizado o briefing, com a frase “Jesus walks on water, Chuck Norris swims through land, but Elephants rule the air!!...” a cheio no ecrã fixo na parede de fundo de uma das salas da Esquadra 502, aquela que serviu de palco ao briefing de hoje, subimos a bordo do “Elefante Um” e é chegada a altura de começar a missão. Dá-se, então, o início de motores, 10 minutos antes de taxiar, sendo o posterior taxiamento feito 10 minutos antes da descolagem. Havia sido indicado no briefing que, caso houvessem emergências que provocassem o aborto na pista, e no caso de ser o líder a abortar a descolagem, este faria a chamada rádio, com o código “aborting, aborting, aborting”, se possível dando também a descrição da emergência, e nesse caso o “Elefante dois” abortaria também a descolagem. Caso fosse o “Elefante Dois” a abortar a descolagem, o líder iria regressar para aterragem se a pista estivesse desobstruída, e terminaríamos a missão aí. Felizmente nenhum destes procedimentos foi necessário e a missão iniciou como previsto, www.takeoff.pt com descolagem feita da pista 01, contando com vento calmo, dandose a saída das aeronaves com um intervalo de 10 segundos entre elas. Na reunião o líder (Elefante Um) subiu a 150 nós, o asa (Elefante Dois) esperou que o líder estivesse a manter 180, e só depois acelerámos então para 210 nós. Já em rota, na área de trabalho, foram feitas as práticas de Wing Work, Wing Changes, Lost Wingman, Break-Out/Rejoins, Close – Trail (High/Low), Combat Formation e Lead Change (TCAS). Depois destes procedimentos houve troca de liderança, passando o “Elefante Dois” a líder. Até ao momento apenas referimos os procedimentos mais respeitantes ao exterior da aeronave, sendo que no interior do C-295 há um militar com a difícil tarefa de garantir a segurança dos passageiros e da carga a bordo. Falamos do Load Master, o elemento da tripulação que “equilibra” o avião. Trata-se da figura que zela principalmente pela segurança na cabine de carga, e hoje o nosso Load Master de serviço é o Primeiro-Sargento Hugo Coelho, que já com a altitude de voo pretendida, abre a porta traseira do C-295 para que possamos captar imagens da missão e também da outra aeronave interveniente, originando a possibilidade de captação de imagens ar/ar de enorme qualidade visual. Podemos acrescentar que Hugo Coelho desempenhou de forma brilhante a sua missão, pois apesar de não perder de vista os elementos que com a rampa aberta se debruçavam até onde chegava o cabo de segurança ao qual iam presos, não deixou que faltasse sequer uma garrafa de água a quem, no decorrer da viagem, se ia sentindo menos bem-disposto. A missão de Hugo Coelho começou bem antes de o voo ser iniciado, pois foi a ele, enquanto Load Master, que coube a função de fazer a carga e a centragem do avião e de fornecer as indicações de peso e acondicionamento de mercadoria ou viaturas. Segundo nos comenta o próprio “somos nós os responsáveis para que tudo corra bem na cabine de carga”. A operar em missões de transporte de passageiros e de transporte de carga, Hugo Coelho esclarece-nos que “temos as missões de vigilância marítima, nas quais operamos como observadores, operamos ainda como observadores na busca e salvamento, e operamos como Load Master na carga do avião, no transporte de passageiros e no lançamento de tropas pára-quedistas”. Apesar de ser muito gratificante para o Primeiro-Sargento actuar como Load Master, função que desempenhou nesta missão, o mesmo confessa-nos que “as missões de evacuações médicas são das mais gratificantes que nós podemos relatar”, sendo que estas missões “são também aquelas em que nos sentimos orgulhosos daquilo que fazemos, em que podemos dar um pouco de nós para ajudar alguém”. Tendo decorrido cerca de uma hora e vinte minutos desde que descolámos, depois de experimentados os seis graus negativos que se faziam sentir sobre a rampa aberta do C-295, contemplada que está a magnífica paisagem que se pode observar nestas extraordinárias condições, e depois de termos vivido uma das experiências mais magnânimes das nossas vidas, é hora de voltar a solo. Para a recuperação e aterragem a manobra para a inicial foi feita em Fingertip, com initial for break a 200 nós, e o break foi de 10 segundos de separação a 45 graus de pranchamento. O líder aterrou com flaps approach no início da pista, e o asa com flaps landing. Julho 2011 Destaque 7 Foram mantidos 140 nós até termos 300 pés de rádio altímetro. Na fase final de aterragem mantiveram-se 20 segundos de separação (do asa para o líder), e estaria previsto que o asa executasse “um borrego” caso a separação fosse inferior a 15 segundos. O líder aterrou curto e o asa longo. Após livrar a pista o líder aguardou que o asa o fizesse para serem desligadas as luzes de aterragem à voz. Depois, ambas as aeronaves estacionaram nos respectivos estacionamentos e, de seguida, embandeiraram os motores à voz, desligando posteriormente também à voz. Apesar de a missão ter sido bem sucedida, os militares da Esquadra 502 não deixaram de prever que pudessem ocorrer algumas falhas, desta forma, aquando do briefing, foi dada a indicação de que, no caso de falha de comunicações, os procedimentos de emergência seriam feitos com o punho fechado no cockpit de cima para baixo, sendo depois indicado com o número de dedos a respectiva emergência: um dedo significaria falha hidráulica, dois dedos indicaria falha eléctrica, três dedos declararia falha no sistema de combustível, quatro dedos manifestaria falha no sistema de oxigénio e cinco dedos designaria falha no motor. Felizmente não houve necessidade de recorrer a nenhum destes sinais gestuais, no entanto, no caso de haver essa precisão, estavam previstos todos os pormenores para que havendo lugar a alguma falha, a mesma não surtisse resultados demasiado nefastos. Já em terra firme, tivemos oportunidade de falar com a primeira Comandante de Esquadra feminina, a Tenente-coronel Diná Azevedo, que prontamente relegou para segundo plano o peso inerente a esse factor, afirmando que apenas sente “o peso que qualquer piloto sente ao comandar uma esquadra de voo”. Comenta-nos ainda que “é pela honra, mas também pela oportunidade que temos nesta missão específica, com a inerente exigência, desafio e responsabilidade” que este é, sem dúvida “um momento alto na nossa carreira como Piloto Aviador, e tudo isto acarreta algum peso”. A Esquadra 502 efectua missões de transporte aéreo, missões de busca e salvamento, de vigilância marítima, e de reconhecimento e fotografia aérea, sendo que dentro destas podem destacar-se as C-295 16703 a preparar para descolar missões de transporte aéreo, transporte aéreo logístico inter e intra teatro, operações aero transportadas, operações de evacuações aeromédicas e evacuações de transporte especial. De entre todas estas missões, haverá algumas que se tornam mais gratificantes, dependendo essa classificação de militar para militar, pois quando questionado sobre a missão mais marcante que já teve o privilégio de fazer, e após esboçar um enorme sorriso, o Capitão Edgar Neves, o piloto aviador que fez a missão de hoje aos comandos do C-295 16703, responde-nos prontamente que a sua missão mais marcante foi recente, aquando de “uma operação em Itália, no âmbito da agência Frontex, na qual estivemos 15 dias a operar. Esta foi a primeira missão de vigilância marítima que a Esquadra 502 fez no âmbito operacional, e penso que é marcante precisamente pelo facto de ter sido a primeira de uma das missões que muito marca esta Esquadra”, remata. Com mais de meio século de existência, a Esquadra 502 - Elefantes já completou 56 anos, e Diná Azevedo faz o balanço deste mais de meio século de existência, dizendo que “são 56 anos caracterizados por muitas tradições, com muitas histórias vividas, com muitas missões cumpridas, tanto internamente como no exterior, nomeadamente há muitos anos atrás nas colónias. Hoje em dia nas ilhas dos Açores e da Madeira, principalmente cumprindo as missões no âmbito da PUBLICIDADE R&S®VCS-4G: Sistema de comunicações de voz em IP Está preparado para a próxima geração de comunicações ATC? Do microfone à antena - fornecemos soluções completas de sistemas de comunicações ATC para centros de controlo aéreo, torres, ATC militares, configurações de sistemas de backup. Sempre um passo à frente com as soluções ATC da Rohde & Schwarz. www.rohde-schwarz.pt www.takeoff.pt Destaque Julho 2011 8 segurança humana”. Acrescenta ainda que actualmente “já contamos com alguma projecção no exterior no âmbito da vigilância marítima, já com várias missões efectuadas”. Nota-se em cada elemento desta esquadra a vontade de fazer mais e melhor, e o exemplo vem de cima, pois, como nos comenta Diná Azevedo, “são 56 anos nesta esquadra, com muitas horas voadas sobre a terra e sobre o mar, mas ainda é só meio século, muito há-de vir…” quatro anos o Casa C-212 Aviocar, e que fez também parte do grupo inicial deste projecto no qual se começou a operar o C-295 em Portugal, “não é possível sequer a comparação entre as duas aeronaves uma vez que estamos a falar de mais de 30 anos de décalage de construção, em que a tecnologia, a capacidade de carga, a velocidade, e o alcance se encontram noutro patamar, num nível bastante superior”, o mesmo é dizer que “não há nenhuma capacidade que este avião tenha que nós possamos dizer que o Aviocar era melhor”, conclui. trabalhar consigo são ainda das principais preocupações da TenenteCoronel Diná Azevedo, e apesar de não fazermos parte da sua equipa diária de trabalho, nenhuma destas preocupações foi descurada connosco, e saímos da Esquadra 502 ao final da tarde com o completo sentimento de missão cumprida. ■ O excelente espírito de equipa e de entre ajuda que se vive diariamente na Esquadra 502, aliado ao consciência de sacrifício e de missão comum a todos os militares que aqui trabalham, a par das boas condições com as quais laboram diariamente os 100 militares ao serviço da Esquadra 502 faz com que o comando esteja facilitado à Comandante de Esquadra, que goza do privilégio de poder ter sob os seus comandos um grupo de militares jovem, motivado e empenhado em cumprir da melhor maneira possível todas as missões que lhes estão incumbidas. A transmissão de comunicação e a motivação das pessoas que tem a Os dois C-295 que intervieram na missão Tenente-Coronel Diná Azevedo, Comandante da Esq.502‘Elefantes’ segurança humana”. Acrescenta ainda que actualmente “já contamos com alguma projecção no exterior no âmbito da vigilância marítima, já com várias missões efectuadas”. Nota-se em cada elemento desta esquadra a vontade de fazer mais e melhor, e o exemplo vem de cima, pois, como nos comenta Diná Azevedo, “são 56 anos nesta esquadra, com muitas horas voadas sobre a terra e sobre o mar, mas ainda é só meio século, muito há-de vir…” Foram já várias as aeronaves diferentes que voaram na Esquadra 502, e bastantes foram também as horas voadas por estes militares. Mas quando questionamos sobre qual foi, das que já por aqui voaram, aquela que melhor serviu às tarefas que lhe estão incumbidas, a opinião é comum, dando