RELAÇÕES DE MASSA A ciências nas ultimas décadas tem avançado de forma muito rápida, de forma a contribuir bastante para a sociedade. A química possibilitou a humanidade uma melhora substancial em sua qualidade de vida, pois a partir de seus princípios foram criados medicamentos, combustíveis, alimentos, tecidos, polímeros, etc. No entanto, para que a Química fosse economicamente viável, tivemos que aprender a manuseá-la e quantificala. A quantificação nos permitiu saber exatamente o quanto gastar de reagentes e o quando produzir. Nesse capítulo estaremos tratando conceitos fundamentais que conseguiram quantificar a Química e transformar sua indústria. UNIDADE DE MASSA ATÔMICA (u) Quando pesamos um pacote de açúcar e dizemos que ele pesa 5 kg, estamos comparando a massa do pacote com certa massa-padrão, que é o quilograma. É muito importante, tanto nas atividades em laboratório como nas indústrias, saber antecipadamente as quantidades de reagentes que devemos usar para obter a quantidade desejada de produtos. Generalizando, podemos dizer que para pesar ou medir alguma coisa torna-se necessário: • Escolher um padrão, o que é feito sempre arbitrariamente; por exemplo, nós pesamos o pacote de açúcar em quilograma; já os ingleses o pesariam em libra (que corresponde a aproximadamente 0,454 kg); • Usar uma unidade (ou seus múltiplos ou submúltiplos) compatível com a grandeza a ser medida; por exemplo, para pesar caminhões, navios etc., é mais conveniente utilizar toneladas do que miligramas; de fato, um caminhão que pesa 10 toneladas pesa também 10.000.000.000 mg, mas o primeiro número é, sem dúvida, muito mais prático para nossos cálculos. Os átomos e as moléculas são partículas tão pequenas que as unidades usuais não seriam convenientes (por exemplo, hoje, sabemos que um átomo de hidrogênio pesa aproximadamente 0,000000000000000000000001660 g). Qual seria, então, a unidade conveniente para pesar átomos e moléculas? Surgiu então entre os químicos a idéia de usar um certo átomo como padrão de pesagem dos demais átomos e moléculas. Atualmente, o padrão escolhido é o átomo do isótopo de carbono de número de massa igual a 12 (é o átomo que possui 6 prótons e 6 nêutrons em seu núcleo). Esse átomo foi atribuída arbitrariamente a massa 12 (para coincidir com seu número de massa); então, desse átomo separou-se uma fração correspondente a 1 , que é usada 12 unidade internacional para a medida das massas atômicas e moleculares. Assim, resulta a definição: Unidade de massa atômica (u) é igual a átomo de isótopo de carbono-12 (C12). 1 12 da massa de um , O C12 foi escolhido em 1962 e é usado atualmente em todos os países do mundo. Hoje com auxilio de ferramentas é possível determinar experimentalmente que a unidade de massa atômica (u) vale aproximadamente 1,66 . 10-24 grama. MASSA ATÔMICA Vamos supor que existisse uma “balança imaginária” com sensibilidade suficiente para pesar um único átomo. Vamos supor, ainda, que fosse possível efetuar a seguinte pesagem: • Colocar um único átomo de flúor num dos pratos da balança; • No outro prato, colocar gradativamente as frações correspondentes à unidade de massa atômica (u). Notaríamos que são necessárias 19 u para equilibrar o átomo de flúor; dizemos, então, que a massa atômica do flúor é 19 u. Concluindo, podemos dizer que: Massa atômica é a massa do átomo medida em unidades de massa atômica (u). A massa atômica indica quantas vezes o átomo considerado é 1 , mais pesado que 12 do isótopo do C12 . As massas atômicas dos diferentes átomos podem ser determinadas experimentalmente com grande precisão, usando um espectrômetro de massa. Para facilitar nossos cálculos não usaremos esses valores exatos; faremos um “arredondamento” para o número inteiro mais próximo: MASSA ATÔMICA DE UM ELEMENTO A massa atômica de um elemento é a média ponderada das massas atômicas de seus isótopos. Vejamos como se calcula a massa atômica do elemento neônio, que é constituído de três isótopos. Logo, a massa atômica do elemento neônio será igual a 20,179 u, e a sua representação na tabela periódica é feita conforme indicado na ilustração ao lado. MASSA MOLECULAR Com as moléculas, pode ser repetido o que foi feito com os átomos. Vamos considerar novamente a “balança imaginária”. Se pudéssemos colocar, por exemplo, uma única molécula de CO2 em um dos pratos da balança, notaremos que são necessárias 44 unidades de massa atômica (u) no outro prato, a fim de equilibrar a balança. Dizemos, então, que a massa molecular do dióxido de carbono (CO2) é 44 u. Dessa idéia resulta a definição geral: Massa molecular é a massa da molécula medida em unidades de massa atômica (u). De acordo com o que já foi dito para as massas atômicas, podemos repetir que amassa molecular indica quantas 1 , vezes a molécula considerada é mais pesada que 12 do isótopo do C12 . É a soma das massas atômicas dos átomos que constituem as moléculas. O cálculo prático da massa molecular é feito considerando que uma molécula é uma “soma” de átomos. Daí concluiremos que o caminho mais fácil para obter a massa molecular é exatamente o de somar as massas atômicas dos átomos formadores da molécula considerada. Voltemos ao exemplo do CO2 : Mais dois exemplos de cálculo de massas moleculares, a partir das massas atômicas aproximadas: CONSTANTE DE AVOGADRO OU NÚMERO DE AVOGADRO Como contar a quantidade de grãos de arroz existentes num saco de 5 kg? Existe