Ciclo de Born-Haber Energia Reticular e Ligação Iônica Preparado por Guilherme Z M Fahur Bottino Para o curso de Inorgânica do EOQ Julho de 2011 Referências Literatura Principal: SHRIVER, D. F. (Duward F.) (autor); ATKINS, P. W. (coaut.). Inorganic chemistry. 3rd ed. Oxford: Oxford Univ. Press. Literatura Recomendada: HUHEEY, James E (autor); KEITER, Ellen A (coaut.); KEITER, Richard L (coaut.). Inorganic chemistry: principles of structure and reactivity. 4th ed. New York, N.Y.: HarperCollins SMART, Lesley (autor); MOORE, Elaine (Elaine A.) (coaut.). Solid state chemistry: an introduction. 3rd ed. Boca Raton, Fla.: Taylor and Francis/CRC. Ligação Iônica “Ligação” iônica – Atração de caráter eletrostático entre partículas possuidoras de cargas de sinais opostos. Geralmente muito forte, dada a ordem da Força Eletrostática entre as partículas, comparativamente à sua massa. No entanto, muito dependente do meio em que se localizam (Parâmetro eo da Lei de Coulomb) Ligação Iônica Energia Reticular: Para que exista coesão entre os átomos, em se tratando de uma atração eletrostática, ela é regida pelas Leis de Coulomb, que são uma das possíveis explicações para o gráfico ao lado, bastante famoso no quesito ligação. Ligação Iônica A linha Rosa acima da origem (Positiva, portanto aumenta a energia do composto) se refere à energia potencial elétrica (Coulômbica) entre duas cargas de mesmo sinal, a saber os elétrons das nuvens eletrônicas dos dois átomos envolvidos na ligação. Ligação Iônica A linha Verde abaixo da origem (Negativa, portanto diminui a energia do composto) se refere à energia potencial elétrica (Coulômbica) entre duas cargas de sinais opostos, a saber as cargas relativas dos átomos da ligação. Ligação Iônica A linha Azul representa a energia resultante (soma das duas linhas). Percebe-se que ela gera um pequeno “poço”, cujo fundo está sinalizado com o círculo laranja. Ele simboliza o estado de menor energia possível para a ligação. Ligação Iônica Essa energia, de sinal negativo, que está no fundo do Poço, é denominada Energia Reticular, e é a energia da ligação iônica. De forma análoga, o valor do ponto no eixo x dá a distância internuclear. Mas... Mas... Mas... MAS... Como é possível determinar a Distância Internuclear se, segundo o Modelo HeisenbergdeBroglie - Schrödinger não sabemos a posição dos elétrons? Na verdade, o Poço de Morse é uma aproximação que leva em conta as pequenas vibrações da molécula, e só vai possuir E mínima quando d = dmédia de ligação. Portanto, o poço é baseado em um valor teórico, mas funciona muito bem para alguns outros assuntos que não nos cabem por ora. Entalpia Reticular A Energia Reticular, ou Entalpia Reticular, ou Energia de Rede, simbolizada em química por Uo ou ΔHrede é, portanto, a energia liberada quando da atração entre dois íons com cargas opostas. Ainda, ela é definida em fase gasosa, de tal forma que seja possível imaginar dois átomos interagindo sem interferência, com todos os seus vizinhos bem dispersos e separados. Trocando em miúdos, Uo é a entalpia da reação entre dois íons em fase gasosa para formar um composto iônico (geralmente um sal). Mn+(g) + Xm-(g) MmXn(s) ΔH = Uo Equação de Born-Landé Utilizando a Lei de Coulomb aplicada a esse exemplo, é possível deduzir uma fórmula que calcule o valor de Uo de maneira completamente eletrostática: Equação de Born-Landé: | z | | z | e 1 U0 A 1 4 0 r b Lembre-se! Negativo!!! Lei de Coulomb (Potencial) 2 Conversão em Mol Parâmetro geométrico (arranjo no espaço) Correção Diferencial (Cálculo Numérico) Equação de Born-Landè Fatos Importantes que devem estar em nossa mente sobre essa forma da Entalpia Reticular: Valor de modelo e dependência Coulômbica/Geométrica; Ou seja, leva em conta apenas o modelo eletrostático; Admite um arranjo ideal do sal na forma