PROJETO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA BRA/IICA/09/009: “FORTALECIMENTO DA CAPACIDADE INSTITUCIONAL E DA GESTÃO DAS AÇÕES VOLTADAS ÀS POPULAÇÕES ATINGIDAS PELOS EMPREENDIMENTOS DA ELETRONORTE” Relatório de Produto Contrato nº 113015 TR - Produto 2: Diretrizes conceituais e metodológicas para (subsidiar) na definição das tipologias e elegibilidade de subprojetos de apoio ao desenvolvimento local, considerando (inclusive) a Revisão dos Cenários do Programa de Inserção Regional no Território do Entorno do Lago da UHE Tucuruí. Villi F. Seilert Brasília, maio de 2013. Siglas e abreviaturas utilizadas: CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento COOPAB - Cooperativa Mista dos Pescadores, Trabalhadores Rurais, Urbanos e Extrativistas do Lago da UHE Tucurui Ltda. COOPAT - Cooperativa dos Pescadores Artesanais e Aquicultores de Tucurui GTPA - Grupo de Trabalho de Política Ambiental do SCMA IICA – Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura IN - Instrução Normativa MAB - Movimentos do Atingidos por Barragens MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (instrumento criado pelo protocolo de Kioto) MEI - Microempreendedor Individual MPA - Ministério da Pesca e Aquicultura OIT – Organização Internacional do Trabalho PAC - Programa de Aceleração do Crescimento PAS - Plano Amazônia Sustentável PCT – Projeto de Cooperação Técnica PDMA - Plano Diretor de Meio Ambiente do Setor Elétrico PDST - Plano de Desenvolvimento Sustentável da Microrregião do Entorno da UHE Tucuruí PIB - Produto Interno Bruto PIRTUC - Plano de Desenvolvimento Regional do Território do Entorno de Tucurui PPA - Plano Plurianual PROSET - O Programa Social dos Expropriados da Primeira Etapa da UHE Tucurui PTP - Planejamento Territorial Participativo SCMA - Subcomitê de Meio Ambiente do Sistema Eletrobrás SEPAQ - Secretaria de Pesca e Aquicultura do Estado do Pará TR – Termo de Referência UC - Unidades de Conservação UHE – Usina Hidrelétrica 2 Sumário Siglas e abreviaturas utilizadas: ............................................................................................ 2 1. Apresentação: ................................................................................................................. 4 2. Desenvolvimento regional sustentável: fragmentos conceituais norteadores das políticas socioambientais da Eletrobras-Eletronorte ................................................ 5 3. Elementos da matriz lógica das políticas socioambientais da EletrobrasEletronorte ...................................................................................................................... 7 3.1. A Política Socioambiental do Sistema Eletrobrás-Eletronorte e os fundamentos do tratamento das questões socioambientais associadas aos empreendimentos de energia elétrica. .......................................................................... 10 3.2. Resoluções e deliberações internas.................................................................. 11 3.3. As políticas de Inserção Regional no Território do Entorno do Lago da UHE Tucuruí. .............................................................................................................................. 15 4. Lições aprendidas com os projetos de apoio ao desenvolvimento regional patrocinados pela Empresa nos últimos 10 anos. .................................................. 25 4.1. O Plano de Desenvolvimento Sustentável da Microrregião do Entorno da UHE Tucuruí – PDST ....................................................................................................... 25 4.2. O PIRTUC .............................................................................................................. 26 4.3. Apoio a inciativas socioprodutivas ..................................................................... 27 5. Elementos de subsídios às tomadas de decisões a respeito da tipologia e a elegibilidade de projetos socioprodutivos patrocinados ........................................ 31 6. Conclusão ...................................................................................................................... 34 Referências bibliográficas ........................................................................................... 36 3 1. Apresentação: O presente documento faz remição ao Produto 02 do TR que instrui o contrato nº. 113015, celebrado entre o Instituto de Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA e o subscrevente, no âmbito do Projeto de Cooperação Técnica BRA/IICA/09/009 - Eletrobras-Eletronorte. Na sua primeira parte são descritas as bases conceituais que norteiam as ações sociais e ambientais da Eletrobras-Eletronorte. Neste referencial os conceitos “desenvolvimento territorial” e “desenvolvimento regional sustentável”, background das diretivas da Empresa na questão das políticas sociais e ambientais, são discorridos. Na sequência são considerados os principais instrumentos de planificação, bem como os de conversão destes em ações socioambientais, cujo encadeamento é apresentado por um organograma que permite ponderar a matriz lógica do modus operandi socioambiental da Empresa. Então são apreciados os principais programas e ações em curso e analisados alguns aspectos que sugerem os níveis de aderência de tais ações com as diretivas sociais e ambientais. Os últimos dois capítulos tratam de extrair elementos colhidos nas abordagens anteriores, ou seja, considerar a correlação entre a base conceitual, as diretivas e as ações levadas à efetividade, para ao fim propor algumas diretrizes que se supõem úteis para subsidiar as tomadas de decisões a respeito da tipologia e da elegibilidade de projetos socioprodutivos patrocinados pela Empresa. O resultado deste trabalho está endereçado aos gestores da Empresa, e particularmente aqueles que atuam nas tomadas de decisões e nas rotinas de acompanhamento dos projetos de aplicação socioambiental. Cumpre assim mais um esforço que almeja ampliar o domínio dos conhecimentos técnicos provocados pelo escopo do Projeto de Cooperação Técnica a favor dos signatários. 4 2. Desenvolvimento regional sustentável: informações conceituais norteadoras das políticas socioambientais da Eletrobras-Eletronorte A partir dos anos 80 intensificou-se o debate sobre a tendência da gestão local do desenvolvimento. Nesse enclave passou a se questionar se as abordagens teóricas que sustentam a tese de que o Estado Nacional e as grandes empresas possam ser os agentes únicos do desenvolvimento econômico, relegando às esferas locais, quando muito, a gestão de equipamentos e serviços públicos. Evidências empíricas mostram que os efeitos de difusão do modelo de desenvolvimento econômico assentado sobre o fortalecimento da infraestrutura de capital, com o crescimento econômico concentrador, produziram efeitos de desigualdades e não são mais suficientes para transpor situações de pobreza crônica em que ainda vive uma significativa parcela da população brasileira1. Apontando para outra direção o desenvolvimento sustentável prende a sua atenção na relação do homem, seu espaço, cultura, com a natureza, preconizando a utilização racionalizada dos recursos naturais (NIJKAMP et. al., 1990). Este conceito foca suas estratégias em um determinado território, com suas paisagens, sua população e nas relações desta com todos os demais elementos desse território. Por sua vez este enfoque adota princípios como o planejamento ascendente, a oportunidade do imprevisível2, as novas riquezas (também as economicamente valoradas - que não se apreendem sem a utilização de novas tecnologias criativas no campo de prospecção de territórios, já disponíveis), a participação e a autonomia da população local e as perspectivas de mercado, tendo como finalística a busca da melhoria das condições de vida dessa população. Afinal este norte não está distante da teoria do desenvolvimento endógeno, uma ideia que teve suas origens na década de 1970, quando deu início ao realce de propostas de desenvolvimento Down-Top, passando na década seguinte, a 1 A este respeito vale considerar os limites encontrados pelas políticas de transferência de renda que não atingem, ou seja, não impactam a realidade ex-ante dos extremamente pobres. A este respeito vale considerar os indicadores socioeconômicos dos municípios formadores do entorno da UHE Tucurui. 