5 5 Módulo Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação As pessoas podem duvidar do que diz, mas elas acreditarão no que faz. Lewis Cass Índice Objetivos 9 Introdução 11 Comunicação: algumas definições 12 As funções da comunicação 14 Tipos de comunicação Tipos de comunicação no contexto de formação profissional Estilos pessoais de comunicação Estilo passivo Estilo agressivo Estilo assertivo 15 18 19 20 20 20 Elementos facilitadores da comunicação Fidelidade da Comunicação Nível de conhecimentos Sistemas sócio-culturais Tratamento e apresentação 21 21 22 22 23 Realização de conclusões 24 O feedback 24 Empatia 25 Escuta Ativa 26 Contributos para uma comunicação interpessoal eficaz Habilidades de transmissão Habilidades auditivas Habilidades de feedback 29 29 29 29 Como se pode comunicar 30 A Descomunicação Preconceitos, estereótipos e crenças Em grande medida, ouvimos o que queremos ouvir Barreiras à comunicação eficaz 33 34 35 35 5 Dinâmica de Grupo e Estilos de Liderança 39 Definição de grupo39 O grupo na formação40 O que se sabe sobre os grupos 40 Atividades de grupo40 Desenvolvimento do grupo41 Estilos de Liderança41 Estilo Autoritário ou Autocrático41 Efeitos no Grupo42 Estilo “Deixa Andar” ou Liberal42 Efeitos no Grupo42 Estilo Democrático43 Efeitos no Grupo43 Gestão da Comunicação Pedagógica45 Elementos em comunicação45 A importância dos reforços positivos 47 Fatores inerentes à comunicação47 Fatores Pessoais47 Fatores Sociais49 Fatores Fisiológicos51 Fatores de Personalidade51 Fatores de Linguagem52 Fatores Psicológicos53 Conflitos na relação pedagógica54 Significado de conflito na relação pedagógica 54 A situação de formação possui um grande potencial de conflito 55 Origens do conflito56 Heterogeneidade de idades, experiência ou escolaridade 56 Luta pela liderança56 Relação de competição ou de sedução 56 Características internas de cada indivíduo 56 Procedimentos de Prevenção do Conflito 57 Atitudes positivas58 PNL - Programação Neurolinguística61 Introdução 63 O que é PNL? Níveis Lógicos 63 65 Os Pressupostos Básicos da PNL 66 Sistemas Representacionais, as Âncoras e, a Técnica de Ancoragem Sistemas Representacionais As Âncoras 69 69 73 Técnica de Ancoragem 74 Calibragem e Movimentos Oculares Movimentos Oculares 77 78 O Rapport Dicas de auxiliares Neurolinguísticos 81 83 A Comunicação em PNL 87 Como melhorar a comunicação Exercício - O Ponto Cego Exercício – Indução de um estado de concentração 89 91 92 Conclusão 93 Bibliografia 94 OBJETIVOS Pretende-se que cada formando, após este módulo esteja apto a: Compreender a dinâmica formador-formandos-objeto de aprendizagem, numa perspetiva de facilitação dos processos de formação; Compreender os fenómenos psicossociais, nomeadamente o da liderança, decorrentes nos grupos em contexto de formação; Gerir diferentes grupos de trabalho, com fortes condições de potenciar a discriminação e bloquear a aprendizagem; Compreender a dinâmica da individualidade de aprendizagem no seio de um grupo de trabalho; Reconhecer a importância do mediador de grupos de trabalho. INTRODUÇÃO Pretende-se, com este manual, auxiliar a sistematização de algumas noções introdutórias à formação. Assim, serão abordadas questões básicas da Relação Pedagógica face a um grupo de adultos/formandos em situação de ensino-aprendizagem. Contudo, a exploração dos temas em sala permite aprofundar, compreender e descobrir outras perspetivas relativamente aos diversos conteúdos. A situação pedagógica é um contexto extremamente rico, onde a diversidade de experiências e a conjunção de diversas variáveis torna impossível a transmissão de "receitas pré-fabricadas". Para além dos conhecimentos teóricos que possa adquirir, o formador terá de aliar o "bom senso", a sensibilidade e a flexibilidade necessárias a uma boa adaptação a cada situação, pois cada formando, cada grupo de formandos e cada formador são únicos. Torna-se, pois, pertinente abordar a temática da comunicação, condição indispensável à atividade do formador. Num enunciado simples (necessariamente incompleto, mas que será expandido ao longo do manual), a comunicação pode ser concebida como “qualquer processo através do qual uma informação é transmitida de um elemento para outro” (Roland & Françoise, 2001, pp. 156). É imperativo perceber a forma como se estrutura a comunicação, isto é, como o processo comunicacional se desenvolve, bem como as possíveis barreiras comunicacionais. Para com isto tornar a comunicação, em contexto formativo o mais eficaz possível, procurando transmitir os conteúdos a abordar com uma margem mínima de erro. O Manual abordará transversalmente os conteúdos relativos ao tema da comunicação tentando percorrer a complexidade das dinâmicas estabelecidas em contexto formativo. Será também abordado o conceito de grupo e a suas implicações e importância, bem como os estilos de liderança. Para terminar explora-se a PNL como facilitador no processo da comunicação. 11 COMUNICAÇÃO: ALGUMAS DEFINIÇÕES A comunicação envolve mais do que simples palavras e gestos trocados ... mais do que simples mensagens enviadas por um emissor a um recetor ... comunicar é muito mais que isso, há toda uma dinâmica subjacente que lhe confere uma complexidade, por vezes, pouco valorizada. Talvez, por isso, e desde sempre, a comunicação tem sido objeto de estudo de diversas áreas do conhecimento científico. Primeiro, na Grécia Antiga, com os estudos sobre a Retórica, posteriormente e até meados do século XXI, com estudiosos como Marshall McLuhan, Theodor Adorno e Paul Lazarsfeld, a trazerem esta discussão para o plano académico, o estudo da comunicação humana tem assumido um papel essencial no entendimento do comportamento humano e das interações que se estabelecem entre indivíduos. É certo que, nem sempre, ao longo dos tempos, a comunicação foi entendida da mesma forma, mas foram as sucessivas discussões em torno do que é ou do que deve ser, que tornaram possível perceber hoje a complexidade deste conceito. Primeiramente, as competências individuais de comunicação resultam de processos de aprendizagem, nomeadamente da aprendizagem social. A observação do comportamento comunicacional de outros indivíduos constitui uma fonte essencial de aquisição dos comportamentos operacionais que integram as principais competências da comunicação. Porém, a sua adequação aos diferentes contextos de interação social depende da obtenção de feedback por parte dos outros, e do controlo cognitivo sobre as condições e os efeitos da sua utilização. O principal problema que se pode apontar em torno deste conceito é que, geralmente, a maioria das pessoas acha, que no domínio das competências de comunicação e relacionamento, no que lhes diz respeito, não há nenhum problema. Tomam por garantida a eficácia da sua comunicação, esquecendo, ou ignorando que o processo de comunicar a nossa realidade a outra pessoa tende a ser um empreendimento difícil e potencialmente equívoco. De facto, a comunicação humana é complexa por natureza, envolvendo simultaneamente o uso da linguagem oral, o comportamento não-verbal que a acompanha e a perceção do contexto em que ocorre a interação. Parece existir um acordo generalizado acerca do modelo que aparentemente melhor representa o processo de comunicação verbal, o qual passamos a apresentar. Desta forma, o processo de COMUNICAÇÃO 12 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação assenta na existência de um código, o qual consiste num sistema de signos que conduz à organização de mensagens, permitindo que dois organismos, Emissor e Recetor, possam processar a informação nelas contida através de um processo de Descodificação. A comunicação seria consumada com a ocorrência de Feedback, o qual ocorre quando o resultado do impacto da mensagem do receptor é transmitido, voluntária ou involuntariamente, ao emissor. Assim, a comunicação consiste no processo de transmissão de uma mensagem codificada entre um emissor e um receptor, do seu consequente processamento e descodificação, e feedback relativo ao que foi efetivamente recebido (Cunha, Rego e Cardoso, 2006). MENSAGEM CODIFICAÇÃO RECETOR EMISSOR DESCODIFICAÇÃO RESPOSTA FEEDBACK “Se está aceite que todo o comportamento, numa situação de interacção, tem valor de mensagem (ou seja, é comunicação), segue-se que, por muito que o indivíduo se esforce, é-lhe impossível não comunicar. Actividade ou inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui um valor de mensagem: influenciam outros, e estes, que por sua vez podem não responder a essas comunicações e, portanto, estão eles próprios comunicando. Deve ficar claramente entendido que a mera ausência de falar (...) Não constitui excepção ao que acabamos de dizer. (…) [Por exemplo] o passageiro de avião que se senta de olhos fechados [comunica que não quer falar a ninguém, nem que falem com ele]. (…) Tampouco podemos dizer que a ‘comunicação’ só acontece quando é intencional, consciente ou bem sucedida, isto é, quando ocorre uma compreensão mútua.” Cunha, m. P., Rego, a. & Cardoso, c. (2006) 13 AS FUNÇÕES DA COMUNICAÇÃO Tal como vimos até agora, todos nós comunicamos permanentemente, não sendo possível pensar-se a vida sem comunicar. Como refere Watzlawick e colaboradores (1981, cit. Pereira 2008, pp. 52) todo o comportamento numa situação social tem valor de mensagem, o mesmo é dizer que é comunicação. A atividade ou inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui o valor de uma mensagem. A comunicação não só transmite informação, mas ao mesmo tempo impõe um comportamento, portanto, afeta o comportamento, residindo aqui a sua dimensão pragmática. Desta forma, a comunicação não é um processo simples e linear, pelo contrário, é um processo complexo que envolve vários sistemas de comunicação que interagem entre si na codificação e descodificação das mensagens e que vão determinar uma multiplicidade de funções. O conhecimento dessas funções é imprescindível à compreensão de toda a riqueza dos processos comunicacionais. Neste sentido, passamos a expor as funções da comunicação. Função referencial: é a função principal da comunicação e diz respeito à troca de informações de determinado assunto, objeto ou acontecimento: desenvolve-se, essencialmente, através do mapa semântico da linguagem, embora em certas situações possa ser utilizado o modo não-verbal para acentuar, esclarecer ou ilustrar o que é dito através das palavras; neste caso, para que esta função seja atingida, é necessário que os interlocutores partilhem a mesma estrutura semântica e que haja coerência entre o comportamento verbal e não-verbal; Função interpessoal (ou expressiva): diz respeito ao que é comunicado no plano interpessoal; quando trocamos uma informação esta nunca é neutra em relação ao “mundo”, é sempre uma comunicação entre quem fala e os seus interlocutores; portanto, as informações trocadas não são apenas representações explícitas do conteúdo semântico, mas também da relação existente entre os participantes (estatuto social, poder, amor, hostilidade, afetividade, etc.); Função de auto e heterorregulação (ou de verificação): esta função também denominada de instrumental ou de regulação é orientada para a concretização de determinados objetivos; para os atingir existem as seguintes possibilidades em termos linguísticos: a forma mais direta, expressa como “pedido” ou como “ordem” e a forma mais indireta, quando se associam à ação formas verbais como “convém”, “seria preciso”, ou “é necessário”, a adequabilidade destas formas depende de vários aspetos ligados ao contexto e aos participantes; Função de coordenação das sequências interativas permite: estabelecer o início e a manutenção da interação; neste âmbito a comunicação não-verbal desempenha um papel fundamental, pois permite a 14 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação “segmentação” do fluxo do discurso e a sincronização das intervenções dos participantes; Função de metacomunicação: diz respeito à “comunicação sobre a comunicação” através do aspeto relacional, o que implica ter a noção de que o comportamento do próprio pode ser diferente do dos outros e evidenciar os aspetos relacionais inerentes à troca comunicativa; a comunicação não-verbal assume aqui também um lugar de destaque. Analisadas as várias funções da comunicação, convém referir que todo o acontecimento comunicacional pode desempenhar em simultâneo mais de uma função, pelo que a sua compreensão implica uma análise plurifuncional. Convém sublinhar que a comunicação não é constituída apenas pela dimensão verbal, mas também pela não-verbal, constituindo a linguagem corporal uma dimensão fundamental da interação. Toda a comunicação tem um conteúdo e indica uma relação. TIPOS DE COMUNICAÇÃO Como já tivemos oportunidade de verificar, a comunicação pode ser entendida como o ato de transmitir informação codificada por forma a que o recetor a descodifique e interprete. No decorrer deste processo a informação pode ser codificada e enviada por duas vias, a verbal e a não-verbal. Passaremos de seguida a analisar estes dois tipos de comunicação. Comunicação verbal A comunicação é dinamizada pela linguagem e esta nasce daquilo que os indivíduos percebem uns dos outros. Contudo, a linguagem verbal já não detém na interação humana, o papel de exclusividade que tradicionalmente lhe era atribuído. ORAL COMUNICAÇÃO VERBAL ESCRITA 15 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF Neste sentido, o valor da comunicação não depende apenas do valor semântico das palavras utilizadas, mas do impato intelectual e principalmente emocional que os símbolos expressos produzem no interlocutor (Finkler, 1982, cit. Maria, 2008, pp. 55). No entanto, a linguagem é considerada a forma mais complexa, eficaz e evoluída de comunicação e tem sido alvo de interesse ao longo de toda a história da humanidade. Comunicação não-verbal Tal como referido anteriormente a comunicação não se refere apenas às palavras, à sua estrutura e sentido, mas também à vertente não-verbal, à linguagem do corpo e ao contexto onde é produzida, constituindo um sistema comunicacional único. Assim, quando as pessoas interagem entre si, a comunicação entre elas não passa só pelas palavras mas também pelas mensagens não-verbais, de natureza diversa, que as acompanham, podendo estas constituir só por si um ato de comunicação particularmente eficaz. As mensagens não-verbais são determinantes nas relações interpessoais, podendo facilitar ou dificultar todo o processo de comunicação, pois, por vezes, surgem erros de descodificação o que condiciona as atitudes dos intervenientes. Para evitar estes erros devemos, então, ser coerentes e ter o mesmo significado do que exprimimos através dos gestos e das atitudes. Postura Gestos Expressões faciais Intensidade e ritmo da voz Outros movimentos corporais Comunicação Não-verbal 16 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL: O comportamento não-verbal, como já referido, desempenha um papel muito importante nas dinâmicas comunicacionais que se estabelecem. Não só reforça o conteúdo da mensagem a transmitir oralmente, como leva a um complexo jogo de descodificação. A construção do significado da mensagem pelo recetor é influenciada pelos indicadores linguísticos e extra-linguísticos transmitidos pelo emissor, o que leva a um complexo processo de significação, em que o recetor se serve de diversos elementos como por exemplo, expectativas, hipóteses, crenças sobre o estado mental do interlocutor, juntamente com dados do ambiente e eventual informação proveniente das frases de diálogos que tenham estabelecido anteriormente. A linguagem não constitui apenas um meio de descrição neutra de coisas, ideias, ou acontecimentos, ela formata a representação que os outros constroem dos conteúdos das nossas mensagens. Veja-se, por exemplo, como a linguagem utilizada por dois emissores reflete diferentes graus de poder face ao interlocutor: 1. “Peço desculpa, não sei como dizer isto… mas acho que não vou conseguir entregar-lhe o relatório no prazo. Tive um problema pessoal…, hum… e….. acho que não vou conseguir, desculpe…” 2. “Não vou poder acabar o relatório dentro do prazo. Tive uma urgência pessoal e é impossível terminar hoje. Entregar-lho-ei na próxima quinta-feira.” 