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OS ORIENTADORES PEDAGÓGICOS E OS DESAFIOS DO FAZER
DOCENTE EM ALFABETIZAÇÃO.
Janaina Cruz da Silva (FEBF)
RESUMO
A organização dos processos de ensino requer embasamento teórico,
metodológico e prático consistente. Este embasamento compõe a gama de saberes que
constituem a formação de professores e de orientadores pedagógicos. Embora se admita
a essencialidade desses saberes, no cotidiano escolar observam-se fragilidades quanto à
condução dos processos de ensino e de aprendizagem. Daí decorre uma insatisfação
quanto aos modos de fazer pedagógico que resulta num desconforto tanto para
professores quanto para orientadores. São comuns relatos de insatisfação recíproca. No
contexto da alfabetização as insatisfações tornam-se mais evidentes. Os dilemas da
prática pedagógica nesse campo indicam a necessidade de aprofundamento teóricometodológico e de estratégias de intervenção mais efetiva, por parte do orientador
pedagógico. Reconhecendo-se a estreita vinculação entre a atuação de professores e
orientadores pedagógicos, este texto discute os dilemas do orientador pedagógico diante
dos impasses vividos pelo professor alfabetizador na organização dos processos de
ensino e de aprendizagem da leitura e da escrita, busca-se entender como esse
orientador percebe e se percebe na dinâmica das relações que estabelece com os
professores e os saberes em alfabetização. A discussão se organiza a partir de resultados
de pesquisa-ação que teve como universo orientadores pedagógicos que atuam no 3º ano
do Ciclo de Alfabetização de Redes Municipais de Educação da Baixada Fluminense.
Os resultados apontam para a apropriação pelos orientadores pedagógicos do conteúdo
do discurso dos professores alfabetizadores, principalmente no que diz respeito às
dificuldades atribuídas aos alunos em termos da aprendizagem da leitura e da escrita.
Observa-se, a partir do discurso dos orientadores pedagógicos que em determinados
momentos tem dificuldade para se perceberem no papel e função a eles atribuída. Na
maioria das vezes, não se evidenciam diferenças significativos entre o olhar do
professor e do orientador pedagógico em termos dos desafios da organização da prática
docente escolar em alfabetização.
Palavras-chave:
alfabetização.
orientador
pedagógico,
processos
de
ensino/aprendizagem,
A organização dos processos de ensino se coloca no contexto das demandas por
educação escolar como objetivo e desafio do fazer pedagógico. Sua importância reside
no fato de que por meio da estrutura e coerência das ações didáticas, os profissionais
poderão transitar entre as aspirações da sociedade, o currículo escolar e cada atividade
planejada, articulando meios para favorecer o desenvolvimento dos educandos.
O desempenho de escolas e professores no sentido de organizar, especialmente,
os processos de ensino e aprendizagem da leitura e da escrita, reunindo referenciais
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teóricos e metodológicos que subsidiem a prática em sala de aula de maneira
consistente, nem sempre evidencia a articulação entre saberes docentes em
alfabetização, compartilhados por orientadores pedagógicos e professores. Esse fato se
torna mais evidente após o advento do letramento escolar.
Ao asseverar que a organização das práticas de ensino necessita atravessar o
currículo escolar e traduzi-lo nos liames da teoria educacional e da prática pedagógica,
entre o planejamento e a ação, Coll (1987,1994), alerta para a necessidade de que o
ensino se organize pautado em intenções educativas, preveja sequencias de
aprendizagens e estabeleça orientações metodológicas, que indicarão modos de ensinar.
Isto pressupõe compreender que os objetivos educacionais definidos em cada esfera da
educação necessitam apresentar bons níveis de fundamentação e explicitude, tanto
teórica quanto metodológica, a fim de que a prática se estabeleça de maneira articulada
e coerente.
Neste contexto, torna-se evidente a relevância do orientador pedagógico
enquanto articulador das ações de ensino e aprendizagem escolar. No conjunto dessas
ações, a alfabetização se destaca como uma questão preponderante, tanto em razão de
seus resultados, via de regra considerados pouco efetivos, como em função das opções
teórico- metodológicas disponíveis para ensinar a ler e a escrever.
Em situações de cotidiano escolar, o orientador se defronta com os dilemas dos
professores alfabetizadores, não apenas em relação à diversidade de métodos e à
divergências no campo teórico a esse respeito, mas fundamentalmente às
especificidades da clientela com a qual trabalham. É interessante observar que esses
dilemas impactam diretamente a natureza do foco da orientação a ser dada.