2 A este respeito conhecer sobre o paradigma do cisne negro, do ensaísta Nassim Nichollas Taleb. 5 evoluir com a entrada de novos enfoques sobre a problemática dos desequilíbrios regionais. Na década de 1990 a principal questão do modelo de desenvolvimento endógeno foi o conhecimento das causas da variação dos níveis de crescimento das diversas regiões, mesmo quando elas dispunham das mesmas condições na busca de fatores produtivos, como capital financeiro, mão-de-obra ou tecnologia. A melhor solução seria procurar encontrar, entre estes fatores, aqueles disponíveis na região. Não se pode confundir aqui desenvolvimento que implica em interpretar o volume de ativos, sem repercuti-los sobre a massa da população local. Afinal, se do contrário estaremos presos à lógica expropriativa de um território. A rigor tal modelagem (desenvolvimento endógeno) baseia-se na execução de políticas de fortalecimento e qualificação das estruturas internas, visando a consolidação de um desenvolvimento genuinamente local, inclusivo, empoderador, apropriador e criando condições sociais e econômicas para a geração e atração de novas atividades produtivas (AMARAL FILHO, 1996). Outro aporte referencial que poderia ser considerado é aquele que obteve sucesso no Vale do Silício (USA), apontado por vários autores como exemplo de Sistemas Regionais de Inovação (SRI), baseado no capital social. Conforme Saxenian (1994), o notável desempenho econômico do Vale se baseia em uma densa rede que inclui empresas, universidades, institutos de pesquisa, o setor público e tecnologias inovadoras. É interessante notar no caso que mesmo no setor de alta tecnologia, a dimensão territorial tem se mostrado fundamental para a formação de redes. Parece evidente também que os tempos modernos estão demandando maior lastro de confiança entre os empreendimentos e o potencial local, assim como o lançamento de mão de novas tendências de avaliação de potencialidades locais. Afinal é possível apostar no imprevisível, ou os moradores do Vale do Silício, consideradas apenas as suas aptidões tradicionais, jamais seriam dominadores de avançadas técnicas para a elaboração de nobres produtos do silício. Por outro lado, embora razoável, não é suficiente convincente supor que produtores artesanais de peixe sejam unicamente aquicultores ou criadores de galinhas. 6 E para alcançar bons resultados na prospecção é essencial considerar o fator pedagógico-metodológico de trabalho, pois além da identificação de boas oportunidades, permanece o desafio de classifica-las, assim como de pactuar com os stakerholders a distribuição das responsabilidades, segundo interesses e aptidões, aliás, condições fundamentalmente demarcadoras do movimento virtuoso para os projetos. 3. Elementos da matriz lógica das políticas socioambientais da Eletrobras-Eletronorte Buscando compreender a superestrutura que parametriza as tomadas de decisões no campo socioambiental da Eletrobras-Eletronorte, esta seção passará a apresentar um conjunto de referências que nos últimos 20 anos vêm referenciando a atuação da empresa. Dada á bipartição dos interesses que impulsionam o objeto central da missão da Empresa - a produção de energia - tais referências podem ser classificadas em duas categorias: de um lado a causa pública, em torno da qual se encontram referências vinculadas ao marco regulatório nacional para as salvaguardas sociais e ambientais, e suas conexões com as normas internacionais análogas. E de outro o interesse privado com as regras estabelecidas sob a lógica de mercado. No exercício de identificar os instrumentos que materializam este corpo superestrutural, no corpus-sapiens da Empresa - aqueles que balizam decisões concernentes às prioridades de investimentos socioambientais - vê-se o esquema lógico a seguir ilustrado e posteriormente caracterizado. 7 (figura 01) Avaliando a figura do organograma acima (fig.01) é possível identificar três complexos de informações: o primeiro, situado na parte superior, está formado por dois elementos: (a) um corpo normativo de natureza externa, (b) e as decisões normativas internas representadas por deliberações e resoluções da direção da Empresa. O segundo, situado na parte intermediária do organograma, resultando de instruções programáticas, com certa lógica aplicada em planos de ação. A segunda parte, portanto, é consequente da primeira – em se 8 considerando que as decisões não possam ser meros impulsos casuais ou insubordinados. O terceiro complexo vem representado na parte inferior do organograma, e é formado pela ação pontual, não isolada, nem desconexa, ou seja, as medidas implementadas a partir das oficinas executivas da Empresa. Neste ambiente (executivo) ocorrem as deliberações a respeito do patrocínio de projetos, sejam aqueles constituídos sob a ótica da demanda - como tem se caracterizado a maioria dos casos - sejam os que se estabelecem sob a ótica da oferta. Neste ponto se estabelece a confirmação da decisão, pois é aonde ocorre a conexão entre os comandos teóricos (políticos e conceituais) com a sua real efetivação. Esta conexão pode ser quebrada caso ocorra vulnerabilidade às pressões circunstanciais (p. ex. políticos e orçamentários). As vulnerabilidades fazem perder o elo de aderência de tais projetos com a avaliação dos seus fatores de riscos, seus fundamentos legais, a iluminação da realidade social, econômica e ambiental, assim como com os fatores técnicos que, enfim, assegurarão a factibilidade virtuosa dos projetos. O imperativo “o que se deve fazer” não necessariamente faz combinação com o que é demandado por circunstâncias, quando a demanda apresentada não contém elementos capazes de identificar a sua aderência com as diretivas, não só as políticas, mas, sobretudo, as legais e programáticas. Eis porque perguntar sobre os critérios da elegibilidade de projetos diz respeito à busca da aderência das propostas ao corpus-sapiens, afinal este conhecimento resultou processual e criteriosamente elaborado no ambiente histórico, político e técnico da Empresa. Vejamos a seguir a caracterização de alguns dos instrumentos que aportam tal superestrutura socioambiental da qual comentamos, no ambiente da Empresa. 9 3.1. A Política Socioambiental do Sistema Eletrobrás-Eletronorte e os fundamentos do tratamento das questões socioambientais associadas aos empreendimentos de geração de energia elétrica. Conforme aludimos, a matriz conceitual socioambiental da Empresa reside num conjunto de princípios que foram formulados em conformidade com diretrizes derivadas das normas e políticas públicas de meio ambiente e atenção social, inclusive aquelas que sugerem atenção especial para povos indígenas, quilombolas, mulheres e populações ribeirinhas, bem como de acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário, como a Convenção do Clima, a Agenda 21, o Protocolo de Quioto, a OIT-169, entre outros. A política ambiental do sistema Eletrobrás-Eletronorte iniciou sua delineação já com o lançamento do Plano Diretor de Meio Ambiente de 1987 (MMEELETROBRAS), quando Se lançava as primeiras noções dobre o que veio a se tornar o conceito de desenvolvimento com o viés social e ambiental nas atividades da Empresa. Porém diretrizes conceituais propriamente ditas só foram confirmadas com a edição do II PDMA - Plano Diretor de Meio Ambiente do Setor Elétrico 1991/1993 (vols. I e II), lançado como eixo condutor de um padrão de excelência ambiental das empresas associadas ao grupo Eletrobras. Os sete princípios a seguir apresentados constituem a declaração de intenções do Sistema Eletrobrás-Eletronorte que supõem vinculação às políticas individuais e linhas de ação das empresas que o integram: Princípio nº1 - Integração da dimensão socioambiental aos planos, projetos, processos e atividades das empresas. Princípio nº 2 - Interação com outros setores e instituições na implementação de planos e ações socioambientais que contribuam para o desenvolvimento sustentável local e regional. Princípio nº 3 - Relacionamento com os diversos segmentos da sociedade envolvidos nas etapas de planejamento, implantação e operação dos empreendimentos de energia elétrica. 