vantagem absoluta à mais recente aquisição, o C-295. Pelas palavras do Capitão Edgar Neves, “operar o C-295 é fantástico”, pois “a operação deste avião, tendo em conta a sua modernização e os seus equipamentos, que são do mais sofisticado que existe no mercado”, conclui. Com missões tão rigorosas como as que estão na dependência da esquadra, o C-295 é o aparelho mais qualificado para as cumprir na sua plenitude, pois segundo nos comenta ainda Edgar Neves “as missões que fazemos são sempre exigentes, mas com este tipo de equipamento e com as próprias pessoas envolvidas no trabalho faz com que seja sempre divertido”, concluindo com um orgulho bastante notório que “é sempre grandioso para qualquer piloto operar esta aeronave”. Ainda sobre as aeronaves que a Esquadra 502 opera há quase três anos, Diná Azevedo diz que os 12 C-295 adquiridos pela Força Aérea representaram um enorme avanço “pela tecnologia avançada de que estes meios estão dotados, pela capacidade inerente a uma maior velocidade, a um maior alcance e a uma maior autonomia, e tudo isto nos permite efectuar um vasto leque de missões, interna e externamente, e permite-nos também cumprir cabalmente a missão da Força Aérea Portuguesa”. O C-295M é um avião bimotor, turbo-hélice de transporte, com estrutura metálica de asa alta, com trem de aterragem em triciclo retráctil, possui cockpit pressurizado e ainda é dotado de aviónica digital, dispondo de um compartimento de carga que pode transportar até 70 pessoas ou 45 pára-quedistas completamente equipados, ou ainda 9250 Kilogramas de carga diversa, incluindo veículos ligeiros. Esta aeronave dispõe ainda da mais recente tecnologia existente do mundo aeronáutico, daí que não nos espanta que saia vitorioso de todas as comparações feitas em relação aos seus antecessores. Conforme explica o Capitão Edgar Neves, que ainda voou durante www.takeoff.pt C-295 visto pela rampa do Elefante Um aberta C-295 antes da missão de qualificação Julho 2011 Reportagem 9 A CRISE PARECE NÃO TER CHEGADO ESTE ANO AO PARIS AIR SHOW Ana Arvanas Le Bourget é mais do que o maior salão aeronáutico da Europa, senão mesmo do mundo, e este ano o seu expoente esteve ao rubro, pois parece que os ventos europeus que arrastam a malvada crise há já algum tempo deram tréguas ao Paris Air Show e rumaram, entre os dias 20 e 26 do passado mês, para outros lugares, bem longe desta feira. A IndiGO havia fechado, um dia antes, a compra de 150 aviões A320neo, e em comunicado, os dois fundadores da IndiGo, Rakesh Gangwal e Rahul Bhatia, adiantaram que “esta encomenda de aeronaves líderes de eficiência no consumo de combustível permitirá que a IndiGo continue a oferecer tarifas baratas”, e será este também o principal motivo do tamanho sucesso deste restyling da Airbus, que segundo diz a fabricante, garante 15% de poupança de combustível quando comparado com a versão anterior. Embora haja controvérsia em relação aos números resultantes das vendas e encomendas resultants do Paris Air Show, apurámos, à data de fecho desta edição, que o balanço aponta para que os europeus da Airbus tenham fechado o Paris Air Show com 598 vendas e mais 312 pré-encomendas, ou seja, um total de 910 aeronaves, contra as 47 vendas e 94 pré-encomendas da concorrente norte-americana Boeing. A presença das empresas portuguesas demonstra uma “larga gama de competências, tanto de uso civil, como de defesa, que ilustra bem a vitalidade deste jovem ‘cluster’ que apresenta desde já muito boas referências no mercado”, referiu António Silva, director do Centro de Negócios de Paris da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep Portugal Global), a empresa que reuniu os representantes portugueses para o certame. O responsável salientou ainda o crescimento da indústria aeronáutica em Portugal, não apenas em actividades como a manutenção, mas também a engenharia, o design e a produção de componentes de aeroestruturas. Dois mil expositores internacionais, 300 mil visitantes (profissionais e público em geral), mais de 140 aeronaves, incluindo 42 a voar em displays e três mil jornalistas de todo o mundo acreditados para o evento foram os números que marcaram esta 49ª edição do Paris Air Show, que encheu, por mais uma edição, o Aeroporto de Le Bourget de de tecnologia, design, inovação e encomendas recordes. tecnologia, design, inovação e encomendas recordes. Foto: Airbus e’m company No que se refere às presenças destacadas, e de entre elas salientamos as comparências nacionais, sabemos que foram cerca de 40 as empresas, universidades e institutos de investigação da indústria aeronáutica portuguesa que fizeram questão de mostrar as suas mais recentes tecnologias em Le Bourget, conferindo-lhes direito a um pavilhão inteiramente lusitano, no Hall 3 A40 - B59. De entre os projectos, evidenciou-se o recentemente apresentado LIFE – Lighter, Integrated, Friendly and Eco-efficient, que resulta de uma colaboração de seis entidades portuguesas e ainda da brasileira Embraer, e que propõe soluções para interiores de aeronaves, baseadas em conceitos inovadores e ecologicamente eficientes. Não de menos destaque foi a presença da TAP Manutenção & Engenharia, da Empordef, das OGMA, da Ribermold, da Aeromec e euroAtlantic. Maqueta do Airbus A350 Foto: Boeing As encomendas firmadas em Le Bourget este ano ultrapassaram em larga escala as melhores perspectivas da fabricante europeia Airbus, pois se no primeiro dia do certame a novidade era o Boeing 747-800, que aterrou em Le Bourget com a vitória de ter conseguido fazer o primeiro voo transatlântico de uma aeronave comercial de grande porte com biocombustível, e carregava ainda o entusiasmo da sua própria apresentação em território europeu, depressa este ânimo se esvaeceu, pois bem mais gloriosa do que a “aterragem” do Boeing 747-800, ou do que o feito histórico do primeiro voo com recurso aos famigerados biocombustíveis, foi a encomenda de 200 aeronaves Airbus A320neo, versão renovada e mais eficiente do A320, feita pela AirAsia, e que significa o encaixe de 12,6 mil milhões de euros para a construtora europeia. À margem desta encomenda feita pela maior companhia aérea de baixo custo na região da Ásia-Pacífico, que acabou por consistir na maior encomenda de sempre em número de aviões para a família A320, acabando por ser também a maior venda da Airbus, a companhia Indiana colocou ainda opções para mais 100 unidades deste modelo. Continuaremos com este tema na próxima edição… ■ Foto: Airbus Foto: Boeing U.S. Army Boeing CH-47F Chinook Foto: Boeing Airbus A380 da Korean Air Boeing 747-800, uma das novidades em Le Bourget B737-700 da Air Berlin www.takeoff.pt Aeroclubes Julho 2011 10 AERO CLUB DE PORTUGAL, JUNTOS HÁ 102 ANOS PELA CAUSA DO AR Texto: Ana Sofia Ribeiro Fotografia: Guilhermino Pinto Testemunharam as duas grandes Guerras Mundiais, viram de perto a revolução do 25 de Abril, viveram vários regimes políticos, desde a monarquia à actual democracia republicana. A história do Aero Club de Portugal confunde-se com a própria história do país e, hoje, com mais de 100 anos de vida, continuam a ser uma associação distinta, quer a nível nacional, quer internacional. O segredo está no gosto pelo ar, mas também em terra, onde são oferecidas as melhores condições aos mais de oito mil sócios. Óscar Monteiro Torres, Gago Coutinho e Sacadura Cabral são alguns dos nomes mais reconhecidos deste que foi o primeiro aeroclube a nível nacional, criado em 1909, mas muitos outros se destacaram desta lista, como candidatos à presidência da república, figuras do Estado Novo e do pós-25 de Abril, e outros anónimos que se juntaram em prol do desenvolvimento da aeronáutica em Portugal. Hoje, o aeroclube já percorreu 102 anos de vida, um percurso majestoso e cheio de altivez. “Não há muitas instituições no nosso país que consigam completar um centenário, muito menos na aeronáutica, um meio exigente onde vemos os projectos nascer e morrer com excessiva celeridade. Por isso, é muito grato ver um clube, uma associação sem fins lucrativos, a perdurar tanto no tempo e a continuar a ser reconhecido como uma marca de nacionalidade”. As palavras orgulhosas são do actual presidente do Aero Club de Portugal, que não poupa elogios à instituição que dirige. Em entrevista ao Take-Off, e quando questionado sobre se estar à frente de um aeroclube como o de Portugal é efectivamente um orgulho, Paulo Moura Marques confessou que é “fundamentalmente um dever e uma responsabilidade, mais do que um prazer”. Esse só se sentirá, nas palavras do presidente, “misturado com o orgulho”, no final do seu mandato, que deverá terminar dentro de três anos, se não se recandidatar. Entre a jóia de inscrição e a cota anual de cerca de 90 euros por ano, as vantagens de ser sócio deste aeroclube, nas palavras do seu dirigente, não se esgotam: “É a mais antiga instituição e, além disso, do ponto de vista teórico, prático e de equipamentos, tem as melhores condições. Tem também a maior frota privada em termos de aeroclubes em Portugal e é relativamente ampla, podendo satisfazer diferentes necessidades, nomeadamente da escola, de desenvolvimento do piloto e de viagens. Deveremos ser também o aeroclube que tem maior actividade durante o ano e o que está melhor organizado”. Paulo Moura Marques fez também questão de esclarecer neste âmbito que, ao contrário do que se possa pensar, o Aero Club de Portugal não tem qualquer tipo de apoio público ou estatal, dirigindo-se com os seus próprios meios, mais um motivo de reconhecimento desta instituição. Cessna 172 Skyhawk junto ao hangar do AeCP Actualmente, com uma frota de 12 aeronaves, entre elas três Cessna 152, dois Cessna 172, um Piper Arrow, um Socata Rallye, um Piper Cherokee, três planadores e um Chipmunk, que de momento não está a voar, o aeroclube disponibiliza os aviões aos sócios, nomeadamente para voos de proficiência para manutenção, para aeronaves mais complexas ou para lazer, num valor que varia entre os 105 e os 170 euros, dependendo do avião em causa. A operação dos planadores a partir de Ponte de Sor também já é uma realidade. Depois de Sintra e Évora, a localidade alentejana acolhe, pela primeira vez na história do Aero Club de Portugal, a segunda base permanente para operação de voo à vela, a dividir com Cascais. De entre os projectos a curto prazo, Paulo Moura Marques destaca o alargamento geográfico ao norte do país e arquipélagos, a possível introdução de helicópteros na sua frota e actividade e, em parceria com o Instituto de Formação Aeronáutica (IFA), voos por instrumentos a título constante e, quem sabe, cursos profissionalizantes. Maior número de sócios, de aeronaves e de horas voadas são os objectivos do Aero Club de Portugal para os próximos anos, não esquecendo a forta aposta no reforço da sua posição e crédito a nível internacional, não fosse o próprio dirigente desta aeroclube também o actual vicepresidente da FAI (a Federação Aeronáutica Internacional). ■ Hangar do Aero Club de Portugal em Tires www.takeoff.pt Paulo Moura Marques, presidente do AeCP Planador e Chipmunk, ambos propriedade do AeCP Julho 2011 História 11 