O IMPACTO DA INFESTAÇÃO DO MEXILHÃO DOURADO EM UMA INSTALAÇÃO DE BOMBEAMENTO Carlos Barreira Martinez Márcio Figueiredo de Resende Cláudia Gonçalves Marques Simeão Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil O Mexilhão Dourado (Limnoperna fortunei): Espécie de molusco, nativa do Sudeste Asiático; Primeira ocorrência na América do Sul em 1991 (DARRIGRAN, 1993): • Bacia do rio da Prata; • Trazida na água de lastro de grandes embarcações; • Tem se reproduzido e disseminado aceleradamente. O Mexilhão Dourado (Limnoperna fortunei): Ampla resistência à variedade de fatores ambientais; Rápida maturação sexual, ciclo reprodutivo relativamente rápido e forte capacidade de dispersão; Indivíduos crescem lado a lado ou uns sobre os outros, formando camadas; Densidades que chegam a superar 100.000 hab/m². Mexilhões sobre vegetação submersa Autor: Rodrigo De Filippo Detalhe de colônia de mexilhões extraída de tubulação Fonte: Arquivo FURNAS Detalhe de colônia de mexilhões Fonte: Diário Popular - RS 2000 Chega ao Pantanal e à UHE Salto Grande Surge no rio Paraguai, no Porto de Assunção Chega aos reservatórios de UHE’s no Estado de SP Rio Paraguai 1998 2004 1996 Coletas mais numerosas no rio Paraná. É comum o macrofouling em sistemas de adução do cordão Industrial do Paraná 1995 Surge no rio Paraná. Novos casos de macrofouling 1994 1999 La Plata - 1.º caso de macrofouling 1.ª ocorrência no Brasil – Guaíba/RS 1991 1993 Punta Piedras até Punta Lara Chegada à bacia do rio de La Plata Cronologia da invasão 2004 2000 2003 UHE Salto Grande UHE Ilha Solteira UHE São Simão Sob Risco UHE Itumbiara e UHE Cachoeira Dourada 2002 Sob Risco Rio Paraguai UHE Porto Primavera UHE Volta Grande Sob Risco UHE Água Vermelha 2005 UHE Três Irmãos 2003 UHE Jupiá 2001 UHE Itaipu 1991 Chegada à bacia do rio de La Plata Presença nas UHE’s brasileiras O efeito de macrofouling: Não se dispõe de valores de referência na bibliografia especializada para essa condição de operação Até o momento a arma principal encontrada contra o Mexilhão Dourado ainda é a prevenção Necessidade de obtenção de dados e valores de referência para as perdas carga em tubulações infestadas pelo Limnoperna fortunei Macrofouling em adutora de ferro fundido Fonte: CORSAN – Barra do Ribeiro - RS Macrofouling Macrofouling em adutora de f.ºf.º Fonte: CORSAN. Barra do Ribeiro - RS Material e Métodos Simulação do escoamento em bancada de testes no laboratório do CPH-UFMG, em diferentes cenários de infestação : 0, 0,5 e 1,0 indivíduo/cm² DN 2”, 21/2”, 3” e 4” Determinação das curvas de perda de carga; Estimativa do fator de atrito (f); Avaliação do impacto na adução de bombas estudo de caso A bancada de testes A simulação da infestação Curvas de Evolução da Perda de Carga 100 Legenda 1 ,0 i/c m ² 2" P erd a d e C arg a U n itária - J (m /m ) 10 2 1 /2 " 3" 4" 1 0 ,5 i/c m ² 2" 2 1 /2 " 0 ,1 3" 4" 0 i/c m ² 2" 0 ,0 1 2 1 /2 " 3" 0 ,0 0 1 0 5 10 15 V a z ã o - Q (L /s ) 20 25 30 4" Aumento da Perda de Carga em Relação ao Cenário Original Relação entre Perdas de Carga J1,0 i/cm² / J0 i/cm² 100 80 60 40 20 0 0 5 10 15 Vazão - Q (L/s) 20 2" 2” 25 21/2" 21/2” 30 3" 3” 4" 4” Evolução do fator de atrito e da rugosidade relativa 10,000 10,0000000 1,00 1,000000 1,0000000 0,100000 0,0010000 0,0001000 Fator de Atrito (f) 0,010 0,10 0,001000 0,000100 0,0000100 0,000010 0,001 1.000 DN 2” DN 0,0000010 0,01 0,0000001 10.000 100.000 21/2” 0,000001 10.000 