17 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF É importante salientar a importância que devemos dar à Comunicação Não-Verbal pois ela formata a representação que os outros constrõem dos conteúdos das nossas mensagens… TIPOS DE COMUNICAÇÃO NO CONTEXTO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL Comunicação verbal Não se deve falar nem muito baixo nem muito alto. Não se deve falar nem muito depressa, nem muito devagar, deve ser-se equilibrado. Devem evitar-se as gírias, como por exemplo “pronto”, “ok”. Devem pronunciar-se corretamente as palavras, articulando corretamente todas as palavras. As variações do tom de voz devem ser mais graves ou mais agudas consoante a importância que queremos demonstrar num determinado tema. Não se deve utilizar um tom monocórdico. A linguagem deve ser adaptada ao público-alvo; não utilizar vocábulos que possam ser desconhecidos. Comunicação não-verbal Não se devem cruzar braços ou pernas. Olhar sempre para os formandos e não para um ponto abstrato. Não se deve gesticular demasiado, sempre o necessário. Deve evitar-se ficar encostado a algum objeto, mas sim circular pela sala. Não deve utilizar gestos que demonstrem que se encontra nervoso, deve exibir confiança. Não deve mastigar pastilha elástica. Não se deve olhar para o relógio excessivamente. Não se devem colocar as mãos nos bolsos. 18 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação ESTILOS PESSOAIS DE COMUNICAÇÃO Duas pessoas que querem dizer a mesma coisa podem fazê-lo de modo bastante distinto, sendo que os efeitos sobre os destinatários podem ser bastante diferenciados. As pessoas têm determinadas tendências comunicacionais que podem facilitar ou dificultar o processo de comunicação. Imagine uma situação em que um colaborador lhe pede para sair mais cedo do trabalho, por uma questão pessoal. Qual seria a sua resposta mais provável, de entre as três seguintes? • • • Sentia muito desconforto se tivesse que dizer ‘não’ e pedia-lhe desculpa. Reagiria de acordo com a avaliação da situação (do que está previsto, do serviço e dele). “Oiça lá, se eu lhe fizer este favor, abrirei um precedente e terei que fazê-lo a todas as pessoas que mo pedirem. Nem pense nisso”. Nestas possibilidades estão patentes três estilos: O primeiro é de tipo PASSIVO. O segundo é de tipo ASSERTIVO. O terceiro é de tipo AGRESSIVO. Cada um de nós tende a possuir um perfil misto, ou seja, caracterizado pela mistura dos três estilos. No entanto, enquanto alguns possuem um perfil “equilibrado”, outros revelam uma tendência mais vincada num dos estilos. A pessoa é assim porque tem dificuldade em defender os seus interesses, em comunicar o que pensa e em entrar em desacordo com os outros (mas não porque não seja orgulhosa ou goste de ajudar). Por vezes, a pessoa sente-se incompreendida e julga que os outros é que deveriam saber onde podem chegar. 19 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF ESTILO PASSIVO O indivíduo: Evita o conflito. Desiste facilmente quando é desafiado. Não sendo capaz de alcançar os seus objetivos, acaba por ficar com sentimentos de culpa, ressentimentos e auto-imagem negativa. A pessoa é assim porque tem dificuldade em defender os seus interesses, em comunicar o que pensa e em entrar em desacordo com os outros (mas não porque não seja orgulhosa ou goste de ajudar). Por vezes, a pessoa sente-se incompreendida e julga que os outros é que deveriam saber onde podem chegar. ESTILO AGRESSIVO O indivíduo: Tende a procurar alcançar os seus objetivos atacando os outros. Faz ameaças, ataques pessoais, intimidações. É sarcástico. Tem explosões emocionais. É hostil. Não coopera. Tende a duvidar da sua capacidade de resolver construtivamente os problemas, isto é, através da confrontação direta, responsável e mútua. ESTILO ASSERTIVO O indivíduo: É capaz de defender, construtivamente, os seus próprios direitos mas também os dos outros. É franco e direto. Acredita que a abertura e a transparência é preferível ao secretismo. É firme na defesa dos seus ideais. A assertividade consiste em defender a nossa esfera individual, de forma direta, aberta e honesta, sem abusar da esfera individual do nosso interlocutor. Como postura típica: “Penso deste modo, sinto que isto deve ser feito desta maneira, mas estou disponível a ouvi-lo e a conhecer a sua posição”. 20 Formação ELEMENTOS FACILITADORES DA COMUNICAÇÃO FIDELIDADE DA COMUNICAÇÃO Tanto no emissor como no recetor existem alguns fatores capazes de aumentar ou prejudicar a fidelidade da comunicação. As habilidades de comunicação para traduzir as intenções comunicativas são, por isso, fundamentais pois o emissor tem que utilizar capacidades codificadoras que lhe permitam, por exemplo, dispor as palavras de forma a expressar ideias com clareza, usar corretamente as regras gramaticais, pronunciar claramente, conseguir utilizar os vários canais à sua disposição, organizar o pensamento e as ideias claramente, etc. Atitudes A predisposição ou tendência do indivíduo para se aproximar ou associar a um objeto ou para se afastar, dissociar do objeto, reflete-se de igual modo, na co-municação. A atitude que se tem para consigo próprio pode afetar a forma da comunicação e a sua qualidade. Se o formador não se sente à vontade na matéria, ou pensa que não vai conseguir impressionar favoravelmente o grupo de formandos mais velhos do que ele, ao dirigir-se ao grupo poderá fazê-lo de modo confuso, "atrapalhando-se" na linha de raciocínio. Esta forma de comunicar certamente causará uma impressão negativa junto dos recetores. Por sua vez, a retenção da nova informação por parte do formando que confia nas suas capacidades, ou que acredita ter experiências interessantes para partilhar, é, muito possivelmente, facilitada pela sua atitude. A atitude perante o tema da comunicação é, por isso, um condicionamento a ter em conta. A simpatia ou aversão aos conteúdos pode afetar tanto a sua expressão, por parte do emissor, como a sua captação e assimilação, por parte do recetor. Se o tema se enquadrar no campo dos interesses e motivações de ambos, a qualidade de comunicação será mais conseguida. Regra geral, quando os temas são do agrado do grupo de participantes, a motivação e a recetividade são beneficiadas à partida. Do mesmo modo, o entusiasmo do formador ao falar de algo que lhe agrada tem um efeito contagiante junto dos formandos. A atitude do emissor ou do recetor, para com o outro interlocutor, sendo positiva ou negativa, afeta, também, a trans-missão da mensagem ou a forma como o recetor a irá receber. Todos nós tendemos a avaliar a fonte de informação. Se um formador ao apresentar-se no curso, diz ter uma formação académica em matemática, e que vai conduzir as sessões do módulo 21 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF motivação humana, imediatamente a atitude avaliativa dos formandos penderá para o polo negativo no que respeita à preparação teórica do formador. Este aspeto da influência das atitudes será desenvolvido mais tarde, nas distorções comunicativas. Nível de conhecimentos É difícil comunicar o que não se conhece. Por outro lado, se o emissor for ultra-especializado e empregar fórmulas comunicativas demasiado técnicas pode acontecer que o nível de conhecimentos do recetor lhe bloqueie o sucesso da intenção comunicativa. O conhecimento que o emissor possui sobre o próprio processo de comunicação influencia o seu comportamento comunicativo. Conhecendo as características do recetor, os meios pelos quais poderá produzir ou tratar as mensagens, os canais a utilizar, as suas próprias atitudes, etc., o emissor determina em parte, o percurso da comunicação, podendo contribuir para uma maior fidelidade. Sistemas sócio-culturais Para além dos fatores pessoais, o meio social e cultural em que o emissor e o recetor se movem constitui um poderoso determinante do processo comunicativo. O papel social de cada um, o estatuto e prestígio, as crenças e valores culturais por eles interiorizados, os comportamentos aceitáveis ou não aceitáveis na sua cultura, tudo determina o tipo de comportamento comunicativo adotado. O sistema social e cultural dirige, em parte, a escolha dos objetivos que se tem a comunicar, a escolha das palavras, os canais que se usam para expressar as palavras. O emissor perceciona a posição social do recetor e molda o seu comportamento de acordo com ela. O formador comunica muito diferentemente com um grupo de gestores de vendas ou quadros superiores de uma empresa, com um grupo de jovens em formação pedagógica, com os seus amigos, com a sua esposa, ou outros. Mensagem Existem três aspetos básicos a considerar na transmissão de informação: o código, o conteúdo e o tratamento e apresentação da mensagem. Código O código é um grupo de símbolos ou sinais capaz de ser estruturado de modo a ter significado para alguém. A língua possui um conjunto de elementos - o vocabulário - e um conjunto de métodos que permitem 22 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação combinar esses elementos de forma significativa - a sintaxe. Quando codificamos uma mensagem (função do Emissor) cabe-nos decidir quais os elementos a utilizar e como é possível combiná-los (antecipando o seu impacto no Recetor). Conteúdo Equivale ao material da mensagem escolhido pelo Emissor para exprimir o seu objetivo de comunicação. Por exemplo, num livro, o conteúdo da mensagem abrange as afirmações do autor, as informações que apresenta, as conclusões que tira, os pontos de vista que propõe. Tratamento e apresentação As decisões do Emissor quanto à forma, apresentação e conteúdo das mensagens cabem neste ponto. Para temas semelhantes, é possível usar de alguma flexibilidade e transformar os conteúdos, estilo de linguagem, canais e meios de comunicação, de acordo com as características da população a que se destinam. Não perdendo de vista as necessidades reais dos participantes, o Formador poderá enfatizar este ou aquele aspeto, tentando relacioná-lo com a experiência profissional, interesses e motivações dos seus formandos. A formalidade de postura e da linguagem utilizada deve variar consoante o padrão sociocultural médio do grupo. Para grupos cuja escolaridade é baixa, os termos técnicos e teóricos deverão ser cuidadosamente empregues; em grupos de profissionais aos quais é exigida uma apresentação formal e um relacionamento mais rígido na sua área de atividade, é prudente não descurar esta característica no modo como nos dirigimos aos formandos. A apresentação da mensagem deverá ser "brilhante"! Como? • • • • • Criativa! Sintética! Objetiva! Multivariada: utilização de transparências, visionamento de vídeos, gravações áudio, revistas, escrita no quadro, recortes de jornais. Atraente: cuidada ao nível da composição gráfica, da variedade e conjugação de cores, do tempo de duração dos vídeos e do próprio tratamento dos conteúdos, conter entusiasmo, a comunicação oral deve ser estruturada e bem sequenciada. 23 REALIZAÇÃO DE CONCLUSÕES Ao estruturar a mensagem que pretende transmitir aos formandos, o formador fornece um contexto geral, de introdução ao tema e que lhe confere um sentido, situa-o num todo mais vasto. Após o desenvolvimento e análise dos principais aspetos, o tema obriga a uma conclusão. Concluir é: - Fazer uma síntese global; - Acentuar os pontos essenciais; - Evitar incluir novos assuntos; - Avaliar os resultados alcançados, ao nível dos formandos e ao nível do formador; - Enfatizar os aspetos positivos, não esquecendo os objetivos menos conseguidos; - Relacionar o que foi dito e feito com o trabalho futuro. A importância da síntese final, enfatizando as principais conclusões e pontos desenvolvidos, é tanto maior se pensarmos na estrutura da memória humana. A recetividade e a retenção são maiores para as informações transmitidas em primeiro e último lugar. Os políticos estão bem cientes deste facto, deixando para o meio do seu discurso aquilo que menos importa para os seus eleitores. A repetição dos pontos essenciais e a síntese final ficarão muito mais sólidos na memória dos formandos do que o desenvolvimento ao longo da sessão. O FEEDBACK O feedback é a reação do recetor ao comportamento do emissor. Fornece informação ao emissor sobre o impato da sua ação sobre o recetor, sobre o sucesso na realização do seu objetivo comunicativo. Ao responder, o recetor exerce controlo sobre as futuras mensagens que o emissor venha a codificar, promovendo a continuidade da comunicação. O feedback é, assim, um poderoso instrumento de influência ao nível de quem envia informação. Se o feedback for compensador, o emissor mantém o seu comportamento; se não for, este modifica-o a fim de aumentar as suas 24 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação probabilidades de êxito. Se na comunicação frente-a-frente o feedback é máximo, no caso de canais como a televisão, o rádio, os jornais e revistas essa possibilidade é mínima. Neste caso, é o comportamento de compra dos consumidores que tem valor como feedback. O conhecimento e o uso do feedback aumentam a eficácia da comunicação interpessoal. As pessoas que são consideradas "boas comunicadoras" normalmente estão atentas aos sinais comunicativos do interlocutor; são boas observadoras de reações. EMPATIA A comunicação interpessoal dificilmente será satisfatória sem um elemento extremamente importante - a atitude empática. Um indivíduo tem capacidade empática se no decorrer da interação for capaz de sentir o que sentiria se estivesse na posição da outra pessoa. De uma forma geral, podemos entender a empatia como a capacidade de inferir estados internos ou traços de personalidade do outro, comparando-os com as nossas próprias atitudes e, simultaneamente, tentar perceber o mundo tal como essa pessoa o percebe. Esta atitude, que respeita o outro e a sua expressão, caracteriza-se por um esforço sincero de nos colocarmos no seu lugar, "vestirmos a sua pele", de compreender o seu contexto emocional e vivencial. O interlocutor sente, assim, a sua individualidade respeitada e a sua expressão não deformada. Esta confiança favorece a abertura dos indivíduos e estimula a comunicação. A atitude empática nasce espontaneamente com mais facilidade nalguns indivíduos do que noutros, mas pode ser adquirida através de "um trabalho sobre si próprio". Evitando conceitos ou julgamentos anteriores à mensagem em si e despindo a interação, tanto quanto possível de elementos subjetivos, consegue-se uma atitude de neutralidade orientada para o outro e excelente para uma comunicação efetiva. A empatia funciona também como uma técnica preventiva de conflitos ou interações hostis. Numa interação, o comportamento de um dos participantes influencia o comportamento do outro e vice-versa. 