HUMANIZAÇÃO DO REAL PARA O IDEAL NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Francisco Junio do Nascimento3, Sheron Maria Silva Santos1, Jose Thiago Gois de
Alencar1, Ivanildo do Carmo Mendes1, Grayce Alencar Albuquerque4.
Correspondência para: [email protected]
Palavras-chave: Humanização. UTI. Adulto.
1 INTRODUÇÃO
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um tipo de setor da saúde que acolhe
pacientes em situações graves que necessitam de atenção maior, com intuito de tentar
reverter seu quadro clínico, aumentando as chances de recuperação e sobrevivência
destes (COSTA, FIGUEIREDO, SCHAURICH, 2009). Este é um local que necessita
bastante da atenção e do trabalho da equipe de saúde, haja vista que na presença de
pacientes críticos, qualquer distração pode ser fatal (PINHO, SANTOS, 2008).
Dentre os profissionais da UTI menciona-se o enfermeiro que tem a função de
exercer artifícios para cuidar do paciente como, por exemplo, o diálogo, interação
interpessoal e procedimentos técnicos (PINHO, SANTOS, 2008). Em contrapartida,
visualiza-se que as práticas do enfermeiro tornam-se, de certa forma, mecanizada na
UTI, desenvolvendo seus trabalhos com ausência de humanização e acolhimento, não
ocorrendo diálogo e interação com os pacientes desempenhando trabalhos mecanizados
e robotizados das ações e práticas de cuidado talvez pelo fato de estarem trabalhando
com máquinas e monitores fazendo esquecer que estão cuidando de pessoas debilitadas
(COSTA, FIGUEIREDO, SCHAURICH, 2009).
3
Discente da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)
4
Docente da Faculdade de Juazeiro do Norte (FJN)
Em 2003 pelo Ministério da Saúde, foi criada a Política Nacional de
Humanização (PNH), também conhecida como HumanizaSUS, a qual é um tipo de
política pública de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) que objetiva aplicar as
práticas de humanização nos atendimentos dos serviços de saúde de forma ampla com
intuito de atenuar o sofrimento da população neles presentes (PASHE, PASOS,
HENNINGTON, 2011).
De acordo com as informações supracitadas, o presente artigo objetiva analisar
as práticas de enfermagem em UTI’s adulto mediante preceitos de humanização da
assistência.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura com artigos publicados na base
de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), utilizando os descritores: humanização,
UTI, adulto e enfermagem. Os artigos selecionados seguiram os seguintes critérios de
inclusão: artigos originais escritos em português e com data de publicação entre o
período de 2005 - 2014.
A escolha deste período baseou-se na criação da PNH, a qual foi instituída em
2003, selecionando artigos a partir de 2005 com intuito de verificar se após 02 (dois)
anos de criação da política, a prática de humanização era exercida pelos profissionais de
saúde e pesquisada na literatura.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As pesquisas nas bases de dados SCIELO e LILACS disponibilizaram ao todo
21 artigos (02 e 19 respectivamente), dentre estas que contemplaram os critérios de
inclusão foram selecionadas 02 (duas) publicações da base de dados SCIELO e 06 (seis)
da LILACS, perfazendo, por conseguinte, um total de 06 (seis) trabalhos publicados.
Verificou-se variação de períodos nas publicações selecionados sendo 01 artigo
nos anos de 2006 e 2009 e 02 artigos nos anos de 2008 e 2012.
A partir de análises nas publicações, podem-se perceber pensamentos
igualitários quanto às práticas de enfermagem nas UTI’s, as quais apresentam
distanciamentos do cuidado humanizado, atuando de forma mecanizada/robotizada com
ausência do diálogo, interação interpessoal, modelo cartesiano e biomédico da atenção,
trabalhado com interesses/preocupações voltadas à fisiopatologia, procedimentos
técnicos e terapia medicamentosa no processo saúde-doença (SALICIO, GAIVA, 2006;
BARLEM, et al., 2008; PINHO, SANTOS, 2008; COSTA, FIGUEIREDO,
SCHAURICH, 2009; BACKES, et al., 2012; CHIANCA, LIMA, SALGADO, 2012).
Vale ressaltar que mediante situação houve necessidade de transformar o
Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) em uma
política pública de saúde, passando a ser intitulada Política Nacional de Humanização
(PNH) com intuito de aplicar ações humanistas no atendimento ao paciente e seus
familiares, onde a aplicabilidade desta exige colaboração dos gestores, trabalhadores,
pacientes e familiares (COSTA, FIGUEIREDO, SCHAURICH, 2009).
Sobre este contexto, é notório que na realidade a prática desta política não se
concretiza de tal maneira como deveria ser, haja vista o trabalho na UTI ser considerado
ambiente estressante, que necessita de total atenção e aplicação dos conhecimentos
biomédicos, fisiopatologia e ações que envolvam o processo saúde-doença fazendo com
que os profissionais adaptem-se ao trabalho culminando, pois, na ausência de
sensibilidade do sofrimento e condições de saúde que os pacientes se encontram
(PINHO, SANTOS, 2008); (BACKES, et al., 2012).
Compreende-se, portanto, que à prática de humanização nas UTI´S requer
mudanças internas por parte dos profissionais existindo motivação, trabalho com
empatia promovendo relações interpessoais com os pacientes e familiares, bem como
presença de iluminação e climatização natural, divisórias entre os leitos, privacidade,
dentre outros aspectos, para que haja melhorias no processo de recuperação/reabilitação
dos pacientes que ali se encontram,
promovendo também, mais possibilidades de
sobrevivência (COSTA, FIGUEIREDO, SCHAURICH, 2009); (BARLEM, et al, 2008)
4 CONCLUSÕES
Mediante literatura estudada, observa-se que há falta de humanização nas UTI’s
na prática dos profissionais de enfermagem o que acarreta um distanciamento e/ou
retardo na recuperação do paciente, deixando-o com medo da UTI, com ausência de
confiança nos profissionais. Sobre este aspecto, a prática do trabalho humanizado
necessita de uma percepção que vai além do processo saúde-doença, ou seja, requer
visualizar o paciente como um ser humano que se encontra com a saúde debilitada,
necessitando dos cuidados da equipe da enfermagem, e não apenas como mais um no
meio.
É importante, portanto, unir o conhecimento técnico-científico às práticas éticas,
dialogando com os pacientes e familiares, apresentando-se, informando quais
medicamentos e atitudes a serem exercidas, transmitindo-lhes carinho e afeto de modo a
diminuir o medo da UTI, fazendo-lhes entender que este é um local de recuperação e
não sinônimo de morte proporcionando-lhes forças para contribuir em sua recuperação.
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