www.takeoff.pt História www.takeoff.pt 12 Julho 2011 Julho 2011 História 13 www.takeoff.pt Angola Julho 2011 14 NOVO BOEING 777-300ER JÁ OPERA PELA TAAG Texto: Ana Sofia Ribeiro Fotografia: Take-Off O novo Boeing 777-300ER adquirido pela TAAG para a fazer a rota Luanda-Lisboa, a mais concorrida da companhia aérea angolana, já realizou, no passado dia 26 de Junho, o seu voo inaugural, desta vez com destino ao Rio de Janeiro, no Brasil. A nova aquisição da companhia transportou, assim, 168 passageiros, numa ligação que durou aproximadamente sete horas. O avião, baptizado com o nome “Sagrada Esperança”, presta homenagem ao primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, mais especificamente referindo-se ao título de uma das suas mais emblemáticas obras poéticas, representando, por certo, um futuro risonho e mais desenvolvido para a companhia, e também para o país. Aviões, negócios e cultura juntam-se, assim, para divulgar ainda mais as cores da TAAG pelo mundo. Na cerimónia de recepção do novo avião, que teve lugar no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, marcaram presença dezenas de pessoas, entre trabalhadores da protagonista daquele dia, a TAAG, empresários, jornalistas e entusiastas. “Este é um dia de grande orgulho para Angola e para os angolanos”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da TAAG, Pimentel Araújo, na cerimónia. Com o novo 777-300ER, Angola passa a ser o primeiro país em África com este tipo de aeronave, motivo de orgulho para a companhia, mas também para a população local. Boeing 777-300ER à chegada a Angola A recém-chegada aeronave faz parte de um pacote de duas aeronaves adquiridas à construtora aeronáutica norte-americana Boeing, orçadas em mais de 375,4 milhões de dólares (261 milhões de euros), no âmbito da reestruturação da companhia nacional aérea angolana. O segundo aparelho, denominado “Welwitchia Mirabilis”, e de matrícula D2-TEH, está previsto aterrar em Luanda no próximo dia 7 de Julho. Como já noticiado na anterior edição do Take-Off, as novas aeronaves apresentam uma maior capacidade de transporte total, mais 38 passageiros e mais 11.500 Kgs de carga, têm condições de conforto acima da média para voos de longa duração, com filas de apenas nove cadeiras (mais largas e com maior reclinação) e uma distância entre filas de 85 cm, mais 7,5 cm do que as anteriores aeronaves. A Primeira Classe terá apenas 12 cadeiras, em vez das 14 da configuração que existia até então, uma redução que permite a existência de um Lavabo Prémium. A Classe Executiva tem outras cinco cadeiras acrescidas, totalizando 56 lugares com uma distância entre filas de mais 15 cm. A recente aquisição pela transportadora aérea tem, entretanto, promovido a TAAG no mundo da aviação. Quem o afirmou foi o representante da Boeing em Angola, David Beberfall, em entrevista à Angop, que reconheceu um crescimento exponencial da companhia desde que a TAAG começou a operar com os 737, 747, os 777-200 e agora os 777-300, uma aeronave que diz representar “um salto extremamente grande no enriquecimento da companhia”. Para o técnico norte-americano, em serviço no país há cerca de cinco anos, esta operação comercial de aquisição de novos aviões vai permitir à www.takeoff.pt Boeing 777-300ER na cerimónia de recepção Dezenas de pessoas marcaram presença na cerimónia TAAG “melhorar os seus lucros, ter, cada vez mais, maior capacidade nos seus negócios e fazer aumentar a sua caixa económica”. O engenheiro apontou ainda a rota Luanda-Lisboa como a que poderá ser a maior beneficiada, na medida em que no final do ano a transportadora tem registado uma grande afluência de passageiros. aérea espanhola Ibéria começar a voar duas vezes por semana para Luanda, a partir de 29 de Setembro. Esta é a 12ª rota da companhia em África, diz a Iberia, que indica ainda que as tarifas públicas “podem ser combináveis com voos da British Airways, que também voa duas vezes por semana” para o destino. A TAAG começou, entretanto, voar entre Luanda e a cidade do Porto, em Portugal, satisfazendo as comunidades angolana e portuguesa residentes nestas duas localidades, com dois voos por semana, uma notícia, aliás, avançada pelo Take-Off na anterior edição. De acordo com o previsto, a transportadora angolana vai operar às sextasfeiras, com saída de Luanda às 23h30 e chegada ao Porto às 07h15; e aos domingos partirá da capital angolana às 11h00 para escalar a cidade portuguesa às 18h45. De referir ainda que a iniciativa resulta do interesse manifestado pelos habitantes de ambos os países. A TAAG operava até aqui com o B777-200ER nas rotas de Lisboa, Pequim, Dubai, Rio de Janeiro, São Paulo, Pretória e Joanesburgo, e com B737-700 em rotas domésticas e regionais. A entrada do 777300ER na frota da companhia aérea de bandeira veio implicar uma reprogramação das ligações, especificamente no que diz respeito aos tão conhecidos “triple seven”, mas as alterações poderão compensar a transportadora, conferindo-lhe uma maior procura por parte dos passageiros, mais fidelidade dos mesmos à companhia e melhores resultados anuais. Os novos Boeing 777-300ER trazem, assim, uma lufada de ar fresco à companhia aérea angolana, mas também ao país que a acolhe. E que a esperança seja sagrada e concretizada. ■ Novidade em termos de ligações é também o facto de a companhia Julho 2011 Angola Rui Carreira, administrador da TAAG, na cerimónia de recepção A tripulação Cockpit Boeing 777-300ER Interior do Boeing 777-300ER 15 Cerimónia de recepção do Boeing 777-300ER www.takeoff.pt Angola Julho 2011 16 AIR26 PRETENDE CHEGAR AO MERCADO INTERNACIONAL Texto: Ana Sofia Ribeiro Fotografia: Air26 Constituída em 2005, só iniciou a sua actividade um ano mais tarde com voos regulares domésticos. Cinco anos depois, a Air26 é uma das companhias aéreas angolanas certificadas como operadora aérea pelo Instituto Nacional de Aviação Civil local, o INAVIC, e que, a par da TAAG e da SonAir, opera a partir de Angola e entre as suas principais províncias. Composta por uma frota de 11 aeronaves, das quais quatro jactos e sete turbo hélices, a Air26 cobre, assim, três segmentos de negócio: voos domésticos e voos regionais, com os seus Embraer, e voos internacionais, com o seu único Citation. A voar todas as semanas para Cabinda, com quatro voos, a rota mais procurada pelos passageiros da companhia, para Soyo, com dois voos, para Catumbela, com outros dois, para Ondjiva, também com dois voos, para Lubango, com um voo directo, e para Luena, com dois voos, a Air26 pretende cobrir todas as necessidades dos seus passageiros, nomeadamente os que procuram as suas rotas em prol dos seus negócios ao serviço do país. “Muito embora Soyo tenha um grande fluxo de passageiros institucionais, em particular as empresas petrolíferas que, só em 2008, geraram cerca de 800 mil passageiros em serviço em Angola, Cabinda continua a ser o destino mais procurado”, referiu em entrevista ao Take-Off o director comercial da empresa, João Carlos Ceita. A querer consolidar a sua presença no mercado angolano e a ambicionar liderar o mercado aéreo privado do país, outra das prioridades da Air26 será estabelecer uma rede eficiente de transportes aéreos, cobrindo as províncias angolanas, o continente Africano, a Europa e as Américas, um mercado, portanto, doméstico, regional e internacional, segundo nos adiantou o responsável. A transportadora pretende também ser líder no mercado aéreo privado do país e continuar a consolidar a sua presença no mercado angolano. www.takeoff.pt E se o ano de 2010 ficou marcado por uma descida na procura pelos voos nacionais, fruto da actual crise financeira, uma situação que a Air26 vê como “a mais complicada que alguma vez teve de enfrentar, e que tudo tem feito para reverter tal cenário”, como confessa o seu director comercial, já para o corrente ano se espera uma ligeira retoma e impulso do mercado. “Estamos esperançosos que 2011 seja um ano de investimento, uma vez que a crise que abalou o mercado deixou mazelas de difícil cura, mas o dinamismo que se tem verificado na economia de Angola, impulsionado sobretudo pelo sector petrolífero, turismo e pelo imobiliário, tem proporcionado novas oportunidades de negócio associadas a estas indústrias”, concluiu João Carlos Ceita, que deposita fiel confiança nos turistas, expatriados e homens de negócios que têm visitado Angola. e qualidade de serviço, o mercado responde com uma categórica preferência pelos nossos serviços, perfazendo níveis iguais e superiores a 92%”, sublinha João Carlos Ceita ao Take-Off. Potencialização da companhia, aumento da sua qualidade de serviços e melhoramento da sua capacidade técnica e de qualificação de pessoal são agora os grandes objectivos da Air26. ■ Para recuperar da actual conjuntura, a Air26 vê também nos voos inter-províncias angolanas uma boa aposta e um mercado apelativo. “A oferta inter-províncias resume-se à existência de voos proporcionados pela TAAG, SonAir, por uma empresa de táxi-aéreo e por ligações terrestres asseguradas por três operadores e alguns “candongueiros”. Estes serviços caracterizam-se pela sua irregularidade, baixa frequência e pouca qualidade. Ora, quando os visitantes chegam a Angola, instalam-se em Luanda, o único aeroporto internacional, e a maior parte deles não se desloca, depois, a outras províncias no mesmo dia, por inexistência de oferta adequada de transportes e limitação de operação nocturna”, identifica o responsável, adiantando que a solução estaria, então, no facto de “este nicho de mercado poder ser, de alguma forma cuidada, cedido pela companhia de bandeira angolana”. Apesar de tudo, a Air26 consegue chegar a ofertas “bastante animadoras”, nas palavras do seu director comercial, atingindo uma média de 1.200 passageiros por dia. “Aliado ao cumprimento Interior do Embraer 135 da Air26 FROTA AIR26 - 1 Jacto Executivo de 8 lugares (Citation X); - 2 Jactos Executivos de 37 lugares cada (Embraer 135); - 1 Jacto Executivo de 50 Lugares (Embraer 145); - 6 Aeronaves turbo hélice de 30 lugares cada (Embraer 120); - 1 Aeronave turbo hélice Cargueiro (Embraer 120) com capacidade para 3.000 kg CAE Global Academy Évora Open Day Dia 27 de Julho de 2011 Aeródromo Municipal de Évora 10h00 às 17h30 Queres ser Piloto de Linha Aérea? Participa neste evento e não percas esta oportunidade para decidir o teu futuro! Actividades: • Teste de aptidão aeronáutica em simulador de voo • Visita às nossas instalações • Sessão de esclarecimento sobre os cursos de ATP (A) • Exposição estática de aeronaves • Almoço volante • Sorteio de três baptismos de voo A participação neste evento apenas será possível mediante acreditação. Efectua o teu registo através dos seguintes contactos: E-mail: [email protected] Telefone: +351 266 730 540 Informação: A CAE Global Academy Évora disponibiliza transporte para este evento. Contacta-nos para mais informações. Informamos que a presença neste evento está sujeita a um limite máximo de participantes. caeglobalacademy.com/evora Eventos Julho 2011 18 VOLTA APAU 2011: CASTAS & SABORES Texto: António Rocha - Presidente da Direcção da APAU