10 Princípio nº 4 – Atuação para que a operação e a expansão do parque gerador do Sistema Eletrobrás utilizem os recursos energéticos do país considerando as potencialidades e as especificidades locais e regionais e atendam aos princípios do desenvolvimento sustentável, e promover a utilização do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) estabelecido pelo Protocolo de Kioto. Princípio nº 5 – Apoio a programas de conservação de energia e de eficiência energética como estratégia para a racionalização do uso dos recursos naturais e redução dos impactos socioambientais. Princípio nº 6 – Apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico aplicado a questões socioambientais relacionadas à implantação e à operação dos empreendimentos de energia elétrica. Princípio nº 7 - Incentivo a implementação e o aperfeiçoamento contínuo de sistemas de gestão ambiental integrados aos demais sistemas de gestão empresarial. 3.2. Resoluções e deliberações internas No segmento ambiental, em 2011 a Eletrobras-Eletronorte consolidou os parâmetros para a sua Política Ambiental, conforme aprovado pela Resolução de Diretoria (RD) nº 0352/11 de 25.05.2011. Neste documento programático foram categorizados seis princípios com suas respectivas diretrizes, além da distribuição de competências executivas no âmbito da estrutura institucional. Daquela normativa constam os seguintes princípios e suas diretrizes: 1. Princípio da Articulação Interna: Assegurar a incorporação da dimensão ambiental aos processos da empresa. Diretrizes: 1.1 Considerar as políticas públicas relativas a meio ambiente nos processos internos. 1.2 Tratar as questões ambientais dos empreendimentos de forma articulada entre as áreas da empresa. 11 1.3 Incorporar a dimensão ambiental aos processos de tomada de decisão. 1.4 Incorporar os princípios e as diretrizes da Política Ambiental aos contratos e parcerias firmados. 2. Princípio da Articulação Externa: Implantar programas e ações ambientais de forma articulada com outros setores e instituições. Diretrizes: 2.1 Potencializar as oportunidades de desenvolvimento sustentável local e regional decorrentes dos empreendimentos. 2.2 Buscar o compartilhamento das responsabilidades institucionais e financeiras com os demais agentes públicos e privados que atuam na área dos empreendimentos. 2.3 Contribuir para a gestão integrada de bacias hidrográficas e para o uso sustentável dos recursos hídricos, em articulação com os agentes envolvidos. 2.4 Considerar as especificidades dos ecossistemas e das comunidades locais nas articulações das ações e programas ambientais com ações e políticas públicas. 3. Princípio do Relacionamento com a Sociedade: Promover relacionamento com os diversos segmentos da sociedade. Diretrizes: 3.1 Dialogar com os diversos atores sociais envolvidos desde o início do planejamento dos empreendimentos e identificar suas expectativas e necessidades. 3.2 Estabelecer processos de comunicação com linguagem adequada ao público a que se destinam. 3.3 Estabelecer processo contínuo de comunicação e esclarecimento ao público sobre questões relacionadas à energia elétrica e às ações ambientais. 4. Princípio do Uso Sustentável de Recursos Energéticos: Explorar as potencialidades de recursos energéticos locais e regionais atendendo aos princípios do desenvolvimento sustentável. 12 Diretrizes: 4.1 Estimular a utilização de fontes renováveis na expansão da oferta de energia elétrica. 4.2 Utilizar os mecanismos de incentivo à redução de emissões de gases de efeito estufa como oportunidade de negócios. 4.3 Internalizar os custos e benefícios sociais e ambientais na definição da utilização dos recursos energéticos. 4.4 Apoiar programas de conservação de energia e de eficiência energética como estratégia para a racionalização do uso dos recursos naturais. 5. Princípio do Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Apoiar o desenvolvimento científico e tecnológico aplicado às questões ambientais. Diretrizes: 5.1 Promover a cooperação técnica para a elaboração de estudos e pesquisas relativos às interações entre energia elétrica, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. 5.2 Compartilhar a gestão e os recursos em estudos e projetos de interesse comum às empresas da Eletrobras. 5.3 Apoiar instituições de ensino e pesquisa no desenvolvimento de estudos e pesquisas de interesse ambiental. 6. Princípio da Gestão Ambiental: Implantar sistema de gestão ambiental integrado aos demais sistemas de gestão empresarial. Diretrizes: 6.1 Executar ações que promovam a melhoria do desempenho ambiental. 6.2 Utilizar indicadores para aferir os resultados da gestão ambiental. 6.3 Incentivar o atendimento a requisitos ambientais pelos colaboradores, parceiros de negócios e fornecedores. 6.4 Incentivar ações de conservação de energia, de eficiência energética e de combate ao desperdício na empresa. 13 6.5 Sensibilizar e capacitar colaboradores, parceiros e fornecedores quanto às suas responsabilidades com o meio ambiente. 6.6 Promover ações de sensibilização ambiental nas áreas de influência dos empreendimentos. A designação das responsabilidades: Diretoria Executiva da Eletrobras-Eletronorte – aprovar adesão à Política Ambiental do Sistema Eletrobrás e garantir sua implementação. Superintendência de Meio Ambiente da Eletronorte – atuar como gestora da implementação e divulgação desta Política. Subcomitê de Meio Ambiente do Sistema Eletrobrás (SCMA) – acompanhar e avaliar a implementação e propor atualizações desta Política. Grupo de Trabalho de Política Ambiental do SCMA – propor procedimentos para a implementação, divulgação, acompanhamento e avaliação desta Política. Comitê de Sustentabilidade da Eletronorte – prestar apoio e acompanhar todas as ações de implantação desta política. Coordenadores de meio ambiente nas regionais – operacionalizar as atividades de implementação, divulgação, acompanhamento e avaliação desta Política. De outro lado, na vertente social a Empresa expediu dois documentos normativos, sendo uma Resolução (425 de 03.08.2009) e uma Deliberação (37, de 31.08.2009), conforme se destaca a seguir aspectos de suas diretivas. A conformação de comandos autônomos poderia refletir tão somente a organização operativa, embora o conceito “socioambiental” que já tenha sido largamente recebido pelo marco conceitual da Empresa, não parece encontrar sua substanciação nas orientações normativas, porquanto, via de regra, componentes sociais e ambientais não haveriam de marcar ações desintegradas. Esta possível dislexia pode ser identificada inclusive na análise dos relatórios sociais da administração da Empresa. Isto também pode ser observado quando a Empresa delibera e normatiza ações sociais e ambientais, como se categorias distintas de abordagem de problemas. 14 3.3. As políticas de Inserção Regional no Território do Entorno do Lago da UHE Tucuruí. Do conceito de inserção regional utilizado pela Eletrobrás-Eletronorte, como vimos estabelecido desde o final dos anos 80, considera a reformulação dos modelos de implantação de hidrelétricas no Brasil, considerando a expansão do conceito de impacto. Este conceito passou absorver também a ideia de empreendimento como ação de promoção de desenvolvimento local. Nessa ampliação conceitual o empreendimento da hidrelétrica de Tucuruí passou a ser visto como um “instrumento indutor de um processo descentralizado de modernização e crescimento econômico integrado, com o objetivo de deixar mais benefícios locais que os custos sociais e ambientais que costumam produzir” (MME/Eletrobrás, 1988 apud Eletronorte, 1988, pag. 6). Por consequência Tucurui recebeu aportes para se transformar em um elemento aglutinador e transformador das relações socioeconômicas predominantes nas regiões onde se instalou, transpondo a ideia de mero equipamento de geração de energia elétrica para abastecimento regional e nacional. Dentro dessa nova visão pela qual Tucurui se transformava em laboratório de nova ação, a Eletronorte lançou bases para “liderar o processo de construção da Estratégia Global de Desenvolvimento do Território da UHE Tucurui através do seu Plano de Inserção Regional, assumindo a coordenação da implementação das ações previstas, principalmente no que se refere à difícil e laboriosa função de articulação e mobilização de parceiros institucionais no esforço conjunto. (Revisão de Cenários da UHE Tucuruí, Produto IX, Versão Executiva, 2012, p.5 ). As bases das ações estratégicas dessa visão foram lançadas com o “Plano de Desenvolvimento Regional do Território do Entorno de Tucurui” (PIRTUC), sob o pressuposto da identificação do espaço territorial e suas conotações sociais, econômicas e ambientais. 