25 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF “Comportamento gera comportamento”. É frequente esquecermo-nos de que a forma como os outros se comportam connosco resulta, a maior parte das vezes, da forma como nos comportamos em relação a eles. Uma atitude ativamente empática muito frequentemente produz reações da mesma natureza nos interlocutores. Partindo desta noção de que o nosso comportamento tem o poder de determinar, em parte, o comportamento dos outros, então, podemos induzir que controlando a nossa comunicação obteremos reações previsíveis no recetor. O comportamento não é algo pré-determinado, hereditário ou automático; os indivíduos podem escolher comportamentos e formas de comunicar que promovam a qualidade das interações interpessoais, particularmente em contexto de formação profissional. Para tal, basta estar atento e recetivo às mensagens que ocorrem no aqui e agora, atender às necessidades dos formandos e compreender o seu contexto emocional, evitando as distorções comunicativas. FACTO: a observação de um rosto a exprimir emoções ativa em nós as áreas cerebrais que correspondem a essas emoções. ESCUTA ATIVA “Um colunista social conta a história de uma festa para que foi convidado. O hóspede preocupava-se tanto em suscitar impressões positivas nos seus convidados…que não ouvia o que eles diziam. O colunista decidiu pregar-lhe uma partida. Chegou à festa deliberadamente tarde. Quando entrou, explicou-se: “peço desculpa por este atraso, mas a verdade é que matei a minha mulher esta tarde e tive dificuldade em esconder o seu corpo na mala do carro”. O hóspede respondeu-lhe: “bem, o importante é que você chegou; agora a festa pode realmente começar”. Cardoso, M. P., Rego, A., & Cardoso, C. (2006) 26 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação Alguns fatores que podem levar o formador a não escutar ativamente: -Preocupações com coisas alheias à formação; -Preocupação excessiva em causar boa impressão; -Ao ouvir, o formador está concomitantemente a pensar no que irá proferir, o que faz com que não escute com atenção; -Desconcentração com adornos físicos quer no formando quer no formador, como por exemplo, a roupa, os movimentos corporais, jóias, relógio, etc.; -Inquietação ou agitação por ter qualquer coisa mais para fazer; -Desinteresse pelo tema abordado. Não basta ouvir, é necessário entendermos o significado daquilo que ouvimos, ou seja, saber interpretar para podermos dar um feedback positivo. “(…) A escuta é activa pela atenção que prestamos ao conjunto da expressão do outro, mas sobretudo pelo que captamos emocionalmente. A empatia não consiste em pensar e sentir o mesmo que o outro, mas em “estar” com ele, acompanhá-lo com o coração, compreende-lo e aceitálo, em suma. Trata-se da aceitação dele como pessoa, para lá das suas convições ou condutas, com as quais podemos estar ou não de acordo.” Xavier Guix (2008) Escuta ativa = Feedback, desempenho e reforço positivo 27 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF Se o formador escutar correctamente a mensagem emitida pelos formandos irá conseguir retribuir com um feedback e consecutivamente dar-lhes-á um reforço positivo, estimulando desta forma a sua participação e aprendizagem. Caso o formador não ofereça feedback aos formandos pode acontecer: O formando pode ficar apático, mostrando-se envergonhado e retraído em voltar a participar; O formando poderá questionar o conhecimento e métodos pedagógicos do formador, pondo em causa, desta forma o aproveitamento da formação; Mais uma vez…não basta ouvir, é necessário entendermos o significado daquilo que ouvimos, ou seja, sabermos interpretar para podermos dar um feedback positivo. “O controlo da conversa é tido por quem escuta e não por quem fala” Xavier Guix (2008) Quanto mais envolvidos os formandos estiverem na formação maior será a inclusão da aprendizagem. Cabe ao formador utilizar os recursos e métodos pedagógicos adequados à estimulação do grupo. 28 Formação CONTRIBUTOS PARA UMA COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL EFICAZ HABILIDADES DE TRANSMISSÃO Usar linguagem apropriada e direta (evitar uso de calão, ou termos eruditos quando palavras simples forem suficientes); Fornecer informações tão claras e completas quanto possível; Usar canais múltiplos para estimular vários sentidos do recetor; Usar comunicação “facial” sempre que possível. HABILIDADES AUDITIVAS Escuta ativa: a chave para essa escuta ativa é a vontade e a capacidade de escutar a mensagem completa (verbal e não-verbal), e responder apropriadamente ao conteúdo e à intenção (sentimentos e emoções) da mensagem. Como formador é importante criar situações que ajudem as pessoas a expressar o que realmente querem dizer. Empatia: a escuta ativa exige uma certa sensibilidade relativamente às pessoas com quem estamos a tentar comunicar. Reflexão: uma das formas de se aplicar a escuta ativa é reformular sempre a mensagem que tenha recebido. A chave é refletir sobre o que foi dito sem incluir um julgamento, apenas para testar o seu entendimento da mensagem. Feedback: como a comunicação eficaz é um processo de troca bidirecional, o uso de feedback é mais uma forma de se reduzir falhas na comunicação e distorções. HABILIDADES DE FEEDBACK Assegure-se de que quer ajudar (e não se mostrar superior); No caso de feedback negativo, vá direto ao assunto, começar uma discussão com questões periféricas e rodeios pode conduzir à ansiedade ao invés de a minimizar; Descreva a situação de modo claro, evitando juízos de valor; Concentre-se no problema (evite sobrecarregar o recetor com excesso de informações ou críticas); Esteja preparado para receber feedback, visto que o seu comportamento pode estar a contribuir para o comportamento do recetor; Ao encerrar o feedback, faça um resumo e reflita sobre a sessão, para que o entendimento sobre o que foi dito seja o mesmo para os interlocutores. 29 COMO SE PODE COMUNICAR Movimentos, sons, imagens, palavras - como é que se pode comunicar? Todo o comportamento é comunicação; as nossas ações são sempre passíveis de interpretação por parte dos outros, é-nos impossível não comunicar. Se está numa sala de espera antes de uma entrevista, e a secretária à sua frente mantém os olhos baixos e uma atitude concentrada, a mensagem captada é "não quero comunicar". Então, evitar a interação é todavia interagir: comunica-se essa intenção de evitamento de alguma forma, influencia-se o comportamento do outro de algum modo. O estilo comunicativo define a relação entre os agentes da comunicação. O controlo do comportamento não-verbal é algo precioso para o formador. Os gestos, as expressões, os olhares, a entoação de voz, são componentes da comunicação que devem estar em sintonia com o que se diz, auxiliando e antecipando a mensagem oral. As discrepâncias entre os dois níveis de comunicação - verbal e não verbal - dificultam a relação e originam, frequentemente, mal-entendidos e conflitos. Um comunicador expressivo recorre aos gestos como complemento e suporte da expressão oral. A utilização do espaço A gestão do espaço físico condiciona, de início, o desenrolar da comunicação. Não é por acaso que a disposição em U é usualmente praticada na Formação. Esta é uma configuração facilitadora da comunicação. Todos os elementos do grupo se encontram face-a-face. Naturalmente os seus olhares convergem para o centro-frente, posição ocupada tradicionalmente pelo formador. Os formandos mais dominantes, extrovertidos, auto-confiantes tendem a ocupar posições centrais. As zonas intermédias ou mesmo extremidades são normalmente preferidas pelos formandos mais tímidos, introvertidos. Os observadores passivos ficam, assim, resguardados do olhar do formador e dos colegas. A utilização que o formador fez do espaço é deveras importante na definição do estilo comunicativo do grupo. 30 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação O formador que se coloca sentado atrás da sua mesa, ou num estrado, está defendido na sua "armadura" e transmite um distanciamento em termos de papel e estatuto em relação aos formandos. A qualidade expressiva e a recetividade à comunicação é favorecida quando o formador: • • • Apoia a comunicação verbal com os gestos coordenativos, descritivos, etc; Desloca-se na sala, marcando o ritmo, aproxima-se e recua face aos formandos, acompanhando as próprias pausas, entoações e exclamações com o movimento e postura corporal; Solicita a atenção e/ou participação dos outros formandos com o olhar direto, com gestos apelativos (mas não inquisitivos), com uma atitude corporal recetiva. Saber emitir facilita a comunicação É fundamental para quem transmite informação conhecer bem o objetivo a comunicar. A familiaridade do formador em relação aos temas a divulgar deverá ser elevada para que a comunicação resulte organizada, precisa, e de fácil entendimento por parte dos formandos. Consegue-se transmitir de forma mais atrativa aquilo que se domina. A flexibilidade de expressão, bem como a modelagem dos códigos e canais utilizados aos diferentes grupos de participantes, é mais trabalhada quando o formador se sente seguro dos objetivos e domina os temas em foco. Possuindo ideias precisas e claras, as frases surgem mais organizadas e os significados são claros para quem os interpreta. Evita-se, assim, a comunicação ambígua, desordenada, pouco estimulante e confusa. O formador deve procurar relacionar as intervenções e comentários emergentes do grupo e, sempre que possível, enquadrar as intervenções marginais no debate ou na exposição da matéria. Cuidar do nível não-verbal da comunicação é imprescindível a um bom comunicador. A mímica deve ser adequada às palavras e significados expressos oralmente. Se os olhos são "o espelho da alma", apresentar-se é olhar os outros nos olhos. 31 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF Olhar enquanto se fala, reforça as palavras, aumentando o poder persuasor do discurso. Um olhar esquivo significa, eventualmente, desinteresse, fuga, falta de autoconfiança ou incompetência, provocando no interlocutor uma atitude de distanciamento e desagrado. A imagem do formador deve ser cuidada. Não se trata de defender meras convenções. Como já foi referido, as pessoas tendem a classificar as outras segundo esquemas pré-determinados construídos e assimilados com base em determinantes socioculturais. Assim, mal entra na sala, o formador é avaliado pelos formandos num primeiro instante, a partir da sua imagem pessoal, da forma como se veste, da sua postura e do modo como se movimenta. Esta primeira impressão é importante para o desenvolvimento da relação pedagógica. Um formador bem apresentado é geralmente associado à competência, empenho profissional e respeito pela atividade exercida. No entanto, uma apresentação demasiadamente formal poderá ser algo inibitória para determinados grupos de características etárias ou socioeconómicas específicas. Saber ouvir facilita a comunicação Tal como já vimos, a comunicação interpessoal dificilmente será satisfatória se o emissor não adotar duas atitudes fundamentais: a escuta ativa e a atitude empática. Ser um ouvinte ativo significa: Começar a ouvir desde a primeira palavra; Escutar atentamente todas as opiniões; Concentrar-se no que está a ser comunicado, e não se precipitar tentando adivinhar o que os seus interlocutores vão dizer; Manifestar a sua atenção e recetividade através de comportamentos e sinais verbais ["sim, sim", "hum, hum"], acenando com a cabeça e olhando para quem fala; Gerir os silêncios sem impaciência ou ansiedade; Não interromper a comunicação do interlocutor, deixando-lhe espaço para se expressar; Não interpretar o que o outro diz sem ter bases suficientes para o compreender , mas sim fazer perguntas e colocar questões de forma a suscitar a participação do interlocutor e obter esclarecimentos sobre o que ele quer expressar. É, contudo, aconselhável não colocar questões diretas que possam ser sentidas pelos participantes como um pouco inquisidoras. 