Fotografia: André Garcez A APAU realizou, de 10 a 13 de Junho, como programado, a Volta APAU 2011 – Castas & Sabores. O evento decorreu com normalidade e dentro dos, já tradicionais, padrões de irrepreensível disciplina aeronáutica. A meteorologia esteve quase sempre favorável, permitindo a execução da quase totalidade do programa. No último dia, contudo, insinuou-se fora dos parâmetros de compatibilidade com a nossa Aviação, havendo lugar à aplicação preventiva das opções de contingência. O nível técnico de execução dos Aviadores esteve distinto - reflectindose na ausência de acidentes - e o ambiente de solidariedade esteve presente sempre que se manifestaram contingências técnicas e operacionais. A par da componente operacional, também a social, potenciada pelas distintas recepções com que fomos agraciados em todas as escalas sem excepção, estiveram no seu melhor. Em representação da Direcção da APAU, permito-me agradecer a todos os Aviadores e Participantes, a todos os que se empenharam em nos receber nos diversos locais por onde passámos e ainda aos patrocinadores que, apesar dos tempos menos favoráveis, nos distinguiram com o seu envolvimento. Pessoalmente, expresso reconhecido agradecimento à equipa organizativa, coesa e solidária, focada na segurança, sempre disponível nos trabalhos de preparação e de campo, incluindo, obviamente, o controlo de qualidade das Castas. Participaram 45 aeronaves, oriundas dos mais diversos Campos de Voo. Num excelente exemplo de descentralização, não foi ultrapassado o número de cinco aeronaves por Campo, cabendo este distinto número a Viseu. Sem mais comentários, as imagens que aqui juntamos, pela objectiva do André Garcez, ilustram mais um elevado momento colectivo da nossa Associação. ■ www.takeoff.pt Julho 2011 Eventos 19 COSFORD AIRSHOW 2011 Texto e fotografia: Mike Silva A previsão de chuva intensa durante todo o dia, afastaria qualquer visitante de um Airshow... Mas não em Inglaterra! Algo que se aprende logo no início quando se vem morar para Inglaterra é trazer umas galochas no carro. “Wellies”, como os nossos amigos ingleses lhes chamam. Mas o programa de Cosford prometia e nada nos iria parar! Localizado numa base da Royal Air Force, no centro de Inglaterra, próximo da segunda maior cidade inglesa Birmingham, e incorporando um dos museus da Força Aérea Britânica, o show de Cosford é considerado um dos mais importantes do Reino Unido. Previstos no evento estava a aparição em voo do mais emblemático e impressionante aparelho militar da actualidade, o poderoso bombardeiro nuclear Vulcan, agora em mãos civis, um dos mais antigos jactos do Mundo (que foi rubrica na nossa edição do mês passado) e o único F-86 a voar na Europa. Porém, o extremo mau tempo obrigou ao cancelamento da quase totalidade das exibições, mas não afastou o público, que se resguardou nos inúmeros hangares do complexo. Nestes hangares, os visitantes puderam experimentar a sensação de estar aos comandos de ícones actuais e do passado da RAF, como o Tornado, o Harrier ou o Jaguar. Alguns helicópteros Chinook de dois rotores estiveram também disponíveis ao público, mostrados pelas tripulações da RAF que se empenhavam em fazer o melhor possível para que as pessoas não saíssem de Cosford desiludidas. O espantoso museu de Cosford é sempre um local a visitar e a revisitar, e ajudou a alegrar a festa neste dia chuvoso, mostrando as suas duas novas aquisições: um jacto executivo Dominie, que esteve a serviço da RAF durante mais de 30 anos, e um imponente e completo helicóptero naval americano Sea Stallion, armado até aos dentes. Numa acção surpreendente, a fábrica de “kits” Airfix ofereceu de presente a todas as crianças um modelo de avião à escolha, que a rapaziada podia montar imediatamente, utilizando mesas disponíveis e materiais como colas e tintas. Ataque simulado Ar-Solo De referir ainda que a RAF trouxe até Cosford duas esquadrilhas acrobáticas, os populares e sempre impressionantes “Red Arrows”, e os “Blades”. A desafiar o mau tempo de uma forma louvável, a pequena esquadrilha “Turbulents” actuou com alguns aparelhos Druine Turbulent de construção amadora, propulsionados por motores de Volkswagen Carocha! Os visitantes puderam ver de perto as aeronaves Um dos momentos que mais pessoas arrastou de dentro dos hangares foi o ataque simulado Ar-Solo por um Tornado GR4, originando impressionantes explosões e um circo aéreo, onde um piloto tentou aterrar numa pista rebocável em andamento, praticamente do tamanho da aeronave. Cosford é, sem dúvida, um airshow a visitar, repleto de novidades todos os anos, sendo uma referência importante no circuito de airshows europeus, independentemente das condições climatéricas. Ainda assim, esperemos que para o ano o São Pedro (mais conhecido, por estes lados, por Saint Peter) esteja mais sossegado e que possamos deixar as galochas no porta-bagagens. ■ Blades, esquadrilha acrobática da RAF Boeing Vertol Chinook da Royal Air Force Tornado GR.4 www.takeoff.pt Eventos Julho 2011 20 PLÁCIDO AIR CUP 2011 MARCADA PELA FORTE PRESENÇA ESPANHOLA Texto: Ana Sofia Ribeiro Fotografia: Guilhermino Pinto A quarta edição da Plácido Air Cup elegeu, entre os dias 9 e 12 do passado mês de Junho, os actuais campeões nacionais de acrobacia aérea. Mais uma vez coube à cidade de Santarém acolher este campeonato, que decorreu no Aeródromo Cosme Pedrogão, e que este ano ficou fortemente marcado pela presença de pilotos espanhóis. O primeiro dia, ao contrário das anteriores edições, ficou reservado apenas para voos de treino e para uma recepção, por parte da Câmara Municipal da cidade, aos pilotos e organização, dando depois lugar, nos restantes dias, a voos de competição dentro de programas conhecidos em todas as categorias (à excepção de Ilimitado, por não ter participantes), programas livres em Avançado e Intermédio e desconhecidos em todas as classes (excepção da classe de Básico). A título explicativo, note-se que as provas de acrobacia são normalmente constituídas por três programas de voo: programa conhecido, que todos o conhecem no princípio do ano; programa livre, desenhado por cada piloto, obedecendo a regras predeterminadas; e desconhecido, que será distribuído horas antes da prova e que não pode ser treinado. A pontuação do programa conhecido é retirada da contabilidade para pontuação final, quando todos os pilotos tiverem voado o primeiro desconhecido. A finalidade do conhecido é dar a ordem de pilotos para os programas seguintes, servindo também de qualificação (normalmente quem tem menos de 60% não se qualifica para os restantes programas). Assim sendo, na classe de Avançado, classe que este ano nos representa internacionalmente em Dubnica (Eslováquia), a luta foi renhida pela disputa do primeiro lugar até à chegada dos programas desconhecidos, onde David Membrives se destacou claramente dos restantes participantes, tendo ganho com uma margem de 8% (para exemplo, esta margem no mundial do ano passado foi a diferença entre o vencedor e o vigésimo oitavo classificado). No final, tivemos David Membrives com 71,12%, Santiago Sampietro com 63,03% e Jorge Fachadas com 60,33%, o que significa que, apesar de ligeiramente abaixo, quer o Jorge, quer o David mantiveram o nível da última edição da Plácido Air Cup, em 2010, enquanto o Santiago desceu cerca de 9%. Já na classe de Intermédio, apesar de Javier Tabares, com o seu Pitts S1-D, ter ganho as provas do conhecido e livre, o seu resultado no desconhecido não lhe permitiu ter levado para Badajoz a taça do primeiro lugar, tendo a mesma ido para Málaga pelas mãos de Jose María Gazquez, actual proprietário do Extra 300L, antigo avião de Paco Sola. Em Desportivo, o piloto português Pedro Cunha Pereira voltou a brilhar, ficando em segundo lugar com o seu Citabria, um avião que, apesar de estar em perfeitas condições de voo, não deixa de ter 40 anos. O mérito é-lhe ainda mais reconhecido pelo facto de o avião não possuir sistema de voo invertido, o que dificulta a tarefa do piloto em acrobacia de competição. A vitória coube, ainda assim, a Steven Van Wichelen, com o seu Decathlon, arrecadando a percentagem de 73,60%, seguindo-se (quase empatados nos 68%) Pedro Cunha Pereira, com 68,59%, Javier Guevara, com 68,43%, e Carles Algués com 68,38%. Vista geral dos participantes da PAC11 De referir ainda que, a nível de segurança, o encontro ficou marcado por diversas invasões da caixa acrobática, por parte de aeronaves que diziam não ter conhecimento do Notam, apesar do mesmo estar publicado. O ano de crise também de se fez sentir na acrobacia nacional, quer a nível de participantes, quer em relação ao número de espectadores, ainda assim, o campeonato encheu, uma vez mais, de cor e acrobacias os céus de Santarém. O Campeonato Europeu de Acrobacia Aérea, categoria Avançada, EAAC 2011, decorrerá entretanto de 12 a 21 de Agosto na Eslováquia. A equipa será constituída pelos pilotos Jorge Fachadas, Santiago Sampietro e David Membrives. O piloto Lino Gonçalves não integrará, este ano, a equipa “por razões de natureza pessoal e de equipamento”, de acordo com informação avançada ao Take-Off pela Federação Portuguesa de Aeronáutica. O treinador Nicolas Ivanoff será, entretanto, substituído, “por motivos que se prendem fundamentalmente com a disponibilidade deste no trabalho de assistência aos treinos da equipa”, e quem lhe toma o lugar é o piloto de voo acrobático da categoria Ilimitada, sub-delegado da FAI para Portugal, António Ideias. ■ PUBLICIDADE Beechcraft Baron G58 - Beechcraft King Air C90GT Na classe de Básico, o vencedor foi, como não podia deixar de ser, o único participante, Diogo Lino, com o Yak52, que arrecadou 75,86%, nesta que foi a sua primeira prova na modalidade. O último dia da Plácido foi ainda animado por baptismos de voo, um Freestyle protagonizado pelo piloto Paco Sola, uma formação de Santiago Sampietro no Extra 330SC e Jorge Fachadas com o Extra 300L, e saltos em queda livre, com Nuno Pedrogão e Lino Gonçalves, que viu esta como a melhor forma de contribuir com o evento, já que, por avaria do seu Extra 300S, ficou impossibilitado de participar na classe de Avançado. De fora deste campeonato ficou também Diana Gomes da Silva, por problemas no seu Pitts, e António Ideias, que este ano ficou como director desportivo do campeonato. Delivery March 2012 Francisco Carvalheira M: +351 919 702 891 [email protected] www.ttcaviation.com Citabria em que participou o piloto Pedro Cunha Pereira www.takeoff.pt Eventos Julho 2011 21 É DE CRIANÇA QUE SE GANHA O GOSTO PELA AVIAÇÃO Texto: Ana Arvanas Fotografia: Take-Off No dia mundial da criança, a 1 de Junho, o Hangar da Gestair, situado no Aeródromo de Cascais, foi palco de um dia diferente para muitas crianças, e o Take-Off não quis deixar de se juntar à Gestair Flying Academy, numa bonita iniciativa que a escola de voo organizou para proporcionar a 65 meninos do Real Colégio de Portugal um dia diferente, no qual crianças entre os três e os seis anos de idade puderam privar e conhecer melhor o mundo da aviação, descobrindo pelas suas próprias mãos, sob as instruções dos