Colecistite Aguda: Manejo em Fevereiro de 2007 Serviço de Cirurgia Geral – Hospital Geral de Jacarepaguá Rio de Janeiro-RJ www.cirurgiageralcardosofontes.com.br • Ausência de critérios baseados em evidência sobre diagnóstico, gravidade, tratamento; • “Guideline” – JHBPSurgery jan 2007; – Japanese Ministry of Health, Labour and Welfare + Japanese Society for Abdominal Emergency Medicine + Japan Biliary Association + Japanese Society of Hepato-Biliary-Pancreatic- Surgery; – Depois de 12 reuniões --- Discussão por e-mail – Categorias de evidência e grau de recomendações. Definição: • Infecção Biliar Aguda: – Doença sistêmica infecciosa de origem biliar que requer um pronto tratamento e possui significante taxa de mortalidade; (Colecistite e Colangite Agudas) • Colecistite Aguda: – Doença inflamatória da vesícula biliar. – Corresponde de 3 a 10 % de todos os pacientes com dor abdominal aguda; • <50 anos = 6,3 % >50 anos = 20,9 % Etiologia: • 90 a 95 %: Colecistolitíase: – Em países desenvolvidos: 5 a 15 % da população, – Destes, 1 a 3 % evoluem com infecção biliar aguda. – Custo estimado de 5,8 bilhões dólares/ ano EEUU. • 5 a 10%: Acalculosa Alguns Fatores de Risco: • AIDS: – Colangiopatia da AIDS; – Colecistite Alitiásica: • • • • • • + novos, Distúrbios pós prandiais; Dor em QSD; Aumento de F. alc e Bb; Associação com CMV e Criptosporidium. Drogas (associação com colelitíase): – Progesterona, estrogênio, fibrato, tiazídicos, octreotide, anticolinérgicos, dapsona, imunoterapia,antibióticos (Ceftriaxone, Eritromicina, Ampicilina) • • Ascaris Gravidez – Colecistite aguda é a 2ª causa + comum de abdome agudo em gestantes. • 4 ou 5 “F”s: Fair, Fat, Female, Fertile, Forty Fisiopatologia: Obstrução do Ducto Cístico Aumento da pressão intra- vesicular Obstrução/Duração CÓLICA BILIAR COLECISTITE AGUDA Estágios: • 1º Estágio: Colecistite Aguda Edematosa (2 a 4 dias): – Fluido intersticial com dilatação capilar e linfática, parede edemaciada = HISTOLOGIA: Edema na subserosa • 2º Estágio: Colecistite Necrotizante (3 a 5 dias): – Edema + áreas de hemorragia e necrose, obstrução do fluxo sangüíneo = HISTOLOGIA: Trombose e oclusão vascular • 3º Estágio: Colecistite Supurativa (7 a 10 dias): – Leucócitos, áreas de necrose e supuração. Vesícula grossa pela proliferação da fibrose. = HISTOLOGIA: abscessos intramurais. • 4º Estágio: Colecistite Crônica: – Após vários episódios de colecistite, há atrofia de mucosa e fibrose da parede. Formas Específicas: • • • • Colecistite Acalculosa Colecistite Xantulogranulomatosa Colecistite Enfisematosa Torção da Vesícula Biliar Complicações: • • • • Perfuração; Peritonite biliar; Abscesso pericolecístico; Fístula Biliar. Prognóstico: • Mortalidade: 0 a 10 % • Mortalidade na Colecistite aguda pósoperatória e na alitiásica é de 23 a 40 % ! • Recorrência: – Após tto conservador = 2,5 a 22 % !!! Quadro Clínico: • Dor abdominal epigástrica ou em hipocôndrio direito, • Náuseas, vômitos, • Febre, • Defesa à palpação do hipocôndrio direito, • Vesícula palpável, • Sinal de Murphy (especificidade 79 a 96%) Suspeita de Infecção Biliar Aguda Anamnese, exame físico ex. sangue, imagens Critérios Diagnósticos Colangite Aguda Colecistite Aguda Outras Doenças Critérios Diagnósticos: • A: Sinais locais de inflamação: – 1: Sinal de Murphy; – 2: massa / dor / tensão no QSD; • B: Sinais sistêmicos de inflamação: – 1: Febre – 2: Aumento PRTN C reativa >3mg/dl – 3: leucocitose • C: Achados de imagens: • Diagnóstico Definido = 1 item A + 1 item B C confirma o diagnóstico se suspeição Imagens: • Ultrassonografia: – Sinal de Murphy; – Parede da vesícula espessa (>4mm), não havendo doença crônica do Fígado ou ascite ou ICC; – Vesícula aumentada (diâmetro axial maior > 8cm, diâmetro axial menor > 4cm) – Cálculo encarcerado, debris, coleção de fluido pericolecístico; – Imagens intramurais. • TC e RNM: – – – – • Parede espessada; Vesícula aumentada; Coleção de fluido pericolecístico; Espessamento de gordura pericolecística. Cintigrafia: – Vesícula não visualizada com excreção normal de radiatividade; – Sinal do “Aro”: aumento da