15 3.3.1. As características do território do entorno da UHE Tucurui De acordo com informações levantadas pelo estudo de revisão de cenário para o desenvolvimento do entorno da UHE Tucurui (IICA-ELETRONORTE, 2012), o território da UHE de Tucuruí está localizado no nordeste do Estado do Pará, entre a Região Metropolitana de Belém e a área formada pelo complexo minerometalúrgico de Carajás, servido pela ferrovia do ferro da Vale do Rio Doce, e expandido para Leste na circunvizinhança do município de Paragominas onde ocorrem atividades agrícolas, pecuárias e minerais. A principal característica do território é a presença dominante da hidrelétrica de Tucuruí, configurando as características ambientais e econômicas dos municípios e dividindo em duas sub-regiões a montante e a jusante da sua barragem. No conjunto o território do entorno contempla um aglomerado de 12 municípios sob impacto direto da hidrelétrica - que fazem parte de duas das 12 Regiões de Integração do Estado do Pará, de acordo com a classificação do Governo do Estado: a Região de Integração Lago de Tucuruí, a montante da usina e a Região de Integração de Tocantins, a jusante da hidrelétrica. A sub-região a montante da UHE corresponde a toda a Região do Lago de Tucurui formada por sete municípios: Breu Branco, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento, e Tucuruí, sede da hidrelétrica; e a sub-região a jusante da hidrelétrica reúne cinco dos municípios que formam a Região de Tocantins, vale dizer, Baião, Cametá, Igarapé-Mirim, Limoeiro do Ajuru, e Mocajuba. Como parte da bacia hidrográfica do Tocantins, com as complexidades sistêmicas decorrentes da biodiversidade e dos recursos hídricos, este território é dominado pelo bioma amazônico (floresta tropical) já com mudanças antrópicas decorrentes da exploração econômica dos recursos naturais e dos movimentos migratórios que acompanharam os grandes projetos de infraestrutura econômica, principalmente a hidrelétrica e as rodovias federais e estaduais que cortam a região. Neste ambiente ocorre um movimento de modernização da economia com registro de correntes migratórias e a presença marcante de uma grande 16 diversidade cultural, com a presença de muitos grupos indígenas, povos ribeirinhos, pescadores, extrativistas e seringueiros. No total o território da UHE Tucuruí tem uma área total de 51,1 mil quilômetros quadrados (4,1% da área total do Estado do Pará) e reúne uma população de 626.939 habitantes, algo próximo de 8,3% de toda a população paraense, divididos de forma muito desigual entre os 12 municípios que constituem o território. Os municípios da sub-região a montante representam 78,1% da área total do Território (entorno da usina) e agrupam 57,3% da população regional, embora o município mais populoso de todo o território seja Cametá com 19,3% da população total, quase metade dos habitantes dos cinco municípios a jusante. O maior município da sub-região montante em área é Novo Repartimento com 15,4 mil quilômetros quadrados, representando 38,6% da área total da sub-região e uma extensão maior que toda a área dos municípios da sub-região a jusante (11,2 mil quilômetros quadrados). Tomando como referência o Produto Interno Bruto (PIB) o Território alcançou, em 2008, cerca de R$ 4,37 bilhões, sendo que maior parte concentrada na sub-região a montante, principalmente no próprio município sede da hidrelétrica, Tucurui. Com efeito, o PIB da sub-região a montante foi de R$ 3,71 bilhões, em 2008, algo em torno de 85% da base econômica de todo o território, sendo que apenas o município de Tucuruí tinha um PIB de R$ 2,59 bilhões, mais da metade da economia total do território (IICA-ELETRONORTE, 2012). Análises produzidas no referenciado estudo deduz que do período de 1999 a 2008, a economia do território da UHE Tucuruí cresceu em termos reais a taxas médias de 10,2%, bem acima da média do Estado do Pará (estimada em 6,3%); os municípios à montante lideraram esta taxa de crescimento com uma média de 12,5% ao ano, puxada pelo município de Tucuruí, sede da hidrelétrica, que apresentou um ritmo de mais de 15,4% ao ano de elevação do seu PIB-Produto Interno Bruto, refletindo as fases de expansão da hidrelétrica e a construção da eclusa, assim como seu efeito na dinamização de outras atividades econômicas locais. Porém de outro lado este ritmo de crescimento verificado à montante contrasta com uma estagnação na sub-região a jusante, no mesmo período, com um 17 aumento do PIB em apenas 2,4% ao ano, marcadamente abaixo da média do Brasil estimada em 3,7%, e menos da metade do crescimento registrado pelo Estado do Pará no período. A base da economia do território continua sendo a agropecuária e o extrativismo vegetal, incluindo a madeira em tora com grande peso no valor da produção total do setor primário. Ainda segundo levantamentos do citado estudo o setor industrial tem uma participação desproporcional no território se considerado o fator geração de energia elétrica que é classificada como Serviço Industrial de Utilidade Pública. Porém a contribuição da indústria de transformação na economia do território é muito modesta, denotando um baixo nível de adensamento das cadeias produtivas e de agregação de valor. Fora dessa curva merece destaque a presença da unidade minero-metalúrgica da Camargo Correa no município de Breu Branco que inseriu o território no complexo minero-metalúrgico do Estado do Pará. Com relação às demais atividades da economia regional o estudo da revisão de cenários de desenvolvimento da região (IICA-ELETRONORTE, 2012) faz os seguintes registros: Na economia regional, além da importância da madeira, do açaí e da pimenta do reino, tem havido um crescimento significativo da pecuária; o rebanho bovino cresceu 14% ao ano a montante - de 2000 a 2009 – e 6,5% ao ano a Jusante que apresentou como dito antes, uma economia praticamente estagnada. Apesar do rápido crescimento da economia da sub-região a montante, todo o território tem ainda grandes deficiências de infraestrutura viária, principalmente em termos de estradas secundárias e vicinais, que comprometem a competitividade econômica. De modo geral o dinamismo econômico do território, principalmente da sub-região a montante, não tem sido acompanhado pelos indicadores sociais que mostram uma baixa qualidade de vida da sua população, principalmente quando se trata de saneamento básico, mas também na educação, que se manifesta com nível de escolaridade e nota do IDEB baixos, além de mão de obra pouco qualificada e, para completar, serviços públicos de saúde da pior qualidade no geral. A formação recente dos municípios tem levado a uma a gestão deficiente da administração pública municipal, com elevada dependência de transferências e gastos excessivos com pessoal que comprometem a capacidade de investimento. O território já apresenta um grau elevado de antropização decorrente da expansão das atividades econômicas, com destaque para a agropecuária, estimuladas pela construção da hidrelétrica e pela construção da BR 230 (Transamazônica), mas também pela intensa 18 exploração madeireira e mineral nas regiões próximas como Marabá, Carajás, Parauapebas e, a leste, Paragominas. (...). Nas últimas décadas, como resultado de uma crescente preocupação com a conservação dos recursos florestais e da biodiversidade da Amazônia, têm sido realizados esforços para conter e minimizar os impactos antrópicos na região. Além dos projetos ambientais da própria Eletronorte, o Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o Governo do Estado, implantaram áreas de reservas e delimitaram espaços prioritários para conservação da biodiversidade. De todo modo, o território conta ainda com grandes reservas naturais e florestais com elevada biodiversidade e belezas naturais; merece uma referência especial o lago formado pela hidrelétrica que confere ao território um potencial para o turismo, especialmente para pesca esportiva, e para a piscicultura, atividades ainda muito pouco exploradas. 