uma maneira mais prática do que contar os grãos um por um. Inicialmente contamos certa quantidade de grãos e determinamos sua massa. A seguir estabelecemos uma relação entre a massa dessa quantidade fixa e a massa do arroz contida no saco. Veja como isso pode ser feito: Vamos supor que 100 grãos de arroz tenham massa de 2 g. Usando a relação entre massa e número de grãos, temos: Um procedimento semelhante nos permite descobrir o número de partículas numa amostra. Amedeo Avogadro (1776-1856) foi o primeiro cientista a conceber a idéia de que uma amostra de um elemento, com massa em gramas numericamente igual à sua massa atômica (MA), apresenta sempre o mesmo número de átomos (N). Avogadro não conseguiu determinar o valor de N. Ao longo do século XX, muitos experimentos — bastante engenhosos — foram feitos para determinar esse número N, denominado posteriormente Número de Avogadro (Constante de Avogadro), em homenagem ao cientista. Esse número (N) tem como valor aceito atualmente: Em uma massa em gramas numericamente igual à massa atômica, para qualquer elemento, existem 6,02.10-23 átomos. Em uma massa em gramas numericamente igual à massa molecular (MM), para qualquer substância molecular, existem 6,02.10-23 moléculas. Em 201 g de mercúrio existem 6,02.1023 átomos deste elemento. Em 342 g de sacarose há 6,02.1023 moléculas desta substância. Em 18 g de água encontramos 6,02.1023 moléculas de água. CONCEITO DE MOL No cotidiano, várias mercadorias são vendidas “em conjunto” ou “por atacado”. Normalmente não se compra um ovo, mas sim uma dúzia de ovos; não se compra uma folha de papel, mas sim uma resma de papel (pacote com 500 folhas); não se compra um tijolo, mas sim um milheiro de tijolos (1.000 tijolos); e assim por diante. Na Química, ocorre algo semelhante. O átomo é tão pequeno que é impossível “trabalhar”, “pesar” etc. um único átomo. Mesmo uma dúzia, uma resma, um milheiro de átomos são quantidades extremamente pequenas. Os químicos procuraram então uma quantidade de átomos que pudesse ser “pesada” em balanças comuns. A escolha mais lógica foi considerar uma quantidade de átomos que, “pesada”, fornecesse em gramas, o mesmo número já estabelecido como massa atômica. Veja, por exemplo, o caso do ferro (representação esquemática): Evidentemente o mesmo raciocínio pode ser feito em relação a moléculas, íons etc. Pois bem, a esse conjunto de N partículas foi dado o nome de mol. A definição oficial de mol, de acordo com o Sistema Internacional de Unidades (SI), é: Mol é a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades elementares quantos átomos existem em 0,012 kg de carbono-12. Como em 12 g de C12 existem 6,02.1023 átomos: Mol é a quantidade de substância que contém 6,02.1023 entidades. A palavra mol, introduzida na Química por Wilhem Ostwald em 1896, vem do latim mole, que significa “monte”, “amontoado” ou “quantidade”; observamos também que foi da palavra mole que se originou molécula, significando pequena quantidade. Mas, afinal, quanto vale esse número N que utilizamos para chegar ao conceito de mol? Hoje sabemos que seu valor é aproximadamente 602.000.000.000.000.000.000.000 (ou, abreviadamente, 6,02.1023 partículas/mol). A esse valor foi dado o nome de constante de Avogadro, em homenagem ao químico italiano Amedeo Avogadro. Avogadro intuiu que esse valor seria constante, mas somente técnicas mais modernas permitiram determinar seu valor numérico. Atualmente a constante de Avogadro pode ser determinada, com razoável precisão, por vários métodos: eletrólise, emissões radioativas, raios X (medindo-se a distância entre os átomos num cristal) etc. É importante assinalar que os vários métodos dão resultados concordantes. A constante de Avogadro (6,02.1023) é extremamente grande. Se pudéssemos contar, uma por uma, todas as moléculas existentes em 1 mol (342 g) de sacarose (que é o açúcar comum), contando uma molécula por segundo, demoraríamos 190.000.000.000.000 séculos para completar a contagem! O SI estabelece que quando se utiliza o mol, as entidades elementares devem ser especificadas, podendo ser átomos, moléculas, íons, elétrons, assim como outras partículas ou agrupamentos especificados em tais partículas: Exemplificando, temos: Enfim, mol deve ser entendido como quantidade de matéria ligada a um número de partículas — uma noção tão simples quanto dúzia, resma, milheiro etc. MASSA MOLAR (M) Massa molar é a massa que contém 6,02.1023 entidades. Sua unidade é grama mol–1 (g/mol). ou Massa molar (M) é a massa, em gramas, de um mol da substância (ou elemento ou íon etc.). Veja alguns exemplos: Usualmente as quantidades das substâncias, dos elementos, dos íons etc. são dadas em gramas (ou quilogramas ou toneladas etc.). Entretanto, todos os cálculos químicos se simplificam se usamos as quantidades de matéria na sua unidade — mol. Torna-se então muito importante aprendermos a transformação de gramas em mols. Vejamos, então, alguns exemplos desse cálculo da quantidade de mols (n): m = massa de uma amostra de substância. M = massa molar. EXEMPLO : Quantos mols correspondem a 88 g de dióxido de carbono (CO2)? (Massas atômicas: C = 12; O = 16) Resolução: REFERÊNCIAS 1. Usberco, João.Química — volume único / João Usberco, Edgard Salvador.— 5. ed.reform. — São Paulo : Saraiva, 2002. 2. Feltre, Ricardo, 1928- .Química / Ricardo Feltre. — 6. ed. — São Paulo : Moderna, 2004. Cara, esse professor Vai me “MATAR” !!!