• Impacto da UHE Tucuruí sobre a saúde
das populações rurais da Amazônia.
• Profa Dra Rosa Carmina de Sena Couto
•
Chefe do Departamento de Medicina Preventiva /CCS/UFPA
Belém-Nov/2004
Impacto da UHE Tucuruí sobre a saúde das populações rurais
da Amazônia.
• A história da Amazônia revela que a sua inserção na economiamundo se deu em diferentes momentos, sempre através do
fornecimento de seus recursos naturais. A Amazônia é também
considerada a última reserva mundial de energia por seu
potencial hidrelétrico, gás natural e biomassa.
• Na década de 70, o Estado Nacional transformou a Amazônia
Brasileira em fronteira de recursos implantando sua política
desenvolvimentista. Nesse período intensificaram-se os
investimentos governamentais na região representando a política
de ocupação estatal através da implantação de projetos de
mineração, colonização, rodoviários, portos, aeroportos,
hidrelétricas, além de áreas de exploração de garimpos de ouro.
Impacto da UHE Tucuruí sobre a saúde das populações rurais
da Amazônia
• Tal política transformou intensamente o meio ambiente
amazônico, atraiu milhares de trabalhadores agravando o quadro
sanitário regional através do aumento explosivo da malária.
• A política de geração de hidreletricidade para Amazônia- Plano
20015 prevê a implantação de inúmeras hidrelétricas para a
Amazônia.
A construção de hidrelétricas em região tropical tem produzido
impactos negativos de grande magnitude: há desestruturação
sócio-econômica, ecológica, impacto demográfico, formação de
grandes lagos, inundação de floresta tropical comprometendo a
biodiversidade: fatores que determinam mudanças no perfil
epidemiológico produzindo efeitos deletérios sobre a saúde das
populações.
• A UHE Tucuruí contribue para aumentar o risco de transmissão
de malária na região a montante da hidrelétrica.
PLANO 2015 PARA A AMAZÔNIA
Impacto da UHE Tucuruí sobre a saúde das populações rurais
da Amazônia.
• A UHE Tucuruí situa-se no rio Tocantins, no município de
Tucuruí,estado do Pará, aproximadamente a 300km de Belém,
capital do estado.
• A região a montante da hidrelétrica caracteriza-se por ser área de
alto risco malarígeno. Existe floresta tropical que favorece a
transmissão da malária, grupos de riscos em constante
movimento (garimpeiros, extratores de madeira, agricultores,
trabalhadores autônomos). Esses grupos de risco estão expostos
ao Anopheles darlingi, por suas atividades ou por suas precárias
moradias.
• Tais fatores de risco são agravados pela formação do lago de
Tucuruí, insuficiente rede de serviço de saúde e infra-estrutura
social além da reduzida efetividade das medidas de controle da
malária.
LAGO DE TUCURUÍ
MUNICÍPIOS À MONTANTE E JUSANTE
Impactos da UHE Tucuruí sobre a saúde das populações rurais
da Amazônia
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Metodologia
O presente estudo analisa os impactos da UHE Tucuruí sobre a saúde
da população rural com ênfase nos indicadores de malária.
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Área de estudo selecionada:
Municípios a montante: Tucuruí, Breu Branco, Novo Repartimento,
Itupiranga, Jacundá, Gioanésia e Nova Ipixuna.
Municípios a jusante: Baião, Mocajuba e Cametá.
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Indicadores selecionados (fonte: FUNASA/MS, SESPA):
Casos +
IPA%o
IF %
Impactos da UHE Tucuruí sobre a saúde das populações rurais
da Amazônia
A estratificação epidemiológica da área de estudo foi feita com
base no seguinte critério (FUNASA/MS,2001):
a)
Área de alto risco: IPA>=50
b)
Área de médio risco: IPA>10<50
c)
Área de baixo risco: IPA>1<10
d)
Área sem risco:IPA<1
Os indicadores foram analisados segundo a seguinte
periodização das informações:
1962-1974: período anterior a construção da hidrelétrica
1975-1984: período de construção da hidrelétrica (fase 1)
1985-1997: período de operação da hidrelétrica
1998-2006: período de expansão da hidrelétrica (fase 2)
•
Comentários
•
Segundo as informações analisadas observa-se que houve aumento
da ocorrência de malária que coincide com a construção da UHE
Tucuruí nos municípios a montante durante a 1a. e 2a. fase da obra.