32 Formação A DESCOMUNICAÇÃO O significado da minha comunicação é medido pela resposta que obtenho do outro. Xavier Guix (2008, pp 37) Comunicar é uma arte de gerir mensagens, enviadas e recebidas, nos processos de interação. Mas não apenas, o tempo, o espaço, o meio físico envolvente, o clima relacional, o corpo, os fatores históricos da vida pessoal e social de cada indivíduo, as expetativas e os sistemas de conhecimento que moldam a estrutura cognitiva condicionam e determinam o “jogo” relacional do Ser Humano. O processo comunicativo está longe de corresponder a uma circulação linear e objetiva de informação entre dois indivíduos ou grupos. Existem diversos fatores perturbadores da comunicação que o formador não deve desconhecer de modo a superá-los. O primeiro nível de distorção pode ocorrer logo na fonte ou emissor, e reside na diferença entre o que se quer transmitir e o que de facto se transmite. O código utilizado pode não ser o mais indicado para expressar as ideias ou objetivos a comunicar. Se o formador quiser descrever uma máquina industrial, será melhor sucedido ao apresentar um esquema gráfico do que ao tentar transmitir oralmente como é que a máquina é construída, quantas peças, ligamentos, etc. é que a compõem. Por outro lado, poderá existir pouca objetividade na codificação, se a informação transmitida não é suficiente ou, pelo contrário, existe em excesso. É o caso do formador que para explicar um conceito simples, produz um discurso muito extenso, repleto de termos técnicos e adjetivação excessiva. A adequação da mensagem ao recetor é outra questão extremamente importante. É preciso não esquecer que a comunicação é um processo bilateral, se se quiser que o recetor capte com clareza a mensagem. A codificação deve ser adaptada ao repertório de conhecimentos, estatuto sociocultural e atitudes do recetor. No percurso entre a transmissão e a receção da mensagem outras interferências podem 33 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF surgir. Aquilo que transmitimos não será exatamente aquilo que o outro recebe, se ocorrerem ruídos/barulhos, conversas paralelas, comunicações simultâneas, ou outras interferências. Quando finalmente a mensagem chega ao recetor é ainda provável que exista alguma diferença entre aquilo que este recebe e o que pensa que recebeu. A atitude face ao emissor, a maior ou menor simpatia por este, pode afetar a recetividade e a interpretação da mensagem. Existe sempre uma atitude de avaliação da fonte de informação, das suas intenções e do grau de confiança que desperta ao recetor. PRECONCEITOS, ESTEREÓTIPOS E CRENÇAS Aquilo em que acreditamos ou pensamos acerca dos outros, e consequentemente avaliamos positiva ou negativamente, é muitas vezes adquirido através da perceção enviesada ou distorcida que fazemos da realidade. O Ser Humano tem absoluta necessidade de compreender o mundo e conferir ordem às coisas. Para reduzir a incerteza, inerente à grande complexidade do universo social (e físico), os mecanismos mentais tendem a simplificar a realidade. Assim, arrumamos as pessoas em categorias, "gavetas" às quais atribuímos algumas características, acreditando que, a partir daí, podemos prever o seu comportamento. Ao longo do nosso desenvolvimento vamos construindo imagens dos outros através dos conhecimentos apreendidos no seio da sociedade e da cultura onde nos inserimos. Aprendemos a classificar as pessoas segundo grupos sociais e a atribuir a cada um destes grupos características específicas. Estas crenças sociais poderão ser confirmadas ou infirmadas pela nossa experiência de vida. Transportamos, então, na mente, imagens, expetativas, ideias préconcebidas acerca da maneira como serão algumas das pessoas, situações ou eventos e que irão distorcer a perceção da realidade, num sentido subjetivo. Quer isto dizer que vemos os indivíduos como representantes da imagem que fazemos das diferentes categorias sociais; este facto pode-nos conduzir a erros ao avaliar os outros. Preconceito: atitude aprendida em relação a um objeto-alvo, envolvendo sentimentos negativos (não gostar ou ter medo), crenças negativas (estreótipos) que justificam a atitude e uma intenção comportamental de evitar, controlar, dominar ou eliminar o objeto-alvo. 34 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação Estereótipos: Generalizações sobre um grupo de pessoas no qual as mesmas características são atribuídas a todos os membros. Crenças: atitude de adesão a uma proposição (sob a forma de enunciado ou de representação) cuja verdade nem sempre pode ser demonstrada. No contexto pedagógico, a utilização abusiva de estereótipos e preconceitos no relacionamento com os participantes é nefasta, pois: Limita a quantidade e qualidade da informação captada; Aumenta o risco de não se reagir à situação presente e à pessoa real e sim às nossas ideias pré-concebidas; Aumenta o risco de se elaborarem interpretações deturpadas dos acontecimentos; Torna o formador numa pessoa rígida, inflexível, com resistência à mudança; Origina situações potencialmente conflituosas, discriminações, malentendidos, comunicações ambíguas e tensões negativas no grupo. As atitudes, e em particular, as crenças e os estereótipos servem a necessidade fundamental do Ser Humano de simplificar o mundo de modo a conseguir prever e orientar-se nas relações com as pessoas e situações, mesmo quando a informação presente é escassa; Preconceitos, estereótipos e crenças também podem dificultar a compreensão objetiva e clara do momento presente, do comportamento dos outros e comprometer a "atitude profissional", de recetividade e neutralidade, que o formador e todas as pessoas que lidam com outras na sua profissão devem adotar. EM GRANDE MEDIDA, OUVIMOS O QUE QUEREMOS OUVIR Estão sempre presentes na interação comunicativa expectativas e ideias pré-concebidas acerca do que as pessoas são e daquilo que querem dizer. Porque muitas vezes não "estamos a ver" o Sr. X a afirmar tal coisa, mesmo que ele o faça, acabamos por não o perceber. A perceção que cada indivíduo tem da realidade e das outras pessoas é sempre seletiva: mesmo inconscientemente, os nossos mecanismos percetivos filtram a informação privilegiando aquela que, por alguma razão, tem mais a ver com os nossos interesses, rejeitando e distorcendo outra, para que não colida com aquilo em que acreditamos ou conhecemos. BARREIRAS À COMUNICAÇÃO EFICAZ Sobrecarga de informação: quando temos mais informações do que aquelas que conseguimos processar, ordenar e utilizar. 35 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF Tipo de informações: as informações que se identificam com o nosso autoconceito tendem a ser melhor recebidas e aceites do que dados que venham contradizer o que já sabemos. Em muitos casos negamos aquelas que contrariam as nossas crenças e valores. Fonte de informação: como algumas pessoas contam com mais credibilidade do que outras (status), temos tendência a acreditar nessas pessoas e desconfiar de informações recebidas de outras. Localização física: a localização física e a proximidade entre emissor e recetor também influenciam a eficácia da comunicação. Atitude defensiva: uma das principais causas de muitas falhas de comunicação ocorre quando um ou mais dos participantes assume uma postura defensiva. Indivíduos que se sintam ameaçados ou sob ataque tenderão a reagir de forma a diminuir a probabilidade de entendimento mútuo. 36 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação A RETER… Podemos concluir que a comunicação é um conceito extremamente complexo, que envolve a difícil tarefa de pôr em comum a nossa realidade com a de outrem; Envolve um complexo processo constituído por um emissor, um recetor, uma mensagem codificada, seguida de um processo de descodificação e de feedback; Que se torna essencial desenvolver/reforçar competências ao nível do relacionamento interpessoal e da comunicação; Podemos concluir que a comunicação é gerida por várias funções, sendo que a cada uma delas corresponde a determinados elementos; Em suma, podemos concluir que as pessoas têm determinadas tendências comunicacionais que influenciam determinantemente o processo comunicacional. A postura que melhor se ajusta e que maximiza o potencial de uma conversa é uma postura de assertividade. A assunção deste estilo comunicacional caracteriza-se pela defesa do nosso ponto de vista sem desrespeitar o ponto de vista do interlocutor. O comportamento dos formandos, a sua postura, expressões, humor, brincadeiras ou sarcasmos, questões, dúvidas, afirmações e opiniões, enfim, toda a riqueza da situação face-a-face em termos de feedback, é extremamente útil para o formador regular e corrigir a sua forma de comunicar com o grupo. 37 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF TESTA OS TEUS CONHECIMENTOS… 1) Classifique as seguintes afirmações de acordo com a sua veracidade: ___ Atitudes, postura e tom de voz são exemplos de elementos nãoverbais da comunicação. ___ Empatia significa aceitar tudo o que nos dizem. ___ Ser assertivo é declinar, sem analisar ou tentar perceber, toda a informação que não está de acordo com a nossa opinião. 2) Complete a seguinte afirmação de modo a que faça sentido. O processo de comunicação assenta na existência de um ____________, o qual consiste num sistema de signos que conduz à organização de mensagens, permitindo que dois organismos, _____________ e ____________, possam processar a informação nelas contida através de um processo de ____________ . 38 Formação DINÂMICA DE GRUPO E ESTILOS DE LIDERANÇA DEFINIÇÃO DE GRUPO Enquanto ser sociável, o Homem vive em relação com os seus semelhantes, relações essas que podem ocorrer de várias formas e em diversos contextos. Em função dessas relações, os indivíduos aglomeramse em grupos. Assim sendo podemos entender um grupo como um conjunto de pessoas diferentes mas que, contudo, se identificam, pois partilham, por exemplo, os mesmos objetivos e necessidades. Os elementos do grupo regulam as suas interações adotando as mesmas cren-ças, normas, regras e padrões de comportamento. Só assim é possível existir interdependência e cooperação, de modo a se atingir os objetivos ou satisfazer as necessidades do grupo. Todas as pessoas pertencem a um número considerável de grupos: o departamento da empresa, a família, os amigos, os vizinhos, a equipa de futebol, os escuteiros, o partido político, etc. O indivíduo comporta-se como membro de um grupo desde que tenha consciência que partilha dos mesmos valores, regras e objetivos, característicos dos outros elementos que formam o grupo. Não é preciso conhecer todos os adeptos do clube de futebol para sentirmos "que é o nosso clube", e comprar o respetivo emblema. Basta reconhecermo-nos como adepto, como membro desse grupo. Todos os pequenos grupos, enquanto entidade viva e dinâmica, evoluem, ultrapassando diversas etapas ou fases de desenvolvimento durante o seu período de vida. 39 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF O GRUPO NA FORMAÇÃO O grupo é uma realidade poderosa nas situações formativas. O formador necessita de saber lidar com essa realidade. As funções do formador são as de regular as atividades do grupo, canalizar as suas energias, garantir um clima propício à aprendizagem. As técnicas de trabalho em grupo permitem, ainda, desenvolver as capacidades de comunicação dos formandos. No grupo desenvolve-se um maior número de interações verbais e são os formandos os atores dessas interações. As atividades que um grupo de formação realiza contribuem para a produção de novos saberes, para novas práticas e para o desenvolvimento de cada elemento desse grupo. O QUE SE SABE SOBRE OS GRUPOS Na bibliografia científica existente sobre este tema encontramos alguns indicadores que importa trazer para aqui. Passemos a refletir a partir desta informação. Um grupo de trabalho intelectual produz resultados superiores quando comparado com apenas um elemento. O grupo tem ao dispor um maior número de informações, maior variedade de ideias, e a discussão dessas ideias gera novas ideias. Os indivíduos que trabalham em grupo aprendem mais do que sozinhos. Este facto deve-se à sinergia, à osmose social (tendência para aceitar as regras do grupo) e ao acréscimo de ideias a circular. Memoriza-se melhor o que se aprende em grupo. As decisões tomadas em grupo tendem a tornar-se comportamentos estáveis. ATIVIDADES DE GRUPO Existem várias maneiras de organizar as atividades de formação em grupo. Apresentam-se, a seguir, as mais habituais: Grupo simples/mesma tarefa - todos os grupos realizam a mesma proposta de trabalho. As diferentes abordagens vão enriquecer o trabalho final; Grupo/multifunção - cada elemento do grupo realiza uma tarefa que faz parte de uma atividade do grupo, mais complexa, articulada a outras atividades de outros grupos; Grupo/tarefas diferentes - num projeto, cada grupo realiza atividades que vão ter significado, quer durante o processo, quer na fase final do projeto. Podem ainda utilizar-se as energias do grupo para aperfeiçoar atividades/soluções para problemas. Cada grupo vai, sucessivamente, experimentar melhorar as soluções propostas por um outro grupo. 40 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação O mesmo acontece com o grupo de formação. Na primeira etapa, que poderemos designar a génese do grupo, o conjunto de formandos não é muito mais do que um aglomerado de pessoas. DESENVOLVIMENTO DO GRUPO Desenvolvimento orientado para a tarefa; Desenvolvimento orientado para a relação. As forças implicadas no desenvolvimento orientado para a tarefa produzem comportamentos que visam a prossecução do objetivo elaborar, analisar, trocar informação, sintetizar. ESTILOS DE LIDERANÇA De seguida, debruçar-nos-emos nos Estilos de Liderança transmitidos pelo formador ao executar o seu papel no grupo de formação. ESTILO AUTORITÁRIO OU AUTOCRÁTICO • • • • • • • • • • O formador concentra o poder de decisão em relação aos objetivos, conteúdos e métodos de trabalho. Explica por etapas e não fornece uma visão global das tarefas. Situa-se fora do grupo e não se envolve com as tarefas. Mantém o distanciamento máximo necessário à imposição do seu estatuto de líder. Sanciona distrações e interações. Mantém a comunicação centrada nos conteúdos programáticos, impedindo a expressão individual. É o pólo emissor e recetor das mensagens, controlando as redes de comunicação. Controla resultados por feedback individual. Enfatiza erros. Não reforça sucessos. A avaliação assume a forma de crítica individualizada. Atitudes de avaliação, orientação e interpretação. 41 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF • • • • Efeitos no grupo Produção elevada em quantidade. Clima do Grupo negativo e nível motivacional baixo. Não há expressão dos conflitos que permanecem latentes. Não há lugar para a criatividade e expressão individual. ESTILO “DEIXA ANDAR” OU LIBERAL • • • • • • • • • • O formador apresenta o conjunto das tarefas mas delega todo o poder de decisão ao grupo quanto aos métodos de trabalho. Situa-se fora do grupo, sentindo-o como uma ameaça. Faz pacto de não incomodar se não o incomodarem. Não intervém nas crises ou afirma-se de forma incoerente. Não controla resultados. Se solicitado utiliza uma falsa atitude nãodiretiva: "O que é que acha?"; "Faça como lhe parecer melhor..." Exerce uma falsa liderança, demitindo-se do seu papel. Efeitos no grupo A comunicação é, num primeiro momento, elevada, chegando à euforia. Posteriormente, a comunicação anárquica é substituída por descontentamento e desmotivação. O grupo corre o risco de se desmembrar e afastar-se por completo das atividades e objetivos estipulados. A produção é muito diminuta. 