radiatividade ao redor da fossa vesicular. Colecistite Aguda Diagnosticada Definir Gravidade LEVE GRAU I MODERADA GRAU II GRAVE GRAU III Definição da Gravidade: • Colecistite Aguda Leve – Grau I: – Sem disfunção orgânica; – Permite colecistectomia segura e com baixo risco de complicações. • Colecistite Aguda Moderada – Grau II: – Sem disfunção orgânica mas os achados denotam dificuldade para a colecistectomia. – Critérios: • Leucocitose > 18000; • Massa palpável em QSD; • Sintomas > 72 horas • Inflamação local marcante: peritonite biliar, abscesso pericolecístico, abscesso hepático, colecistite gangrenosa, colecistite enfisematosa. • Colecistite Aguda Grave – Grau III: – Associação com disfunção orgânica: • Cardíaca: hipotensão exigindo DOPA ou DOBUTA • Neurológico: queda nível consciência • Respiratório: pO2 / FiO2 < 300 • Renal: oligúria, Cr > 2 • Hepática: INR> 1,5 • Hematológicas: plaquetas <100000 Definição da Gravidade LEVE GRAU I MODERADA GRAU II GRAVE GRAU III CVL Drenagem da Vesícula Drenagem da vesícula Observar Colecistectomia Colecistectomia Observar TRATAMENTO Antibioticoterapia: • Hemocultura e cultura da bile REC B • Antibiótico profilático nos casos leves (se operou) REC A • Em Cólica Biliar = AINES REC A – Previne colecistite aguda • Fatores importantes na escolha da droga: – – – – Antibiograma; Gravidade da colecistite; Presença ou não de insuf. Renal ou hepática; Passado de administração do ATB. • A penetração do ATB na bile ou na parede da vesícula é importante ou não? ATB recomendada: • Grau I – Leve: – – – – Quinolonas orais (Ciprofloxacin, Levofloxacin) Cefalosporinas VO (Cefotiam, Cefcapene) Cefalosporina 1ª (Cefazolina) Penicilina+ inib. B lact (Ampi / Sulbactam) • Grau II - Moderado e Grau III – Grave: – 1ª opção / moderado: • Penicilina + inib b lact. (Ampi/Sulbactam; Piperacilina/Tazobactam) • Cefalosporina 2ª geração (Cefmetazole; Cefotiam; Oxacephem; Flomoxef) – 1ª opção / grave: • Cefalosporina 3ª e 4ª (Cefoperazon/Sulbactam; Ceftriaxone; Ceftazidime; Cefepime; Cefozopran) • Monobactâmicos (Aztreonam) • Um dos de cima + Metronidazol – 2ª opção / grave: • Quinolonas (Ciprofloxacin, Levofloxacin, Pazufloxacin + Metronidazol) • Carbapenêmicos (Meropenem, Imipenem/cilastatin; Panipenem/betamipron) Drenagem da Vesícula Biliar: • Drenagem transhepática percutânea da vesícula: – – – – Preferido, Introdução de pigtail 6 a 10 Fr por Seldinger Vantagens: simples, pode desobstruir, enviar material para cultura; Desvantagens: não pode trocar antes de 14 dias. • Aspiração percutânea da vesícula: – Vantagem: < restrição das atividades; – Desvantagem: parece ser menos efetivo • Drenagem endoscópica da vesícula: – Usado em muito graves, especialmente em cirróticos; – Pouco usado – Posicionamento de tubo 5 a 7 Fr após cateterização seletiva da vesícula biliar. Cirurgia: • Colecistectomia precoce: – – – – Método de escolha; Seguro; Custo-efetivo; Retorno rápido às atividades. Questões... Quando é o melhor tempo para a colecistectomia na Colecistite Aguda? • Precocemente, após a admissão REC A. • Porque < perda de sangue, < tempo operatório, < taxa de complicações, < tempo de internação < custo Qual tipo de Colecistectomia: Convencional ou VL? • Por Videolaparoscopia; • Porque – < custo; – < hospitalização; – Recuperação mais rápida. – OBS1: “Não hesitar em converter se anatomia difícil” – OBS2: Se muito difícil – drenagem (colecistostomia ou drenagem percutânea) Qual o tto preferido para Colecistite Aguda segundo a Gravidade? • Grau I – LEVE: – CVL precocemente (até 72 Hs, 96 Hs) • Grau II – MODERADA: – Colecistectomia precocemente – Se inflamação grave:(>72 Hs, parede > 8mm, leucocitose>18000): Drenagem percutânea ou cirúrgica • Grau III – GRAVE: – Drenagem (percutânea ou Cirúrgica) – Colecistectomia Quanto tempo após a drenagem se deve fazer a Colecistectomia? • Precocemente, ainda durante a mesma internação; REC B • Assim que houver melhora da inflamação. • São necessários estudos Quando realizar CVL após a CPRE ter extraído cálculo da VBP? • Precocemente, na mesma internação. www.cirurgiageralcardosofontes.com.br