experientes instrutores da escola, e sempre sob o olhar atento das quatro educadoras e outras tantas auxiliares, os vários recursos de que a Gestair dispõe para instruir os seus alunos. Foi permitido às crianças entrarem nas aeronaves da escola, experimentarem o simulador de voo, visitarem a Torre de Controlo do aeródromo, e entre um e outro cenário o ambiente era de festa completa, sempre com muito entusiasmo, próprio da idade, mas também típico de quem estava a adorar a experiência. Para que este dia fique na memória dos que puderam estar presentes, mas também na lembrança daqueles que não assistiram, pedimos aos alunos que fizessem um desenho alusivo à data, solicitação essa que foi respondida com o máximo entusiasmo, e com uma afluência de 100%. Apesar de estarem todos os desenhos muito bons, não podemos publicá-los a todos, por isso, e como agradecimento pelo esforço e dedicação com os quais estes 65 petizes aceitaram o desafio do Take-Off, publicamos então o desenho vencedor, o segundo e terceiro classificados nesta edição, sendo que os restantes estarão disponíveis brevemente no site do Take-Off, em www.takeoff.pt. Fotografia de grupo De referir ainda que a escolha dos desenhos vencedores se prendeu apenas com o critério estético por parte da redacção do Take-Off que, com a ajuda da administração da Gestair, seleccionou os três desenhos que melhor reflectem, no nosso entender, este dia. Se deste leque de 65 crianças irá resultar algum piloto é o que nos resta saber, mas ficamos com uma certeza – todos eles passaram um dia diferente e especial que não esquecerão nos próximos tempos. ■ O Take-Off foi muito bem acolhido pelas crianças A distribuição do Take-Off Segundo classificado - Francisco Anjo - 5 anos Desenho vencedor - Bianca Parreira - 5 anos Terceiro classificado - Catarina Ribeiro - 5 anos www.takeoff.pt Spotting Julho 2011 22 Fotos: André Cassio “SPOTTER’S DAY” DA BASE AÉREA Nº 6, NO MONTIJO Luís Padrão Foto: Diederick van Rietschoten Os spotters foram recebidos na base, tendo de seguida assistido a um briefing sobre as actividades que se iriam realizar durante o dia, e que incluíam ida para os locais de spotting, para observação e registo das aeronaves, almoço e, por fim, um convívio na Esquadra 751. Durante as sessões de spotting, foi possível registar as actividades das Esquadras 401, 501, 502 e 751, tendo-se verificado a presença, entre outros, de um Aviocar, um C-130, do sempre espectacular Merlin, de um Chipmunk da Academia da Força Aérea e de dois F-16 da BA5. Foto: Diederick van Rietschoten No seguimento do sucesso das anteriores edições, realizou-se no passado dia 22 de Junho, mais uma edição do “Spotter’s Day” da Base Aérea Nº6, no Montijo. O evento, organizado pela Esquadra 751, e que contou também com a colaboração das outras esquadras de voo que estão baseadas nesta Unidade da Força Aérea Portuguesa, teve a participação de um elevado número de spotters nacionais e estrangeiros, tendo atingido mais de uma centena de inscritos nacionais e estrangeiros. No final, a satisfação dos spotters era notória, pois tiveram o privilégio de participar, mais uma vez, num evento muito bem organizado. Os spotters agradecem a colaboração da Força Aérea Portuguesa, em especial à Esquadra 751. ■ PARIS AIR SHOW 2011 - LE BOURGET Foto: Filipe Couto Foto: Filipe Couto É um dos maiores festivais aéreos do mundo e um dos que tem maior afluência de spotters, principalmente, alemães, holandeses e ingleses. Este ano, duas das maiores atracções do festival eram a presença de dois gigantes da Boeing, o 747-8, na versão de passageiros, e o 747-8F, na versão de carga. O Boeing 787 também esteve presente, com o Dreamliner. E como os portugueses também marcam a sua presença nos grandes eventos aeronáuticos, o spotter Filipe Couto, através da sua objectiva, registou a chegada de dois dos mais recentes modelos da Boeing a Le Bourget. ■ Boeing 747-8 Intercontinental N6067E Esta página é patrocinada por: Boeing 747-8F N50217 www.takeoff.pt Spotting Julho 2011 Foto: Luís Padrão MOVIMENTOS DE DESTAQUE – Junho/2011 23 Início do Verão com muitas e boas novidades, um pouco por todo o país, com destaque para alguns movimentos de aviões russos, como são os casos, do Airbus 319 da Rossiya, do Tupolev 154 da Russian Space Agency que nos tem visitado todos os anos nesta altura do ano, do Antonov 12 da Kosmos Airlines e do Antonov 26 da Cityline Hungary. Com a época de Verão de volta, a Transaero iniciou os voos para Faro, e logo no segundo, trouxe o Boeing 777-200, que foi muito bem recebido pelos spotters algarvios. Surpresa foi a escala feita em Lisboa por um Airbus 319 da Capital Airlines (B-6418). E, de repente, a companhia de carga indiana, Deccan 360, anunciou a sua falência, e posicionou três A310 em Lisboa e Porto. Outra surpresa foi a chegada do Airbus A340 da Surinam Airways, que veio para manutenção. De salientar, também, a vinda do 737-800 da Jet2, com pintura base da Allegiant, e do elegante Global Express da Qatar Executive. O Verão está aí e promete dar muito trabalho aos spotters. Foto: Luís Padrão White Airways Airbus A320 CS-TQS TIPO DE AVIÃO COMPANHIA MATRÍCULA AEROPORTO 23-05-2011 29-05-2011 30-05-2011 30-05-2011 01-06-2011 01-06-2011 01-06-2011 01-06-2011 03-06-2011 03-06-2011 03-06-2011 03-06-2011 03-06-2011 03-06-2011 03-06-2011 03-06-2011 04-06-2011 04-06-2011 04-06-2011 04-06-2011 05-06-2011 06-06-2011 07-06-2011 07-06-2011 09-06-2011 09-06-2011 10-06-2011 10-06-2011 10-06-2011 10-06-2011 11-06-2011 11-06-2011 13-06-2011 13-06-2011 14-06-2011 15-06-2011 16-06-2011 16-06-2011 16-06-2011 17-06-2011 17-06-2011 18-06-2011 18-06-2011 18-06-2011 20-06-2011 20-06-2011 21-06-2011 21-06-2011 21-06-2011 21-06-2011 21-06-2011 23-06-2011 23-06-2011 23-06-2011 24-06-2011 25-06-2011 Boeing 737-800 Tupolev 154 Airbus A330-200 Gulfstream IV Airbus A320 Airbus A321 Airbus A310 Canadair CRJ-200 Airbus A319 Airbus A320 Airbus A330-200 Challenger 300 Global Express Global Express Boeing 737-700 F-18 Boeing 737-300 Citation Jet Embraer Phenom 300 King Air Airbus A320 Airbus A320 Gulfstream G450 Learjet Boeing 737-300 Embraer 135 Airbus A310 Boeing 767-300 Gulfstream G200 Galaxy King Air Embraer 190 Boeing 737-300 Airbus A320 Boeing 737-500 Global Express Embraer 145 Airbus A320 Airbus A320 Embraer 190 Boeing 777-200 Aero Commander Antonov AN-12 Hawker 900XP Boeing 737-800 Airbus A319 Boeing 737-300 Boeing 767-300 Challenger Embraer 135 Legacy Airbus A340-300 Gulfstream IV Airbus A320 King Air 350 Airbus A320 Challenger 300 Antonov AN-26 Jet2 (pintura Allegiant) Russian Space Agency Avianca Kingdom of Saudi Arabia White Air Méditerranée Deccan 360 Cimber Rossiya Strategic Air Caraïbes Privado Qatar Executive Privado SAS USAF BMI Baby Privado Privado Privado Thomas Cook (Alice in Wonderland) Small Planet Airlines Privado Privado Korongo Eastern Airways Deccan 360 Transaero Privado Capital Air Charter British Airways BMI Baby Orbest (pintura nova) Smart Wings Privado Passaredo Amsterdam Airlines Amsterdam Airlines Augsburg Airways Transaero Air Tempelhof Kosmos Airlines Privado Travel Service Capital Airlines Tor Air Flysunwing Privado Privado Surinam Airways United States of America Holidays Privado Orbest (híbrido) Privado Cityline Hungary G-GDFD RA-85655 N967CG HZ-MF4 CS-TQS F-GYAR VT-AIN OY-RJJ VP-BIU LX-STC F-OFDF SP-CON A7-CED SX-GJN LN-RRA 106 e 503 G-OGBD D-CRAH G-MGNE G-MOSJ OO-TCN SP-HAB N903G CS-DTM OO-LTM G-CGMC VT-AIO EI-UNC N533GA G-ZVIP G-LCYN G-TOYL EC-LLX OK-SWU VP-CGO PT-PSS PH-AAY PH-AAZ D-AEMF EI-UNR D-IABC RA-12988 M-INOR C-FTDW B-6418 SP-HAA CS-TFT HB-JFM HB-JED PZ-TCP N1 OK-HCB N173S EC-KZG S5-ADE HA-TCO Porto Santo Lisboa Lisboa Lisboa Lisboa Lisboa Porto Lisboa Lisboa Lisboa Lisboa Lisboa Lisboa Lisboa Lisboa Lisboa Faro Porto Porto Porto Faro Faro Porto Faro Faro Faro Lisboa Faro Faro Faro Faro Faro Lisboa Madeira Lisboa Faro Lisboa Lisboa Lisboa Faro Faro Lisboa Lisboa Porto Santo Lisboa Porto Porto Lisboa Lisboa Lisboa P. Delgada Faro Lajes Lisboa Faro Lisboa ThomasCook Airbus A320 OO-TCN Transaero Boeing 777 EI-UNR Kosmos Antonov An-12 RA-12988 TravelService Boeing 737-800 C-FTDW Deccan360 Airbus A310 VT-AIO Foto: Miguel Santos Foto: Luís Padrão Foto: Paulo Carvalho Foto: Paulo Carvalho Flysunwing Boeing 767-300 CS-TFS Foto: Luís Padrão Foto: Paulo Carvalho Foto: Luís Padrão Surinam Airways Airbus A340 PZ-TCP DATA Privado Boeing 737-400 N721VX www.takeoff.pt Ensino Julho 2011 24 NORTÁVIA: ESCOLA E INVESTIGAÇÃO TECNOLÓGICA NUM SÓ Criada há mais de 20 anos com o objectivo de fomentar a cultura aeronáutica no norte do país, a Nortávia é hoje uma escola de renome no mercado nacional e internacional, não fosse também o seu mais recente projecto tecnológico, o N-FAP, alvo de atenção redobrada. Texto: Ana Sofia Ribeiro Fotografia: Take-Off Ao chegar ao Aeródromo da Maia a meio da tarde, o pouco movimento de pessoas e aeronaves denota uma diferença evidente entre o norte e o centro do país, pelo menos se o compararmos com outros aeródromos onde estejam sedeadas escolas de aviação, como Tires ou Évora. Era sexta-feira e os alunos só chegavam à Nortávia daí a umas horas (os cursos são pós-laborais), o que nos deu algum tempo para visitar as pequenas instalações. A escola começou a sua actividade em 1989, mas só em 2004 foi autorizada a funcionar como FTO, altura a partir da qual começou a formar pilotos profissionais. Hoje, o curso de maior adesão é o de Piloto de Linha Aérea de Aviões - ATPL(A), mas não de menos destaque é também o de Piloto Comercial de Helicópteros - CPL(H), com o qual os alunos poderão, depois, concorrer a qualquer empresa que opere helicópteros, tanto no mercado nacional, como no internacional. Erigido num monte, a vista desafogada do aeródromo enquadra-nos num cenário quase rural, longe da típica confusão citadina. A pista de 1.700 metros, que recebeu apenas uma descolagem no espaço de duas horas, acompanha as estruturas da escola: um hangar de manutenção e um edifício central, onde estão as salas de aulas, de briefing e de operações, espaços de lazer, gabinetes e o simulador. Ali, não há tempos de espera nas horas de voo e nem se pagam taxas para aterrar, outras duas relevantes diferenças quando se compara com tantos aeródromos nacionais. A proximidade com o Aeroporto Francisco Sá Carneiro permite que os alunos comuniquem com tráfego civil que não o da escola e que possam aterrar lá para treinar essencialmente as comunicações e o voo por instrumentos (IFR), e até lhe ganhar o gosto, uma vez que a maioria dos alunos da Nortávia tem a ambição de ser piloto de Linha Aérea, um sonho que ali parece mais alcançável e real. E se o facto de ser uma empresa familiar, pequena e personalizada é um dos pontos que distingue esta escola de outras, o ensino por e-learning ocupa um dos restantes lugares do pódio. Assim, em alternativa ao curso presencial nas instalações da escola, o aluno pode actualizar os seus conhecimentos ou converter a sua licença, frequentando o curso modular de teoria de linha aérea em ensino à distância. “É uma peça importante, porque criámos condições