Anais do 5º Encontro do Celsul, Curitiba-PR, 2003 (360-366)
FOCO: TIPO E DISTRIBUIÇÃO
Cristiane Aparecida KRUG DE ASSIS (PG – UFSC)
ABSTRACT: this paper presents the distinction between to different types of focus: contrastive and
information. The focus wich has an exhaustive and contrastive interpretation occupies Spec,FP position
on the left periphery of the sentence. On the other hand, the information focus occupies the Spec,FP
position on the left of the VP.
KEYWORDS: focus; topic; information; contrastive.
0. Introdução
O objetivo deste trabalho é mostrar como se constrói sintaticamente as sentenças que têm um
constituinte focalizado. Para isso, nos valeremos dos estudos de Rizzi (1997) e Belletti (2001) sobre foco.
O que se pode observar no trabalho desses dois autores é que para ambos a noção de foco está
diretamente relacionada à posição que este constituinte ocupa na sentença. Para eles, um constituinte é
interpretado como foco somente se ele ocupa a posição de Spec de FocP1. Para o constituinte
topicalizado, a análise é a de que este constituinte é interpretado como tópico quando ele ocupa a posição
Spec de TopP.
Antes de entrarmos na análise desses dois autores, vamos apresentar a proposta de Zubizarreta
(1998) e Kiss (1998) para foco. Como veremos, foco pode ser interpretatado de, pelo menos, duas
maneiras: não-contrastivo e contrastivo (Zubizarreta) ou de informação e de identificação (Kiss). Se a
sintaxe interpreta esses dois tipos de foco de forma diferente, mantendo que o constituinte focalizado está
em Spec FocP, podemos dizer que a diferença de interpretação acontece por que FocP deve ocupar duas
posições na estrutura. Esta vai ser a proposta de Belletti (2001). Para ela, o foco não contrastivo ou de
informação aparece no Spec FocP que é gerado à esquerda do VP. Já o foco contrastivo ou de
identificação aparece no Spec de FocP que é gerado à esquerda do IP.
1. Zubizarreta (1998) e Kiss (1998)
Uma sentença focal se caracteriza por ter a informação que veicula organizada em duas partes: o
foco e a pressuposição. Zubizarreta (1998) assume que o foco é definido como a parte da sentença que
não é pressuposta. Para estabelecer esta diferença, a autora sugere um teste de pergunta/resposta. Neste
teste, a pressuposição pode ser parafraseada substituindo o elemento Wh das construções interrogativas
de (1) pelos indefinidos de (2):
(1)a. O que aconteceu?
b. O que o João fez?
c. O que o João comeu?
d. Quem comeu a torta?
e. O que aconteceu com a torta?
f. O que o João fez com a torta?
(2) a. Alguma coisa aconteceu.
b. O João fez alguma coisa.
c. O João comeu alguma coisa.
d. Alguém comeu a torta.
e. Aconteceu alguma coisa com a torta.
f. O João fez alguma coisa com a torta.2
Os exemplos de (2) podem ser traduzidos pelas fórmulas em (3) que envolvem quantificação
existencial:
1
2
Para mais detalhes sobre a noção de FocP, ver Brody (1990).
Exemplos extraídos de Zubizarreta (1998) e traduzidos para o PB.
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(3) a. Existe um x, tal que x aconteceu
b. Existe um x, tal que João fez x
c. Existe um x, tal que João comeu x
d. Existe um x, tal que x comeu a torta
e. Existe um x, tal que x aconteceu com a torta
f. Existe um x, tal que João fez x com com a torta
A resposta de uma pergunta Wh deve conter um foco e pode conter a pressuposição ou parte dela.
Se a resposta é uma sentença completa, o foco é a parte que atribui o valor à variável vinculada pela
expressão Wh, como vemos nos exemplos (4). Para cada exemplo de (4), o F marca o foco que varia de
acordo com a pergunta com a qual está relacionado. Veja que o elemento focalizado nunca está presente
nas perguntas, ao contrário da parte pressuposta que é repetida nas respostas:
(4) a. [F O João [comeu [a torta]]]
[O que aconteceu?]
b. [O João [F comeu [a torta]]]
[O que o João fez?]
c. [O João [comeu [F a torta]]]
[O que o João comeu?]
d. [[F O João [comeu [a torta]]]]
[Quem comeu a torta pie?]
e. [[F O João] [[F comeu] [a torta]]]
[O que aconteceu com a torta?]
f.[O João [[F comeu] a torta]]
[O que o João fez com a torta?]
