Eu Posso, Tu Podes, Ele Pode. Lição de Anatomia do Poder – Instrumento de
Dominação ou Vontade Criadora?
Autoria: Maria da Graça de Oliveira Carlos, Francisco Correia de Oliveira, Dafne Oliveira Carlos de Morais,
Celso Miranda de Carvalho, Márcia Zabdiele Moreira
Resumo
O estudo discute o poder a partir da visão nietzscheana em sua obra póstuma “Vontade de
Potência”, questionando sua abordagem como instrumento de dominação ou vontade criadora.
Tem como objetivo analisar a compreensão e o exercício da vontade de potência nos
fundamentos e práticas da teoria organizacional ao longo da história do pensamento
administrativo. A pesquisa é um ensaio teórico de base hermenêutica, cujo teor é pontuado
com a visão de poder em estudos teóricos organizacionais em breve análise comparativa na
relação de poder nas várias teorias desde a abordagem Clássica até os dias atuais.
1 Introdução
Pode-se dizer que a história do poder confunde-se com a própria história da existência
da humanidade. Desde o mito da criação, movido pela curiosidade e desejo de ir ao encontro
do desconhecido e possuir a liberdade de ser e fazer e conjugar verbos de ação ao bel prazer, o
homem cedeu ao poder da serpente e a escolha em não resistir à tentação determinou sua
exclusão do paraíso. Igualmente movido pela ambição de poder eis que o anjo lúcifer desafiou
a divindade e foi expulso dos céus. Posto de tal forma, o poder surge como uma força
devastadora capaz de desencadear a perda dos que a ele sucumbem e traz à tona a metáfora
maniqueísta que exalta a força do dominador ante a impotência do dominado.
A luta ancestral entre as forças do bem e do mal, que alimentam o imaginário, constrói
uma concepção de realidade na qual o poder assume a feição de unilateralidade e assimetria
nas relações sociais. A apologia do poder como prerrogativa das elites evidencia por vezes a
predominância do seu caráter destrutivo, o que de algum modo permite uma releitura à luz de
considerações metateóricas buscando identificar outras acepções.
O presente estudo discute o poder à luz da visão nietzscheana, questionando a sua
abordagem como instrumento de dominação ou vontade criadora. Tem como objetivo analisar
a compreensão e o exercício da vontade de potência nos fundamentos e práticas da teoria
organizacional ao longo da história do pensamento administrativo. A pesquisa é de caráter
qualitativo e configura-se como ensaio teórico de base hermenêutica, cujo teor é pontuado
com a visão de poder em estudos teóricos organizacionais. O estudo realiza um corte sobre a
teoria organizacional, através da análise longitudinal dos aspectos do Poder nas várias teorias
desde os antecedentes históricos da Teoria Clássica até os dias atuais.
O trabalho está estruturado em seis seções: na segunda seção estão descritos os
constructos teóricos da visão de poder em Nietzsche, fundamentado na obra póstuma do
filósofo, Vontade de Potência; na terceira seção estão pontuadas algumas visões de poder
dentro de perspectivas ortodoxas geralmente aceitas, tecendo um contraponto à abordagem de
referência. Na quarta seção procede-se à abordagem das organizações, como espaço de
relações e exercício de poder enquanto instrumento de dominação. Na seção seguinte é feito
um corte sobre os estudos teóricos das várias correntes do pensamento administrativo,
fazendo uma breve descrição das idéias básicas da teoria organizacional, discutindo o poder
como força criadora, à luz da abordagem nietzschiana. O estudo evidencia a existência da
relação de poder, ora como instrumento de dominação, ora como elemento assimétrico nas
relações de troca e, sobretudo, identificando ao longo da história do pensamento
administrativo e das práticas correntes, a vontade de potência como força criadora.
2 O Poder em Nietzsche
A visão de poder à luz do pensamento nietzscheano é uma manifestação do élan vital
que é em si mesma a força interior do homem. Para Nietzsche (1966, p.302, p.313) “a vontade
de potência é a forma primitiva das paixões, que todas as outras paixões são apenas
configurações dessa vontade, que haveria aí maior clareza, em lugar da ideia de felicidade
individual (a que deve aspirar qualquer ser vivo), à ideia de potência: “aspirar à potência, a
um acréscimo de potência”; o prazer é apenas um sintoma do sentimento de que a potência foi
atingida, é a percepção de uma diferença – não se aspira ao prazer: este produz-se desde que
se atinge ao que se aspirava... É precisamente em qualquer ser vivo que se pode mais
exatamente mostrar que ele faz todo possível não para conservar a si mesmo, mas para tornarse mais do que é...” Essa vontade manifesta-se de forma instintiva, compulsiva e amoral. É
uma força positiva que move o ser, levando-o a ultrapassar quaisquer obstáculos e arremeterse na sua direção visando suplantá-los. (...) ter fins, escopos, intenções, numa palavra querer,
equivale a querer tornar-se mais forte, querer crescer – e querer também os meios para isso: o
instinto mais geral e mais profundo em toda a ação, em toda vontade, permaneceu o mais
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desconhecido e o mais oculto, porque, na prática, obedecemos sempre à sua ordem, porque
nós mesmos somos essa ordem. Todas essas escalas de valores não são mais que
conseqüências e perspectivas mais estreitas ao serviço dessa única vontade: a própria escala
de valores não é mais que essa vontade de potência.
Em Nietzsche (p. 296, 307) a “Vida é a forma do ser que nos é mais conhecida, é
especificamente vontade de acumular força: - todos os processos da vida têm aí sua alavanca;
nenhuma coisa quer conservar-se, tudo deve ser adicionado e acumulado. A vida, enquanto
caso particular (a hipótese que, partindo dela, atinge o caráter geral de existência -), aspira a
um sentimento máximo de potência; é essencialmente a aspiração a um excedente de
potências; aspirar não é outra coisa senão aspirar à potência; essa vontade permanece sendo o
mais íntimo e o mais profundo. (...) A vida está fundada na hipótese de uma crença em algo
de durável e que volte regularmente; quanto mais a vida é potente, mais amplamente deve ser
considerado o mundo conjeturável ao qual, por assim dizer, se atribuiu o caráter de ‘sendo’.
Logicizar, racionalizar, sistematizar, são expedientes da vida. (...) A vontade de potência não
é um ser, não é um devir, mas um pathos, - ela é o fato elementar de onde resulta um devir e
uma ação...
Para o autor (p. 335), “o individualismo é uma espécie modesta e ainda inconsciente
da “vontade de potência”; e parece bastar ao indivíduo o libertar-se de uma preponderância da
sociedade (quer seja o Estado ou a Igreja...). O indivíduo não se coloca em oposição como
pessoa, mas somente como unidade; representa todas as unidades contra a coletividade.
Quando se tem alcançado certa independência deseja-se mais: faz-se uma seleção segundo o
grau da força: o indivíduo não se nivela sem exame: ao contrário, busca seus semelhantes –
afasta de si os outros.
