UNIVERSIDADE DOS AÇORES
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO
ECONOMIA INTERNACIONAL I
Ficha 6
Prof. Fernando Lopes
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(enunciado disponível em www.uac.pt/~flopes)
1. Os modelos Ricardiano e Neoclássico têm implicações diferentes para os
defensores do comércio livre e para os seus opositores. Explique.
2. A teoria do comércio baseada no ciclo do produto argumenta que a localização
geográfica da produção de um bem muda ao longo do ciclo de vida do produto.
De que forma é esta teoria consistente com a teoria do comércio de HerkscherOhlin?
3. Antes do colapso da União Soviética em 1991, os planos económicos eram
famosos por manterem os custos de transporte dentro da União artificialmente
baixos. A União Soviética era também conhecida pelas suas gigantescas
fábricas, por vezes concebidas para abastecerem totalmente a União e as
repúblicas satélites. Explique a relação entre estas duas políticas e como elas
afectariam o nível de comércio no bloco soviético.
4. Conceba um índice que represente o comércio dum país. Justifique a sua
composição.
5. Porque é que as fronteiras de produção de cada país são diferentes? Justifique.
6. Quando o valor do Euro aumenta em relação às moedas dos outros países o que
acontece às importações e exportações europeias?
7. Qual é a posição dos mercantilistas relativamente ao comércio?
8. Qual é a base para a existência de comércio de acordo com Adam Smith?
9. Na ausência de comércio como se formam as decisões de consumo dum país?
10. De que forma o pressuposto da teoria do valor trabalho limita o modelo
Ricardiano de vantagem comparativa?
Respostas
1.No modelo ricardiano os salários auferidos por todos os trabalhadores aumentam
com a abertura do comércio livre. Assim podemos esperar que a defesa do comércio
livre tenha um largo apoio sócio-político.
No modelo neoclássico a abertura ao comércio aumenta o rendimento do factor
abundante no país exportador e reduz o rendimento do factor escasso. Assim
podemos esperar apoio de uns e oposição de outros conforme o factor que possuem
vê a sua remuneração aumentar ou diminuir.
2. O teorema de H-Ohlin indica que em qualquer momento um país tem vantagem
comparativa nos bens que usam o factor abundante no pais. Isto é consistente com
as alterações ao longo do tempo previstas na teoria do ciclo de vida do produto. Por
exemplo, se um bem usa intensamente R&D no seu estágio inicial e se torna um
utilizador intensivo de mão de obra numa fase seguinte do seu ciclo de vida, ambas
as teorias prevêem que a produção se deslocará de países abundantes em capital
humano para países abundantes em trabalho não qualificado. Esta deslocação gerará
pressões proteccionistas devido à natureza cíclica da produção. Essa indústria nasce
num país – criando uma base socio-politica de apoio- e desloca-se para para o
estrangeiro na fase subsequente.
3.Grandes fábricas concebidas para abastecer a União Soviética e a Europa de Leste
não seriam viáveis sem custos de transporte artificialmente baixos, porque o custo
de transportar esses bens a tão grandes distâncias seria proibitivo. As políticas de
grandes fábricas e baixo custo de transporte gera um nível artificialmente elevado de
comércio entre as Repúblicas soviéticas.
4. Soma as exportações e as importações e divide pelo Produto Interno Bruto.
5. As fronteiras de produção dão diferentes porque as dotações de factores de
produção são diferentes e cada país tem tecnologias de produção diferentes. A
relação entre a dotação de um factor relativamente ao outro também é diferente.
6. O aumento do valor do Euro baixa o preço das importações denominadas noutras
moedas e aumenta o preço das exportações denominadas em Euros. Constitui assim
um subsídio à importação e uma taxa à exportação.
7.Os mercantilistas assumiam que o comércio entre nações não é benéfico para
todas as partes porque é um zero-sum game, o que uns ganhavam outros perdiam.
Os mercantilistas assumiam que a quantidade de bens e de ouro existente no mundo
era fixa e que o comércio apenas determinava a sua distribuição entre as nações.
8. A teoria de Adam Smith defende que o comércio livre entre nações não é um jogo
em que as perdas de uns anulam os ganhos de outros(zero-sum game). Para existir
comércio que seja mutuamente benéfico para os países envolvidos é necessário que
cada país tenha vantagem absoluta num dos bens.
9.Num país em autarcia as possibilidades de consumo restringem-se ao conjunto das
possibilidades de produção. De acordo com as preferências dos consumidores
expressas pela sua função de utilidade serão seleccionadas as combinações de bem
que geram o mais elevado nível de utilidade tendo em atenção a restrição imposta
pelas possibilidades de produção.
10.De acordo com a teoria do valor trabalho, o valor ou preço dum produto depende
exclusivamente da quantidade de trabalho envolvido na produção duma unidade
desse produto ou bem. Isto implica que ou o trabalho é o único factor de produção
ou o trabalho é usado nas mesmas proporções fixas na produção de todas os
produtos. E que o factor trabalho é homogéneo. Como nenhum desses pressupostos
é verdadeiro, não podemos baseara a teoria da vantagem comparativa na teoria do
valor trabalho.
Pelo menos temos de admitir diferentes produtividades do trabalho. De facto é assim
que verificamos empiricamente esta teoria. Em todo o caso a teoria da vantagem
comparativa não necessita da teoria do valor trabalho porque pode ser explicada
com base na teoria do custo de oportunidade.
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Ficha 6 - Universidade dos Açores