Considera-se relevante, portanto, refletir e apontar elementos que possibilitem
melhor compreender, do ponto de vista dos orientadores pedagógicos, a natureza das
chamadas dificuldades em leitura e escrita, no terceiro ano da escolarização e de que
modo estas impactam as orientações a serem dadas ao professor em termos da
organização da prática docente.
Desse modo, este texto apresenta reflexões originadas de pesquisa-ação que teve
como foco o discurso de orientadores pedagógico que atuam em escolas públicas da
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Baixada fluminense, cujos resultados da aprendizagem em leitura e escrita no 3º ano do
ciclo são considerados pouco satisfatórios. A partir dos resultados, duas questões
ganham evidência: a alfabetização como desafio para a organização de processo de
ensino e de aprendizagem escolar e os dilemas da orientação pedagógica. Cada uma
delas constituem-se como eixos estruturadores do presente texto.
A alfabetização como desafio
O dilema que envolve a alfabetização no contexto escolar não é novo. Na
proporção em que os resultados das aprendizagens resultantes da alfabetização, ou seja,
da leitura e da escrita, são considerados inadequados, várias instâncias sociais são
mobilizadas. Daí resulta diversos estudos que buscam explicar o insucesso nessas
aprendizagens. Tais estudos ocupam-se em mapear, desde fatores de ordem
socioeconômica até os relacionados ao sujeito aprendente (PATTO, 1996; COLLARES
e MOYSÉS, 1996; PAÍN, 1985; BOSSA, 2002; MONTOVANINI, 2001; MACEDO,
2005).
O acesso aos resultados desses estudos, embora amplamente difundidos no meio
acadêmico nem sempre são incorporados pelas práticas docentes escolares. Professores
e orientadores pedagógicos continuam desafiados pela tarefa de ensinar a ler e a
escrever.
Neste contexto, a alfabetização se circunscreve enquanto dilema para o
orientador pedagógico, exigindo qualificação teórica e metodológica suficiente para que
a formação continuada do professor, também de responsabilidade da orientação, seja
conduzida. Entretanto, em muitas ocasiões fica evidente a fragilidade de orientadores
pedagógicos para discutir a alfabetização, tanto em termos teórico-metodológicos
quanto práticos.
Em muitos discursos docentes o problema na alfabetização é vinculado
essencialmente a fatores socioeconômicos, culturais, emocionais ou familiares. As
análises encetadas nem sempre incluem a escola e seus atores no conjunto dos fatores
que compõem a dinâmica a partir das quais os alunos estabelecem suas relações com o
saber. Não raro, estes discursos descredenciam professores em seus saberes e fazeres.
Disso resulta uma descrença nas possibilidades dos alunos e um investimento menos
efetivo no ensino, deixando de assumir que “o papel da escola é o de compreender a
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realidade dos alunos e se propor a modificá-la, via educação” (ZORZI, 2003, p.131). A
atuação do orientador pedagógico é decisiva para que as funções e papéis da escola
sejam ada vez mais efetivos.
Saviani (1985) considera que a função do pedagogo consiste no domínio
intencional e sistemático da organização do processo de formação cultural, ou seja, na
articulação de estratégias adequadas à transformação do saber sistematizado em saber
escolarizado. Tal transformação, frente aos problemas no ensino e na aprendizagem da
leitura e da escrita, requer a mobilização do orientador pedagógico para que os possíveis
elementos deficitários sejam corrigidos. Limitações no campo da ação pedagógica dos
professores e da escola em seu conjunto, por exemplo, precisam ser reconhecidas e
contempladas pelo fazer do orientador. Entretanto, se este não dispõe de meios para
buscar a reversão dos problemas o dilema da alfabetização acaba por lhe ser manifesto,
tal qual se apresenta para professores que encontram dificuldades para desenvolver a
leitura e a escrita em uma classe.
Neste panorama, o dilema da alfabetização se funda, sobretudo, no aspecto
teórico-metodológico, na orientação didática clara, definida e sistemática que precisa ser
desenvolvida junto ao professor em termos conceituais e didáticos.
A concepção de alfabetização e o sistema linguístico - sobretudo por,
normalmente, não ser dada “a devida atenção para a questão que envolve o próprio
objeto a ser conhecido “a coisa”, ou seja, a linguagem escrita com suas peculiaridades”
(ZORZI, 2003, p.131) - precisam ser de conhecimento dos orientadores pedagógicos.