Ao individualismo sucede a formação dos membros e dos órgãos: as tendências
vizinhas reúnem-se e manifestam-se como potência; entre esses centros de potência há atritos,
guerra, reconhecimento de forças recíprocas, compensação, reaproximação, fixação da troca
das produções. Finalmente: Hierarquia. 1) Os indivíduos tornam-se livres. 2) entram em luta,
entram em acordo acerca dos direitos iguais. 3) Logo que isso é alcançado, as verdadeiras
desigualdades das forças ressaem com efeitos maiores (pois que, tudo somado, a paz reina, e
pequenas quantidades de forças se distinguem entre elas por diferenças que anteriormente
eram iguais a zero); agora os indivíduos organizam-se em grupos: os grupos aspiram a
privilégios e predomínios. A luta retorna sob forma mais suave. Querem a liberdade quando
ainda não têm a potência. Logo que principiam a tê-la querem a preponderância. Se não têm
êxito (se são fracos demais para isso), pedem justiça, quer dizer, direitos iguais.
Essa visão ressalta a luta entranhada da aspiração do homem na busca de consolidar o
poder em cada pequena ação, a cada passo dado e as estratégias de ocupar espaço e satisfazer
a vontade de potência. Segundo Nietzsche (pág 337), a vontade de potência se manifesta: a)
entre os oprimidos, em toda a espécie de escravos, sob a forma de desejo de liberdade: é
somente a alforria que parece ser o escopo; b) numa espécie mais forte que começa a elevarse à potência; é a vontade de preponderância; se esta inicia sem êxito, restringe-se
incontinente à vontade de justiça; isto é, igualdade de direitos para todos como os da classe
dominante; c) nos mais fortes, nos mais ricos, nos mais corajosos, sob a forma de amor da
humanidade, do povo.
Foucault (2002) anuncia o sentido nietzscheano de emergência como a entrada em
cena das forças, onde homens dominam outros homens gerando a diferença de valores; onde
classes dominam classes, dando origem à idéia de liberdade; homens se apoderam de coisas
das quais eles têm necessidade para viver, eles lhes impõem uma duração que elas não têm,
ou eles as assimilam pela força – e é o nascimento da lógica. Nem a relação de dominação é
mais uma relação, nem o lugar onde ela se exerce é um lugar. E é por isso precisamente que
em cada momento da história a dominação se fixa em um ritual; ela impõe obrigações e
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direitos; ela constitui cuidadosos procedimentos. A humanidade não progride lentamente, de
combate em combate, até uma reciprocidade universal, em que as regras substituiriam para
sempre a guerra; ela instala cada uma de suas violências em um sistema de regras e prossegue
assim de dominação em dominação. (...) O grande jogo da história será de quem se apoderar
das regras, de quem tomar o lugar daqueles que as utilizam, de quem se disfarçar para
pervertê-las, utilizá-las ao inverso e voltá-las contra aqueles que as tinham imposto; de quem,
se introduzindo no aparelho complexo o fizer funcionar de tal modo que os dominadores
encontrar-se-ão dominados por suas próprias regras (FOUCAULT, 2002).
Segundo Nietzsche (325, 329) “somente os indivíduos sentem-se responsáveis. As
coletividades foram criadas para realizar aquilo que o indivíduo não tinha coragem de fazer. É
que todas as comunidades, sociedades são cem vezes mais sinceras e mais instrutivas quanto à
natureza humana que o indivíduo, fraco demais para ter a coragem de seus desejos... O
altruísmo é inteiramente um resultado da inteligência do homem privado: as sociedades não
são altruístas umas para com as outras... (...) O estudo da sociedade é tão precioso porque o
homem é muito mais ingênuo como sociedade do que como indivíduo. A sociedade jamais
considerou de outro modo a virtude senão como meio para atingir a força, a potência, a
ordem.
Nietzsche (338, 336) aponta “as formas mascaradas de vontade de potência: 1) Desejo
de liberdade, de independência, e também de equilíbrio, de paz, de coordenação”. Há também
desejo de solidão, de ‘liberdade de espírito’. Numa forma inferior: a vontade de ser, ‘instinto
de conservação’. 2) A subordinação para satisfazer a vontade de potência na coletividade: a
submissão tornar-se útil e indispensável junto dos que detém o poder: o amor, caminho
indireto para atingir o coração dos poderosos, - a fim de dominá-los. 3) O sentimento do
dever, da consciência, a consolação imaginária de pertencer a uma escala superior à dos
homens que detêm efetivamente o poder; o reconhecimento de uma categoria hierárquica que
permita julgar até os mais potentes; a condenação de si mesmos; a invenção de novas escalas
de valores...
Nieztsche (340, 337) ressalta ainda os aspectos de incapacidade da potência, sua
hipocrisia e sua astúcia em manifestar-se de outras formas, tais como: obediência
(subordinação, orgulho do dever cumprido, moralidade); sob a forma de conformação, de
abandono, de amor (idealização, divinização do que manda como compensação, e
indiretamente como glorificação de si mesmo); sob a forma de fatalismo, de resignação; sob a
forma de objetividade; de tirania exercida sobre si mesmo (estoicismo, ascetismo, renúncia,
santificação); sob a forma de crítica, de pessimismo, de indignação, de inquietação; - afetando
uma bela ‘alma’, a virtude, a adoração de si mesmo, a vida à partes, a pureza que se guarda do
mundo). Enfim, a convicção de que se é capaz de exercer a potência dissimulada em desdém.
“Por toda a parte se expressa a necessidade de exercer, apesar de tudo, um poder qualquer, ou
de se criar momentaneamente, a si mesmo, a aparência de poder – sob a forma de
embriaguez”.
A vontade de acumular forças é específica para o fenômeno da vida, nutrição,
procriação, hereditariedade, - para a sociedade, Estado, costumes, autoridade. Não nos seria
permitido também considerar essa vontade como causa agente na química? – e na ordem
cósmica? Não somente constância da energia: mas maximum de economia no gasto: de
maneira que o desejo de tornar-se mais forte, em cada centro de força, é a única realidade, de
forma alguma conservação de si, mas desejo de se apropriar, de se tornar senhor, de aumentar,
de se converter em mais forte. (...) Todas as funções sadias do organismo têm essa
necessidade, - e o organismo é totalmente uma complexidade de sistemas que lutam pelo
crescimento dos sentimentos de potência (296, 307).
“Os homens querem o poder pelas vantagens de felicidade que apresenta – partido
político. Outros homens querem o poder, mesmo à custa de desvantagens e sacrifícios,
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visíveis, em sua felicidade e em seu bem estar – os ambiciosos. Outros querem o poder
simplesmente porque, do contrário, cairiam em outras mãos, das quais não querem depender”.
Em Nietzsche (334, 333) o crescimento faz parte do conceito de coisa viva; - o que é
vivo deve aumentar sua potência e conseqüentemente absorver as forças estranhas. O
conhecimento trabalha como instrumento da potência. É, portanto evidente que cresce a cada
aumento de potência...
Para Santos (in Nietzsche, 1996), “Vontade de Potência” não é somente a vontade de
dominar. O nietzscheísmo não é, ou não é unicamente uma metafísica da violência. Vontade
de potência é somente o esforço para triunfar do nada, para vencer a fatalidade e o
aniquilamento: a catástrofe trágica, a morte. Vontade de potência é, assim, a vontade de durar,
de crescer, de vencer, de estender e intensificar a vida. É “vontade de mais”, mehrwollen. Cria
a luta criando o possível além do atual, obedecendo ao apelo possível. Não é, pois, somente, a
luta da vontade de perseverar no ser, instinto de conservação, senão vontade de “ultrapassar”.