3.3.2. A abordagem de novas alternativas de geração inclusiva de riquezas no território. Dentro de um cenário no qual se se discute tendências de uma nova economia, a inovação para produtos e serviços está colocado como um novo desafio para os processos de planejamento e tomadas de decisões para os gestores públicos e privados. Em primeiro lugar, nada poderá ser mais decisivo para a prosperidade sustentável da sociedade de uma determinada região do que considerar o conhecimento como prioridade de suma importância. Seja no âmbito global, nacional, regional ou local, a participação de processos intensivos em conhecimento se torna cada vez mais determinante para o desenvolvimento sustentável e duradouro. Por isso, tende a ser crescente a sinergia entre centros produtores de conhecimento e a maioria das ações sociais que mais impulsionam tanto o desenvolvimento quanto a sustentabilidade socioambiental global. É do conhecimento que depende cada vez mais a capacidade social de gerar e utilizar a inovação. Neste cenário não é mais possível compreender instituições de formação que se instalam em uma região sem sentido de percepção do seu papel no desenvolvimento local contextualizado com a sua gente, sua cultura e as possiblidades que o território e os cenários globais oferecem. 19 Há de se avaliar a necessidade de eleger projetos que contemplam investimentos em inovação, como forma de dotar determinada região da capacidade para aproveitar a vantagem competitiva que seu vasto território e suas amplas riquezas naturais e humanas lhe conferem. Ou seja, é preciso investir em conhecimento e em inovação como estratégias prioritárias para potencializar esse patrimônio natural e viabilizar a transição para uma economia mais sustentável. Para isso deve-se investir na inventividade, empreendedorismo e criatividade, tratando-a como ativo econômico. Nessa direção alguns cenários devem ser considerados para efeito de seleção de prioridades de projetos: a) Estímulo à geração de empregos verdes – São os empregos calcados em uma economia sustentável, proporcionando trabalho decente com baixo consumo e emissão de carbono. Neste campo os setores de maior potencial no Brasil são a construção civil, a indústria, o turismo, a geração de energias limpas, seguras e renováveis, o transporte, a agropecuária e o uso sustentável dos diferentes biomas (particularmente das florestas). Eles precisam ser estimulados por meio de instrumentos fiscais, tributários e creditícios. b) Gestão estratégica dos recursos naturais não renováveis – Uma região como o território da UHE Tucurui tem grandes reservas de recursos hídricos, minerais, de biodiversidade. O acesso à exploração dos recursos minerais deve ser revisto para torná-lo mais transparente e competitivo, devendo prevalecer os empreendimentos que consigam combinar os maiores valores de royalties com os melhores padrões de desempenho social e ambiental. c) Gestão estratégica dos recursos hídricos e pesqueiros – A região do entorno da UHE de Tucurui possui uma enorme reserva de águas doces e enorme potencial para exploração sustentável destes recursos, além da geração de energia, como no caso da produção de peixes, conforme já diagnosticado e testado no subprojeto mais conhecido como Projeto Ipirá. d) O sistema de Unidades de Conservação (UC) do território deve ser complementado e fortalecido de forma a atingir as metas de conservação em todos os seus biomas, inclusive aqueles cuja classificação permite a exploração ou utilização de seus recursos, além é claro das possibilidades 20 de se tornar um sistema gerador de riqueza e conhecimento pela expansão da visitação e promoção da pesquisa nas unidades. e) O investimento em turismo sustentável – Valorizando o grande potencial regional para o turismo, de forma sustentável e nos seus diversos segmentos: ecoturismo, turismo de base comunitária, de aventura, náutico, rural, de negócios e eventos, cultural, de saúde, de pesca, esportivo, cinematográfico, entre outros. É possível eleger ações que criam estímulos para estruturar e qualificar a economia do turismo local e regional, visando fortalecer seu potencial para geração de empregos locais e em diversos setores; promover fonte de renda direta para a conservação dos patrimônios naturais, culturais e arqueológicos, onde houverem; criar oportunidades e benefícios para comunidades que habitam áreas isoladas, rurais e/ou remotas e valorizar os seus modos de vida tradicionais; fomentar parcerias e ações para promover o empreendedorismo. Criar mecanismos de proteção e combate à prostituição infantil. f) Agronegócio sustentável e o cooperativismo real. O agronegócio deve ter sua orientação estratégica direcionada ao aumento de produção pelo ganho de produtividade, aliada à conservação e restauração dos recursos naturais, incluindo o desmatamento zero em todos os biomas, a redução do uso de agroquímicos e uma transição para o sistema de agroecologia. Essa estratégia permitirá intensificar o uso das áreas já ocupadas pela agropecuária, freando a expansão da fronteira agrícola. g) Fortalecimento da agricultura familiar – A agricultura familiar deve ter a garantia de acesso à tecnologia e a terra, por meio de apoio a políticas ativas que viabilizem a ocupação real e produtiva da terra. É possível apoiar inciativas que projetam a criação de estruturas de produção e comercialização de produtos da agricultura familiar com o mínimo de intermediação, permitindo uma melhor remuneração do produtor e o acesso a uma alimentação saudável por parte dos consumidores. O programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar deve ser incentivado no nível local, por meio de um conjunto de agentes de desenvolvimento voltados a elaborar projetos capazes de gerar renda, garantir os serviços ecossistêmicos e evitar a inadimplência dos agricultores. 21 h) Programas e projetos de incentivo à Economia solidária, de modo a consolidar laços de sustentabilidade e a inserção dos empreendimentos da economia solidária no mercado justo e sua articulação com os movimentos e redes de consumo consciente e sustentável. É possível apoiar a criação de uma Rede Regional de Economia Solidária, em bases sustentáveis, e fomentar os empreendimentos solidários: Cooperativas, Associações, Empresas Autogestionárias, Bancos Solidários; Feiras e Lojas de Economia Solidária; Clubes de Trocas e Programas de Incentivo ao Consumo Responsável; Incubadoras de empreendimentos solidários e tecnologias sociais. Apoiar a criação ou consolidação de espaços articuladores da economia solidária (Secretarias, Conselhos, Redes, etc.). i) Apoio a iniciativas de Economia Verde. Um número de evidências cada vez maior também sugere que a transição para uma economia verde possa ser inteiramente justificada em termos econômicos e sociais numa região como a do entorno da UHE Tucurui. Na atualidade emerge um forte argumento para que haja uma duplicação do número de esforços feitos tanto pelo governo e empresas no engajamento em tal transformação econômica, com os seguintes cenários: Investimento na produção de peixes no lago do reservatório. É preciso considerar que apenas menos de 3% do potencial de produção estão sendo utilizados. Estudos de avaliação das possibilidades de produção para o Parque Aquícola Breu branco III indicaram um potencial de 100.000 ton. ano, isso sem considerar os novos cenários criados com a expedição da IN 009/2012 do IBAMA que autoriza a exploração do Tambaqui e outras espécies na Bacia Hidrográfica do Rio Tocantins. A redução do desmatamento e o aumento do reflorestamento por si só fazem muito sentido economicamente, e também apoiam a agricultura e o modo de vida rural. Produtos e serviços florestais certamente mantêm em grande parte o sustento econômico de boa parte da população local, sem que isso seja considerado ou contabilizado. Empregos e produtos novos advindos do gerenciamento e reciclagem de lixo serão uma realidade inevitável em cidades como 22 as que se formaram e estão se formando no entorno do lado da UHE Tucurui. É preciso considerar a opção de Apoiar inciativas que tendem a criar mecanismos de educação, capacitação e instalação de tecnologia que permitem gerir e aproveitar os resíduos resultantes do crescimento da população e da renda. Deve se considerar que a reciclagem (separação e o processamento) de itens recicláveis sustenta 10 vezes mais empregos que aterros sanitários ou incineração em termos de tonelada métrica. Também deve se considera que a instalação de tecnologia e equipamentos para a produção de bens e equipamentos de utilidade (móveis, utensílios, peças da cadeia de montagem de veículos e da construção civil, etc.) que utilizam materiais termoplásticos