O aumento da incidência (IPA%o) da malária nos diversos períodos
analisados podem ser explicados:
Intervenção no meio ambiente: desmatamento em floresta tropical,
canteiro de obra, desvio do rio;
O lago da barragem ( 2.875Km2) propicia a proliferação do
Anopheles darlingi, assentamentos populacionais na margem do
lago, ocupação das ilhas do lago (1.600);
O impacto demográfico: Migração e malária são problemas
previsíveis provocados por projetos de desenvolvimento;
Poucos investimentos nos serviços locais de controle da malária;
são fatores que propiciam a produção e manutenção da endemia.
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A área a jusante configurou-se como baixo risco malarígeno.
NÚMERO DE CASOS POSITIVOS DE MALÁRIA
Municipios à montante : Breu Branco, Itupiranga,Jacundá,
Tucuruí e Novo Repartimento
Municípios à jusante : Baião, Cametá e Mocajuba
14000
Breu Branco
12000
Itupiranga
nº de casos
10000
Jacundá
8000
Tucuruí
6000
N Repartimento
4000
Baião
Cametá
2000
Mocajuba
0
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
ano/período
1997
1996
1995
1994
1993
1992
85/91
1984
1983
1982
1981
1980
71/79
62/70
-2000
ÍNDICE PARASITÁRIO ANUAL (IPA) DE MALÁRIA
MUNICÍPIOS PARAENSES SELECIONADOS
Municipios à montante : Breu Branco, Itupiranga,Jacundá,
Tucuruí e Novo Repartimento
Municípios à jusante : Baião, Cametá e Mocajuba
450
400
350
300
Breu Branco
Itupiranga
Jacundá
Tucuruí
N Repartimento
Baião
Cametá
Mocajuba
IPA
250
200
150
100
50
0
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
ano/período
1996
1995
1994
1993
1992
85/91
1984
1983
1982
1981
1980
71/79
62/70
-50
ÍNDICE DE FALCIPARUM DOS
MUNICÍPIOS À MONTANTE E
JUSANTE
80
70
60
IF %
50
Breu Branco
Itupiranga
Jacundá
Tucuruí
N Repartimento
Baião
Cametá
Mocajuba
40
30
20
10
0
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
ano/período
1997
1996
1995
1994
1993
1992
85/91
1984
1983
1982
1981
1980
71/79
62/70
-10
ESPACIALIZAÇÃO DO IPA NA ÁREA DO LAGO DE TUCURUÍ
ESPACIALIZAÇÃO DO IPA NA ÁREA DO LAGO DE TUCURUÍ
• Considerações finais:
•
A hidreletricidade tem sido considerada uma fonte de energia
relativamente limpa, segura, barata e renovável. Entretanto em muitos
países em desenvolvimento a geração de hidreletricidade tem causado
efeitos sociais e ambientais que devem ser considerados. Em
decorrência destas transformações há interferência em todos os
aspectos da vida das populações atingidas, entre esses a saúde.
•
A construção de hidrelétricas na Amazônia dever vista de forma
cautelosa, por tratar-se de rica floresta tropical abrigando rica
biodiversidade, além da existência das populações ribeirinhas,
importantes etnias e ecossistemas que são desestruturados.
•
Os organismos internacionais tem alertado para os riscos e a
necessidade de investimentos em saúde nas diversas etapas da
implantação de hidrelétricas, como forma de minimizar esses riscos. Na
Amé rica Latina, a malária tem sido a principal morbidade associada a
projetos hidrelétricos.
•
Ressaltamos a necessidade de investimentos em políticas públicas na
região como forma de melhorar a qualidade de vida das populações
amazônicas.
O PROTESTO DA ÍNDIA TUYRA
EPISÓDIO QUE MARCOU OS ANOS 80
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