No nível superior torna-se generosidade, vontade de ser e de consciência, vontade de posse
total da existência e de si mesmo. Nietzsche chama, pois, “vontade de potência” ao conjunto
das manifestações energéticas da existência natural e espiritual, à atividade multiforme, mas
una e idêntica, ante o nada que sempre o ameaça.
Santos (in Nietzsche, 1996), ressalta que “a vontade de potência é assim, para
Nietzsche, um símbolo. Determina-a como o mais forte de todos os instintos, o que dirige a
revolução orgânica. Reduz todas as funções fundamentais orgânicas `a vontade de potência,
símbolo de um impulso de vida para mais. Na sua visão, Nietzsche quer afirmar , para uma
concepção do mundo, que no todo há uma luta entre dois impulsos, um de mais outro de
menos. O impulso de mais é um impulso de vida, de potência, e o de menos um impulso de
morte, de passividade, de degeneração, de aniquilamento. Essa a concepção trágico-dialética.
A luta do ser contra o não-ser. Longe de representar o sentido estreito de poder como
faculdade física, ou do poder exterior que se impõe com canhões, trata-se somente da atitude
psíquica de uma alma que é forte e não quer senão alimentar sua própria força, sua potência,
que não se cansa de dar provas de sua coragem, que dominando a si mesma pensa cumprir o
seu dever. Em Nietzsche, a vontade de potência representa a própria força em movimento.
3 Visões de Poder
Se definirmos como poder a capacidade, para qualquer instância que seja (pessoal ou
impessoal), de levar alguém (ou vários) a fazer (ou a não fazer) o que, entregue a si mesmo,
ele não faria (ou faria talvez), é imediato que o maior poder concebível é o de pré-formar
alguém, de tal modo que por si mesmo ele faça o que queríamos que fizesse, sem nenhuma
necessidade de dominação ou de poder explícito para levá-lo a... Da mesma forma é imediato
que isso cria, para o sujeito submetido a essa formação, ao mesmo tempo corpo social, a
aparência da mais completa espontaneidade e a realidade da mais total heteronomia possível.
(CASTORIADIS, 1992). Bobbio (apud ESG, 1996) classifica o poder conforme o meio
empregado para sua manifestação. Assim, existe o poder “econômico”, cujo meio é a riqueza;
o poder “ideológico”, cuja moeda é o saber; e o poder “político”, que se vale da força como
último recurso para sua manifestação
Para Russell (apud ESG, 1996), o poder está para as ciências sociais assim como a
energia está para a física, ou seja, não se pode estudar as relações entre os homens sem
compreender o fenômeno do poder, como não se pode estudar física sem conhecer sobre
energia. Machado apud Foucault afirma que “não existe algo unitário e global chamado
poder, mas unicamente formas díspares, heterogêneas, em constante transformação. O poder
não é um objeto natural, uma coisa; é uma prática social e, como tal, constituída
historicamente”.
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Foucault (1979) afirma que “o poder é o poder concreto que cada indivíduo detém e
que cederia, total ou parcialmente, para constituir um poder político, uma soberania política”.
Nessa linha refere-se à relação entre poder, bens e riqueza. Em outro ângulo, levanta a
abordagem marxista que trata da funcionalidade econômica do poder. – “Funcionalidade
econômica no sentido em que o poder teria essencialmente como papel manter relações de
produção e reproduzir uma dominação de classe que o desenvolvimento e uma modalidade
própria da apropriação das forças produtivas tornaram possível. O poder político teria neste
caso encontrado na economia sua razão de ser histórica.
O autor explica que, de modo geral, em um caso, temos um poder político que
encontraria no procedimento de troca, na economia da circulação dos bens o seu modelo
formal e, no outro, o poder político teria na economia sua razão de ser histórica o princípio de
sua forma concreta e do seu funcionamento atual. Para fazer uma análise não econômica do
poder dispomos da afirmação de que o poder não se dá, não se troca nem se retoma, mas se
exerce, só existe em ação, como também da afirmação que o poder não é principalmente
manutenção e reprodução das relações econômicas, mas acima de tudo uma relação de força.
O poder é essencialmente repressivo. É o que reprime a natureza, os indivíduos, os instintos,
uma classe”.
De outro modo, porém, é importante ressaltar que “o aspecto negativo do poder – sua
força destrutiva – não é tudo e talvez não seja o mais fundamental, ou que ao menos, é preciso
refletir sobre seu lado positivo, isto é, produtivo, transformador: “É preciso parar de sempre
descrever os efeitos do poder em termos negativos: ele exclui, ele reprime, ele recalca, ele
censura, ele abstrai, ele mascara, ele esconde. De fato, o poder produz; ele produz real, produz
domínios de objetos e rituais de verdade” (FOUCAULT, 1975).
Para Machado (in Foucault, 1979), não se explica inteiramente o poder quando se
procura caracterizá-lo por sua função repressiva. O que lhe interessa basicamente não é
expulsar os homens da vida social, impedir o exercício de suas atividades, e sim gerir a vida
dos homens, controlá-los em suas ações para que seja possível e viável utilizá-los ao máximo,
aproveitando suas potencialidades e utilizando um esquema de aperfeiçoamento gradual e
contínuo de suas capacidades. Objetivo ao mesmo tempo econômico e político: aumento do
efeito de seu trabalho, isto é, tornar os homens força de trabalho dando-lhes uma utilidade
econômica máxima; diminuição da sua capacidade de revolta, de resistência, de luta, de
insurreição contra as ordens do poder, neutralização dos efeitos do contra-poder, isto é, tornar
os homens dóceis politicamente. Portanto, aumentar a utilidade econômica e diminuir os
inconvenientes, os perigos políticos; aumentar a força econômica e diminuir a força política.
Eis a prática social configurada no exercício do poder que reprime e domina com o objetivo
de produzir e acrescentar resultado, ou seja, uma nova escala de valores transmutando o
poder em possibilidade de desencadear riqueza, ordem, paz, enfim, no élan vital - a força
criadora.
4 Organizações e poder
Clegg e Hardy (2001) apontam a discussão sobre poder travada pela visão crítica que
enfoca a questão da dominação, cuja legitimação encontra apoio na forma das estruturas
organizacionais e por outro ângulo, a abordagem funcionalista, onde os arranjos
organizacionais são estruturas de autoridade formal, legítima com ênfase na orientação
gerencialista e onde o poder se manifesta como ação estranha às estruturas legitimadas,
ameaçando os objetivos organizacionais.
Organizações são freqüentemente usadas como instrumentos de dominação que
maximizam os interesses egoístas de uma elite às custas dos interesses dos outros. Além
disso, existe quase sempre um elemento de dominação em todas as organizações. Ao longo da
história, organizações têm sido associadas a processos de dominação social nos quais
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indivíduos ou grupos encontram formas de impor a respectiva vontade sobre os outros. Isto se
torna bastante evidente quando se traça a evolução histórica da empresa moderna, desde suas
raízes na antiguidade até o seu papel no mundo atual, passando por diferentes estágios de
crescimento e de desenvolvimento, inclusive como empresa militar e império (Morgan, 1996).