42 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação ESTILO DEMOCRÁTICO • • • • • • • • • • O poder de decisão não está concentrado no formador. O grupo possui certa autonomia na tomada de decisões. O grupo participa na fixação dos objetivos e métodos de trabalho. O formador intervém nas crises mais relevantes. É o grupo e cada um dos seus membros que controla os resultados. Atitudes de apoio, exploração, interpretação e empatia. A comunicação é abundante, existindo alternância de papéis de emissor e recetor dentro do grupo. Efeitos no grupo A produtividade é elevada, embora possa não atingir os níveis do estilo autoritário. Em compensação, a criatividade é estimulada e o grupo consegue encontrar novas fórmulas e soluções não aprendidas. O clima afetivo é positivo e há maior motivação. O grupo torna-se coeso e adquire uma verdadeira identidade. A RETER… Um grupo é um conjunto de dois ou mais indivíduos com um objetivo comum; interdependentes; que adotam regras, normas e sanções que regulam o seu comportamento no âmbito do grupo; onde cada um desempenha um papel; e coopera para que o grupo atinja o seu objetivo; O formador ou animador gere a vida do grupo, assegurando que as suas diferentes funções se realizam e que os objetivos são alcançados; O formador pode adotar diferentes estilos de gestão do ambiente pedagógico, autoritário, liberal ou democrático, com diferentes consequências na produtividade e no clima psicológico do grupo; Os líderes são peças fundamentais no desenvolvimento, caminho escolhido e identidade de cada grupo. 43 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF TESTA OS TEUS CONHECIMENTOS… 1) Classifique as seguintes afirmações de acordo com a sua veracidade: ___ No Estilo autoritário ou autocrático o líder situa-se dentro do grupo e envolve-se em todas as tarefas do grupo. ___ No Estilo “deixar andar” ou liberal o líder apresenta o conjunto das tarefas mas delega todo o poder de decisão ao grupo quanto a métodos de trabalho. 44 Formação GESTÃO DA COMUNICAÇÃO PEDAGÓGICA A comunicação é uma das dimensões principais no universo do Homem. A capacidade de comunicar oferece a cada Ser Humano a possibilidade de concretizar o seu desenvolvimento psíquico e social pleno e permite a existência de grupos, organizações, sociedades e culturas. A comunicação é, desta forma, um fenómeno dinâmico e evolutivo, cujo principal objetivo é permitir a interação entre indivíduos ou grupos. Neste sentido, o processo comunicativo diz respeito ao conjunto de técnicas verbais e não-verbais capazes de influenciar ou manipular o ambiente social. No mesmo sentido, o contexto de ensinoaprendizagem é um ambiente de comunicação por excelência. Da comunicação gerada no seio do grupo em formação depende o sucesso da aprendizagem, o concretizar dos objetivos pedagógicos, o clima afetivo e o nível motivacional do grupo e a realização pessoal do formador. Torna-se vital para o futuro do Formador de Topo conhecer os fundamentos do processo comunicativo e algumas das suas implicações, para que lhe seja possível gerir a comunicação de forma positiva, desenvolvendo uma relação pedagogicamente eficaz com os seus formandos. ELEMENTOS EM COMUNICAÇÃO Num sistema de comunicação estão presentes os seguintes componentes: emissor ou fonte, mensagem, canal, recetor, feedback ou reação. Iremos seguidamente dar enfâse a cada um deles e analisar a sua inter-relação. Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação): afigura quem pensa, codifica e envia a mensagem. O emissor é quem inicia o processo de comunicação. A codificação da mensagem pode ser feita transformando o pensamento que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem. Canal de transmissão da mensagem: é a ligação entre o emissor e o recetor e representa o meio através do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande variedade de canais de transmissão, cada um deles com vantagens e inconvenientes: destacam-se o presencial (no caso do emissor e recetor estarem frente a frente), o telefone, os meios eletróni-cos e informáticos, a rádio, a televisão, entre outros. Recetor da mensagem: representa quem recebe e descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção que a descodificação da mensagem resulta naquilo que efetivamente o emissor pretendia 45 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF enviar (por exemplo, em diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recetores para a mesma mensagem. Ruídos: representam obstruções, mais ou menos intensas, ao processo de comunicação e podem ocorrer em qualquer uma das suas fases. De-nominam-se ruídos internos se ocorrem durante as fases de codificação ou descodificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal de transmissão utilizado e consoante as características do emissor e do recetor, sendo, por isso, um dos critérios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do tipo de codificação. Feedback (ou retro-informação): representa a resposta do recetor ao emissor da mensagem e pode ser utilizada como uma medida do resultado da comunicação. Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de transmissão. Modelo Linear de Comunicação Emissor Ideia Decodificação Compreensão Feedback Ruído Receção Codificação Transmissão Feedback Ruído Recetor Prof. Flávia Guimarães 46 Formação A IMPORTÂNCIA DOS REFORÇOS POSITIVOS Um Estudo de Caso para Refletir “Ausência de elogios” “A minha diretora esconde as suas emoções. Nunca elogia nada que eu faço. Convenci um cliente muito importante a passar cerca de trezentos mil dólares por ano de faturação para quase o dobro. A sua reação quando lhe contei não foi ‘bom trabalho’, mas: “é claro que aceitaram a tua oferta – era um bom negócio”. Não havia qualquer emoção na sua voz, nem calor ou entusiasmo. Depois limitou-se a afastar-se. Quando contei aos outros gestores de vendas a minha venda, todos eles me felicitaram. Foi a maior venda da minha vida, e a minha diretora não reconheceu todo o trabalho que fiz para conseguir o negócio. Comecei a sentir que devia haver alguma coisa errada comigo, mas outras pessoas sentem o mesmo acerca dela. Nunca mostra qualquer sentimento positivo ou dá qualquer encorajamento, nem em pequenas coisas nem em coisas grandes. (…) A nossa equipa é produtiva, mas não existe qualquer sentido de ligação com ela”. O recurso a reforços positivos por parte do formador para com os formandos é uma forma importante de facilitar a aprendizagem e captar a atenção dos mesmos. FATORES INERENTES À COMUNICAÇÃO Conhecer alguns dos fatores que podem constituir barreiras à compreensão, ao sentir e ao agir dos atores sociais que pretendem interagir é o propósito que nos orienta. Assim, podemos equacionar uma estrutura de variáveis que, nos processos de comunicação humana, tanto podem facilitar como bloquear ou constituir fontes de ruído nas relações face-a-face. FATORES PESSOAIS Compreendem um conjunto de aspetos que passamos a referir. O nível de profundidade de conhecimento que o indivíduo tem e revela no decorrer da conversa, ou, o nível de conhecimento que os outros intervenientes lhe atribuem ou reconhecem ter sobre o assunto a tratar. Este aspeto pode conduzir à maior ou menor credibilidade a atribuir ao 47 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF emissor e trazer-lhe um estatuto que pode marcar o desempenho do seu papel enquanto comunicador. Outro aspeto a considerar nos fatores pessoais diz respeito à aparência do sujeito. Não há nesta matéria aspetos morais a considerar, no que se refere a padrões de referência. Podemos, no entanto, dizer que não é insignificante, para a maioria das pessoas, a aparência do outro. O aspecto cuidado, ou não, o parecer este ou aquele tipo profissional, o estar ou não enquadrado num ou noutro grupo marca a relação. Mais não seja pelas expectativas que provoca, sobretudo, nas primeiras impressões. Outro aspeto dos fatores pessoais é a postura corporal. Naturalmente que, nesta matéria, há sempre posturas próprias, eminentemente individuais. Mas o que interessa aqui ressaltar são, sobretudo, as posturas corporais que, apesar de pessoais, fazem parte de um léxico social, às quais é possível atribuir significados também sociais. É o caso de uma postura que, em determinados contextos se espera que não seja excessivamente rígida ou excessivamente descontraída. Determinados grupos têm expectativas, por vezes muito elevadas, relativamente às formas que o corpo deve adotar. Caso contrário, corre-se o risco de não ser identificado com o grupo em causa, ou ser considerado como um outsider do mesmo. Também o movimento corporal se insere nos fatores pessoais que podem constituir barreiras à comunicação. Sobretudo em grupos fechados, ou em comunidades pouco abertas ao exterior, a vigilância sobre o movimento corporal dos indivíduos é exercida de forma expectante. Os códigos, por vezes rígidos, de determinados meios sociais coagem os indivíduos à moderação ou à exuberância a que o corpo deve obedecer nos seus movimentos. Certos movimentos do corpo, ou de zonas do corpo, podem ser interpretados como insinuações de ordem sexual em determinados meios, enquanto que noutros os mesmos movimentos podem ser considerados como indicadores de agilidade ou de graciosidade. O importante a reter é a ideia de que a forma como o corpo ocupa o espaço tem um significado social e cultural que, em determinados contextos, o seu valor pode facilitar ou constituir fator de obstrução às relações entre os indivíduos. O contacto visual é também ele um fator pessoal que, apesar de tudo, pode obstruir a interação e provocar momentos de embaraço ou, até, de pânico. O direcionamento, o tempo, o contexto, a oportunidade, a intensidade, o status de quem olha ou de quem é olhado impõem um quadro interpretativo, que cada cultura se encarrega de transmitir aos seus membros, pelo processo de socialização. Os indivíduos sabem, por intuição, os parâmetros que condicionam o contacto visual; aprenderam e interiorizaram, no decorrer do tempo, as regras e os mecanismos de censura que o processo do olhar implica em sociedade. A expressão facial é mais um fator pessoal com repercussões no campo dos relacionamentos. Os códigos sociais e culturais também aqui se fazem 48 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação sentir. As expetativas e as previsões comportamentais que os indivíduos fazem uns dos outros passam pelas mensagens emitidas pela expressão facial. A expressão facial é, talvez, um dos meios de comunicação mais importante nas relações interpessoais, quer para confirmação de expectativas, quer para afirmação de determinados estados de espírito, sejam eles espontâneos ou premeditados. A importância dada socialmente à expressão facial pode determinar, por vezes, a vida de um cidadão. Em determinados contextos, pode ser fatal ou fundamental uma expressão de ódio, de desprezo, de raiva, de desqualificação, de preocupação, de simpatia, de compreensão, de alegria, de bem-estar, de aceitação, etc. A fluência com que os indivíduos falam ou discursam, bem como a articulação, a modulação, o ritmo ou o timbre que emprestam à sua voz não escapam à observação social e cultural de determinados meios. São indicadores pessoais que os restantes atores têm em conta nas relações sociais que estabelecem. As matrizes em vigor em cada sistema social dizem aos indivíduos, muitas vezes, a forma como devem interpretar não só a personalidade como também o carácter e o meio social de origem do orador. Claro está que, neste processo de adivinhação muitos erros e equívocos condicionam as relações interpessoais, constituindo, por isso mesmo barreiras à comunicação não desprezíveis. FATORES SOCIAIS Temos vindo a abordar fatores de origem pessoal que podem afetar a dimensão social das relações. Debrucemo-nos agora, por instantes, sobre alguns fatores sociais, cuja origem a consideramos também social. É o caso da flexibilidade ou da rigidez dos sistemas de conhecimento, que impregnam e condicionam as formas como os indivíduos pensam o mundo. Os sistemas de conhecimento condicionam e são condicionados por uma multiplicidade de fatores. A educação é um deles, ao inculcar nos indivíduos deter-minados princípios como certos e absolutos. Não se pretende com isto fazer a apologia da relatividade axiológica, e muito menos fazer a apologia de determinados princípios educacionais, aqui e agora. A importância desta abordagem permite-nos perceber, de forma objetiva, a marca que podem ter os princípios e os valores na visão dos sujeitos, e isso é importante porque, entre outros aspetos, a forma como cada um vê o mundo pontua as sequências comunicacionais. Havendo fortes discrepâncias na pontuação das interações entre os indivíduos, maior a probabilidade de ocorrência de equívocos e de conflitos nos processos de comunicação. 