moldáveis é mais simples que comumente se apresenta nos manuais da indústria controlada pelos monopólios. Iniciativas de apoio ao empreendedorismo e à formalização dos micro empreendimentos locais. Hoje, na maior parte das cidades brasileiras, os pequenos empreendimentos urbanos e rurais representam de 99 a 100% das atividades empresariais. Esta realidade é ainda mais presente nas cidades como aquelas que compõem o território do entorno da UHE Tucurui, formadas por menos de 20 mil habitantes. Assim, as micro e pequenas empresas movimentam a economia local. Parece razoável considerar que eleger como ação prioritária o apoio de inciativas que ciem condições para que os pequenos negócios se fortaleçam e gerem mais emprego e renda é o melhor caminho para gerar um ciclo de prosperidade no município. Nos municípios onde os empreendedores são estimulados a abrir e formalizar o seu negócio, o resultado natural é o aumento da base de contribuintes pessoas jurídicas, levando ao aumento da arrecadação de impostos diretos e indiretos. Atualmente o governo federal já dispõe, através do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) oferece um serviço de formalização em tempo real e online para Micro Empreendedores Individuais MEI), alcançando a adesão de cerca de 3 milhões de pessoas. Esta ação tem uma lógica 23 simples: Empreendimentos informais são estimulados à formalização, passando a honrar seus compromissos fiscais com o Município, Estado e União e, microempresas fortalecidas aumentam seus resultados financeiros e recolhem mais impostos, mais empregos e mais produtos passam a circular no mercado local e regional. Microcrédito popular e estratégico. O crédito produtivo popular já é conhecido no mundo subdesenvolvido e, em alguns países alcançando níveis de sucesso, como é caso da tipologia desenvolvida por Bangladesch através do Banco Graemen de Mohammad Yunus. Mais conhecido como microcrédito, essa forma de universalização do acesso ao crédito tem como foco o financiamento debaixo valor a microempreendedores de menor renda e aqueles que estão fora dos mecanismos de crédito bancário, onde obtêm pequenas quantidades de dinheiro para alavancar pequenos negócios ou serviços. Sabe-se que a concessão de microcrédito aos potenciais empreendedores traz importantes influências na renda e no emprego dos municípios, com efeito multiplicador bastante positivo no desenvolvimento econômico local e nas suas condições sociais. No curto prazo, é um instrumento de apoio à criação e ao desenvolvimento de micro empreendimentos empresas e contribui para estimular o empreendedorismo local e a geração de emprego e renda, o que potencializa a inserção econômica de parcela significativa da população. Também pode ser considerado também como um instrumento de desenvolvimento social, pois, nos médio e longo prazos, ao possibilitar o enfrentamento da pobreza, promove a inclusão e a redução da desigualdade social. . 24 4. Lições aprendidas com os projetos de apoio ao desenvolvimento regional patrocinados pela Empresa nos últimos 10 anos. 4.1. O Plano de Desenvolvimento Sustentável da Microrregião do Entorno da UHE Tucuruí – PDST foi concebido desde o ano de 1999 como um instrumento de planejamento entre várias instâncias de governo, cujas linhas de ação visam integrar as ações do Governo Federal, Estadual e municipal, bem como orientar ações de iniciativas privadas na Região Lago de Tucuruí. Baseado na inclusão social, na redução das desigualdades inter-regionais, no respeito à diversidade cultural, no fomento às atividades econômicas que gerem emprego e renda e no uso sustentável dos recursos naturais, o PDST parte da parceria entre o Governo do Estado do Pará, através da então Secretaria de Estado de Integração Regional e do Governo Federal, através da EletrobrasEletronorte, sendo resultado de um processo de consultas a entidades de pesquisa da região e das prefeituras dos sete municípios que constituem a Região de Integração Lago de Tucuruí e da Eletrobrás-Eletronorte. Insere-se na concepção original do Plano Amazônia Sustentável (PAS) e da formulação de crescimento encontrada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além dos instrumentos legais que estabelecem ações governamentais no território paraense. Além disso, o plano integra as principais diretrizes definidas pelo Governo Estadual previstas no Plano Plurianual (PPA) e as demandas advindas das etapas do Planejamento Territorial Participativo (PTP) e outros instrumentos de planejamento dos diversos órgãos de governo. O PDST estabeleceu os seguintes eixos de ação e respectivas 216 linhas de ações programáticas: a) Ordenamento Territorial, Regularização Fundiária e Gestão Ambiental; b) Infraestrutura para o Desenvolvimento; c) Fomento às Atividades Produtivas Sustentáveis; d) Inclusão Social e Cidadania; e) Modelo de Gestão do programa - Desenvolvimento Político Institucional. 25 4.2. O PIRTUC Como contraparte ao PDST, desde 2002 a Eletrobras-Eletronorte vem desenvolvendo um conjunto de ações sob a cobertura programática do Plano de Inserção Regional da UHE Tucuruí (PIRTUC). Este programa abarca os sete municípios a montante do entorno do Lago da UHE Tucuruí: Breu Branco, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Nova Ipixuna, Novo Repartimento e Tucuruí. Os subprojetos que são apoiados sob a sua rubrica abrangem programas compensatórios e potencializadores de desenvolvimento local, bem como ações de melhorias de infraestrutura social econômica e de fortalecimento das atividades produtivas da região. Foi projetado para um prazo de vinte anos, envolvendo recursos financeiros no montante de R$ 200 milhões. (Eletronorte, relatório da Administração, 2011). Verificando a concentração dos investimentos, na prática o PIRTUC se desdobra como uma extensão das políticas públicas federais para os setores de educação, 26 saúde, transportes e saneamento básico. Exceções são os projetos destinados a fomentar atividades comunitárias de geração de renda através de desenvolvimento de cadeias socioprodutivas (piscicultura, agroextrativismo, agricultura familiar, agroindústria e outros), geralmente sob arranjos de cooperativismo de baixa densidade. 4.3. Apoio a inciativas socioprodutivas 4.3.1. O “Projeto Ipirá” O Projeto Ipirá é uma iniciativa da Eletronorte de apoio ao desenvolvimento de atividades de piscicultura, através de um arranjo de transição das práticas de pesca artesanal para regime intensivo em tanques-rede para 319 famílias de pescadores que viviam ou trabalham na região da ‘Prainha da Matinha’, contemplando ações de capacitação, assistência técnica e implantação de infraestrutura necessária ao desenvolvimento dos empreendimentos familiares de produção da espécie pirapitinga. Na prática se tornou um arranjo de parcerias com diversas instituições para viabilizar um programa de ação social e geração de renda, tomando por partida estudos de viabilidade de arranjo pesqueiro nas águas do reservatório da Usina Hidrelétrica de Tucuruí. (Estudos Ambientais para Implantação de Parques Aquícolas no Reservatório da UHE Tucuruí / Agosto de 2007). Seu fato gerador (e mobilizador) de origem residiu na necessidade de dar solução mitigadora dos impactos sociais decorrentes da construção do sistema de transposição da barragem, particularmente pelo remanejamento das famílias do local, maior parte formada por pescadores que tiveram o acesso às áreas de pesca interditado para dar lugar ao canal das eclusas. A propositura do Projeto resultou de acordo entre a Eletronorte e os representantes dos pescadores, com a interveniência de representantes das diversas esferas de governo (federal, estadual e municipal) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), pelo qual ficou estabelecido o compromisso de 27 elaboração e implantação de um projeto produtivo, gerador de trabalho e renda, envolvendo os pescadores atingidos pelas obras de construção das eclusas. Sua agenda executiva partiu de um plano operacional básico (em sentido de carta de intenção, mais do que de um projeto executivo), apresentado em junho de 2009, tendo a Secretaria de Pesca e Aquicultura do Estado do Pará (SEPAQ) como agente técnico e contando com parcerias dos municípios de Tucuruí e Breu Branco e da EMATER-PA. O Ministério da Pesca foi parceiro na fase da formulação da proposta. Com base no protocolo de intenções e pactos de