Do contrário, dificilmente se disporá de recursos para gerir com autonomia, domínio e
qualidade o processo de ensino visando ao andamento eficaz da aprendizagem, pois
conforme o exposto, a circularidade e a coerência discutida anteriormente são atingidas
quando elementos teóricos e metodológicos se afinam e são tratados com fim de
promover o exercício metacognitivo e a consequentemente instrumentalização
profissional.
O dilema da alfabetização na concepção de orientadores
pedagógicos
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Neste item, apresentam-se os elementos mais evidenciados pelos orientadores
pedagógicos em termos daquilo que entendem como fatores que impactam a sua atuação
no cotidiano escolar, relacionados especificamente ao ensino e à aprendizagem da
leitura e da escrita. Ao descreverem as principais dificuldades que encontram para
orientar os professores tendo em vista as dificuldades dos alunos matriculados em
turmas de terceiro ano, os orientadores pedagógicos indicam: dificuldades centradas
nos conteúdos da aprendizagem, dificuldades procedentes de limitações sociais e/ou
patológicas e dificuldades relacionadas aos processos de ensino. Cada um desses
elementos será apresentado a seguir.
Conteúdos da aprendizagem
No que se refere às dificuldades centradas nos conteúdos da aprendizagem foram
analisados os discursos que levavam em consideração a aprendizagem do aluno e o
currículo escolar. A este ficou relacionado a maioria das discussões, as quais tiveram
como foco principal questões relativas à assimilação do código escrito. As dificuldades
relacionadas perpassavam distintas habilidades de leitura e de escrita, apresentando
variações que se deslocavam entre a não apropriação da base alfabética e à capacidade
de decifrar o código escrito sem que os alunos possuíssem competências em leitura e
escrita mais elaboradas.
Em termos das habilidades de leitura encontra-se o que segue: desconhecimento da
relação fonema-grafema, ausência de fluência na leitura, compreensão textual restrita
ou ausente, restrita entonação (desconsideram a pontuação textual), contato restrito
com a cultura escrita e seu uso social. Quanto às habilidades de escrita as seguintes
questões ganharam evidência: dificuldades para realizar a transcrição fonética,
problemas para sair da fase pré-silábica, segmentação de palavras, dificuldade para
elaborar pequenos textos, dificuldades ortográficas.
Como se observa, as necessidades educativas dos alunos de terceiro ano pressupõem
acumulos de dificuldades pregressas de aprendizagem e requerem atividades de ensino
que dêem conta “de entender o processo de aprendizagem e a maneira de incidir sobre o
mesmo mediante uma ação intencional, sistemática e planejada (...)” (COLL, 1987,
p.131-132). A análise da prática pedagógica indica que, diante das dificuldades
apresentadas, os orientadores pedagógicos precisam organizar meios que lhes
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possibilitem tratar do objeto especifico da função que ocupam: o processo de ensino
aprendizagem da leitura e da escrita, tarefa que essencialmente compete à escola.
Dificuldades procedentes de limitações sociais e/ou patológicas
Os discursos que indicavam problemas referentes às dificuldades de ordem
patológica ou sócioafetivas apontavam para aspectos como: desmotivação do aluno para
aprender, baixa autoestima, nível socioeconômico desfavorecido, e limitações
socioculturais, que dividiram espaço equilibrado com as questões que faziam referência
à escola.
Processos de ensino
O processo de ensino enquanto elemento preponderante à sustentação de
dificuldades na aprendizagem foi citado por alguns orientadores pedagógicos. Dentre os
problemas apontados estão: as abordagens de ensino que se fazem pouco atrativas ou
não significativas para os alunos; a ausência de intervenção docente ao longo do
processo de aprendizagem da leitura e da escrita; a dificuldade docente para estruturar
interferências efetivas; a ausência de continuidade metodológica; a desmotivação dos
professores em atuar com alunos defasados quanto a idade e a série.
Esta última condição foi significativamente apontada como uma forte motivação
para a redução das expectativas do professor em relação à classe, o que resulta na
ausência de investimentos qualitativos no ensino, quando não se converte em
afastamento do professor por problemas de saúde física e/ou emocional.
Os dados relacionados às dificuldades centradas nos conteúdos da aprendizagem e
às dificuldades relacionadas aos processos de ensino, apontam para o processo de
ensino em sua estrutura e indicam que grande parte do trabalho a ser realizado com
vistas à superação das dificuldades está sob a competência da escola.