cristalina, sem defeitos; Cálculos mostram que, de fato, o modelo é valido para 95% da energia; Índice de Permissividade influencia no meio; O Valor de Uo é sempre calculado com constante dielétrica no vácuo, mas a energia reticular pode se alterar conforme o meio; Requer alguns conhecimentos sobre o cristal, como estrutura cristalina, fórmula e raios iônicos; Fatores r, n e A da fórmula; Ciclo de Born-Haber Embora a equação seja um modelo bastante válido, percebe-se que ela apresenta desvios, principalmente em virtude dos parâmetros abordados anteriormente! Tentemos, então, realizar melhorias na nossa interpretação da Entalpia Reticular, começando com a questão da reação... Vamos começar pelos materiais de partida... Ciclo de Born-Haber Não possuímos, no entanto, íons em fase gasosa para usar em nossas reações; de fato, a reação de formação do nosso mesmo composto MX é escrita não da forma iônica, mas da seguinte forma, que envolve as substâncias na forma natural: M(s) + 1/2X2(g) MX(s) ΔH= ? Como, então, relacionar a entalpia de formação da reação realizada dessa forma à Entalpia Reticular que conhecemos/podemos calcular? Ciclo de Born-Haber Ora, sabemos que é possível realizar transformações na matéria através do fornecimento de energia; Sabemos também que, segundo a Lei de Hess, uma reação que tenha vários caminhos possíveis para chegar ao mesmo produto sempre envolve a mesma quantidade de energia em cada um deles; Ciclo de Born-Haber ...segundo essa discussão,... ΔHi M(g) X(g) ΔHs 1 2 M(s) ΔHge ΔHa 1 + X2(g) 2 M+(g) + X-(g) Uo ΔHf MX (s) ΔHf = ΔHs + ΔHi + 1/2 ΔHa + ΔHge + Uo Ciclo de Born-Haber ... Que utilizando a série de reações nesse Ciclo – que nada mais é que uma aplicação da Lei de Hess – e tendo os valores tabelados das entalpias individuais e o valor calculado da Energia Reticular, é possível prever a tendência de formação de um composto iônico (Hformação)! E digo mais: se tivermos possibilidades de compostos iônicos diferentes, que podem ser formados pelos mesmos materiais de partida, poderemos intuir qual ou quais deles serão formados, de fato! É ou não é maravilhoso? Comparação Abaixo, comparemos alguns valores de Energia Reticular, determinados experimentalmente e calculados com a Eq. Born-Landé: Exercícios Os exemplos a seguir podem nos mostrar algumas das aplicações práticas dessa nossa nova descoberta. Para realizar os exercícios, tenhamos em mente a Equação de Born-Landé (Slide 10) e o Ciclo de Born-Haber (Slide 15) Exercício Utilizando o Ciclo de Born-Haber e os dados a seguir, calcule a Energia Reticular do composto Cloreto de Cálcio (CaCl2): Dados (todos estão em kJ/mol): Entalpia de Atomização do Cálcio: Primeira Energia de Ionização do Cácio: Segunda Energia de Ionização do Càlcio: Entalpia de Dissociação do Cloro Gasoso: Entalpia de Ganho de Elétron do Cloro: Entalpia de Formação do Cloreto de Cálcio: 178 590 1146 244 -349 -795.8 Exercício Ca(g) ΔHa ΔHi1+ ΔHi2 2Cl(g) 2ΔHge Uo ΔHD Ca(s) + Cl2(g) Ca2+(g) + 2Cl-(g) ΔHf CaCl2 (s) ΔHf = ΔHa + (ΔHi1+ ΔHi2) + ΔHD + 2ΔHge + Uo Uo = -ΔHa -(ΔHi1+ ΔHi2) -ΔHD -2ΔHge +ΔHf Exercício Uo = -178 -1736 -244 -2(-394) +(-795.8) Uo = -2210.8 +1396 Uo = -814.8 kJ/mol DESAFIO Utilizando os dados a seguir, calcule a Entalpia de Protonação da Amônia utilizando o Ciclo de Born-Haber: Dados (em kJ/mol): Entalpia Reticular NH4Cl: Entalpia de Formação da Amônia: Entalpia de Formação do Cloreto de Amônio: Entalpia de Dissociação do Hidrogênio: Entalpia de Dissociação do Cloro: Primeira Energia de Ionização do Hidrogênio Entalpia de Ganho de Elétron do Cloro -679 -46 -314,4 439 244 1314 -349 DESAFIO Resolução: ΔHprotonação = - [ΔHfamônia -ΔHfsal + ( ½ ΔHDH2 +ΔHiH) +½ ΔHDCl2 +ΔHge +Uo] ΔHprotonação = - (-46 +314,4 +219,5 +1314 +122 -349 -679) ΔHprotonação ~ - 895 kJ/mol Muito Obrigado! Turma EOQ - 2011