compromisso com os pescadores a Eletrobras-Eletonorte em acordo com o MPA e a SEPAq levantaram um arranjo de financiamento de infraestrutura, suprimentos, capacitação e assistência técnica, o qual possibilitou um sistema precário de povoamento de aproximadamente 280 tanques-rede, sendo distribuídos de forma proporcional entre as famílias de duas cooperativas de pescadores – a COOPAB e a COOPAT. Após três anos de implementação análises técnicas indicam que os esforços do projeto produziram baixo resultado, se tomada como referência o volume da produção efetiva e os resultados econômicos efetivamente conseguidos. Nas duas safras as famílias beneficiárias do projeto retiraram no total cerca de 50 toneladas de peixes, as quais foram entregues ao mercado local e vendidas Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). No ano de 2012 estudos técnicos especializados avaliaram a trajetória do projeto e apontaram soluções de gargalos que foram identificados nas áreas de manejo e produção, qualificação e soluções de mercado e problemas de gestão. Das conclusões se destacam quatro: (a) o Parque Aquícola tem alto potencial para a geração de renda para os pescadores, desde que obedecidas regras de produção e gestão profissional; (b) É necessário expandir a produção com a exploração de novas espécies; (c) É imperativo exportar o peixe para fora dos limites da região e do Estado do Pará; (d) É necessário rever o modelo de gestão do projeto até então baseado em regime de seccionamento em cooperativas que declaram indisposição para a ação cooperada e compartilhamento de responsabilidades, além da revisão dos vícios do regime assistencialista que ficou estabelecido entre pescadores e os patrocinadores. 28 4.3.2. O PROSET O Programa Social dos Expropriados da Primeira Etapa da UHE Tucurui (PROSET) foi concebido com a finalidade de promover a emancipação econômica de 2.344 famílias por intermédio da implementação de projetos produtivos. Foi solução programática para inicialmente atender a um grupo de aproximadamente 600 expropriados durante a fase da construção Hidrelétrica. Nesse período foram realizadas inúmeras negociações entre a ELETRONORTE e a coordenação política do grupo, que reivindicava reparações nas indenizações efetuadas por ocasião das desapropriações. A partir de 2006, com a criação de seis cooperativas foram feitos investimentos para a organização de sistemas socioprodutivos típicos da agricultura familiar e da agroindústria. As cooperativas e seus respectivos arranjos produtivos ficaram assim definidos por cooperativa: a) Cooperativa de Tucuruí: arranjo produtivo de produção de pirapitinga em tanques-rede. Dos 260 tanques inicialmente previstos no Projeto, 170 foram povoados. Em paralelo foi adquirida uma área de 31 hectares nas proximidades do núcleo urbano de Tucuruí, visando implementar o projeto de criação de peixes em tanques escavados, horta comunitária e as lavouras de milho e mandioca. b) Cooperativa de Novo Repartimento: arranjos de comercialização de produtos agropecuários, principalmente cacau e bovino para recria e engorda e, em médio prazo a verticalização da atividade no setor cacaueiro através da implantação de uma indústria de processamento do cacau. Constava ainda do projeto a implantação de hortas comunitárias e de um centro de comercialização do produtor. Como suporte a estas atividades, além do galpão na sede da cooperativa, foi adquirido um caminhão de médio porte, e um terreno de 32 alqueires, destinado a abrigar o gado e a hospedar outros projetos da cooperativa como a produção de hortaliças e de mudas. 29 c) Cooperativa Agroindustrial e Comercial dos Expropriados de Breu Branco e Goianésia: arranjos de produção, beneficiamento e comercialização de grãos e outros produtos agrícolas, além da implantação de hortas comunitárias envolvendo um centro de beneficiamento e preparação da produção para o mercado. d) Cooperativa Agroindustrial e Comercial dos Expropriados de Jacundá: arranjo de cultivo de mandioca, além de outras culturas em menor escala, como milho, feijão, maracujá e açaí. O Projeto contemplava, ainda, em horizonte de médio prazo, a verticalização através da instalação de uma unidade industrial de processamento da mandioca. Também era parte integrante deste projeto a criação de um centro de difusão, capacitação e tecnologia, visando atender o conjunto de cooperados em suas propriedades e um centro de comercialização de produtos agropecuários na sede urbana da Cooperativa. Como suporte principal do Projeto foi adquirido um terreno rural de 52 alqueires, um trator, implementos agrícolas e uma microunidade processadora de mandioca destinada à produção de farinha. No desempenho das atividades do Projeto a Cooperativa chegou a plantar 14 alqueires de mandioca. Também foram implantadas culturas de menor escala, como maracujá, abóbora, abacaxi e outras previstas. e) Cooperativa Agroindustrial e Comercial dos Expropriados de Itupiranga Ltda.: arranjo de atividades diversificadas como: criação de peixes em tanques escavados, olericultura em estufa, criação de frangos caipiras, cultivo de milho, cultivo de mandioca para produção de farinha e produção de mudas de espécies nativas. Como garantia de infraestrutura dos projetos foram adquiridos um terreno rural de 12 alqueires, distando aproximadamente 15 quilômetros da sede do município, um trator e implementos agrícolas. Para a atividade de criação de peixes, foram iniciadas as escavações dos tanques, assim como foram implantadas a criação de frangos caipira, produção de hortaliças e a realização de lavouras sazonais, como o milho para alimentar os frangos e melancia para comercialização local. f) Cooperativa Agroindustrial e Comercial dos Expropriados de Nova Ipixuna Ltda: arranjo produtivo alicerçado no acesso ao mercado como forma de 30 melhorar as condições de aquisição e venda dos produtos de cooperados. Tal acesso seria garantido pela instalação de um Centro Comercial, na região urbana, junto à sede da Cooperativa com o objetivo de ofertar produtos agropecuários destinados a suprir as necessidades de consumo dos cooperados, além de promover a inserção coletiva da produção no mercado. Após três anos de implantação do programa, em 2011 foram promovidos estudos de auditagem da implementação das ações desenvolvidas pelas cooperativas. Os apontamentos daquela avaliação assim descrevem os resultados: (...) No que se concerne à atuação da ELETRONORTE, no desenvolvimento de uma política social de apoio aos expropriados, as análises da atuação do PROSET apontam que, mesmo que se tenha buscado um modelo de organização e de produção com vistas à sustentabilidade social e econômica dos expropriados, os objetivos econômicos não foram plenamente atendidos. Quanto à Gestão cooperativa, constata-se uma ausência de procedimentos afinados com os princípios do cooperativismo. A prática cooperativa, que é o fundamento do desenvolvimento da organização não é perceptível em depoimentos dos cooperados. A constatação mais marcante, a partir da ausência dos cooperados nas ações da cooperativa é que a organização existe de direito mas, de fato não funciona como tal. O modelo de uma cooperativa de produção não deu certo e deve ser reorientado para uma cooperativa de produtores rurais, atribuindo responsabilidade de produção ao cooperado e não somente à Cooperativa. (ORBE Consultoria Ltda., Diagnóstico situacional das cooperativas agroindustriais do expropriados da UHE Tucurui, 2011. Relatório de Produto 2, p. 135). 