Algumas causas para as dificuldades
Quanto às “causas atribuídas às dificuldades em leitura e escrita”, a análise das
respostas ficou organizada em basicamente duas categorias, uma inerente a própria
escola, considerando os processos de ensino (a prática pedagógica) e estruturação
escolar (infraestrutura e organização escolar) e outra relacionada à sociedade em geral,
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onde teve papel central a família e os serviços de saúde (limitações sociais e biológicas),
este se apresentando em menor frequência.
Ao expressar que a causa mais significativa para a dificuldade em leitura e escrita
dos alunos centra-se na atuação docente, os orientadores apontaram objetivamente para
o processo de ensino.
Na descrição pontual das causas, discursos trataram das dificuldades dos professores
em organizar as situações de ensino, dentre as quais se destaca: o modo como podem ser
organizadas as rotinas de trabalho em classe; as possibilidades de elaboração de
atividades de fomento à leitura; as estratégias para atender aos alunos em situações de
defasagem; a falta de experiência e/ou o restrito envolvimento com a profissão;
dificuldade para organizar didaticamente o processo de alfabetização.
No tocante aos recursos metodológicos, as falas evidenciaram dissonâncias a
respeito do próprio projeto pedagógico da escola, já que situações indicativas da
ausência de planejamento em paralelo, por exemplo, à oferta aleatória de atividade
xerocopiadas, parecem ser comuns e pelo visto não revertidas eficazmente pela
orientação pedagógica.
Na indicação das causas, encontra-se ainda a dificuldade dos professores, e
consequentemente dos orientadores em auxiliá-los no processo de organizar as situações
de ensino, dentre as quais se destacam: o modo como podem ser organizadas as rotinas
de trabalho em classe; as possibilidades de elaboração de atividades de fomento à
leitura;as estratégias para atender aos alunos em situações de defasagem;a falta de
experiência e/ou o restrito envolvimento com a profissão e a dificuldade para organizar
didaticamente o processo de alfabetização.
Parece curioso que os próprios orientadores admitam o desconhecimento que os
docentes tenham acerca das orientações metodológicas que embasam o trabalho na
Rede e, consequentemente, na escola em que atuam, já que levar os professores a
estudar e conhecer o projeto da escola e/ou da rede consiste em uma empreitada da
orientação.
Tanto o não uso de portadores textuais, quanto o seu uso indiscriminado para o
processo de alfabetização, também se apresentam como comprometedores das relações
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de ensino e como um dos aspectos delator do problema metodológico em alfabetização.
No mesmo modo se situa a inadequação das propostas pedagógicas em relação às faixas
etárias, condição sine qua non para interação aluno-atividade.
Em síntese, a dimensão da problemática da alfabetização anunciada pelos
orientadores, se circunscreve dentre as ações que compete à instituição escolar
desempenhar. Essas ações têm como inspiração as evidências e especificidades do fazer
docente em alfabetização e as especificidades da função do orientador. Os apontamentos
que ao longo da pesquisa revelaram o fazer docente como um fator propulsionador das
dificuldades no campo em estudo remetem a questões que pressupõem pensar: a) os
eixos estruturadores do ensino, ou seja, o modo como a educação tem sido organizada
em termos curriculares e metodológicos; b) a formação didática de professores e
orientadores pedagógicos, fundamentalmente no que se estabelece entre o que, como e
quando ensinar (COLL, 1987), exigindo que para isso as bases teórico-metodológicas
sejam revistas e estudadas por professores e orientadores pedagógicos.
Os discursos que dimensionam a dificuldade dos alunos em desenvolver os
conteúdos da aprendizagem indicam que os orientadores necessitam debruçar-se sobre
os modos de organização do ensino (que neste caso pressupõe minimamente o que e
como ensinar), com vistas a ajudar ao professor em seu fazer, sobretudo, pelo fato da
pesquisa evidenciar problemas no processo de condução da aula, relatado por
professores.
Por sua vez, as questões que levam ao modo como se deve organizar a rotina da
classe, fomentar a leitura, estabelecer atividades atrativas e adequadas à faixa etária ou
mesmo planejadas com intencionalidade, pressupõem que o professor saiba
objetivamente como organizar didaticamente a sua aula. O discurso do despreparo do
professor foi bastante recorrente, ilustrando a dificuldade que se observa no processo de
condução das aulas. Entretanto os coordenadores não relacionaram tal realidade com o
exercício de suas funções.
Especialmente, quando analisadas as dificuldades que foram circunscritas entre as
habilidades de leitura e escrita, nota-se que para a superação das mesmas há de se ter,
primeiramente situações de ensino. Fato, que pressupõe minimamente: a organização do
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trabalho didático em alfabetização, e o conhecimento acerca das produções acadêmicas
disponíveis (GROSSI, 1990; KLEIMAN, 2001) .