Não se pode entender o desenvolvimento das forças produtivas próprias ao
capitalismo, nem imaginar seu desenvolvimento tecnológico sem a existência, ao mesmo
tempo, dos aparelhos do poder. No caso, por exemplo, da divisão do trabalho nas grandes
oficinas do século XVIII, como se teria chegado a esta repartição das tarefas se não tivesse
ocorrido uma nova distribuição do poder no próprio nível das organizações das forças
produtivas?” (FOUCAULT, 2002).
A divisão de trabalho evidenciou-se como uma forma de estratificação social que
permitiu identificar “relações assimétricas de poder, decorrentes da maioria trabalhando para
o interesse da minoria. Os empregados trabalham agora para o interesse de acionistas e não
mais para faraós, imperadores ou monarcas absolutos. Todavia, em todos os casos, a busca de
objetivos de poucos através do trabalho de muitos ainda continua. Deste ponto de vista, a
organização é compreendida de forma melhor como um processo de dominação. E as
diferentes formas de organização que se pode observar através da história e no mundo
moderno são mais bem compreendidas como instrumentos que refletem variações em relação
somente ao modelo de dominação do empregado” (MORGAN, 1996).
Galbraith (1986) registra que o estudo do poder deve considerar a análise dos
instrumentos pelos quais ele é exercido e as “fontes de direito” para esse exercício, sendo que
ambos os parâmetros alteram-se com a evolução das sociedades. Para Galbraith, há três
instrumentos para o exercício do poder: a coação – que gera o poder “condigno”, no qual a
submissão se dá pela imposição de alternativa “suficientemente desagradável ou dolorosa” à
não capitulação; a recompensa – gerando o poder “compensatório”, em que a oferta de uma
compensação (pecuniária ou social) leva à aceitação da submissão; a persuasão – que gera um
poder “condicionado”, no qual a submissão é conseguida pelo convencimento do que é
apropriado.
O aspecto das organizações como instrumento de dominação tornou-se foco de
estudos teóricos dos quais ressalta-se a abordagem de Weber (apud Morgan, 1996), para
quem a dominação pode ocorrer de várias formas diferentes. A princípio a dominação surge
quando uma ou mais pessoas coagem outras através de uso direto de ameaça ou força.
Entretanto, dominação também ocorre sob formas mais sutis: quando aquele que dita as regras
pode impor a sua vontade sobre outros, sendo ao mesmo tempo, percebido como tendo o
direito de fazer isto. A partir de suas pesquisas Weber identificou três tipos de dominação
social que podem tornar-se formas legítimas de autoridade ou poder. Qualificou-as de
carismática, tradicional e racional-legal. Considerava que a habilidade de um dirigente de usar
um ou outro destes tipos de autoridade dependeria da sua habilidade de encontrar apoio ou
legitimação nas ideologias e crenças dos mandados. E a habilidade de situar essa autoridade
em bases sólidas dependeria de habilidade de desenvolver aparato administrativo apropriado
que fornecesse uma ponte entre mandante e mandado. Assim, acreditava que cada modelo de
dominação era acompanhado por um tipo particular de legitimidade e por uma forma
específica de organização administrativa.
O homem exerce o poder em qualquer âmbito e como o mundo moderno é
eminentemente organizacional, seu ambiente tem se tornado o palco onde os atores se
movimentam. Assim, as práticas de poder tenham sido levadas e nele evidenciem-se. Os
administradores freqüentemente falam sobre autoridade, poder e relações superiorsubordinado. Não é preciso muita imaginação para reconhecer isto como aspectos políticos
que envolvem as atividades daqueles que fazem as regras e aqueles que as seguem. Caso se
desenvolva esta idéia, fica claro que se podem compreender as organizações como sistemas
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de governo que variam de acordo com os princípios políticos empregados. Ao reconhecer que
a organização é intrinsecamente política, no sentido que devem ser encontradas formas de
criar ordem e direção entre as pessoas com interesses potencialmente diversos e conflitantes,
muito pode ser aprendido sobre os problemas e a legitimidade da administração como um
processo de governo e sobre a relação entre organização e sociedade. (MORGAN, 2001).
O crescimento das organizações e a teia de relações estabelecidas a partir da
multiplicidade de elementos presentes em seu contexto ambiental interno e externo tende a
determinar sua complexidade crescente, seja pela consideração dos fatores estruturais globais,
seja pela imbricada situação de interdependência das partes. Nesse contexto em que convivem
pessoas, recursos, interesses e objetivos em uma conjuntura multifacetada, é de todo natural
que se evidenciem conflitos.
Para Morgan (2001), o conflito pode ser pessoal, interpessoal ou entre grupos rivais e
coalizões. Pode ser construído dentro das estruturas organizacionais, nos papéis, nas atitudes e
nos estereótipos, ou surgir em função de recursos escassos. Pode estar explícito ou implícito.
Qualquer que seja a razão e qualquer que seja a forma que assuma, a sua origem reside em
algum tipo de divergência de interesses percebidos ou reais. Não raro muitos conflitos
organizacionais se tornam institucionalizados, configurando atitudes, estereótipos, valores,
crenças, rituais e outros aspectos da cultura organizacional. Nessa forma socializada, os
conflitos subjacentes podem ser extremamente difíceis de identificar e distinguir (Morgan,
2001).
As situações de conflito tendem a ser solucionadas através do processo de mobilização
de poder, que para Pettigrew apud Clegg e Hardy, (2001) corresponde à política, e nesse
mister, recorre-se às variadas fontes de poder tais como; autoridade formal, controle sobre
recursos, uso da estrutura, regras e regulamentos, controles diversos e outros fatores passíveis
de atuar como intermediador de conflitos de interesses.
O que se percebe é que a vida nas organizações reproduz as relações mais amplas do
contexto social que podem ser ilustradas pela metáfora política que traz à tona o uso do poder
e discute quais interesses são prioritários na realização dos objetivos organizacionais.
5 Teoria Organizacional e Poder
A Teoria Organizacional, conforme apresentada a partir do século XX, está dividida
em escolas, abordagens ou teorias. Contudo, todas elas referem-se às práticas de gestão para
alcançar os objetivos embutidos no conceito de organização.
Silva (2008) explica que a teoria da organização e a teoria da administração são
conceitos proximamente relacionados. Um administrador deve entender os trabalhos de uma
organização para ser eficaz em seus papéis administrativos. Assim, o entendimento da teoria
da organização serve como base para o estudo da administração.
Silva (2008) explica que as organizações são entidades dinâmicas e altamente
complexas, que podem ser conceituadas de diversas maneiras. Para ele, as organizações são
compostas por quatro elementos: (1) pessoas, o que torna as organizações um dos sistemas
mais complexos; o agrupamento de pessoas torna necessária a (2) divisão do trabalho de
acordo com habilidades e conhecimento.