para qualquer pessoa ter acesso, sobretudo os que têm menos possibilidades”, comentou Cassiano Rodrigues. Ao sistema por e-learning acrescem apenas cerca de 15 horas teóricas presenciais, um espaço aproveitado para dúvidas e trocas de ideias. Na verdade, a Nortávia foi fundada há mais de 20 anos com o objectivo de evitar o fim da actividade aeronáutica no Grande Porto, devido às novas medidas e exigências impostas, na altura, pela ANA – Aeroportos de Portugal no aeroporto do Porto, onde o Aeroclube tinha a sua base operacional e de onde teria de sair. Além disso, pretendia a Nortávia que o norte do país tivesse a aeronáutica como linguagem comum, fomentando o gosto pela aviação e tornando o voo acessível a qualquer pessoa. Hoje, o director da Nortávia, e também director do Aeródromo Municipal da Maia, afirma que a missão está cumprida e que o balanço é muito positivo. “Antes da Nortávia, não havia qualquer tipo de cultura aeronáutica no norte do país, nem formação de pilotos ou de mecânicos. Não tínhamos nada. Com a escola demos a oportunidade de ter cá pilotos, podemos actualmente dar formação e qualificação a mecânicos e podemos dinamizar a população para aquilo que é a aeronáutica”, salientou Cassiano Rodrigues, em entrevista ao Take-Off, acrescentando, com orgulho, que “hoje, já se fala a língua aeronáutica no norte do país”. Mesmo com uma frota de 15 aeronaves (quatro Cessna 152, quatro Cessna 172, um Cessna 402B, um Cessna 414, um Beechcraft F33A, um Piper Seminole e três helicópteros (um Robinson R-22, um Robinson R-44 e um Schweizer HU269)), alguns alunos queixam-se da falta de aviões em relação ao número de alunos existente, principalmente na fase do multimotor. Ainda assim, a escola não prevê novas aquisições e a direcção refere inclusive que se “tratam de picos de procura, porque os alunos deixam tudo até à data limite”. Adianta ainda Cassiano Rodrigues que a escola detém as aeronaves mais adequadas para instrução, salientando o facto de a Nortávia representar em exclusividade para Portugal a Cessna Aircraft Company no que diz respeito a suporte técnico/engenharia e distribuição de peças genuínas. E se a certificação EASA PARTE-145 lhes permite assegurar a manutenção de um grande número de aviões e helicópteros da escola e de outros particulares, a PARTE-147 autoriza-lhes a ministrar cursos de manutenção aeronáutica, mais especificamente as qualificações para determinadas aeronaves, uma vez que a Nortávia não dá o curso base de técnico de manutenção. Cassiano Rodrigues, director da Nortávia e do aeródromo NORTÁVIA APOSTA EM AVIAÇÃO MAIS AMIGA DO AMBIENTE Além da escola, do centro de manutenção da própria frota e a terceiros, da formação para qualificação, do trabalho aéreo de avião e helicóptero e dos voos panorâmicos, a investigação e o desenvolvimento são outras valências da Nortávia. Pelos céus do Aeródromo da Maia já desperta curiosidade o mais recente projecto da empresa. De nome N-FAP (Nature Friendly Airship Programme), este dirigível pretende marcar a diferença por ser versátil e mais amigo do ambiente. Alimentado por energia gerada a partir de um motor eléctrico, biocombustível, baterias e células fotovoltaicas, esta invenção da Nortávia pode estar no ar por umas horas ou, se preferir, durante meses, podendo assim chegar aos locais mais remotos do mundo. Além de usar o hélio como base, que não é inflamável, este dirigível de última geração integra ainda um sistema que permite que seja conduzido sem piloto a bordo. Vigilância de florestas, da costa marítima, transporte de carga e de passageiros são algumas das possibilidades levantadas pela empresa que começou a estudar o projecto há já quatro anos, agora resta encontrar potenciais investidores. “É, em termos de ambiente, mais eficiente, e não vem disputar o mercado de ninguém. Era uma coisa que faltava, é a grande novidade, o nosso grande impulso”, elogiou Cassiano Rodrigues, um dos mentores deste N-FAP. A área das aeronaves não tripuladas (UAS - Unmanned Aerial Systems) está também a ser desenvolvida pela Nortávia através de protocolos com a Universidade da Beira Interior (UBI), com o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), com o Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CENTI) e, a nível de formação, com a Universidade Lusófona do Porto. “Os aviões passam agora a voar em territórios que não são nossos e é preciso criar leis para regular tudo. Por isso, não estamos a desenvolver um projecto, estamos antes a adaptá-lo a aeronaves que já existem e que estejam preparadas para o efeito”, explicou Cassiano Rodrigues, também ex-piloto da Força Aérea Portuguesa, preferindo não adiantar muito sobre os novos projectos da Nortávia, não fosse o segredo a alma do negócio. “É COMO TER O PARAÍSO À NOSSA FRENTE E NÃO O PODER ALCANÇAR” Parte da frota de Cessna da escola www.takeoff.pt Do outro lado da pista, quase ao abandono, está um edifício térreo, que exibe, numa suposta torre de controlo, “Aeródromo Vilar de Luz, Maia”. Construído inicialmente para a aviação executiva e companhias aéreas low cost, hoje está vazio, parado no tempo. É apenas um espectador local, que presencia o movimento, as mudanças, as melhorias e o avanço de tudo quanto se passe da pista para lá. A pista, essa, também é sua companheira na fronteira entre o que está feito Ensino Julho 2011 25 e o que podia ser feito, estando deteriorada, com lombas, em alguns pontos do asfalto. Embora a vista dali seja privilegiada e as aeronaves se enquadrem num distinto cenário aeronáutico, os futuros pilotos não deixam de notar nos detalhes. “Os alunos podem, em termos gerais, ficar cativados pela escola, mas não pelas instalações ou pelo exterior”, reconheceu o director da Nortávia quando confrontado com estas lacunas do aeródromo. “O aeródromo tem condições para ser uma belíssima infra-estrutura, mas não o é em função de erros nos materiais usados, de não respeitar as normas existentes no INAC para o efeito, dificultado ainda por o proprietário do aeródromo ser a Câmara Municipal da Maia”, adiantou Cassiano Rodrigues. Na base desta situação estão, sublinha o mesmo, más decisões e más condições por parte da autarquia local, a quem foram apresentados diversos projectos para o aeródromo, sem dali ter visto qualquer avanço. “Quando estava previsto fazermos a manutenção do A320 aqui, nomeadamente da pintura, ou até quando as low cost vieram tentar operar aqui, porque no aeroporto era muito caro, a Câmara não quis. Claro que não temos as infra-estruturas cuidadas para isso, mas podiam estar. Havia e há uma data de serviços que podiam ser implantados e não são por uma questão de falta de abertura por parte da Câmara. Além disso, há dois anos, a Nortávia tinha um projecto para beneficiar o aeródromo com um investimento de nove milhões de euros, a fundo perdido, da parte da União Europeia, e a Câmara, mais uma vez, não quis. Ora, aquilo que podia ser um cartão-de-visita e de entrada para o Douro, acaba por não ser Os cursos de helicópteros são uma das marcas de distinção da Nortávia aproveitado”, detalhou o também director do aeródromo, confessando que a situação se resume ao facto de “ter o paraíso à nossa frente e não o poder alcançar”. Sala de aula da Nortávia Simulador de voo O actual presidente da Câmara Municipal da Maia, António Fernandes, mostrou-se surpreso ao ser confrontado com tais declarações, adiantando que em qualquer circunstância o director do aeródromo se havia mostrado descontente com o trabalho da autarquia, desafiando-o até a fazê-lo pessoalmente. Adiantou ainda o autarca que era sua pretensão ter voos regionais e low cost, elevar o cluster de aviação e sediar companhias naquele aeródromo, mas que o mesmo só não acontece por “falta de propostas sérias e viáveis”. “Dada a conjuntura, a Câmara está a conter os investimentos e, por isso, precisamos de parceiros, mas estamos abertos a todo o tipo de propostas”, assegurou o presidente. ■ Dirigivel da Nortávia junto ao edificio de apoio ao aeródromo Check-list por um aluno da Nortávia Hangar de manutenção e de frota da Nortávia PUBLICIDADE www.takeoff.pt Safety Julho 2011 26 INSPECÇÕES SAFETY Texto: Sónia Melo Ribeiro Fotografia: Take-Off No âmbito do Safety, cabe aos Oficiais de Operações Aeroportuárias (OPA) garantir que todas as superfícies de toda a área de movimento (pistas, taxiways e plataformas de estacionamento) e zonas adjacentes de um aeródromo sejam inspeccionadas regularmente e que as suas condições de safety sejam monitorizadas. O objectivo dessas inspecções regulares é prevenir e eliminar que qualquer objecto solto ou detrito possa causar danos às aeronaves ou até mesmo prejudicar o seu funcionamento. Os OPA são, assim, responsáveis por garantir, durante o período operacional de um aeródromo, que este oferece condições de segurança para a operação de aeronaves, bem como para toda a operação de assistência em escala que se desenvolve em torno dessas aeronaves. Para tal, os aeródromos devem ter um programa de gestão de segurança (Safety Management System – SMS), onde estejam definidos todos os procedimentos e frequências de reportes, para que os OPA possam registar todo o trabalho regular que têm num aeródromo e para que possam ser efectuadas todas as correcções necessárias nesse mesmo local. A frequência das inspecções depende da área a inspeccionar e está definida no DOC. 9137 Part.8 da ICAO. Nesse documento, consta que as pistas devem ser inspeccionadas, no mínimo, quatro vezes por dia, os taxiways e as plataformas devem ser inspeccionadas diariamente de modo tão regular quanto a sua utilização e as áreas relvadas e adjacentes com a mesma frequência que estes últimos. As inspecções às pistas, dependendo do movimento do aeródromo, podem ser as mais demoradas, uma vez que tem de existir sempre coordenação entre os serviços operacionais do aeródromo e os serviços de tráfego aéreo. Não deve, portanto, haver qualquer resistência à obrigação de tais inspecções. Os custos económicos associados à colocação de uma aeronave em holding (espera) podem ser elevados, mas quando o tema é aterrar ou descolar uma aeronave em segurança, não parece que existam dúvidas, pelo menos para quem vai viajar. Não é o facto de a última aeronave ter aterrado/ descolado sem problema que poderá garantir que, não havendo uma inspecção, o mesmo aconteça com a seguinte. Olhando para o que se descreve acima, poder-se-ia questionar qual a relevância deste assunto para um simples passageiro que apenas deseja chegar ao destino e gozar aquelas desejadas férias ou apenas para ter reunião de negócios… Relembremos, pois, neste sentido, um episódio trágico para a história da aviação: o acidente do Concorde em Paris. “Os pilotos perderam o controlo e o avião caiu num restaurante do hotel. Uma Investigação posterior revelou que a aeronave tinha atropelado uma tira de metal que tinha caído de um DC-10 da Continental Airlines durante o seu percurso de descolagem da pista”. É este o ponto. É imprescindível um programa de inspecções de frequência regulares e um programa de reportes dessas inspecções para que, de uma maneira