XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL ESTRUTURA POPULACIONAL DE Butia eriospatha (Mart. ex Drude) Becc. EM AMBIENTES ABERTOS E FLORESTAIS NA REGIÃO DE CURITIBANOS, SC Amanda Koche Marcon - Universidade Federal do Paraná, Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Curitiba, PR. [email protected] Marcelo Callegari Scipioni - Universidade Federal de Santa Catarina, Campus de Curitibanos, Curitibanos, SC. Fernanda Jungbluth - Universidade Federal de Santa Catarina, Campus de Curitibanos, Curitibanos, SC. Vanderlei dos Santos - Universidade Federal de Santa Catarina, Campus de Curitibanos, Curitibanos, SC. INTRODUÇÃO Butia eriospatha (Mart. ex Drude) Becc., popularmente conhecida como butiá-da-serra ou butiazeiro, é uma espécie que ocorre no Brasil associada a campos no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (REITZ, 1974). Os butiazais, como são chamadas as populações da espécie vulgarmente, tem atualmente sua ocorrência associada à ambientes abertos, sejam estes campos naturais ou provocados pelo homem. As modificações que vem ocorrendo no ambiente de ocorrência natural da espécie, como a exploração das florestas e a transformação dos campos em lavouras e pastagens, estão afetando as suas populações e tornando-as vulneráveis à extinção. Em função principalmente do comércio ilegal de plantas para o paisagismo e do pastoreio, suas populações são constituídas aparentemente, apenas por indivíduos centenários (NAZARENO, 2013). É consenso entre vários autores que as espécies com indivíduos exclusivamente adultos tendem a serem eliminadas, pois os processos naturais que promovem a regeneração, e consequente manutenção dos níveis já alcançados, não têm continuidade (e.g. LAMPRECHT, 1962; SAMPAIO; GUARINO, 2007). OBJETIVOS Na região de Curitibanos observa-se a presença marcante das populações de Butia eriospatha em áreas abertas (butiazais), mas também é possível observar a espécie inserida nos remanescentes de Floresta Ombrófila Mista. Sendo assim, os objetivos deste trabalho são avaliar a estrutura da espécie tanto nos butiazais quanto nos fragmentos florestais. MATERIAL E MÉTODOS Para a coleta dos dados foram alocadas parcelas nos dois ambientes: butiazais e florestas, em várias localidades no município de Curitibanos, SC. Nos ambientes florestais foram alocadas 44 unidades amostrais de 10x10 m, e nos butiazais foram alocadas 70 unidades amostrais com o mesmo tamanho, totalizando 1,14 ha amostrados. Em cada parcela foram mensurados todos os indivíduos de B. eriospatha que apresentaram diâmetro à altura do peito (DAP) superior a 5,0 cm. As circunferências à altura do peito foram medidas com fita métrica, sendo posteriormente transformadas em DAP, e as alturas totais foram medidas com o aparelho Trupulse 200 L. Os parâmetros estruturais foram descritos a partir da densidade, área basal, distribuição dos indivíduos em classes de diâmetro e de altura. Para a estratificação diamétrica, o número de classes (k) e a amplitude (c) foram definidos pelos critérios de 1 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL Ferreira (2005). As estruturas verticais foram analisadas por meio da estratificação dos perfis verticais em três classes de altura conforme metodologia proposta por Souza (1990). Foi realizada análise de comparação de média da densidade por parcela entre as populações como grupos independentes pelo teste t e F. RESULTADOS Foram amostrados 91 indivíduos de B. eriospatha, sendo 32 indivíduos em ambiente florestal (72,7 indivíduos por hectare e área basal de 6,46 m² por hectare) e 59 em ambiente aberto (84,29 indivíduos por hectare e área basal de 7,64 m² por hectare). Não houve diferença entre a densidade de Butia eriosphata nos ambientes analisados (F0,05= 4,64; P= 0,558). A estratificação