Surgem, então, as ações de coordenação e controle entre os membros organizacionais
para assegurar que todos continuem a trabalhar em direção às metas da organização; (3)
limites, delimitações: referem-se à ênfase do que as pessoas e membros podem e devem fazer
na organização e à ênfase do que são as atividades da organização; (4) são arranjos com
propósitos e procuram alcançar objetivos.
Desse modo, nesse tópico será feita uma análise da vontade de potência em cada uma
das Teorias Administrativas, considerando abordagem clássica, humanista, o enfoque
sistêmico e contemporâneo das teorias: Teoria Científica, Teoria Clássica, Teoria das
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Relações Humanas, Teoria Estruturalista, Teoria Burocrática, Teoria Comportamentalista,
Teoria do Desenvolvimento Organizacional, Teoria Cibernética, Teoria Geral dos Sistemas e
Teoria Contingencial e Teorias do Caos e Complexidade.
Os economistas clássicos do século XVII plantaram os fundamentos teóricos do que
viria a se constituir a base do pensamento administrativo do século XIX. Os pioneiros e
empreendedores inseriram novas práticas de trabalho ensaiando a definição de princípios
administrativos, buscando adequar o negócio e imprimir-lhe eficiência, a despeito do rigor
dispensado aos trabalhadores insatisfeitos com as condições de trabalho e do caráter de
ilegalidade das associações de classe operária. O novo profissional passou a discutir suas
funções, a verbalizar e a teorizar sobre suas responsabilidades, começando a elaborar um
pensamento administrativo (LODI, 1998).
Nesse contexto surgiu a Teoria Clássica, com foco interno e estrutural tendo os seus
pressupostos assentados na visão do homem econômico – um ser eminentemente racional que
conhece todos os cursos de ação disponíveis, bem como as consequências da opção por
qualquer um deles, podendo escolher a melhor alternativa e assim, maximizar os resultados da
sua decisão. Desse modo, o ser humano era considerado um ser simples e previsível, cujo
comportamento era função de falhas na estrutura da organização ou de problemas na sua
implementação (MOTTA, 2002). O trabalhador agia de acordo com o seu interesse pelo
ganho material, que o leva a produzir individualmente o máximo possível (LODI, 1998).
Outro pilar da Administração Científica foi a ênfase na tarefa e a convicção racionalista na
existência de uma única forma correta para sua execução como forma de maximizar a
eficiência do trabalhador. Para Hoxie (1996) a administração científica tratava os
trabalhadores como parte da engrenagem produtiva. O elemento humano reduzia-se a um
instrumento de produção com o objetivo de aumentar a riqueza das classes dirigentes que
salienta uma vertente da Teoria clássica que assumiu o aspecto de um movimento de chefes,
estabelecendo as funções empresariais e as funções básicas da administração.
A evidenciação dos conceitos e práticas de poder na acepção clássica do termo pode
ser analisada a partir do ponto de vista de quem manda e de quem obedece. No primeiro podese verificar a abordagem de Galbraith, pela oferta de uma compensação pecuniária que
determina a submissão deste último. Aqui se afirma a visão funcionalista, das relações de
troca e também dominadora, da luta de classes. Mas em ambos, é possível afirmar que há a
vontade de potência como desejo de acumular, de querer mais. No primeiro, a vontade de
potência anuncia-se pela busca da eficiência, ao minimizar o desperdício de recursos e
viabilizar a criação de riqueza. No último, a vontade de potência busca crescer e acrescentar
mais ao indivíduo, e em sua forma mascarada busca a conservação instintiva por meio da
coletividade, consubstanciada nas entidades sindicais e nas representações parlamentares
visando à igualdade de direitos.
A visão mecanicista do homem e das organizações foi contraposta pela Teoria das
Relações Humanas, que trouxe um novo modelo de natureza humana baseado em
condicionantes de ordem social e biológica - o homem social. O reconhecimento das
necessidades do indivíduo e a preocupação com a satisfação dessas necessidades e a crença na
influência das relações entre grupos informais como fator determinante da produtividade e
funcionamento das estruturas formais eram a tônica predominante no pensamento dessa
teoria.
Do ponto de vista econômico, mantém-se a visão clássica de poder, analisada na
Teoria clássica, mas a alteração na visão de homem traz uma nova manifestação da vontade
de potência na Teoria das relações humanas. A preocupação com a idéia de felicidade
individual do trabalhador, com a possibilidade de atender suas necessidades e trazer-lhe um
prazer que desencadeie maior produtividade configura uma intenção de alimentar a vontade
de potência dos indivíduos que compõem os grupos informais, bem como uma manifestação
9
da vontade de potência da organização na adoção de novas crenças que levam a uma nova
prática passível de agregar riqueza, para acumular e ser mais.
O surgimento da Teoria da Burocracia na Europa no início do século XX introduziu a
abordagem institucional a partir da ciência política, do direito e da sociologia. Uma das suas
concepções básicas é a teoria da autoridade, cuja essência é a obediência voluntária das
ordens haja vista que a fonte da qual emanam é considerada legítima e porque envolve a
prévia suspensão do julgamento de sua natureza. Morgan (apud Weber) apontou a
legitimidade como uma forma de aprovação social essencial para a estabilização das relações
de poder, aparecendo quando as pessoas reconhecem que alguém tem o direito de mandar em
alguma área da vida humana e quando aquele que é mandado considera um dever obedecer. A
autoridade do indivíduo, em uma burocracia, deposita-se no cargo e não no indivíduo que o
ocupa.
A primeira e mais clara fonte de poder é a autoridade formal, um tipo de poder
legitimado, que é respeitado e conhecido por aqueles com quem se interage e que se
fundamenta em três características básicas: o carisma, a tradição e a lei. A autoridade
carismática, que surge quando as pessoas vêm as qualidades especiais de um indivíduo, tal
qual uma dádiva divina, como definidoras do direito individual de agir em seu nome. A
autoridade tradicional aparece quando as pessoas respeitam os costumes e práticas do passado
conferindo autoridade àqueles que simbolizam e encarnam esses valores tradicionais. A
autoridade burocrática ou legal-racional surge quando as pessoas insistem que o exercício do
poder depende da correta aplicação de regras formais e procedimentos
Weber diferencia o conceito de autoridade de outras formas de influência – poder e
persuasão. O poder representa “a possibilidade de alguém impor a sua vontade sobre o
comportamento de outras pessoas” (Weber, apud Galbraith, 1986). Essa idéia de poder
correlaciona a dimensão do poder com a capacidade de certos grupos ou indivíduos imporem
suas vontades a outros para o atingimento de determinados objetivos. O poder inclui o
controle da situação mediante ameaças ou coações ou pela manipulação de condições que
levem à obtenção da obediência. O poder não se confunde com a autoridade. Já persuasão é a
faculdade de influenciar a decisão ou ação de outrem, mediante a lógica, a razão e a
argumentação (Silva, 2001). Morgan (2001) sinaliza as fontes de poder em uma organização.