1.000.000 100.000 Número de Reynolds DN 2" (f - 0,5 i/cm²) DN 2" (k/D - 1,0 i/cm²) 1,000 DN 2" (f - 0 i/cm²) DN 2" (k/D - 0,5 i/cm²) 1.000.000 Número de Reynolds DN 2" (f - 1,0 i/cm²) DN 2" (k/D - 0 i/cm²) DN 21/2" (f - 1,0 i/cm²) DN 21/2" (k/D - 1,0 i/cm²) 10 1,00000 DN 21/2" (f - 0,5 i/cm²) DN 21/2" (k/D - 0,5 i/cm²) DN 21/2" (f - 0 i/cm²) DN 21/2" (k/D - 0 i/cm²) 10 1 0,00100 0,010 0,1 0,01 0,1 0,001 0,0001 0,01 0,00001 0,00010 0,001 DN 3” 10.000 0,00001 100.000 1.000.000 0,001 0,000001 DN 4” 10000 0,0000001 100000 Número de Reynolds 1000000 Número de Reynolds DN 4" (f - 1,0 i/cm²) DN 4" (f - 0,5 i/cm²) DN 4" (f - 0 i/cm²) Rugosidade Relativa (k/D ) 0,01000 1 Fator de Atrito (f ) Fator de Atrito (f ) 0,100 Rugosidade Relativa (k/D) 0,10000 Rugosidade Relativa (k/D) 0,100 0,010000 Fator de Atrito (f ) 0,0100000 Rugosidade Relativa (k/D ) 0,1000000 Rugosidade Relativa (k/D ) Fator de Atrito (f ) 1,000 Avaliação da perda de seção útil S e m In fe s ta ç ã o 0 ,5 in d ./c m ² 1 ,0 in d ./c m ² DN DI DI D e q u iv DI D e q u iv (p o l) (c m ) (c m ) (p o l) (c m ) (p o l) 4 ,1 4 3 ,2 5 1 /2 1 ,7 4 1 /2 5 ,4 1 4 ,2 8 2 3 ,1 7 1 3 6 ,6 6 6 ,1 9 e n tre 2 4 9 ,1 6 8 ,4 0 2 1 /2 1 /2 e 3 e n tre 3 e 4 4 ,1 2 4 ,8 3 10 8 Diâmetro Equivalente (cm) 2 1 6 4 0 i/cm² 0,5 i/cm² 2 1,0 i/cm² 0 DN 2" DN 21/2" DN 3" DN 4" 1 /2 2 e n tre 2 e 2 1 /2 Variação do coeficiente de Hazen-Williams 0,5 indivíduo/cm² 200 Coeficiente C - Hazen Williams 180 160 140 120 100 0,E+00 5,E+04 1,E+05 2,E+05 2,E+05 3,E+05 3,E+05 4,E+05 Número de Reynolds DN 2" DN 21/2" DN 3" DN 4" Variação do coeficiente de Hazen-Williams 1,0 indivíduo/cm² Coeficiente C - Hazen Williams 80 60 40 20 0 0,E+00 5,E+04 1,E+05 2,E+05 2,E+05 Número de Reynolds 3,E+05 DN 2" 3,E+05 DN 21/2" DN 3" 4,E+05 DN 4" Avaliação do impacto na adução de bombas - Estudo de caso 70 m moto-bomba Comprimento do recalque = 550 m DN = 100 mm (4”) Avaliação do impacto na adução de bombas - Estudo de caso h HW 10 , 643 .Q C 1 , 85 .d 1 , 85 4 , 87 .L [ mca ] P 9 ,81 .Q .h Custo = P.t.Tarifa [R$/m³] [ kW ] Custo Horário do Bombeamento (R$/m³) 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0 5 10 15 20 Vazão (L/s) C=200 (sem infestação) C=180 (0,5 ind./cm²) C=80 (1,0 ind./cm²) 25 Avaliação do impacto na adução de bombas - Estudo de caso AlturaManométrica Manométrica(mca) (mca) Altura 200 200 160 160 Redução de ~50% R$0,288/m³.h 120 120 R$0,182/m³.h 80 80 40 40 R$0,174/m³.h 2 2 4 4 Curva da Bomba 6 6 8 8 10 10 C=80 (1,0 ind./cm²) 12 12 Vazão (L/s) Vazão (L/s) 14 14 C=180 (0,5 ind./cm²) 16 16 18 18 20 20 22 22 C=200 (sem infestação) Conclusões Acréscimo no custo de manutenção (desobstrução e limpeza); Aumento significativo no custo da água bombeada Para i < 0,5 indivíduo/cm², o acréscimo de perda de carga é pequeno e pode até mesmo passar despercebido Para i > 1,0 indivíduo/cm², o sistema praticamente entra em colapso, chegando quase ao limite de bombeamento Perda de carga aumenta progressivamente, em níveis muitos superiores àqueles para os quais os sistemas de bombeamento são usualmente projetados Poderá ocorrer efeito de cavitação na sucção Assunto ainda pouco explorado, necessita de continuidade nos estudos. IMPACTO DA INFESTAÇÃO DO MEXILHÃO DOURADO EM UMA INSTALAÇÃO DE BOMBEAMENTO Carlos Barreira Martinez : [email protected] Márcio Figueiredo de Resende : [email protected] Cláudia Gonçalves Marques Simeão : [email protected] Agradecimentos :