horizontal da área florestal dividiu a população em seis classes, sendo que a Classe 1 (DAP < 14,77 cm) apresentou 3,13% dos indivíduos; a Classe 2 (14,77 ≤ DAP < 22,69 cm), 6,25% dos indivíduos, a Classe 3 (22,69 ≤ DAP < 30,62 cm),28,13%; a Classe 4 (30,62 ≤ DAP < 38,54 cm), 40,63%; a Classe 5 (38,54 ≤ DAP < 46,47 cm), 18,75% e a Classe 6 (DAP ≥ 46,47 cm), 3,13% dos indivíduos. Na estratificação vertical desta população a Classe 1 de altura correspondeu os indivíduos com altura menor que 6,88 m; a Classe 2, indivíduos com altura entre 6,88 e 10,24 m e a Classe 3, indivíduos com altura maior que 10,24 m. Nestas classes, ocorreram respectivamente 12,50%, 75% e 12,50% dos indivíduos. Nos ambientes abertos, a estratificação horizontal resultou em oito classes de diâmetro. A Classe 1 (DAP < 16,87) contemplou 1,69% dos indivíduos, a Classe 2 (16,87 ≤ DAP < 21,51 cm) não apresentou nenhum integrante, a Classe 3 (21,51 ≤ DAP < 26,15 cm) apresentou 5,08% dos indivíduos, a Classe 4 (26,15 ≤ DAP < 30,79 cm), 20,34%, a Classe 5 (30,79 ≤ DAP < 35,44 cm), 40,68%, a Classe 6 (35,44 ≤ DAP < 40,08 cm), 23.73%, a Classe 7 (40,08 ≤ DAP < 44,72 cm), 6,78% e a Classe 8 (DAP ≥ 44,72 cm) apresentou 1,69% dos indivíduos. Para estes ambientes, os indivíduos com alturas menores do que 6,71 m corresponderam à Classe 1; os indivíduos com alturas entre 6,71 m e 9,35 m, à Classe 2; e os indivíduos com alturas maiores do que 9,35 m pertenceram à Classe 3. Nestas classes ocorreram, respectivamente, 15,25%, 71,19% e 13,56% dos indivíduos. DISCUSSÃO A organização em classes diamétricas de B. eriospatha não obteve distribuição em J-invertido tanto para os ambientes abertos quanto para os florestais, comportamento que seria esperado caso as populações estivessem equilibradas (maior concentração dos indivíduos nas classes menores). A baixa quantidade de indivíduos nas primeiras classes pode ser um indicativo de baixo potencial regenerativo da espécie nas atuais condições ambientais. Os resultados encontrados vão de acordo com o afirmado por Nazareno (2013), que detectou altas taxas de herbivoria das mudas, impedindo a sobrevivência e reduzindo a probabilidade dos indivíduos progredirem ao longo do tempo. As distribuições das classes de altura demonstraram um maior número de indivíduos nas classes centrais e menor número nas classes periféricas, indicando um comportamento próximo à distribuição normal. Entretanto, a classe central conteve a grande maioria dos indivíduos, nos ambientes abertos e florestados, podendo indicar um déficit de indivíduos nas classes 1 e 2. CONCLUSÃO O presente estudo demonstrou que as populações de B. eriospatha em ambientes abertos e em áreas florestais apresentam baixo número de regenerantes, sugerindo que a espécie não apresenta capacidade auto-regenerativa, nas 2 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL condições deste estudo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, D. F. Estatística Básica. Lavras: Editora da UFLA. 2005. 664 p. LAMPRECHT, H. Ensayo sobre unos métodos para el Análisis Estructural de los bosques tropicales. Acta Científica Venezolana, v. 13, n. 2, p. 57-65, 1962. NAZARENO, A. G. Conservação de Butia eriospatha (Martius ex Drude) Beccari (Arecaceae): uma espécie da flora brasileira ameaçada de extinção. 2013. 141 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. REITZ, R. (1974) Palmeiras. In: Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí, SC: Herbário Barbosa Rodrigues. SAMPAIO, M. B.; GUARINO, E.S.G. Efeitos do pastoreio de bovinos na estrutura populacional de plantas em fragmentos de floresta Ombrófila Mista. Árvore,Viçosa, v. 31, n. 6, p. 1035-1046, 2007. SOUZA, A. L. Estrutura, dinâmica e manejo de florestas tropicais. Viçosa: UFV, 1990. 122 p. (Notas de aula). 3