O modelo Burocrático traz à tona a questão do poder de forma explícita. A sua
abordagem do ponto de vista institucional e de forma deliberada como meio de tornar a
organização uma máquina que anda de per si, a partir da normatização, do excesso de
regulamentos e da clara definição de cargos e atribuições, institui a dominação, mas
consubstancia o uso do conhecimento como instrumento da vontade de potência. A
organização, enquanto engrenagem alimenta a sua força, e dominando a si mesma cumpre o
seu dever. Ressalte-se o aspecto de incapacidade de potência manifestado na autoridade
carismática sob a forma de conformação e submissão dos que obedecem ao líder divinizado,
bem como formas mascaradas de vontade de potência manifestadas pelo reconhecimento de
uma categoria hierárquica legitimada, um poder formal que pode julgar e decidir. E essa
atitude é ainda vontade de potência como vontade de ser no instinto de conservação.
As relações de poder nas organizações ocorrem entre os gestores e seus stakeholders,
atores que de algum modo interagem contribuindo para o funcionamento ou se beneficiando
da existência dessa empresa. São eles: os clientes, os fornecedores, os funcionários, os
acionistas, o governo. Contudo, esse estudo limitou-se a analisar a vontade potência na
relação entre os gestores e os funcionários.
A organização formal abordada na teoria da autoridade de Weber (1947) retrata por
meio do organograma quem detém o poder nas organizações, quem tem autoridade e de quem
é a responsabilidade. Do mesmo modo Fayol (1972) apresenta entre seus princípios gerais da
10
administração, a unidade de comando, unidade de direção e cadeia escalar, como formas de
também representar a organização formal.
A organização informal que se estabelece no dia a dia da empresa de acordo com os
relacionamentos políticos e as afinidades dos funcionários, representa o poder dos
funcionários em burlar o poder formal determinado pelos gestores e foi apresentada
inicialmente por Urwick (apud Silva, 2008, p. 139).
De acordo com McClelland (citado por Silva, 2008, p.219) existem certas
necessidades que são aprendidas e socialmente adquiridas assim que o indivíduo interage com
o ambiente. Ele classificou essas necessidades em três categorias: as necessidades de
realização, as necessidades de afiliação e as necessidades de poder. Essas últimas referem-se
ao desejo de influenciar ou controlar outros, ser responsável por outros e ter autoridade sobre
eles. É a necessidade de dominar, influenciar ou controlar pessoas. O poder se refere à
habilidade de manipular ou controlar as atividades de outros, para alcançar os propósitos
próprios ou de alguém.
Para Weber (1947) o poder é a probabilidade de o indivíduo executar sua vontade
apesar das resistências opostas. O poder inclui o controle da situação, mediante ameaças ou
coações, ou por meio da manipulação das condições de modo a obter obediência; poder não é
autoridade.
Para Caravantes, Panno e Kloeckner (2005), Taylor assegurava que as indústrias da
época padeciam de males como a vadiagem sistemática por parte dos operários, com o
objetivo de evitar a redução das taxas de salários pela gerência. O poder era exercido pelos
gestores para controlar os funcionários e maximizar a produção e eficiência organizacional.
Silva (2008) explica que na administração científica existe um foco primário no
trabalho em si, e não na pessoa que o está fazendo. O bom operário é visto como aquele que
aceita ordens, mas não toma iniciativa de ações. Ao operário é dito como fazer suas tarefas,
baseadas na análise científica do trabalho, em oficinas de produção. Nisso consiste a vontade
de potência dos gestores em relação aos funcionários nessa teoria.
Na teoria das relações humanas, Silva (2008) explica que os resultados esperados pela
implantação das diretrizes da teoria é ter empregados felizes tentando produzir mais, enquanto
nas teorias clássicas o resultado é alienação no trabalho, a insatisfação. Qual dessas teorias
exerce melhor a vontade de potência? Essa felicidade é real ou se trata de outra forma de
alienação?
O desenvolvimento da indústria trouxe a consolidação do capitalismo e a emergência
da burguesia mercantilista e industrial na Era Moderna. A fonte da riqueza era a posse e
propriedade dos bens de produção e do capital físico e financeiro. A necessidade de
maximizar esses bens e gerar mais riqueza desencadeou o surgimento da administração como
forma de melhor usar os recursos, e a crescente separação entre propriedade e administração
conduziram à gradativa profissionalização da atividade.
Para os estruturalistas, a sociedade moderna e industrializada é uma sociedade de
organizações, das quais o homem passa a depender. São diferenciadas e requerem
características distintas que permitem a participação simultânea de várias pessoas nas
organizações. A teoria estruturalista concentra-se no estudo das organizações, principalmente
na sua estrutura interna e na sua interação com outras organizações, concebidas como
unidades sociais intencionalmente construídas para atingir objetivos específicos, onde as
pessoas alcançam relações estáveis para facilitar o alcance de tais objetivos e metas.
A organização é um sistema de jogos estruturados. As regras e estruturas
organizacionais operam de modo indireto e não determinam o comportamento dos atores
sociais, mas induzem jogos de poder e comportamento. Os atores sociais podem colaborar ou
não, buscando negociar melhores condições de inserção no sistema e obter um maior controle
de recursos, atendendo seus objetivos e interesses pessoais. No entanto, ao lutar pela
11
realização de seus interesses pessoais, os atores sociais devem jogar a partir das opções
fornecidas pelo sistema e, dessa forma, estarão, mesmo dentro de um nível mínimo,
cumprindo em parte os objetivos organizacionais. O controle dos recursos organizacionais é
distribuído de modo desigual. As organizações dependem de recursos materiais, tecnológicos
e de certos tipos de competência técnica para o alcance de suas metas formais. Os atores que
controlam tais recursos detêm um maior poder (Motta, 2002).
Sob os auspícios do estruturalismo, Etzioni (1967) estabeleceu os tipos de poder
existentes nas organizações a partir dos meios de controle utilizados: a) o controle físico,
baseado em sanções ou ameaças; b) o controle material, por meio da concessão de benefícios
e recompensas, e c) o controle normativo, baseado em símbolos normativos (prestígio e
estima) e sociais (amor e aceitação). Também considerou os padrões de obediência
decorrentes dos meios de controle: a) alienatório, no qual o indivíduo não está
psicologicamente interessado em participar, mas é coagido e forçado a permanecer na
organização, b) calculista, onde o indivíduo sente-se interessado na proporção em que seus
esforços tenham uma vantagem ou compensação econômica imediata e c) moral, no qual o
indivíduo atribui valor à missão da organização e ao trabalho dentro dela, cumprindo-o da
melhor forma possível porque lhe atribui valor.
Assim, Etzioni elabora sua tipologia classificando as organizações com base no uso e
significado da obediência conforme a seguir: a) Organizações Coercitivas, onde o poder é
imposto pela força física ou controles baseados em prêmios ou punições. (ex. campos de
concentração, prisões, instituições penais); b) Organizações Utilitárias, onde o poder baseia-se
no controle dos incentivos econômicos usando a remuneração como base principal de controle
(empresas e comércio); e c) Organizações Normativas, onde o poder baseia-se no consenso
sobre objetivos e métodos da organização. Usam o controle moral como influência sobre os
participantes. Também chamadas voluntárias (igreja, universidades, hospitais). A teoria
estruturalista adota a visão do homem organizacional: um indivíduo flexível, resistente à
frustração, capaz de adiar recompensas, mas permanentemente desejoso de realização. É
político, racional, e preparado para mudanças rápidas e contínuas, agindo estrategicamente
para atingir seus fins.