Zubizarreta apresenta o foco visto nos exemplos acima como não-contrastivo e o diferencia de
outro tipo de foco que ela chama de contrastivo. Este é graficamente marcado nas sentenças abaixo por
maiúsculas em negrito. O foco contrastivo difere do não-contrastivo porque o contexto em que ele
aparece supõe, não uma pergunta Wh como vemos em (6a), mas uma afirmação como vemos em (5) e
(6b):
(5) O Paulo está usando uma camisa VERMELHA hoje (não uma camisa azul)
[O Paulo está usando uma camisa azul hoje]
‘existe um x, tal que Paulo está usando x’
‘o x (tal que Paulo está usando x) = uma camisa vermelha’
(6)
a. #O JOÃO comeu uma maçã.3
[Quem comeu uma maçã?]
b. O JOÃO comeu uma maçã (não o Pedro)
[O Pedro comeu uma maçã]
‘existe um x, tal que x comeu uma maçã’
‘o x (tal que x comeu uma maçã) = o João
No plano fonológico, o foco contrastivo pode apresentar um pico acentual, o que não acontece
com o foco não-contrastivo. Observe que a natureza semântica dos focos contrastivo e não-contrastivo é
idêntica no sentido que ambos atribuem um valor para uma variável. Porém, o foco contrastivo nega um
valor atribuído à variável e lhe atribui um novo valor: em (5) o valor negado é azul e o atribuído é
vermelho.
Kiss (1998) também reconhece dois tipos de foco que ela chama de identificacão e de informação.
Foco, como vimos na definição dada acima, é a parte da sentença que carrega informação nova. Assim,
tanto foco de informação como o de identificação são reconhecidos por serem a parte não pressuposta da
sentença. Porém, a diferença entre esses dois tipos de foco é que o de informação está presente em todas
as sentenças e o foco de identificação, como veremos, somente em sentenças particulares.
Um exemplo de foco de informação, que marcaremos com maiúsculas, pode ser visto em (7):
(7)
Roberto deu flores PARA ANNA.
3
O # está sendo usado para mostrar que a sentença com foco contrastivo não serve como resposta para a
pergunta em questão.
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FOCO: TIPO E DISTRIBUIÇÃO
O foco de identificação se distingue do de informação por apresentar os traços de exaustividade ou
contraste e por desempenhar o seguinte papel semântico-comunicativo na sentença:
Um foco de identificação representa um subconjunto do conjunto de elementos dado
contextualmente ou situcionalmente para que a frase predicacional possa potencialmente se
aplicar; este foco é identificado como o subconjunto exaustivo deste conjunto para o qual o
predicado efetivamente se aplica. (Kiss (1998:245)
Se aplicamos a citação acima, uma sentença como (8) deve ser interpretada desta maneira: de um
conjunto relevante de pessoas {Pedro, Joana, Maria...}, presentes no domínio do discurso, o subconjunto
ao qual o predicado que eu apresentei o Pedro ontem efetivamente se aplicou foi {(para) Maria}.
(8)
Foi para a Maria que eu apresentei o Pedro ontem
A propriedade de o foco ser exaustivo pode ser parafraseada por Foi para a Maria e para ninguém
mais que eu apresentei o Pedro. A propriedade de ser contrastivo pode ser parafraseada por Foi para a
Maria e não para a Joana que eu apresentei o Pedro.
Kiss sugere que o foco de identificação é realizado como um constituinte clivado no inglês4 e que
este constituinte representa o valor de uma variável vinculada por um operador abstrato expressando
identificação exaustiva. Suponhamos que o mesmo acontece com uma clivada do português. Então uma
sentença clivada, como (9a), não é resposta pragmaticamente apropriada para uma pergunta Wh ordinária,
como (9b), cujo falante simplesmente quer saber a identidade do pagador:
(9)
a. Foi o João que pagou o pato.
b. Quem pagou o pato?