49 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF Mas não são só os princípios e os valores da educação a determinar os olhares do mundo. A cultura que marca a origem de cada ator social dá aos indivíduos uma orientação normativa às suas formas de pensar, de sentir e de agir. Por isso, os padrões de cultura que embebem o trajeto pessoal e social dos indivíduos geram, frequentemente, aproximação ou afastamento entre si. Como é sabido, a diferença resultante dos padrões culturais pode, em casos extremos, redundar em conflitos e incompreensões, devido a desfasamentos na interpretação das diferenças culturais. Entendemos, por isso, que a presença física por si só dos indivíduos não evita os conflitos relacionais. Só a compreensão, mediante processos de conhecimento, das características de cada padrão cultural permitem uma (re)aprendizagem das diferenças, as quais podem constituir motivos de comunicação e convívio, sem riscos de perda de identidade cultural e social. As crenças ocupam no panorama dos fatores sociais que condicionam os sistemas de conhecimento um lugar proeminente. Pode dizer-se que elas são princípio, meio e fim dos sistemas de conhecimento. Se tivermos em conta que, sobretudo, as crenças que assentam na ignorância ou que tomam como certos determinados princípios podem gerar guerras ou conflitos difíceis de sanar, perceber-se-á a sua importância nos estudos sociológicos. Mas as crenças podem igualmente pontuar os ritmos de vida pessoal e social, ao nível dos estilos de vida, das escolhas de parceiros, de métodos relacionais e, até, de decisões de vida ou de morte, pessoal ou de familiares dependentes de quem toma a decisão. As crenças podem igualmente levar certos indivíduos a acreditar que não vale a pena considerar a vida como um bem, já que a sua passagem pela terra é efémera, ou então porque após a morte haverá um paraíso mais agradável para viver. A complexidade das crenças na vida das pessoas é, pois, um dos fatores que mais riscos pode trazer às relações interpessoais e, por consequência, barreiras à comunicação. As normas sociais são em cada sociedade um fator de duplo sentimento: amor e ódio. As normas sociais parametrizam os comportamentos, e por isso dão aos atores sociais segurança e previsibilidade nas relações entre si. Por isso, todas as sociedades, com maior ou menor firmeza, adotam mecanismos de controlo e de sanções para a cumprimento das suas regras. As normas sociais, através do processo de socialização, dizem aos indivíduos como devem estar no mundo, ao nível orgânico, psíquico, social, cultural e simbólico. A coação que as normas sociais exercem sobre os indivíduos provoca-lhes o receio de serem ou virem a ser considerados desviantes do sistema em que estão inseridos. Por essa razão, é previsível a importância que têm as normas sociais nos padrões de relacionamento e de comunicação entre os diferentes agentes e atores sociais. Os dogmas religiosos, sobretudo quando rejeitam tudo o que possa ir contra determinadas convicções, são um dos fatores sociais que podem 50 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação constituir barreiras à intercompreensão humana. A História está repleta de maus exemplos sobre esta matéria e, apesar dos avanços tecnológicos de comunicação, ainda não foi possível, com frequência e em determinadas zonas, desenvolver contextos propícios à comunicação. Não estão, naturalmente em causa os dogmas em si mesmos, visto que não há religiões sem dogmas. Estão em causa os dogmas que, por princípio, em vez de constituírem um fator de aglutinação e desenvolvimento humano, provocam a desagregação social, o subdesenvolvimento e a ignorância, que só trazem infelicidade. FATORES FISIOLÓGICOS Nem todos os aspetos da fisiologia humana constituem barreiras à comunicação e nem todos os indivíduos valorizam os mesmos fatores como entraves à interação. Todavia, há sujeitos que, portadores de determinado handicap, ou têm eles mesmos dificuldade na interação com os outros, ou são os outros que lhes provocam dificuldades. Estamos perante situações de dificuldade comunicacional com origem em perceções marcadamente pessoais ou com origem em padrões cognitivos resultantes de determinados meios sociais ou culturais. De qualquer forma, interessa salientar a dificuldade que constitui para alguns interlocutores a conversa sobre determinados assuntos que versem, de forma assumida ou tangencial, a deficiência na sua comunicação. FATORES DE PERSONALIDADE A comunicação é, com frequência, complicada, senão mesmo impossível, quando esta procura ocorrer no seio das chamadas personalidades difíceis. Há, neste campo, um conjunto de aspetos que conviria referenciar como potenciadores de bloqueios à comunicação entre os indivíduos. Um deles diz respeito à conhecida auto-suficiência. De facto, torna-se complicado interagir com sujeitos que presumem saber tudo sobre determinado assunto. Por outro lado, a ideia que alguns sujeitos têm de que uma palavra aplicada por diferentes pessoas terá de ter, natural e forçosamente, o mesmo significado entre elas é uma das barreiras à comunicação, que toma a designação de avaliações congeladas. A confusão que constantemente alguns sujeitos fazem entre aquilo que é do foro objetivo e aquilo que é do subjetivo provoca não só dificuldades de compreensão por parte dos outros membros do sistema comunicacional como, não raras as vezes, conflitos. Esta confusão entre 51 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF aquilo que é eminentemente a realidade concreta dos factos e as opiniões que sobre eles se possam ter é razão mais que suficiente para provocar paralisações no processo de entendimento entre os diferentes atores. Se a tudo isto juntarmos a chamada tendência à complicação de alguns atores na cena da vida, ficaremos com uma ideia de quão complexas são as redes comunicacionais e relacionais dos sistemas sociais. FATORES DE LINGUAGEM Para além de tudo o que já foi dito sobre os diferentes fatores que podem constituir dificuldades ao relacionamento humano, podemos ainda equacionar os fatores de linguagem. O uso constante de palavras abstratas por parte de determinados comunicadores é motivo frequente de desorientação e equívocos de compreensão entre os formandos. Não são também raras as vezes que a confusão nos processos comunicacionais tem origem no desencontro de sentidos que cada um dos interlocutores atribui às palavras dos outros e às suas próprias mensagens. Quando os sujeitos em interação não conseguem separar as coisas entre si ou aspetos da realidade que só aparentemente são iguais, estamos perante processos comunicacionais em que predominam as chamadas indiscriminações. Mas as perturbações nos processos de comunicação também podem ter origem no uso frequente de polarizações por parte de um ou mais intervenientes. Com efeito, o uso sistemático de expressões extremas no discurso dos indivíduos pode levar à desacreditação do emissor de tal discurso. Este mecanismo discursivo é uma espécie de tudo ou nada. Para tais emissores, a realidade das situações nunca tem um meio termo - tudo é maximizado na sua linguagem. Como fatores de linguagem é ainda considerada a falsa identidade baseada nas palavras. Numa situação destas, o emissor está crente de que resume numa palavra ou expressão as suas crenças, atitudes ou avaliações. É como se um simples rótulo conseguisse identificar a complexidade dos 52 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação conteúdos que ele expressa. Como se depreende, o recurso sistemático a este mecanismo de simplificação, apesar de constituir para o emissor uma forma cognitiva e discursiva económica, corre o risco de provocar reações adversas e contrárias aos seus objetivos comunicacionais. Finalmente, ainda no campo dos fatores de linguagem, a polissemia apresenta-se-nos como um mecanismo propício ao desencontro de sentidos. O uso siste-mático de vocábulos com dimensões polissémicas diversas induz nas audiências uma fonte de ruído, às vezes difícil de ultrapassar. Só o recurso a mecanismos de redundância pode, por vezes, contrariar as perturbações do processo de comunicação. FATORES PSICOLÓGICOS Há nesta matéria uma variedade de aspetos que podem concorrer para o desenrolar dos padrões de relacionamento. O chamado efeito de halo é um mecanismo que diz respeito ao recurso que determinados sujeitos fazem quando se referem a outra pessoa. Do seu discurso emergem palavras ou expressões que remetem para a generalização de uma pessoa, a partir de apenas uma das suas características. Claro está que, nestes casos o que importa salientar é o enviesamento da informação, o qual pode distorcer a objetividade da comunicação. Um outro mecanismo de dificuldade de relacionamento pode ser o decorrente do designado efeito lógico. Neste caso, o problema centrase na tendência que determinados sujeitos revelam em associar duas características de um indivíduo, como se houvesse uma relação causal linear: se A, então B. Ora, sabendo nós que a realidade nem sempre se rege por esta simplicidade, muito mais prudência deverá haver no estabelecimento desta relação quando se trata de fatores comportamentais. Os processos de comunicação humana não estão imunes a esta dificuldade. Quando determinados indivíduos tendem a enquadrar os outros em tipos sociais ou profissionais, estamos perante os chamados tipos prédeterminados. É um mecanismo a que todos recorremos, por uma questão de economia cognitiva ou percetiva, ou simplesmente como dimensão lúdica, em tentar adivinhar ou prever o outro. O problema não reside no mecanismo de simplificação que este processo implica. Está, sobretudo, ao nível da estigmatização, que por vezes se projeta no outro da nossa relação. A tendência, ou a dificuldade, que alguns sujeitos revelam em situar os outros, objetos da sua apreciação, em valores diversificados, leva-os a perspetivá-los em pontos centrais, medianos, que em nada corresponde, por vezes, à fidelidade de uma apreciação correta. Mais uma vez, o problema maior no campo da interação dirá respeito à falta de objetividade que acaba por marcar as relações interpessoais. A este mecanismo dá-se o nome de efeito de tendência central. 53 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF Finalmente, pertencente ainda aos fatores psicológicos, temos a tendência de alguns indivíduos avaliarem os outros e situá-los no campo extremo da escala de apreciação. A esta deturpação da informação no processo de relacionamento dá-se o nome de efeito de polarização. CONFLITOS NA RELAÇÃO PEDAGÓGICA SIGNIFICADO DE CONFLITO NA RELAÇÃO PEDAGÓGICA Segundo a teoria dos Campos de Força de Kurt Lewin, na génese de um grupo dinâmico estão presentes forças de natureza diferente e que se opõem. Existem no grupo forças de progressão resultantes dos fatores que promovem a formação e a continuidade do grupo. Como exemplo destes fatores, podem salientar-se as motivações dos participantes para se tornarem elementos representativos do grupo, a pressão social para que o grupo se forme (na empresa, no departamento, a nível da sociedade em geral, no seio da família, etc.), os interesses e valores dos participantes entre outros. Como energias contrárias a estas, existem também as forças de regressão, re-sultantes dos fatores inibidores da progressão do grupo. A insegurança psicológica, os receios de competição ou desvantagem, o ter de agir em conformidade com as normas, a aplicação de sanções são exemplos desses fatores. O impato destas forças em oposição provoca uma tensão latente no seio do grupo, tornando-se este, à partida, num organismo potencialmente em conflito. Para que o grupo se desenvolva e progrida há que resolver a tensão interna causada pelas forças contraditórias. Só assim, se poderá atingir o estado de coesão imprescindível para que o grupo atinja os seus objetivos ou finalidades. Então, parece legítimo concluir que o conflito, ou as forças contraditórias que o alimentam, é um elemento promotor de mudança, de avanços e evolução nos grupos. Entende-se que a resolução positiva da tensão intra-grupo dará origem a uma nova dinâmica de funcionamento. Como organismo vivo, dinâmico e único que é, o grupo nasce, cresce e morre, passando por diversas etapas ao longo da sua existência. Tal como acontece com os indivíduos isoladamente, também nos grupos o desenvolvimento ocorre por "saltos", fases de crise, mais ou menos intensas, que proporcionam mudança. Culturalmente é-nos transmitida a noção de que o conflito é algo penoso, mes-mo assustador, que é preciso evitar em nome da tranquilidade 54 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação e da harmonia. Contudo, são os desequilíbrios, os obstáculos, a conjunção de forças contrárias que impedem a estagnação. Todo o desenvolvimento do homem, bem como das suas relações com os outros homens, estão impregnados de conflitos que desencadeiam a mudança e a evolução. O formador age como promotor de mudança a nível das pessoas - de conhecimentos, de profissão ou especialidade, de atitudes, etc. - e dos organismos de que fazem parte - reestruturações, modernizações, etc. A SITUAÇÃO DE FORMAÇÃO POSSUI UM GRANDE POTENCIAL DE CONFLITO A mudança não é encarada pelos indivíduos de forma pacífica. Mesmo reconhecendo a sua necessidade, as forças de regressão fazem-se sentir. Existe uma inércia, uma resistência à mudança, pois esta obriga a um esforço de resolução e adaptação às novas situações que, por sua vez, transportam sempre em si o desconhecido. Na situação de formação existe uma negociação constante, mais ou menos explícita, entre os diversos elementos - formador, formandos, entidade organizadora – relativamente aos objetivos e modelos, por vezes diferentes. Daí que o formador deva assumir uma atitude assertiva por forma a conseguir gerir todas as situações que possam surgir no contexto de formação profissional. Não existe maneira de resolver os conflitos, ou os aborrecimentos falando. É melhor procurar que os sentimentos se encontrem. Xavier Guix (2008, pp. 51) 55 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF ORIGENS DO CONFLITO Existem várias fontes potenciais para o conflito numa situação de ensino-aprendizagem. Vamos analisar algumas delas, as internas ao grupo: Heterogeneidade de idades, experiência ou escolaridade As diferenças individuais acentuadas implicam maneiras diferentes de compreender as realidades, motivações e interesses muito diversificados e progressões a ritmos variados no processo de aprendizagem. Constituem, assim, circunstâncias potencialmente desencadeadoras de atritos, comunicações distorcidas, desmotivação ou expressão de agressividade. Luta pela liderança Alguns dos formandos mais dominantes no grupo, ao disputar os papéis de liderança podem originar rivalidades e estimular oposições e competição. Relação de competição ou de sedução A natureza do relacionamento entre alguns formandos é susceptível de comprometer a coesão e o clima positivo do grupo. Quando há sobreposição de papéis na estrutura do grupo fica difícil gerir as forças internas. É o caso da participação de irmãos num mesmo grupo. É frequente transporem para a situação de ensino-aprendizagem a rivalidade ou espírito competitivo da sua relação no grupo familiar. Nestes casos, o irmão mais competitivo pode remeter o outro para uma posição desconfortável, em que o peso da estrutura familiar surge como um "olho" avaliador do seu desempenho na Formação. Também as relações de sedução entre géneros podem conduzir o grupo à fragmentação ou funcionarem como um ruído de fundo prejudicial à comunicação pedagógica. Características internas de cada indivíduo Antes da nova identidade do grupo estar consolidada, o "historial" de cada um emerge com maior ou menor intensidade, conduzindo a fenómenos de transferência que determinam o tipo de inter-relações entre os formandos. A experiência anterior de frustrações e sucessos, vivida em contextos similares, é transposta para a nova situação. Assim, o comportamento dos formandos no momento presente pode estar a ser determinado por experiências desagradáveis que nada têm a ver com a situação de formação em si. A transferência de modos de relacionamento positivos ou negativos pré-existentes (tipo de relação que se tem ou se teve com as figuras parentais, com os chefes, amigos, professores) para o formador ou outro membro do grupo que tenha desencadeado essa associação, pode condicionar o clima motivacional na sala de formação. Este mecanismo é, a maioria das vezes, algo automático, inconsciente, e por isso mesmo difícil de controlar. 