pró-activa, se evitem episódios trágicos como o que aconteceu em Paris. Para tal, todos os procedimentos definidos e existentes devem estar descritos e devem chegar ao conhecimento de todos aqueles que trabalham para garantir o safety nos aeródromos. Oficial de Operações Aeroportuárias em actividade www.takeoff.pt Pushback de Boeing 737 stress acrescentado, o que pode não ser desejado para os níveis de segurança “ideais”. Limpeza de pista Um factor que tem influência directa na qualidade do desempenho safety num aeródromo é o número real de OPA’s destacados para determinado turno nesse aeródromo, uma vez que pode variar, dependendo do seu movimento e das suas necessidades safety. E embora não existam, neste momento, mínimos definidos para cada aeródromo nacional, se esses recursos forem insuficientes para o nível de trabalho exigido por cada aeródromo, parece óbvio que, mesmo que o resultado desse trabalho seja positivo, irá levar a um cansaço extremo dos OPA, e o cansaço também pode ser inimigo das condições safety desse aeródromo. Não chega ter o trabalho efectuado, é imprescindível avaliar as condições em que esse trabalho foi efectuado, e desta forma garantir que os turnos seguintes terão os memos resultados positivos dos anteriores. Nos dias que correm, este assunto é cada vez mais um tema de interesse global: Safety nos Aeroportos. Por um lado, os requisitos são efectivamente cumpridos pelo que é desejável e imposto pelas entidades nacionais e internacionais; por outro lado, o facto de não haver obrigatoriedade no número mínimo de recursos humanos a garantir esse safety aeroportuário leva, por vezes, ao trabalho sob “Em aviação, a segurança nunca é demais”, ouvi um dia esta frase e não me esqueci, principalmente porque, na minha opinião, essa segurança também tem a ver com os outros, aqueles que querem ter liberdade para viajar tranquilos, e se esse trabalho de inspecção permanente no aeródromo não for efectuado, pode, de forma inconsciente, estar-se a interferir com a segurança do próximo, ou seja, com a sua liberdade. ■ Inspecção de pista PUBLICIDADE Voo à Vela Julho 2011 27 ERA UMA VEZ... PLUMA BLANCA Emmanuel Lomba-Ruy Câmara Cabral www.airlomba.net No Voo à Vela, por vezes, as coisas não correm conforme planeadas ou desejadas, devido aos inúmeros factores que influenciam o voo. Estes factores, divididos entre internos e externos, vão desde o estado de espírito do próprio piloto até ao temperamento da meteorologia local, passando pela preparação do voo, entre outros. No entanto, é no grupo dos factores externos que aparece por vezes alguma surpresa agradável que torna francamente positivo o saldo de um voo. O artigo desde mês relata na primeira pessoa a história de um voo realizado há uns anos pela mão do piloto Ruy Câmara Cabral(*), em Guadarrama (Espanha). Passo então a palavra ao amigo Ruy para que nos conte como foi esse voo. Foi em finais do mês de Junho de 1992, no final de um estágio no Centro Nacional de Voo à Vela de Fuentemilanos, em Espanha. Por esta altura ainda não tinha conseguido as desejadas provas para o “C de Ouro” (altura e distância – vide artigo “O voo à vela de Competição”, no jornal Take-Off, nr. 136 de Outubro 2010). Foi num domingo. Nesse dia, acordei de madrugada com a tenda abanando ao sabor do vento e logo pensei se teria chegado O DIA para tentar os desejados 300 km. Fui atingido por uma decepção assim que saí da tenda, ao sentir um vento de Sul que me indicava que a Serra do Guadarrama não me daria qualquer ajuda. Mais tarde, durante o briefing, observando a previsão meteorológica para esse dia, confirmava as minhas suspeitas. Porém, havia condições na planície para tentar os 300 e até os 500 quilómetros. A escolha da prova caiu sobre um dos triângulos cujo traçado me pareceu mais fácil; por estar planeado entre os três pontos de viragem e por sobrevoar estradas principais. Um dos colegas, alemão, optou pela mesma tarefa, tendo conseguido descolar uma hora mais cedo – o que, normalmente, lhe traria grandes vantagens. A bordo do meu planador, para cumprir a tarefa, tinha de me governar apenas com o altímetro, a bússola, um mapa e a máquina fotográfica com rolo virgem para a confirmação da passagem pelos pontos de volta pré-estabelecidos. Segui para a pista e descolei... Passados 45 minutos de voo, tinha percorrido cerca de 50 quilómetros, mas ao aproximar-me de um riacho, entrei numa vasta zona descendente. Voltando para trás, na direcção de uma casa com jardim, piscina e certamente telefone, junto ao riacho, consegui a muito custo enrolar numa térmica e subir uns escassos 50 metros. No entanto, sempre que apontava o planador ao riacho, voltava a descer. Andei assim, neste sobe e desce, durante cerca de uma hora, em que sempre que passava por cima da piscina, via uns “bikinis” a acenar com as mãos como quem diz: “adeus, adeus...”. Mas ao cabo de umas tantas passagens, os bikinis já abriam os braços como que a perguntar: “afinal, o que queres tu daqui?!”... Como poderiam aquelas pessoas imaginar os meus apuros, naqueles momentos, com um crescente sentimento de que não tardaria a ter de aterrar fora (vide artigo “Quando o voo à vela vira vacada”, no jornal Take-Off nr.133 de Julho 2010). Ao cabo dessa hora de luta, sem conseguir alcançar uma altura confortável para seguir caminho ou voltar para trás, optei pela “vacada” junto à piscina, onde por sorte havia um terreno bem orientado e assim, para compensar o desânimo, teria companhia até à chegada da equipa de resgate... Quando já estava de olhos postos no terreno escolhido e a iniciar a entrada no vento de cauda, eis que me passa uma sombra pelo cockpit! Espalhando a vista para fora, avisto um abutre! Um abutre majestoso com a cabeça virada para mim e um olhar ao jeito de quem diz: “Anda daí meu azelha!”. Não hesitei, nem olhei para trás, e segui o meu novo amigo abutre. Passados uns segundos, estávamos os dois a enrolar uma belíssima térmica. de viragem. No entanto, com as contas feitas ao tempo perdido nas tentativas de passar o famigerado riacho e a mirar as miúdas, concluí que não me seria possível cumprir, em segurança, o trajecto marcado. Como tinha altura suficiente, voltei também para o aeródromo de Fuentemilanos. Ao jantar, à mesa com dois colegas portugueses e dois espanhóis, cada um descreveu o seu voo. Quando chegou a minha vez, contei também a minha aventura, fazendo referência especial à ajuda de um abutre; abutre esse que tinha uma pena branca em destaque numa das asas. Os dois espanhóis, em uníssono, exclamaram: “Esse abutre é o PLUMA BLANCA! Nosso conhecido e amigo que tem salvo muitos camaradas de grandes enrascadas...”. (*) Ruy Câmara Cabral aprendeu a voar, no oitavo Curso de Voo à Vela organizado e dirigido pela Mocidade Portuguesa, em Agosto de 1947, em Santa Iria da Azóia, com um planador Schulgleiter, também conhecido por “cadeira com asas”. Hoje, do alto dos seus oitenta e tal anos de idade e sabedoria, é o mais maduro piloto português com licença válida. Imaginem só as histórias que ele tem para contar... ■ Uma vez atingida uma altura razoável para seguir caminho, ouço uma voz no rádio: “Thank you seven eight!”. “Seven Eight?!”. Isso é o número do meu planador!!! Olhei à minha volta, o amigo abutre tinha saído da minha beira e estava agora na térmica, com outro planador. Era o colega alemão que tinha escolhido a mesma tarefa e que estaria ali, também, batalhando para passar o riacho. Eu, tão empenhado que estava no meu voo (e nos bikinis), nem dei pela sua presença... Algures, junto à montanha do Guadarrama, existe uma reserva de protecção ao abutre peninsular. É, por isso, frequente voarmos em conjunto com estas aves. Este abutre em particular, que me salvara do fiasco de ter de aterrar fora, não foi embora sem que eu tivesse notado que tinha uma pena branca numa das asas. Ao atingir os 1.500 metros de altura, o alemão cavou em direcção a Fuentemilanos com um “Good bye”. Eu, ainda tentei percorrer mais uns quilómetros em direcção ao segundo ponto PUBLICIDADE www.takeoff.pt Experiências Julho 2011 28 GESTÃO DE ENERGIAS I: CONCEITOS TEÓRICOS Miguel Silveira e-mail: [email protected] Comandante Sénior de A330 Vice-Presidente da APPLA Membro da Royal Aeronautical Society (MRAeS) Algumas confusões existem em torno de determinado tipo de aeronaves, nomeadamente, de algumas que, supostamente, não entram em perda. Este pensamento é um perfeito disparate, uma vez que existem apenas aeronaves que, através de complexos sistemas computorizados, têm maior protecção relativamente à perda. No entanto, uma vez que a perda é apenas um fenómeno de ordem aerodinâmica entre o vento relativo e o ângulo de ataque, facilmente se entende que um computador pode não actuar a tempo (ou simplesmente falhar...) de contrariar uma série de fenómenos, por exemplo, um pranchamento abrupto com simultânea variação repentina do vento relativo. Resumindo, sempre que é excedido o ângulo de ataque máximo ou, então, este é nulo, o perfil alar entra em perda, seja que tipo de aeronave for, com todos os seus milhentos computadores e todas as suas protecções. Para os mais crédulos nas novas tecnologia, qual redentora de toda a adversidade, arremetendo o humano para um papel de mero espectador, será talvez bom relembrar o recente revés do voo AF 447* no Atlântico Sul. Em alternativa, poderão dar como bem empregue o tempo dedicado a ler e ponderar sobre o que versarão os meus próximos dois artigos, pois bem que os poderá ajudar face a uma adversidade que envolva a gestão de energias de uma aeronave. Existem três tipos de energia que nos ajudam a entender e a gerir as aeronaves em voo, as quais são vulgarmente conhecidas como: Energia Cinética, Energia Potencial e Energia Química. A Energia Cinética define-se como a energia de movimento, uma vez que está associada ao estado de movimento de um corpo. No presente caso, a Energia Cinética é a de Translação, cuja fórmula é: Ect = ½ mv2. Esta expressão, que resultou do estudo da quantidade de trabalho necessário realizar sobre um corpo para alterar a sua velocidade (aumentar ou diminuir) dá-nos as seguintes indicações: - A Ect é directamente proporcional (varia com) a metade da massa (m) do corpo; - A Ect é directamente proporcional (varia com) metade do quadrado da velocidade (v) do corpo. Deste breve estudo da fórmula da Ect entendemos que quanto maior for a massa da aeronave, mais cuidadosa deverá ser a gestão de energia; a velocidade é peça fundamental, pois a Ect varia com metade do quadrado desta. A Energia Potencial (Ep) em questão é a Energia Potencial Gravitacional. A Ep nada mais é do que qualquer energia armazenada por um corpo que possa vir a desenvolver trabalho; a Energia Potencial Gravitacional resulta da interacção gravitacional entre corpos, no caso, entre a Terra e a Aeronave. A fórmula deste tipo de energia é a seguinte: Epg = mgh, de onde podemos entender que: - A Epg é directamente proporcional: à massa (m) do corpo, à aceleração gravitacional (g) do corpo relativamente à Terra (9,8 m/seg2) e à altura (h) do corpo relativamente a um determinado