Como resposta, (9a) tem mais informação do que a pergunta solicita.
Por outro lado, (9a) é uma resposta pragmaticamente adequada para a pergunta (10):
(10) Quem foi que pagou o pato?
Observe que (10) tem estrutura de sentença clivada apenas com uma diferença: como afirma Mioto
(1999), a expressão Wh não estacionou entre foi e que porque o verbo ser seleciona um CP que não pode
ser interrogativo; se a expressão Wh estacionasse no Spec do CP encaixado teríamos incompatibilidade
selecional.5 Assim, (10) é uma pergunta clivada que pede como resposta uma sentença com identificação
exaustiva, o que presumimos que a sentença (9a) faz. (9a) veicula foco de identificação sem que contraste
esteja implicado. Portanto, o que Zubizarreta diz ser foco não-contrastivo parece poder ser reduzido ao
que Kiss chama de foco de informação. Em ambos os casos, refere-se ao foco que fornece a informação
requerida pela pergunta, como exemplificado em (4) acima. Porém, não parece ser possível afirmar que o
foco contrastivo e o de identificação sejam conceitos que recobrem o mesmo tipo de foco.
2. Rizzi (1997)
Rizzi (1997) propõe que o sistema CP opera com dois subsistemas distintos: o primeiro, ForceP e
FinP e o segundo TopP e FocP.
2.1 ForceP/FinP
O subsistema ForceP/FinP se caracteriza por apresentar propriedades estruturais. A categoria
ForceP expressa as relações entre o sistema CP e os sistemas mais altos (sentenças matrizes ou a
articulação com o discurso) indicando qual o tipo de sentença (declarativa, interrogativa, relativa, clivada,
etc). Já FinP possui uma especificação de tempo que irá se relacionar com a especificação de tempo do
sistema IP mais baixo. O que FinP faz é conectar o sistema CP com o sistema IP codificando as
informações que determinam a finitude da sentença.
2.2 TopP/FocP
4
Para mais detalhes sobre sentenças clivadas, ver Kiss (1998) e Krug de Assis (2001)
Ou ainda, se o Spec do CP encaixado fosse preenchido por uma expressão Wh, o escopo da pergunta
não atingiria toda a sentença.
5
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Antes da expansão do CP, tópico e foco eram tratados muitas vezes como sendo adjuntos a IP ou
CP. Essa expansão reformulou esta situação gerando as posições Spec de FocP e TopP que alojam o foco
e o tópico.
O Spec de FocP e TopP são posições destinadas a receber o foco e o tópico, respectivamente.
Nessas posições, esses sintagmas vão respeitar as exigências do Critério Top e Foc remanescente do
Critério Wh e Neg (Rizzi, 1991, Haegemann, 1995):
(11) Critério Top/Foc
(i) Um tópico/foco deve estar em configuração Spec/head com um núcleo marcado pelo traço
[+Top/Foc]
(ii) Um núcleo Top/Foc marcado pelo traço [+Top/Foc] deve estar em configuração Spec/head
com um tópico/foco.
2.2 Tópico e Foco
Na literatura, a distinção dada para foco e tópico é que este último é a parte pressuposta da
sentença (informação velha) enquanto o foco é a parte não-pressuposta (informação nova). Rizzi (1997)
aponta outras diferenças para tópico e foco.
A primeira diferença que Rizzi observou foi que os DPs topicalizados, deslocados à esquerda da
sentença, deixam um pronome lembrete (ou nulo)6 na posição de Caso, como vemos em (12):
(12) a. O livroi, a Maria leu elei
b. O livro, a Maria leu ti7
Agora, na articulação foco-pressuposição, o elemento focalizado só pode ser retomado por uma
categoria vazia, não admitindo co-referencialidade com clíticos resumptivos, como observamos com a
agramaticalidade de (13b):
(13) a. O TEU LIVROi eu lii ti (não o da Joana
b. *O TEU LIVROi eu li elei (não o da Joana)
A segunda diferença apontada por Rizzi diz respeito aos elementos quantificacionais nus.