56 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação PROCEDIMENTOS DE PREVENÇÃO DO CONFLITO Logo de início, existem alguns procedimentos gerais que previnem a ocorrência de futuros atritos ou más relações no grupo. São eles: Garantir a disposição da sala em U Anula o aspeto de sala de aula tradicional. É um indicador implícito de que se trata de contextos diferentes, bloqueando um pouco as possíveis associações negativas de fenómenos de transferência decorrentes da experiência vivida no modelo escolar (testes, avaliações, mau relacionamento com professores, desmotivação). É uma configuração facilitadora de comunicação, colocando os elementos do grupo de frente uns para os outros. É um convite à interação com os outros, favorecendo a consolidação da identidade do grupo. Promover a apresentação dos diferentes elementos Dizer alguma coisa sobre si próprio ajuda a quebrar o gelo inicial, é um modo lógico de se começar a comunicar... Reduz a insegurança psicológica característica do primeiro momento, de desconhecimento mútuo. Como complemento à apresentação formal - em que os formandos dizem o nome e, sucintamente, qual a sua área de atividade e qual o seu interesse em participar na Ação de Formação - os Jogos de Apresentação disponíveis no manual de Dinâmicas de Grupo recomendam-se para imprimir o estilo de relação e de atividades características da Formação desde o princípio. Discutir e esclarecer desde logo as regras de funcionamento do grupo Estabelecer horários a cumprir, concertar a duração dos intervalos, prazos, questões como o fumar em sala, etc. No decorrer da formação, cabe ao formador resolver as dificuldades que surjam, quer no domínio da tarefa, como no domínio sócio-afetivo. Evitar as exposições teóricas prolongadas. Um adulto apenas consegue prestar atenção a uma grande quantidade de informação durante um período de tempo muito limitado. 57 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF ATITUDES POSITIVAS • • • • • Adaptar o conteúdo/programa, os exercícios e as atividades às características específicas de cada grupo. Trabalhar a relação, mostrando-se disponível e eficaz mas não abdicar de fazer o apelo indispensável à teoria. Assegurar-se que a sua comunicação foi efetiva e compreendida pelos formandos, utilizando questões como: “Ficaram clarificados? Gostariam que reformulasse alguma questão?”. Obter feedback mas não efetuar perguntas dirigidas, "à Professor". Provocar mudanças de ritmo ao longo da sessão, diversificando estratégias, recursos e meios pedagógicos. A RETER… São várias as origens dos conflitos nos grupos: Heterogeneidade de idades, experiência ou escolaridade; Luta pela liderança; Relação de competição ou de sedução; Características pessoais de cada Indivíduo; Relacionamento com a instituição organizadora; Relação formador-grupo e características pessoais do formador. Formas de lidar com o conflito: Garantir a disposição da sala em U. Anula o aspeto de sala de aula; Promover a apresentação dos diferentes elementos; Discutir e esclarecer desde logo as regras de funcionamento do grupo; Evitar as exposições teóricas prolongadas; Fomentar atitudes denominadas positivas; Não ignorar o saber de cada indivíduo, dando “espaço” a cada um; Esclarecer dúvidas aos formandos; Estar atento como um “sensor” para detetar tensões e apreciar a sua incidência na progressão do grupo e intervir em conformidade; Favorecer a expressão dos conflitos latentes. Pela expressão explícita das tensões negativas é possível trabalhá-las. Se não forem faladas continuarão a crescer, ganhando força por oposição às forças de progressão; Nunca envolver-se emocionalmente nos conflitos; Ser capaz de lidar com a agressividade e/ou hostilidade sem reagir impulsivamente. 58 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação TESTA OS TEUS CONHECIMENTOS… Descreva dois fatores que podem facilitar ou prejudicar a comunicação. _______________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ __________________________________________________________ ________________________________________________ Das frases abaixo indicadas mencione as que são verdadeiras: A disposição da sala deverá ser em formato tipo sala de aula, de forma a promover o respeito; O formador deverá fomentar atitudes denominadas positivas; A formação deverá ser essencialmente expositiva de forma a promover o saber-saber. 59 PNL - Programação Neurolinguística A PNL é muito mais do que um simples tema, é uma ferramenta útil no contexto formativo INTRODUÇÃO A Programação Neurolinguística, abreviada por PNL, é um tema que tem vindo a ganhar grande projeção nos últimos tempos. Se todos nós estivéssemos informados e atualizados acerca dos contornos sobre a programação neurolinguística, talvez as nossas relações com os outros fossem mais proveitosas e harmoniosas. A PNL ajuda-nos a aprender a influenciar a nós próprios e os nossos relacionamentos com os outros e através da nova e diferente abordagem da arte de comunicar, permite-nos caminhar para o desenvolvimento da excelência pessoal. Alguma vez se deteve a pensar em como pensa? Porventura, em algum momento se questionou se todos os seres humanos pensam da mesma forma? Não interrogamos o formando sobre a origem neurofisiológica, ainda desconhecida, do nosso pensamento. A pergunta é mais simples: Será através de imagens que o formando pensa, ou utilizará pensamentos abstratos, ou palavras, ou por outro lado ainda, terão os seus pensamentos origem em sensações e emoções? Todos nós utilizamos estas três formas de pensamento, porém, uma delas constituirá a base da nossa forma de pensar, de ser e de actuar no mundo. E o formando poderá dizer: Bom, é muito interessante saber se penso em imagens ou em ideias abstractas; no entanto, à parte do curioso, para que me serve saber como penso?, que utilidade terá?. É aqui que reside a razão de ser deste manual. O formando poderá averiguar as repercussões que a forma como organiza o seu pensamento tem na sua vida. O QUE É PNL? A Programação Neurolinguística é conhecida como a modelagem da excelência humana. Foi criada na década de 70 no ambiente da Universidade da Califórnia, campus de Santa Cruz, por Richard Bandler (na época um estudante de matemática) e John Grinder (na época professor de linguística). Partindo do pressuposto de que todos os seres humanos possuem os mesmos tipos de recursos internos, passaram então a modelar homens notáveis em diversas áreas, da terapia à comunicação e aos desportos. Utilizando principalmente a linguística e comportamentos não-verbais para se comunicar com o inconsciente, descobriram que era possível “programá-lo” 63 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF para o sucesso e para a mudança efetiva, em diversas áreas da vida. “Eles queriam compreender melhor como chegamos a determinados estados sentimentais, e de que modo esses estados influenciam o nosso comportamento e como podemos mudá-los”. Barbara Schott “A PNL lida com a influência: como as pessoas se relacionam e comunicam com os outros, como tomam decisões e como preferem ser influenciadas.” Robin Prior & Joseph O’Connor A PNL trata da interação dinâmica de três processos: Neuro - Relacionado com o sistema nervoso. Todos os comportamentos nascem dos processos neurológicos da visão, audição, olfacto, paladar, tacto e sensação. Percebemos o mundo através dos cinco sentidos. “Compreendemos” a informação e depois agimos. Programação – Como organizamos o que captamos através dos nossos sentidos. A forma como programamos o nosso cérebro, e a linguística referente à linguagem utilizada para comunicarmos com os outros. Linguística – Utilizamos a linguagem para ordenar os nossos pensamentos e comportamentos e nos comunicarmos com os outros. Programação Toda a informação retida no nosso cerebro é constituida por códigos e sinais, que são traduzidos e descodificados em padrões de conduta. Neuro Toda a informação retida, bem como os comportamentos inerentes são resultado dos nossos processos neurológicos. Programação Neurolinguística Linguística É aquilo que nos permite exteriorizar tudo aquilo que se passa no nosso sistema nervosos central. Através dela conseguimos comunicar com os outros. Através do nosso sistema nervoso (neuro), bem como, através da linguagem (linguística), será possível armazenar os conteúdos (programas) que se traduzem posteriormente em padrões de comportamento. 64 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação Mas afinal, como podemos modificar alguns aspetos que alteram o nosso comportamento? “Alguns fatores podem ser muito influenciados por nós; outros, apenas parcialmente, ou nada.” A PNL desenvolveu uma maneira útil de pensar sobre os diferentes níveis de controlo e influência, principalmente na área da saúde. Eles são chamados de “níveis neurológicos” ou apenas “níveis lógicos”. NÍVEIS LÓGICOS Ambiente: Refere-se aos contextos externos a que as pessoas reagem. Ex. Onde fazemos determinadas coisas. Condutas: Refere-se ao que fazemos, ou seja, ao nosso comportamento. Capacidade: Refere-se à forma como realizamos algo, bem como as estratégias que determinam determinados comportamentos. Crenças e valores: Refere-se aos princípios que determinam a nossa conduta. Neste nível faz-se a pergunta do “porquê” e “para quê”. Identidade: Refere-se ao conjunto de características próprias e exclusivas com as quais nos diferenciamos. Sistema: Refere-se à nossa inclusão em diferentes sistemas, como família, o trabalho. 65 OS PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA PNL O mapa não é o território. Esta afirmação significa que somos capazes de perceber e vivenciar apenas uma pequena parte da realidade como um todo, e que cada ser humano o faz de uma maneira particular. As experiências possuem uma estrutura. Os nossos pensamentos e as nossas reflexões possuem uma estrutura. Sempre que esta estrutura é alterada, inevitavelmente os nossos pensamentos e reflexões serão automaticamente alterados. Neste sentido podem-se extinguir as lembranças desagradáveis e engrandecer outras que nos trarão experiências mais agradáveis. Se uma pessoa pode fazer algo, todos podem aprender a fazê-lo também. Deve-se tentar sempre realizar todas as coisas, independentemente se à partida nos pareçam inexequíveis. Devemos estar predispostos a agir, sempre com a linha de pensamento de que tudo é possível. Todos os seres humanos possuem os mesmos tipos de recursos internos. Corpo e mente são partes do mesmo sistema. A informação contida no nosso sistema nervoso vai condicionar outras partes do nosso corpo, nomeadamente a nossa respiração, os nossos músculos e as nossas sensações. Se aprendermos a modificar uma das partes, possivelmente conseguiremos controlar a outra. As pessoas já possuem todos os recursos de que necessitam. As nossas representações mentais, sensações e sentimentos são os pilares básicos de construção de todos os recursos mentais e físicos. Podem ser utilizados para edificar pensamentos, sentimentos transpondo-os posteriormente para as nossas vidas da forma que nos for mais conveniente. É impossível não se comunicar. Todos nós “transpiramos” comunicação. Em praticamente tudo o que fazemos no nosso dia-a-dia estamos a dar formas de comunicar. Comunicar é muito mais do que falar, podemos comunicar através de um gesto, de um sorriso, de um olhar. O significado da sua comunicação é a reação que se obtém. Muitas vezes quando se está a comunicar algo com alguém, a informação recebida pelo nosso interlocutor não é aquela que verdadeiramente se pretendia transmitir. O recetor da mensagem vai recebê-la através dos 66 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação seus mapas mentais, que não são iguais aos do emissor da mensagem. Cabe ao emissor captar esses sinais para transmitir a mensagem adequada aos mapas mentais do recetor. Todo o comportamento tem uma intenção positiva. Muitas vezes os comportamentos que se tornam desagradáveis, ou até mesmo prejudiciais, inicialmente teriam uma intenção positiva. Ex: gritar para ser reconhecido; atacar para se defender. Deve-se ter a capacidade de discernir a intenção positiva do comportamento. As pessoas fazem sempre a melhor escolha disponível para elas. Cada pessoa tem a sua própria história, sendo esta influenciada pela forma como percecionamos a realidade, pela forma como pensamos, aprendemos, etc. A partir da nossa experiência desenvolvem-se todas as nossas opções. Se aquilo que está a fazer não está a funcionar, faça outra coisa. Se no que está a fazer não está a obter proveito, deve empenhar-se em fazer outra coisa. Se pretende novos resultados, deve fazer algo novo. “É uma total insanidade fazer as coisas da forma que você sempre fez e esperar resultados diferentes.” Albert Einstein A RETER… Neuro – Processos neurológicos; Programação – forma como organizamos os nossos processos mentais, a fim de obtermos determinado resultado; Linguística – Linguagem utilizada para comunicar-mos com as outras pessoas; Neuro + Programação + Linguística = Programação NeuroLinguística 67 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF A realidade não é igual para todos, cada pessoa tem o seu mapa da realidade. Os nossos pensamentos têm uma estrutura, caso a estrutura se altere os nossos pensamentos alterar-se-ão. Devemos ser capazes de tentar fazer sempre tudo, e não definir a priori que não somos capazes de o fazer. O Corpo e a mente operam juntos. Os nossos processos neurológicos refletem-se no nosso corpo. Deve comunicar-se com os mapas mentais do nosso interlocutor. Comportamento gera comportamento. Se determinada tarefa que estamos a executar não está a funcionar, devemos faze-la de outra forma – Para obtermos respostas diferentes, devemos fazer coisas, igualmente, diferentes. 