5. Elementos de subsídios às tomadas de decisões a respeito da tipologia e a elegibilidade de projetos socioprodutivos patrocinados A nossa análise iniciou com a averiguação dos dispositivos que formam o corpo de conhecimento e normas da Empresa (superestrutura). Foram considerados 31 inclusive aqueles de caráter externo, como o marco legal e as regras privadas que balizam a auditagem das suas responsabilidades sociais e ambientais. Estes dispositivos advertem que a Eletrobras-Eletronorte dispõe de diretivas suficientemente esclarecidas e disseminadas no seu corpo operante, conforme se denota das diretivas programáticas de politica social e ambiental e seus ordenamentos de incorporação nos ambientes executivos. (Resoluções de Diretoria nº 0425/2009 e 0325/2011). Portanto as bases norteadoras das ações socioambientais da Empresa guardam aderência com os princípios do desenvolvimento sustentável e inclusivo, com cautelas ambientais e com a mobilização de medidas para apoiar processos de diminuição dos acentuados desníveis econômico das populações nos seus territórios. Não obstante a verificação de tal aderência superestrutural observa-se um desnível entre aquelas diretivas e os comandos operacionais. Estes desníveis de subordinação são perceptíveis quando da investigação dos projetos apoiados pela Eletrobras-Eletronorte, ou daqueles que por ela são ofertados às populações localizadas na área de sua atuação direta. Através de uma análise dedutiva constatam-se nós críticos que certamente influenciam aquela insubordinação. Por sua vez, estes gargalos, via de regra, estão mais relacionados com os ambientes de análise prévia e propositura, em particular com a interpretação dos quesitos que garantem a aderência dos projetos com as diretivas, que afinal norteiam sobre o que é permitido fazer. Considerando os pré-requisitos de tipologia e elegibilidade dos projetos, traduzimos tais nós-críticos em algumas premissas que poderão servir de subsídios para orientar as tomadas de decisões a respeito de futuras projetos. 1. O projeto, através de seus elementos descritores, indica uma boa aderência às políticas de responsabilidade social e ambiental da Empresa? Embora possa parecer elementar, esse quesito só é deduzível pela análise da capacidade de interpretação comparativa entre o conteúdo das diretivas com as soluções aplicadas nos projetos. 2. O projeto, por seus elementos descritores, se apresenta consistente em termos da sua propositura técnica, considerando o diagnóstico prévio, análises de risco e viabilidade? 32 A este respeito deve se considerar que os pré-requisitos de elegibilidade e a tipologia dos projetos socioprodutivos devem considerar, com base em estudos, uma cesta de indicadores que reflitam, com uma maior precisão, as dimensões social, institucional e socioambiental dos territórios, e não só a dimensão econômica. 3. O projeto, considerando os seus elementos descritores, informa razoável aderência no que diz respeito à legitimação social do proponente e da modelagem de gestão institucional e do controle social do projeto, de modo a garantir níveis democráticos e transparentes? Os projetos devem identificar na descrição da sua estratégia, sobre como ocorrerão os processos de articulação permanentes entre as Políticas Públicas, e o apoio ou o estabelecendo de fóruns de discussão de seus resultados, com a sociedade civil e órgãos de governo local e ou regional, de forma permanente. 4. Quanto à sua elegibilidade o projeto, por seus descritores, esclarece e delimita claramente a identidade do público social as camadas de baixa renda, além disso, descreve uma direção clara para desenvolver arranjos produtivos promissores e sob espírito empreendedor? Os projetos devem identificar claramente os seus vínculos com grupos sociais mais fragilizados nas relações econômicas, além de descrever as ações que possam fortalecer a economia regional, incentivando pequenos e médios empreendimentos e arranjos produtivos locais, visando à exploração de potencialidades regionais na produção de bens e serviços apropriados pela economia local. 5. Quando à aderência do projeto, os seus elementos descritores formulam indicadores para iluminar o acompanhamento do processo executivo e dos resultados esperados?Os projetos analisados devem demonstrar como irá desenvolver ou apoiar o fortalecimento de mecanismos de avaliação, monitoramento permanente, transparência e controle da aplicação dos recursos dos recursos utilizados, garantindo a eficiência, eficácia e efetividade dos projetos. Além disso, devem indicar parâmetros que possam ser utilizados para mensurar a progressão das ações e seus resultados, assim como prever possíveis mudanças de direção. 33 Por fim e de todo modo é fundamental que a Empresa concentre esforços para fortalecer a sua base técnica para ampliar os ambientes de propositura ou apreciar os pleitos demandados pelos atores e agências locais. 6. Conclusão Este estudo, nas suas referencias conceituais iniciais, destacou a importância dos aspectos sociais, territoriais e ambientais do desenvolvimento regional sustentável. Neste conceito se destacou a capacidade ou a necessidade de apoiar as sociedades locais a liderarem e conduzirem os seus próprios destinos, condicionando-os à mobilização dos fatores produtivos disponíveis em sua área e ao seu potencial endógeno, traduzindo-se em formas de desenvolvimento territorial endógeno. Este tipo de desenvolvimento é originário da mobilização e participação de forças sociais solidárias, quando as comunidades transformam-se nos próprios sujeitos do desenvolvimento no seu espaço de vida. Sugerimos que uma das implicações práticas dessa compreensão é que para apoiar o desenvolvimento de um determinado território é necessário identificar os diferentes graus de aproveitamento dos seus recursos e potencialidade endógenas. Fatores regionais que têm influência direta sobre a dinâmica do desenvolvimento do território podem ser potencializados pela capacidade organizativa, técnica e gerencial das instituições de apoio, como das locais, especialmente as organizações sociais que demandam apoio para solucionar seus problemas. Viu-se que a Eletrobras-Eletronorte construiu ao longo dos últimos 10 anos um conjunto de diretivas que salvaguardam questões sociais e ambientais em suas políticas. Por outro lado verificou-se que nem sempre tais diretivas se convertem em ações bastante alinhadas ou tecnicamente bem dimensionadas com aquelas 34 salvaguardas, de modo que projetos de inciativas socioprodotivas apoiados pela Empresa têm encontrado dificuldades para atingir os objetivos a que se propuseram. Por fim, faz necessário observar um conjunto de variáveis abstraídas da abordagem dos fatores superestruturais e das experiências em curso que poderão servir de parâmetros para as decisões sobre as tipologias e os elementos da elegibilidade que os projetos devem previamente responder, quando se apresentarem ao patrocínio ou forem ofertados à região onde se concentra os esforços socioambientais da Empresa. Este movimento de aderência certamente, como se viu, se vincula ao reforço das capacidades de interpretação da realidade(diagnóstico) e de escolha de soluções adequadas (propositura) para cada situação, aspiração e aptidão local e, por fim, ao acompanhamento de cada intervenção (gestão). 35 Referências bibliográficas AMARAL FILHO, Jair. Desenvolvimento regional endógeno em um ambiente federalista. In: Planejamento e políticas públicas. Brasília, IPEA, n. 14, 1996. ELETROBRAS, II PDMA - Plano Diretor de Meio Ambiente do Setor Elétrico 1991/1993, Vols. I e II. ELETROBRAS, Plano Diretor de Meio Ambiente de 1987. ELETROBRAS-ELETRONORTE, Deliberação nº 037, de 31.08.2009. ELETROBRAS-ELETRONORTE, Estudos Ambientais para Implantação de Parques Aquícolas no Reservatório da UHE Tucuruí / Agosto de 2007. ELETROBRAS-ELETRONORTE, Plano de Desenvolvimento Regional do Território do Entorno de Tucurui – PIRTUC. ELETROBRAS-ELETRONORTE, Plano de Desenvolvimento Sustentável da Microrregião do Entorno da UHE Tucuruí – PDST, 2000. ELETROBRAS-ELETRONORTE, Resolução de Diretoria (RD) nº 0352/11 de 25.05.2011. ELETROBRAS-ELETRONORTE, Resolução nº 0425 de 03.08.2009. IICA-ELETRONORTE, Estudos de revisão e atualização dos cenários de desenvolvimento da área do entorno da UHE Tucuruí (montante e jusante) e da Estratégia de Inserção Regional da UHE no Desenvolvimento do Território, Relatório de produto IX, Versão executiva, 2012. MME-ELETROBRAS, Plano Nacional de Energia Elétrica 1987/2010, 1988. NIJKAMP, Peter et al. Regional sustainable development and natural resource use. In: Proceedings of the World Bank Annual Conference on Development Economics. Washington, World Bank, 1990. 36 ORBE Consultoria Ltda., Diagnóstico situacional das cooperativas agroindustriais do expropriados da UHE Tucurui, Relatório de Produto (2), 2011. SAXENIAN, AnnaLee. Inside-Out: Regional Networks and Industrial Adaptation in Silicon Valley and Route 128, Cityscape: A Journal of Policy Development and Research • Volume 2, Number 2 • May 1996, p. 41-60. Brasília, 13 de maio de 2013. _______________________________ Villi Fritz Seilert Consultor IICA - CT-113015 Ações socioambientais PCT/BRA/09/009- Eletrobrás-Eletronorte 37