Expressões quantificacionais como ninguém e tudo não são compatíveis com tópico, como vemos em
(14). Porém, não existe nenhuma restrição quanto à focalização desses quantificadores, como atestam os
exemplos em (15):
(14) a. *Ninguém, a Maria viu
b. *Tudo, a Maria gosta de fazer
(15) a. NINGUÉM a Maria viu
b. TUDO a Maria gosta de fazer
Outra diferença entre tópico e foco é que uma sentença pode conter vários tópicos, mas somente
um foco. Quando temos uma sentença com mais de um tópico, exemplo (16a), a estrutura é gramatical.
Quando temos mais de um foco na sentença, esta é agramatical, exemplo (16b):
(16) a. O livro, para o João, amanhã eu darei sem falta.
b. *ONTEM O LIVRO a Maria deu para o João (não hoje a revista)
A quarta diferença apontada por Rizzi para tópico e foco é que as expressões Wh são compatíveis
com um tópico, exemplo (17). Já com um foco esses operadores são incompatíveis, exemplo (18):
(17) Para o João, o que você falou?
6
7
Ver a noção de Clitic Left Dislocation (CLLD) em Cinque (1990).
Para o italiano este exemplo seria agramatical.
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FOCO: TIPO E DISTRIBUIÇÃO
(18) *PARA O JOÃO o que você falou (não para o Pedro)?
O que parece estar em jogo na agramaticalidade de (18) é que o foco e a expressão Wh parecem
competir pelo mesmo lugar na estrutura, ou melhor, eles parecem estar em distribuição complementar.
3. Belletti (2001)
Belletti (2001) mostra qual é a provável estrutura para as sentenças focalizadas. A autora, assim
como Kiss e Zubizarreta, reconhece dois tipos de foco: um localizado na periferia esquerda da sentença e
o outro na área interna ao IP. O foco localizado na periferia esquerda da sentença é interpretado por
Belletti como foco contrastivo. Este foco é marcado por uma entonação caracterizada por um pico de
acento. O outro foco, o que está na área interna do IP, não é marcado por nenhuma entonação especial e
sua interpretação é a de foco de informação.
Belletti propõe para o IP uma expansão semelhante a que Rizzi (1997) propõe para o CP. A autora
sugere que diferentes posições podem estar associadas à área interna do IP, como tópico e foco. Essas
diferentes posições são preenchidas por constituintes focalizados ou topicalizados, como o esquema em
(19), proposto por Belletti, mostra:
(19) [IP [I’ [TopP [Top’ [FocP [Foc’ [TopP [Top’ [VP…]]]]]]]]]
O que vemos em (19), e que havíamos falado anteriormente, é que uma das diferenças entre tópico
e foco é que uma sentença pode conter vários tópicos e somente um foco. A explicação para este fato é
que deve existir apenas uma posição estrutural para alojar o foco. Isto realmente deve ser o que acontece
por que se considerarmos que foco é informação nova, não seria possível supor que houvesse numa
mesma sentença várias informações novas. Mas, como explicar que haja mais de um tipo de foco?
Segundo Belletti, distinções fonológicas e semânticas é que vão definir a natureza do foco e essas
diferenças vão gerar duas posições na estrutura de uma sentença focalizada.
3.1 Foco in situ
O foco numa sentença está in situ quando ele aparece em sua posição canônica de sujeito ou
objeto. Esta afirmação faria com que considerássemos as sentenças de (20), onde o objeto está sendo
focalizado, como iguais:
(20) a. A Joana visitou o Paulo
b. A Joana visitou O PAULO
No entanto, distinções fonológicas e semânticas são visíveis em (20). Ao considerarmos a
fonologia, notamos que sobre o constituinte focalizado o Paulo em (20a) não recai nenhum tipo de acento
especial, mas este acento existe em (20b). Com relação ao significado, (20a) e (20b) também são
diferentes: na primeira, o constituinte focalizado expressa simplesmente a informação nova de que a
pessoa visitada pela Joana foi o Paulo. Na segunda, existe mais do que uma informação nova: há implícito
um contraste que envolve Paulo e outro alguém que não foi visitado pela Joana.