Atualmente o desafio da escola em alavancar os processos de aprendizagem de
alunos inscritos nessa situação é bastante preponderante e não pode prescindir de
intervenções que ajude o aluno a avançar. Neste sentido Coll trata do conceito de ajuda
pedagógica e a define “como o suporte dado ao aluno na organização do conteúdo da
aprendizagem, no uso de incentivos de atenção e motivações no uso de feedbacks
corretos e no acompanhamento detalhado de seus progressos e dificuldades” (COLL,
1987, p.137) que deve manter coerência e proporcionalidade com o nível de
conhecimento prévio.
Em busca dos elementos que corroboram para a estagnação da esperada
circularidade entre conhecimentos científicos, prática pedagógica e a alfabetização dos
alunos, encontram-se vários entraves, quais sejam: ausência de opções metodológicas
bem esclarecidas que permitam a devida fundamentação teórica por parte das redes de
ensino; comunicação conturbada entre a produção acadêmica e sua compreensão ou
aplicação reflexiva nas escolas; aparente dificuldade para agir de maneira orientada por
recursos didáticos substancialmente justificados por seus usuários, condição que
atravessa o cotidiano dos profissionais da educação e exige dos orientadores
Em busca dos elementos que corroboram para a estagnação da esperada
circularidade entre conhecimentos científicos, prática pedagógica e a alfabetização dos
alunos, encontram-se vários entraves, quais sejam: ausência de opções metodológicas
bem esclarecidas que permitam a devida fundamentação teórica por parte das redes de
ensino; comunicação conturbada entre a produção acadêmica e sua compreensão ou
aplicação reflexiva nas escolas; aparente dificuldade para agir de maneira orientada por
recursos didáticos substancialmente justificados por seus usuários, condição que
atravessa o cotidiano dos profissionais da educação e exige dos orientadores
A alfabetização se mostrou um desafio para a organização dos processos de ensino.
No que se refere ao impacto que as dificuldades em leitura e escrita geram a orientação
pedagógica dirigida aos professores, em termos da organização da prática docente temse pouquíssimas evidências de compartilhamento de saberes. Os orientadores
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educacionais revelaram certa fragilidade profissional para abordar o problema da
alfabetização e em muitos discursos pareceram ocupar o lugar do professor.
Considerações Finais
A partir da análise preliminar dos resultados, observam-se fragilidades quanto a
condução dos processos de ensino e de aprendizagem relacionados à alfabetização,
principalmente, em termos da organização didática e da seleção de atividades que
promovam de forma mais intensa e ampliada o contato do aluno com o mundo da leitura
e da escrita. Também, a proposição de instrumentos e critérios de avaliação
considerando os diferentes níveis de complexidade de conteúdos e de aprendizagem
apresenta-se como um desafio para o orientador pedagógico. Ainda neste contexto, nem
sempre se evidencia clareza quanto a articulação entre objetivos, conteúdos e atividades
tanto do ponto de vista dos professores quanto dos orientadores. Esse conjunto de dados
aponta para a necessidade de se repensar os fenômenos de ensinar e aprender no
contexto escolar, sobretudo em termos da organização didático-metodológica desses
processos.
Os dilemas da prática pedagógica em alfabetização apontam para a necessidade
de aprofundamento no conhecimento a respeito do campo epistemológico atinente à
alfabetização de modo a ampliar os horizontes do orientador pedagógico, tornando-o
capaz de mobilizar saberes próprios do campo da didática e da alfabetização para que
melhor auxilie professores alfabetizadores em seus dilemas.
Foi observado, ainda, que os orientadores pedagógicos acabam sendo envolvidos
de tal ordem pelas angustias e relatos dos professores sobre as dificuldades dos alunos
que tendem, de certa forma, a deslocarem o foco do seu trabalho do professor para os
problemas dos alunos. Isso faz com que não se observem diferenças significativas entre
o olhar do professor e do orientador pedagógico em termos dos desafios que impactam a
organização da prática docente escolar em alfabetização.
É essencial que se ultrapasse a etapa da constatação acerca de fatos e fenômenos
que envolvem os saberes docentes em alfabetização. A constatação serve apenas como
elemento de propulsão à busca de mecanismos que permitam transformar os
componentes de fatos e fenômenos em conteúdos de ações que promovam a reflexão e a
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aprendizagem do conjunto de atores que compõem a escola. Dentre estes, com certeza,
o aluno é o centro.
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