Essa visão de homem evidencia um jogo sofisticado de forças dominadoras, onde a
vontade de potência surge aparentemente como energia contida, mas essencialmente convicta
de buscar sua preponderância. Mascara-se de subordinação e utilitarismo e reconhece a
hierarquia, mas busca com ambição a vantagem de felicidade que o poder promete. A
flexibilidade pode ser apresentada como a incapacidade de potência, que se manifesta sob
uma resignação até que o desejo de realização possa se afirmar.
Um sistema pode ser definido como um conjunto de elementos interativos e
relacionados ao seu ambiente, formando um todo complexo, interdependente. A abordagem
de sistemas para as organizações originou-se a partir do trabalho de biólogos, sendo reforçada
posteriormente com a integração das várias ciências e pela compreensão das organizações
como parte de um todo maior, como inserida em um ambiente do qual retira recursos e ao
qual disponibiliza o produto de seu negócio, com o qual interage constantemente. A idéia
central da teoria geral dos sistemas aplicada à administração envolve a organização como
conjunto integrado de papéis de onde emerge a visão do homem funcional – um indivíduo que
exerce vários papéis e para isso realiza ações para relacionar-se com os demais. Além disso,
ao desempenhar os respectivos papéis cada indivíduo mantém determinadas expectativas
quanto aos papéis dos demais e comunica tais expectativas por meio do relacionamento, o que
pode vir a gerar incompatibilidades e conflitos. Tal situação é passível de acarretar pressões
opostas de papéis, influenciando vários aspectos, como a satisfação com o trabalho e com a
organização de modo geral (Motta, 2002).
12
O modelo sistêmico de homem e de organizações sinaliza para uma relação de
cooperação e não reflete de forma explícita as relações de dominação subjacentes nos
relacionamentos, e traz à tona a visão da emergência nietzscheana da entrada em cena das
forças. A teia de relacionamentos é tecida a partir das aspirações, do entrelaçamento da
vontade de potência de atores que afetam e são afetados pela variabilidade do poder como
parte e como conjunto de um todo maior.
A força em movimento é uma ação deliberada que conta com um processo sistemático
e calculado de criação e busca de resultado. Nesse modelo existe a compreensão da dimensão
de alcance da vontade de potência e o reconhecimento de forças recíprocas que entram em
atrito. Refinam-se cada vez mais as práticas que alimentam o desencadear da vontade de
potência que cria, a superação de si mesmo que permeia as relações sinérgicas e gera um todo
maior que as partes. O uso da ciência ampara a constatação de desigualdade e deixa à mostra
uma revolução orgânica de poderes interdependentes que buscam ocupar espaço e aumentar o
seu espectro de influência. Indivíduo e organização vistos como sistemas são partes e todo de
outros sistemas, unidades coletivizadas em uma nova escala de valores que se movimentam
em rede para atingir a força, a potência.
A serviço dessa vontade as coletividades se organizam e negociam formas de realizar a
potência. A pulsão permanente pela vitalidade e a aspiração ao crescimento torna-se a um
tempo racional e contraditória, porquanto se manifesta em uma espécie mais forte que busca a
preponderância e se disfarça na subordinação para atender atingir o coração dos poderosos e
tornar-se útil e indispensável. Este domínio das debilidades e também superação de si para
atingir a vontade de potência pode ser evidenciado nas práticas de administração por
objetivos. A “administração por objetivos” pode ser definida como um processo pelo qual os
gerentes, superior e subordinado de uma organização identificam objetivos comuns, definem
as áreas de responsabilidade de cada um pelos resultados esperados e usam esses objetivos
como guias para a operação dos negócios” (DRUCKER, 1989).
A Fixação de Objetivos é o ponto de partida da APO e sobre esse ponto vale ressaltar
os seguintes aspectos: a) Os objetivos da empresa são, na verdade, os propósitos de indivíduos
que exercem o poder de liderança; b) os objetivos são necessidades de líderes, acionistas ou
clientes, a serem satisfeitas; e c) os objetivos pessoais não são idênticos ao da empresa, e,
desse modo, o desafio da gerência moderna é torná-los compatíveis. A APO fundamenta-se
no planejamento estratégico da empresa o qual se refere ao modo como a empresa pretende
aplicar a estratégia na busca de seus objetivos e é um plano global em longo prazo, e nos
planos táticos dos vários departamentos. A fixação de objetivos pode suscitar conflitos entre
objetivos individuais e organizacionais, além do que para Lodi (2001) a APO exige demais
das pessoas, que eventualmente não estando preparadas, podem atravessar fases de stress,
tensão, crises pessoais, oportunismo e ênfase nos resultados em curto prazo. Por toda a
organização se expressa a necessidade e a vontade de poder, de atingir o objetivo como
consubstanciação da força; ora como imposição das regras, ora como escopo; ora mascarada
como fruto da obediência, ora sublimada como sentimento de dever na emergência da
mobilização de forças em ação.
A excessiva atenção aos grupos informais como fator de melhoria da produtividade
nas organizações foi refutada pelos estudiosos da Teoria Comportamental, que atribuíram
simplicidade a essa visão e acreditavam na existência de fatores motivacionais como
determinantes do comportamento humano, os quais devidamente estimulados poderiam atuar
como alavanca da produção. A crença na satisfação do empregado ao realizar suas
expectativas e objetivos pessoais como forma de impulsionar os objetivos organizacionais.
Ressalte-se aqui a visão de McClelland que aponta a necessidade de poder como um dos
fatores úteis para a compreensão do comportamento humano no trabalho.
13
Assim, a necessidade de poder seria o desejo inconsciente de ter que tomar decisões
que tenham impacto sobre os outros indivíduos e sobre o grupo organizacional em geral.
Indivíduos voltados para o poder, como fator de motivação, buscam posição de liderança, em
que possam controlar recursos e influenciar pessoas. Likert (1975) identificou quatro tipos
básicos de liderança: autoritário coercitivo, de padrões de comportamento rígido sem qualquer
liberdade de manifestação pelos subordinados; autoritário benevolente, onde há
condescendência, mas não há a liberdade, ilustrando um vínculo entre senhor e escravo; o
consultivo, onde há oportunidades de manifestação pelos subordinados, mas o controle das
decisões é mantido pelo superior; e participativo, no qual os altos escalões da organização
depositam irrestrita confiança nos subordinados, e estes, por sua vez, demonstram
tranqüilidade em discutir questões pertinentes ao trabalho com os superiores hierárquicos e
sugerir e apontar idéias que muitas vezes são levadas a efeito.
A Teoria Comportamental teve uma visão de homem complexo, com necessidades
múltiplas. Trabalha com o conceito de identidade como um elemento em construção, o que
lhe dá um caráter dinâmico, imprevisível e, portanto de difícil controle. Ela reedita a
preocupação com a idéia de felicidade individual do trabalhador de uma forma mais realista,
abandonando as idéias românticas da Teoria das Relações Humanas, mas configura uma
intenção de alimentar a vontade de potência pelo estímulo de fatores motivacionais. Ao tempo
em que explora o fenômeno com profundidade em sua essência psicológica, permite uma
análise de sua abordagem no aspecto utilitário da vontade de potência como instrumento de
dominação – quando estuda os elementos que podem conduzir e cooptar o rebanho a se portar
como elemento produtivo que facilite a preponderância do mais forte - tanto como força
criadora que é capaz de alavancar resultados. O homem complexo, com sua multiplicidade de
necessidades, busca a auto-realização como uma aspiração de vontade de potência e o estudo
da liderança como identidade controvertida de um super-homem evidencia uma nova escala
de valores em que o comportamento pode esculpir e ser esculpido, sendo ora o sujeito ora o
agente da passiva da força criadora.