Belleti (2001) afirma que as diferenças fonológicas e semânticas implicam estruturas sintáticas
distintas. Para (20a) a estrutura seria aquela em que o constituinte focalizado preenche o Spec de FocP
interno ao IP, como representado em (21):
(21) [IP A Joanai [I’ visitouj [FocP o Paulok [Foc’ [VP ti [V’ tj tk ]]]]]]
Em (21), vemos que o DP a Joana subiu para Spec IP para checar seu caso nominativo contra o
núcleo de I; o verbo visitar subiu para I para checar seus traços de tempo; e o Paulo subiu para Spec de
FocP para checar seus traços de Foc contra o núcleo Foc. Belletti está admitindo que esta estrutura é a
que é representada para o foco in situ.
As diferenças fonológicas e semânticas de (20b) sobre (20a) são representadas numa estrutura
como (22):
(22) [TopP IP A Joana visitou tj [Top’ [FocP O PAULOj [Foc’ Foc tIP ]]]]
Nesta configuração, primeiro, o objeto o Paulo se movimenta para Spec de FocP na periferia
esquerda da sentença onde irá checar seus traços de foco contra o núcleo Foc. É nesta posição que temos
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a interpretação de foco contrastivo. Em seguida, o IP remanescente8 A Joana visitou se movimenta por
cima do objeto para o Spec de TopP, onde vai checar o traço de tópico contra o núcleo Top. Se a
derivação em (22) é adotada para (20b), não podemos considerar que o constituinte focalizado esteja in
situ. Desta forma, segundo Belletti, o foco in situ é interpretado como foco de informação e este foco
checa os seus traços dentro do IP, na periferia esquerda do VP. Já o foco com leitura
contrastiva/exaustiva, quer esteja explicitamente à esquerda ou não, ocupa sempre a posição de Spec de
FocP na periferia esquerda da sentença.
4. Considerações Finais
Neste artigo, procuramos mostrar como se costrói sintaticamente as sentenças que têm um
constituinte focalizado. Para isso, primeiramente, mostramos as propostas de Zubizarreta (1998) e
Kiss(1998). Vimos que o que Zubizarreta diz ser foco não-contrastivo parece poder ser reduzido ao que
Kiss chama de foco de informação. Em ambos os casos, trata-se do foco que fornece a informação
requerida pela pergunta. Porém, não parece ser possível afirmar que o foco contrastivo e o de
identificação sejam conceitos que recobrem o mesmo tipo de foco. Vimos que Kiss relaciona o foco de
identificação como sendo a realização de uma sentença clivada. Em seguida, apresentamos as propostas
de Rizzi (1997) e Belletti (2001) para foco e tópico. Segundo Belletti, (2001), o foco que tem uma
interpretação contrastiva/exaustiva ocupa a posição de Spec de FocP, na periferia esquerda da sentença.
Já o foco não-contrastivo ou de informação preenche o Spec de FocP, gerado dentro do IP, na periferia
esquerda do VP. Vimos que, fonologicamente, a distinção entre o foco gerado na periferia esquerda da
sentença e o foco gerado internamente ao IP é que o primeiro apresenta um pico de acento enquanto este
último não é acentuado. Além das diferenças estabelecidas para os dois tipos de foco, observamos, a
partir da proposta de Rizzi (1997), algumas diferenças entre tópico e foco. Segundo Rizzi, foco e tópico
não se distinguem somente por serem a parte não-pressuposta da sentença (informação nova) e a parte
pressuposta (informação velha), respectivamente. O autor verificou, por exemplo, que os DPs
topicalizados, deslocados à esquerda da sentença, deixam um pronome lembrete(ou nulo) na posição de
Caso. Já os DPs focalizados não podem ser co-indexados a um pronome lembrete.
RESUMO: Este artigo apresenta a distinção entre dois tipos de foco: de informação e contrastivo. O foco
que tem uma interpretação contrastiva/exaustiva ocupa a posição de Spec de FocP na periferia esquerda
da sentença. Já o foco de informação ocupa a posição Spec FocP na periferia esquerda do VP.
PALAVRAS-CHAVE: foco; tópico; informação; contrastivo.
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8
Para mais detalhes sobre a noção de IP remanescente, ver Belletti (2001)
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