2004 – UNIR PARA COMPETIR Reflectir sobre as perspectivas para a economia portuguesa em 2004 é, necessariamente, pensar nas oportunidades que se abrem às nossas empresas para o próximo ano. Tendo presente as minhas responsabilidades actuais, compreenderão que esta análise incida: A. sobre as PME’s e sobre a vertente da exportação; B. sobre o Alargamento da União Europeia e o Euro 2004. A. Porque somos uma economia pequena e aberta ao exterior, a evolução da economia internacional terá um significativo impacto naquilo que por cá vier a acontecer. Três pressupostos deverão ser mencionados como factores condicionantes da sua evolução: • Recuperação da actividade económica mundial, mantendo-se os USA com ritmo de crescimento superior ao da Europa; • Manutenção dos baixos níveis de taxas de juro; • Descida da taxa de inflação (em grande parte causada pela prevista redução do preço do petróleo e de uma maior moderação no crescimento do custo unitário de mão-de-obra na Zona Euro). Se tivermos presente que a evolução negativa do nosso PIB em 2003 teve como principal causa a deterioração da procura interna nas suas várias componentes, mais natural ainda se torna este meu enfoque na vertente externa e concretamente na evolução prevista para as nossas exportações. Na medida em que o aumento das exportações originará um crescimento do PIB e poderá ser decisivo para a recuperação da nossa economia em 2004, é oportuno reflectir sobre o modo como tal poderá ser concretizado. Saliento três aspectos; 1. Em termos de mercados, desde logo, os Estados Unidos: • porque representam uma diversificação para os nossos exportadores – as empresas portuguesas têem mais de 4/5 das suas exportações concentradas em Países da União Europeia; • porque crescerão mais que a Europa. O mercado norte americano poderá ser tratado pelas nossas empresas directamente, ou através do México, economia que se aproxima das primeiras dez do Mundo e que, estando na NAFTA, tem com os USA um volume de negócios muito significativo. O México tem um volume de exportações impressionante (quase o triplo do Brasil) e as suas vendas ao exterior estão concentradas em cerca de 88% nos Estados Unidos. 2. É determinante que as empresas portuguesas ganhem sensibilidade para as enormes vantagens que poderão obter ao concretizarem ligações (“partnerships”) com empresas dos países para onde exportam de modo a poderem aceder à distribuição dos seus produtos e assim captarem uma maior percentagem da cadeia de valor. 3. Para este e para outros mercados a questão da dimensão, (quantidade/volume de produtos exportados pelas nossas empresas) continuará a ser fundamental. Saibam as nossas empresas reconhecer tal facto. Bom seria que 2004 fosse o ano de viragem. O ano em que, finalmente, se assuma como factor determinante de gestão: UNIR PARA COMPETIR. Unir, obviamente, dentro do mesmo sector de actividade. Não com cruzamento de participações, em sectores de actividade distintos, que só originam o enfraquecimento das empresas envolvidas. Num mundo globalizado, com a dimensão e com a abertura face ao exterior da nossa economia, podemos estar certos que as empresas portuguesas não conseguirão entrar nos mercados – doméstico ou internacional – a menos que atinjam determinada massa crítica. B. Um pensamento, numa perspectiva temporal mais alargada, para dois acontecimentos que embora se concretizem em 2004 vão influenciar, seguramente, o desempenho da economia portuguesa nos próximos anos: o Alargamento da União Europeia (a leste) e a realização do EURO 2004. No que diz respeito ao Alargamento, a abertura a 10 novos países (em Maio de 2004) vai criar uma EU mais diversificada, com mais incertezas, acarretando um conjunto de oportunidades e de ameaças para a Economia Portuguesa. As oportunidades decorrem dos benefícios decorrentes do choque induzido pelo Alargamento, traduzido na entrada de 105 milhões de consumidores que irão ver o seu poder de compra aumentar de forma continuada nos próximos anos. Assinalamse como grandes áreas de oportunidades para Portugal: a deslocalização industrial e o investimento, assim como a detecção de oportunidades ao nível da cooperação empresarial. Na vertente das ameaças, os riscos da saída de investimento estrangeiro instalado em Portugal, a maior concorrência comercial e os riscos associados à corrida pela captação de investimento directo estrangeiro, tendo em conta as vantagens que esses países apresentam, são factores a reflectir neste processo de uma UE alargada. A nossa legislação laboral, quando comparada com a dos Países do Alargamento será, nesta matéria, factor determinante. Para finalizar, uma referência à realização do EURO 2004. Um estudo realizado aponta para um impacto quase imediato na ordem dos 800 milhões de Euros, dos quais destacamos 262 milhões correspondente a gastos 2 directos dos turistas e 244 milhões relacionados com a criação de empregos na construção civil e no turismo. Saibamos rentabilizar os investimentos realizados em infra estruturas, aproveitando o Euro 2004 para qualificar, ainda mais, a nossa actividade turística e desportiva, como evento mobilizador e motivador para todos os portugueses. 3