O desenvolvimento organizacional é um processo sistemático, administrado e
planejado de mudança de cultura, sistemas e comportamentos de uma organização a fim de
melhorar a sua eficácia na resolução de problemas e no alcance dos seus objetivos.(Benis).
Para o DO a Organização é a coordenação de diferentes atividades de contribuintes
individuais com a finalidade de efetuar transações planejadas com o ambiente. O conceito de
desenvolvimento organizacional está relacionado aos conceitos de mudança e de capacidade
adaptativa da organização à mudança como a transição de uma situação para outra diferente.
Implica ruptura, transformação, perturbação, interrupção. O mundo atual vive em constante
mudança, é dinâmico e exige grande capacidade de adaptação como condição básica de
sobrevivência, renovação e revitalização significam mudança.
O processo de mudança adotado pelo DO baseia-se no modelo de Lewin, adequado
por Schein e envolve: a) o descongelamento do padrão atual de comportamento pelo
abandono das velhas idéias substituindo-as por novas idéias e práticas melhores; b) realização
da mudança, com a adoção de novas atitudes; e c) recongelamento, pela incorporação de um
novo padrão integrando-o às práticas e ao comportamento organizacional. O DO é um
processo de mudança planejada, visando alcançar determinada condição. Exige mudanças
estruturais e comportamentais e enfatiza a participação e o envolvimento nas soluções de
problemas e tomadas de decisão por todos os níveis organizacionais. Concentrado na
mudança total do sistema, com a visão da organização como um sistema complexo, o DO
encoraja cooperação entre diretores, gerentes e participantes no gerenciamento da cultura e
dos processos, enfoca os aspectos humano e social da organização.
O conceito de desenvolvimento e mudança presente no desenvolvimento
organizacional evidencia o sentido dialético do cosmos nietzscheano - a luta do ser contra o
14
não-ser em que a vontade de potência se manifesta como força criadora a partir da
desconstrução. É um poder sem culpa, pois quer criar a própria criatividade e torná-la perene
e sustentável afirmando um impulso de menos pela destruição de situações postas que não
mais atendem às necessidades do sistema, e um impulso de mais pela consolidação da
mudança como o signo de um devir inexorável da concepção de mundo que alimenta seu
próprio crescimento.
Os processos de mudança desencadeados a partir dessa visão tornaram-se cada vez
mais efetivos fundamentados na condição de transitoriedade e no aspecto dinâmico das coisas.
Não existe uma realidade posta, mas o devir eterno como patrocinador das escolhas para a
construção da realidade em movimento. A releitura de um modelo de homem sistêmico que
bebe na fonte caleidoscópica de teorias outras e reescalona seus enfoques de forma relativa e
situacional para atender aos seus desígnios. Em meio a esse contexto surge no final dos anos
50, a idéia da contingência, que começou a ser aplicada a estruturas organizacionais, a partir
de pesquisas realizadas, visando observar, quais os modelos de estruturas organizacionais
eram mais eficazes em determinado tipo de indústria. A estrutura da organização e o seu
funcionamento são dependentes das características do ambiente externo.
A Teoria da Contingência surgiu como resultado de várias pesquisas que procuraram
ver os modelos de estrutura organizacional mais eficientes. A teoria da contingência aponta
que nada há de absoluto nas organizações ou na teoria administrativa; tudo é relativo, tudo
depende. Existe uma relação funcional entre as condições ambientais e as técnicas
administrativas adequadas ao alcance de objetivos, mas não existe uma causalidade direta: as
ações administrativas são contingentes das características situacionais requerendo um
processo sistemático de ajuste da organização ao ambiente (FERREIRA, 2002). Aqui se
justifica o imponderável. Para existir é preciso maleabilidade e adaptação. A busca da
durabilidade como aspiração à potência e acumulação de forças para ser mais sob o patrocínio
da flexibilidade e da mudança. Mudança que passou a ser o signo de uma época em transe
onde a tecnologia e o conhecimento se anunciam como avatares do poder, impregnando idéias
e teorias emergentes que se insurgem e penetram nas entranhas das organizações.
6 Considerações Finais
O mundo da nova era e da nova economia desponta desde algumas auroras temporãs e
embora não esteja totalmente desvencilhado do paradigma newtoniano-cartesiano, não
partilha mais do banquete de previsibilidade do modernismo. O novo mundo não tem uma
teoria que o defina simplesmente, mas teorias... E a consciência da complexidade como um
salvo-conduto para acesso à expectativa de novos paradigmas. Nesse sentido Burrel (in Clegg,
Hardy e Nord, 1998) verifica que “o fin-de-siècle criou para nós novas incertezas. Atentos à
teoria do caos e à teoria da catástrofe, por nos informarem que é possível entender as
mudanças principais usando matemática, então não são elas de forma alguma sintomáticas das
forças da incerteza. De fato, tais teorias, apesar de seus títulos, são os últimos vestígios da
modernidade. (...) se olharmos para o corpo e o modo com que tem sido conceitualizado desde
os tempos medievais, veremos o “ímpeto anatomizante” sendo desenvolvido. O corpo, visto
como feito de órgãos transforma-se na metáfora dominante para dizer como aquelas tarefas da
administração poderiam ser conduzidas – em outras palavras, organizadas”. Transigir na
contemplação dessa metáfora descortina horizontes de subjetividade. O organismo sadio pode
ser caracterizado como um sistema de partes que atuam em um pacto de cooperação mútua
que torna possível as funções vitais do ser. Mas o organismo pertence a um ser vivo que pensa
e aspira à vida e à continuidade; que não quer apenas subsistir, mas acumular-se, estender-se e
superar a si mesmo deliberadamente: numa palavra, vontade de potência.
O poder como força criadora se mostra como um elemento presente nos vários
momentos da teoria organizacional. Ao longo da história da construção do pensamento
15
administrativo e das práticas que o acompanham é possível identificar que a vontade de
potência como força criadora inicialmente reforça a visão crítica de poder como instrumento
de dominação, e a visão funcionalista das relações de troca, como base para a acumulação de
riqueza. Pode-se apontar uma predominância da relação de dominação na visão assimétrica de
poder como prerrogativa das elites. A manifestação de vontade de potência é mais forte e
criadora na organização em detrimento do indivíduo cuja vontade de poder é mascarada e
ocorre apenas como fator de provimento da subsistência. À proporção em que avançam os
estudos organizacionais percebe-se o recuo dessa assimetria e um novo repertório de idéias
que assume a concessão de espaço ao dominado pelo dominador. A inserção de regras define
um cenário para o jogo multifacetado de forças onde o conflito de interesses surge como
ponto de ruptura e perspectiva de crescimento.
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