nível de referência. Energia Química é um termo também genérico e que se refere ao potencial energético das ligações químicas entre os átomos, sendo um dos resultados da sua libertação a combustão. Relativamente às aeronaves, referimo-nos ao combustível existente nos tanques e que, através da combustão controlada e direccionada, resulta no impulso da aeronave (no caso dos jactos), constituindo um óptimo exemplo da terceira Lei de Newton, Lei da Acção – Reacção. Usando conceitos mais úteis durante o voo, a Energia Cinética de Translação equivale à velocidade indicada da aeronave, a Energia Potencial Gravitacional equivale à altitude (distância) da aeronave relativa aos obstáculos relevantes e a Energia Química equivale ao combustível disponível nos tanques da aeronave. Espero que a figura 1. ajude o Aviador a ter estes conceitos sempre disponíveis no seu pensamento: Energia Química Energia Cinética Energia Potencial Figura 1. Conversão de energias Na figura 1. não é mero acaso as setas serem semicírculos e as caixas terem cores diferentes; tal pretende chamar a tenção para os seguintes factos de crucial importância: - As trocas de energias não são instantâneas; dão-se com atraso; - Durante as trocas de energias há sempre perdas; - Destas três energias, apenas a Energia Química pode ser convertida em qualquer uma das outras duas; - A Energia Química não pode ser renovada doutra forma que não por reabastecimento da aeronave; - As energias Cinética e Potencial podem converter-se uma na outra, mas nunca voltarão aos seus valores iniciais (a não ser recorrendo à Energia Química). Por esta altura, o leitor mais desprendido das questões teóricas estará a pensar: “Será necessário saber tudo isto para voar aeronaves?”. A minha resposta é simples: Infelizmente não, pois muitas das escolas de aviação dão, hoje em dia, Licenças de Pilotagem quase como um pronto-a-vestir. No entanto, qualquer Aviador Profissional que não saiba estes aspectos teóricos, que, de resto, são também práticos (algo que tratarei no próximo artigo), em minha opinião, deveria reflectir antes de pensar enveredar pela carreira de Aviador Profissional. Tem a minha opinião alguma validade, mesmo que vinda de alguém com mais de duas décadas de experiência como Aviador Profissional e mais de uma década de vida Académica? Pelos vistos não, se considerarmos que a Indústria Aeronáutica e os Órgãos Regulamentadores continuam a trilhar um caminho estranho, em que parece ser gala alienar o ser humano, enquanto utilizador do objecto criado, leia-se, aeronave, dando quase relevância única aos aspectos de engenharia e de complicação que visam proteger o utilizador da sua condição humana, incluindo o erro, mas tornando estes mesmos utilizadores reféns de armadilhas criadas pelos (também humanos!?...) que inventam máquinas tecnologicamente fantásticas, mas que em pouco ou nada ajudam, e muitas vezes desajudam, o utilizador, como será o caso do Aviador. Não encontro melhor exemplo do que terminar com a seguinte questão: qual a vantagem (modernice?) das manetes (thrust leavers) de alguns aviões, quando usadas no seu modo automático, não se moverem da mesma forma como quando são usadas manualmente? Dificultar a vida do Aviador ao obrigá-lo a ter que “procurar” pistas para a alteração do regime dos motores apenas nos instrumentos e no ruído destes? Sinceramente, não sei. Despeço-me até ao próximo número, sempre agradecendo a atenção dispensada à minha escrita. ■ *Sugiro a leitura do seguinte documento, facilmente acessível na internet: ACCIDENT TO THE AIRBUS A330-203, FLIGHT AF 447 ON 1ST JUNE 2009, UPDATE ON INVESTIGATION. PUBLICIDADE www.takeoff.pt Equipamento 30 Julho 2011 HEADSET BOSE A20 Ficha Técnica: - Ainda mais significativa redução de ruído (nós estamos simplesmente espantados com o silêncio que este headset transmite). - Melhoria do nível de comforto (menos 1/3 de força de aperto que a maioria dos headsets da aviação). João Leal - Áudio limpo (a qualidade de áudio Bose é evidente nos alto-falantes e microfone). - Interface de comunicação Bluetooth (pode ligar o telefone para chamadas mãos livres). Já muitos de nós ouvimos falar do novo BOSE A20. Mas o que traz afinal de novo este headset que afirma ser tão inovador? Primária e principalmente um aumento de redução de ruído em relação ao seu antecessor o BOSE AVIATION X; também melhoraram o conforto, redesenhando algumas peças, mas sem alterar o peso do headset, ligação por cabo para dispositivos de áudio e, por último, a maior novidade, que é a Ligação Bluetooth para recepção de chamadas por telemóvel. Como já é conhecido, a Bose foi a primeira a introduzir headsets com redução activa de ruído para a aviação há mais de 20 anos, mudando para sempre a forma como os pilotos voam. Agora, o headset A20 da Bose introduz um padrão totalmente novo. É simplesmente o mais silencioso e o tecnologicamente mais avançado headset de aviação de sempre produzido pela Bose. - Entrada de áudio auxiliar (agora os passageiros também podem ouvir a música). - Switch primário (você decide qual a fonte de áudio que quer ouvir: intercom, música, telefone). - Fabricado nos E.U.A. (cumpre e excede todas as normas TSO). E o preço? 918,70€ + IVA. De facto eles fazem valer o seu slogan: “Depois de voar com eles não vai querer voar sem eles novamente!” (Cuidado quando experimentar os de um amigo). ■ PUBLICIDADE Tampico TB-9 54.000,00€ Mooney MO2J 80.000,00€ Piper PA-31 350 Chieftain 390.000,00€ Cessna 210 L Centurion 150.000,00€ Socata TB20 Trinidad 129.900,00€ Zephyr 30.000,00€ Hughes 300 60.000,00€ www.takeoff.pt Heli Rotorway Exec 162F 45.000,00€ Bell 47G2 50.000,00€ CLASSIFICADOS www.pilotwings.pt [email protected] telefone 214 455 366 Actualidades Julho 2011 SANTA CRUZ AIR RACE PROMETE AGITAR OS CÉUS DE TORRES VEDRAS Foto: Guilhermino Pinto FLY-IN EM BENAVENTE JUNTA CENTENAS DE PESSOAS Embora estivessem confirmadas 70 aeronaves para o evento, nem tantas marcaram presença, talvez devido ao vento que se fazia sentir, mas a festa dos ares não se fez por menos, entre Skyrangers, Dynamics, Quick Silvers, o Sting e os auto-giros MTOsport e 16-AU, não esquecendo outros destaques relevantes daquele dia, como o FK-12 Comet, o Piper PA-36-375 Pawnee Brave e o PZL M-18A Dromader. O encontro acabou também por reunir os amantes da aviação militar em torno daquela que foi a primeira apresentação pública do livro “F-16 Falcões e Jaguares”, da autoria de Alexandre Coutinho, André Garcez e Paulo Mata. ■ De entre as análises ao sector, o director-geral do ACI prevê que os aeroportos europeus se arriscam a perder 260 milhões de passageiros/ano já em 2030, se não conseguirem aumentar a capacidade para o movimento previsto. Na sua análise sobre o futuro da aeronáutica, Olivier Jankovec afirmou ainda que, em 2030, a zona da Ásia Pacífico vai ser a força dominante na aviação, ultrapassando os Estados Unidos e a Europa, com mais de 4 mil milhões de passageiros por ano, e que no decorrer deste ano o sector deverá equilibrar os números face a 2008. Já a nível nacional, a ANA - Aeroportos de Portugal voltou a afirmar que só em 2017/18 é que o Aeroporto de Lisboa deverá atingir o limite da sua capacidade actual, embora, por outro lado, a TAP tenha afirmado que já sente dificuldades de crescimento naquela infra-estrutura aeroportuária. “O grande problema que já estamos a ter é a aprovação de ‘slots’ para o crescimento da empresa. Os horários começam a ficar críticos e isso só tende a piorar”, referiu Fernando Pinto. Ainda assim, o presidente da TAP não se poupou aos elogios sobre as mudanças e expansão no aeroporto em causa. ■ 34º ENCONTRO NACIONAL DA A.E.F.A. Decorreu, no passado dia 4 de Junho, na BA 6, no Montijo, o 34º. Encontro Nacional da Associação de Especialistas da Força Aérea (A.E.F.A.), que contou com a presença de mais de meio milhar de associados de todo o país. Foto: AEFA A contar atingir novamente, e pelo menos, a marca de 50 mil espectadores, como foi há cinco anos atrás, o Take-Off será Media Partner oficial deste evento, um dos maiores e mais aguardados shows aeronáuticos nacionais.” ■ Foto: Guilhermino Pinto Analisar as diferentes estratégias para a gestão e administração aeroportuárias foi o mote para o 21º Congresso do Airport Council International (ACI) Europe, que se realizou nos dias 16 e 17 de Junho, no Estoril, com organização da ANA-Aeroportos de Portugal. Durante dois dias, cerca de 400 congressistas, representantes de aeroportos nacionais e internacionais e de companhias aéreas, especialistas portugueses e estrangeiros discutiram as melhores opções para dirigir os aeroportos e darem uma resposta aos desafios que a aviação europeia enfrenta com as novas realidades económicas e operacionais, procurando melhorar a experiência do passageiro. No exterior do auditório, marcaram presença, com expositores, a ANA – Aeroportos de Portugal, como anfitriã, a AENA e outras empresas que prestam serviço aeroportuário. Foto: Take-Off Assim, e ao longo de uma semana, decorrerão vários campeonatos, demonstrações de performance de diferentes aeronaves, debates sobre o Estado da Aviação em Portugal, o primeiro encontro de Aeronaves de Roda de Cauda, num evento onde também não vai faltar a reconhecida e desejada Festa do Pilotaço. Mais de 300 pessoas marcaram presença no FlyIn organizado pelo Campo de Voo de Benavente, juntamente com a Tertúlia CVB, no passado dia 18 de Junho. População local, entusiastas da aviação e até representantes da Câmara Municipal puderam, assim, assistir a várias demonstrações aéreas nos céus de Benavente, onde não faltou também a oportunidade de fazerem diversos baptismos de voo. 21º CONGRESSO ACI EUROPE Foto: Take-Off A comemorar os 80 anos do Aeródromo Municipal de Santa Cruz, o Aeroclube de Torres Vedras promete dinamizar os céus, as praias e o próprio aeródromo local, entre os dias 23 e 31 de Julho, com aquele que será o primeiro campeonato de aviação desportiva a reunir aéreas tão distintas como a acrobacia aérea, pára-quedismo, paramotor, asa delta, rally aéreo em avião e ultraleve, balonismo e aeromodelismo. 31 Após a missa celebrada na capela pelo Capelão da Unidade, Major Jorge Almeida, em memória dos Especialistas já falecidos, a placa principal da Unidade recebeu outros especialistas para uma visita às aeronaves expostas, nomeadamente Hércules C-130, Merlin EH-101, C-295M, C-212 Aviocar e o mais apreciado pela maioria dos presentes, o eterno Do-27 (do Museu do Ar), que pela mão do Coronel Pil. Macário brindou a assistência com demonstrações de performance em voo. Este encontro contou também com a presença do Chefe do Estado Maior da Força Aérea, General José Pinheiro, que usando da palavra, dirigiu-se aos Especialistas presentes, invocando a ligação forte que a FAP sempre devotou à AEFA, e a corrente que existe entre o passado e o presente, tendo em conta que as respectivas gerações assentam na mesma base: a Força Aérea Portuguesa. Entre abraços e trocas de recordações, foi ainda possível aos presentes, apreciar a Exposição dos 100 anos de Aviação em Portugal, cedida para o efeito, pelo CAVFAP. ■