68 Formação SISTEMAS REPRESENTACIONAIS, AS ÂNCORAS E A TÉCNICA DE ANCORAGEM SISTEMAS REPRESENTACIONAIS Diga-se que o ponto de partida da PNL é tomar conhecimento da realidade através dos nossos órgãos sensoriais A Perceção da realidade é algo que consiste na interpretação e organização da informação que recebemos através dos nossos sentidos (visão, olfato, paladar, tato, audição). Esta informação por nós rececionada será manipulada e descodificada através de três sistemas fundamentais: Visual Olhar, brilhante, horizonte, perspetiva, cor “Implica a capacidade de recordar imagens visuais em tempo anterior e a possibilidade de criar outras novas, assim como de transformar as já vistas”. Vallés G. in Programação Neurolinguística – desenvolvimento pessoal. Auditivo Harmonia, cantar, ouvir, sintonia “Consiste na capacidade de recordar palavras ou sons anteriormente ouvidos e na de formar novos”. Vallés G. in Programação Neurolinguística – desenvolvimento pessoal. Cinestésico Pesar, tocar, suave, sólido, rugoso, duro. “Aqui incluem-se as sensações corporais táteis, as viscerais, as propriocetivas (sensações provenientes do movimento dos músculos, por exemplo), as emoções, os sabores e os cheiros.” Vallés G. in Programação Neurolinguística – desenvolvimento pessoal. 69 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF No contexto da PNL, estes sentidos agrupados são designados, por sistemas representacionais. • • • • • • Cada sistema representacional capta determinadas qualidades básicas das experiências que percebe. Estas qualidades incluem características como cor, brilho, tom, sonoridade, temperatura, pressão, etc. Estas qualidades são chamadas predicados em PNL, uma vez que são os elementos da linguagem que nos permitem identificar o sistema representacional preferido de cada indivíduo. Uma maneira de detetar o canal representacional dominante de uma pessoa é ouvi-la falar, estando particularmente atento às palavras de base sensorial. Ao descrever-nos a sua experiência, o nosso interlocutor, seleciona em geral, num nível inconsciente, as palavras que a representam melhor. Aquele que lhe diz que está a ver claramente o centro da questão indica que naquele momento está a construir a sua experiência interna de forma visual. O que alega não ter contacto consigo ou que está sob muita pressão, indica que está a avaliar a experiência que possui do relacionamento consigo de modo cinestésico. A habilidade de utilizar termos no mesmo sistema representacional que a pessoa com quem estamos a conversar está a utilizar, ou tem como preferencial, aumenta automaticamente o nosso rapport com ela. Alguns exemplos de frases: “Se examinar com atenção a nossa proposta, verá que tentamos conciliar o seu ponto de vista com o nosso”. visual “Acho que nos vamos defrontar com um problema difícil de carregar nos ombros. É hora de manter os pés bem firmes no chão e ficarmos juntos”. cinestésico “Essa ideia vai gerar imenso ruído. Acho melhor que oiça o que tenho a dizer”. auditivo Além das palavras escolhidas existem também pistas não verbais que nos ajudam a identificar o sistema representacional utilizado. Por exemplo, alguém que privilegia o sistema visual olha com mais frequência para o alto e para longe, com o queixo levemente erguido. 70 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação De seguida apresenta-se uma grelha com alguns exemplos de predicados utilizados: INDICADORES VERBAIS Visual Cor Ver Revelar Imagem Aparecer Perspetiva Ponto de Vista Imaginar Focalizar Prever Vista Tamanho Claro/Escuro Negro Nítido Observar Horizonte Brilhante Panorama Mostrar Vejo-te depois À luz de Fazer uma cena Imagem mental Auditivo Ouvir Som Mencionar Perguntar Gritar Entoar Estridente Harmonia Estalo Ritmo Volume Murmúrio Sintonia Ecoar Soar Cantar Alarme Oral Sou todo ouvidos Escutar Soa-me Vocal Advertir Discutir Articular Falo contigo depois Cinestésico Suave Sensação Sentir Firme Pressão Reter Mover Fluir Acentuar Endurecer Impluso Quente/Frio Doce/Salgado Amargo Vibrante Tocar Humidade Bloqueio Obstáculo Pegar Saboroso Sacar Equilíbrio Adormecido Emocional Sólido Suave 71 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF INDICADORES NÃO VERBAIS Visual Auditivo Cinestésico Expressa-se muito com Prolixo na fala Fala consigo mesmo o corpo Observador Gosta de música Memoriza a andar Prefere dramatizar, Move as mãos Fala ritmicamente actuar Aspeto cuidado Repete o que ouviu Aprende fazendo Memoriza Boa ortografia Move o corpo, toca procedimentos Memoriza imagens Aprende ouvindo Toca-se, acaricia o corpo Move os olhos/ Move os lábios/ Queixo e olhos para pálpebras subvocaliza baixo Toca/aponta Toca/aponta região Respiração baixa região dos olhos dos ouvidos Sussurra, tom baixo, Queixo levantado Respiração média lento Recorda o que faz, sente, Olhos para cima Voz melódica experimenta Recorda o que Respiração alta Soletra com movimentos escuta Soletra Voz alta e rápida subvocalizando Recorda o que vê Leitura rítmica Fala enquanto Vê e soletra escreve Leitura veloz Olha enquanto escreve 72 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação AS ÂNCORAS As Âncoras estão intimamente ligadas aos nossos estados internos (emoções) e influenciam fortemente a nossa maneira de pensar e a nossa maneira de estar, bem como os nossos comportamentos. A PNL chama de Âncoras aos estímulos que se associam a estados fisiológicos reveladores das nossas emoções, estando intimamente ligados aos sistemas representacionais. Quando determinada música nos desperta uma certa emoção, isso quer dizer que esse estímulo está associado a essa emoção e para nós essa música é uma Âncora. Esta associação faz-se de uma forma espontânea e inconsciente. Por Exemplo, imagine uma determinada altura da sua vida vida, ou um momento em particular, como o primeiro beijo, o baile de finalistas, o primeiro encontro, de certeza que se num desses momentos particulares estava a tocar alguma música, essa ficou ancorada, por tempo indeterminado a essa emoção sentida/vivenciada durante esse momento. De acordo com a PNL, as Âncoras podem ser: • • • Visuais (uma fotografia, um desenho, uma paisagem); Auditivas (música, poema, uma voz, um sinal sonoro, uma palavra); Cinestésicas (um sabor, um cheiro, uma textura, um toque, um movimento corporal). Nota: Podemos utilizar as Âncoras a nosso favor! Se as conseguirmos detetar podemos usá-las para nos proporcionar os estados interiores que precisamos e podemos ainda criar de uma forma intencional Âncoras que beneficiem a nossa comunicação ou o nosso comportamento. De salientar, que existem Âncoras Positivas, ou seja, as que nos proporcionam emoções positivas, ajustadas que beneficiam a nossa comunicação. E as Âncoras Negativas, ou seja, estímulos que estão associados a pesar, raiva, embaraço, nervosismo e outros estados interiores negativos e que nos poderão ser prejudiciais. Se soubermos quais são, devemos evitá-los! 73 TÉCNICA DE ANCORAGEM Conforme já referido, nós podemos criar as nossas próprias Âncoras. Para esse efeito a PNL apresenta-nos uma Técnica cujos Passos são os seguintes: 1) 2) 3) Identifique a situação problemática, na qual gostaria de obter um estado emocional diferente. (Ex: Insegurança ao falar em público) Identifique o estado emocional ou recurso em falta. (Ex: Segurança) Identifique uma situação em particular da sua vida em que possuía o recurso em questão. (Ex: Dia do casamento, ao falar para os convidados) 4) Escolha um estímulo Visual – recorde a situação identificada no ponto anterior e fixe a imagem do momento em que sentia com mais intensidade o estado emocional pretendido. (Ex: Momento em que ergui a taça para o brinde) 5) Escolha um Estímulo Auditivo: escolha uma música ou uma palavra fácil de recordar e que queira associar ao recurso em falta. (Ex: Vou dizer para mim próprio “Segurança!”) 6) Escolha um Estímulo Cinestésico: escolha um estímulo táctil. (Ex: Vou fazer figas com os dedos) 7) Num lugar calmo, sente-se ou deite-se confortavelmente e reviva mentalmente a situação do ponto 3. Quando o estado emocional atingir o momento de maior intensidade (imagem do estímulo visual ponto 4) é a altura de “voltar à realidade”. (Ex: Sento-me sozinho na cama do meu quarto e revivo o momento em que discursei até erguer a taça para o brinde) 8) Repetir os passos do ponto anterior e ativar os estímulos auditivo e cinestésico quando visualizar a imagem - estímulo visual e sentir intensamente o estado emocional pretendido. Deverá tentar permanecer nesse estado o maior tempo possível. (Ex: quando chegar ao momento de erguer a taça, digo “segurança!” e faço figas) 74 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação 9) Depois de repetir várias vezes o ponto 8, verifique se as Âncoras estão “instaladas”. Basta ativar os estímulos Visual, Auditivo e Cinestésico e verificar se, passados uns segundos, está na posse do estado emocional pretendido. Se não estiver, o ponto 8 precisa de ser repetido mais vezes. 10) Depois de ter a Âncora instalada, utilize-a acionando-a momentos antes de precisar do recurso em falta, ou seja, do estado emocional pretendido. (Ex: Momentos antes de falar em público recordo a imagem de erguer a taça, digo “Segurança! E faço figas) Nota: É necessário persistência na repetição dos passos e acreditar no sucesso da Técnica para que esta funcione! Com o tempo, a Âncora tende a perder o efeito, por isso, devem ser feitos reforços pontuais da Técnica. A RETER… Realidade Exterior Visual Representação Interna Auditivo Cinestésico Comportamentos 75 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF TESTA OS TEUS CONHECIMENTOS… 1) Das seguintes frases apresentadas, identifique qual o sistema representacional apresentado. Aquele fim-de-semana em Nova Iorque foi magnífico. Todas aquelas avenidas iluminadas, como se nunca anoitecesse… ________________________________ Já te avisei, amanhã quero ouvir a tabuada toda sem gaguejares. ________________________________ Não consigo estar mais naquela discoteca, o barulho é demasiado, é ensurdecedor. ________________________________ As toalhas do Hotel “Mendonça” tinham um toque magnífico, eram tão suaves… ________________________________ 76 Formação CALIBRAGEM E MOVIMENTOS OCULARES As pessoas demonstram os seus estados internos de várias formas diferentes da comunicação verbal. Perceber e interpretar corretamente estes sinais são capacidades extremamente úteis na comunicação e, por consequência, no relacionamento interpessoal. Sinais Comuns: Expressões Faciais Lábios Sobrancelhas Testa Nariz Movimentos Oculares Respiração Profunda ou Superficial Rápida ou Lenta Músculos do Corpo Soltos, Relaxados Tensos A postura, os gestos, bem como, os movimentos oculares adotados pelos indivíduos quando estão a estruturar um pensamento podem refleti-lo com a ajuda do sistema representacional que essa pessoa utiliza: Visual Pessoas com as costas apoiadas na cadeira, com a cabeça e os ombros erguidos. Os gestos são feitos acima da linha dos olhos. 77 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF Auditivo Corpo inclinado para a frente, costa para trás e a cabeça voltada para o lado. Gestos muito próximos das orelhas. Cinestésico Cabeça baixa e ombros curvados. Gestos realizados na linha da cintura. À semelhança das expressões corporais, os movimentos oculares também são perfeitos “espelhos” para denunciar os pensamentos do nosso interlocutor. MOVIMENTOS OCULARES VC VR AC AR AK Ai Visual recordado – recordar-se de imagens anteriormente vistas. Visual construído – Ver imagens que nunca foram visualizadas antes, ou que foram vistas de uma forma diferente. Auditivo recordado – recordar palavras ou sons ouvidos anteriormente. Auditivo construído – ouvir-se sons ou palavras nunca ouvidas antes, ou ouvidas de forma diferente. Apelo Cinestésico – Nesta categoria incluem-se o tato, o cheiro, o paladar, as emoções e sensações, etc. Auditivo Interno – É a modalidade que se emprega quando alguém fala consigo próprio, ou quando se está abstraído num «diálogo interior». 78 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação Vejamos o seguinte exemplo para que melhor se percebam os sistemas representacionais. No final do dia de Natal, o casal, Ricardo e Joana, conversão sobre o mesmo. Ricardo: Este Natal foi maravilhoso, a árvore de Natal estava majestosa, com todo aquele jogo de luzes a cintilar. Foi mesmo espetacular!!!!! Joana: Eu também gostei muito, senti-me bastante emocionada quando a tua mãe me ofereceu aquele colar de pérolas lindíssimo. Do exemplo acima descrito, pode-se observar que o Ricardo e a Joana fizeram descrições diferentes do dia de Natal. Para o Ricardo o jogo de imagens do Natal fascinou-o, fazendo por isso uma descrição muito visual. Para a Joana, a sua descrição foi mais cinestésica, ou seja baseou a sua descrição mais nos aspetos que tivera sentido. É importante realçar o aspeto de que as pessoas não são só visuais, outras cinestésicas e outras auditivas. O que acontece é que cada pessoa tem um canal sensorial dominante para captar a realidade exterior. A mesma realidade (Natal) é percecionada por duas pessoas diferentes, através dos cinco sentidos (visão, audição, tato, gosto e cheiro), originando representações diferentes que é efetuada em função do sistema representacional dominante que cada um tem. Muitos problemas comunicacionais, derivam da interpretação que é dada a determi-nadas palavras, por exemplo se se perguntar o significado do conceito “aprendizagem” a cinco pessoas, talvez se chegue ao final com cinco respostas diferentes. Bandler e Grinder, mentores da Programação Neurolinguistica na América, resumem o que consideram as três chaves do comunicador excelente: • • • Saber o resultado que se pretende atingir; Saber que é necessário ter flexibilidade na conduta; Haver suficiente experiência sensorial para se poder perceber quando o resultado pretendido foi alcançado. 79 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF Conforme referido anteriormente neste manual, a Programação Neurolinguística permite alcançar comportamentos por excelência, nomeadamente ao nível da comunicação. A comunicação é um fator importantíssimo no nosso dia-a-dia, pois passamos todo o dia a fazê-lo – a comunicar. Para comunicarmos com eficácia e eficiência é necessário adotar alguns comportamentos e atitudes que nos permitirão conhecermo-nos melhor a nós e aos outros. TESTA OS TEUS CONHECIMENTOS… Das imagens propostas em baixo identifique o sistema representacional de cada uma, sendo os movimentos oculares das mesmas: __________ ___________ __________ ___________ 80 Formação O RAPPORT A comunicação processa-se aquando da existência de feedback. Paralelo a este aspeto situa-se a sincronização, isto é, devemos estar sincronizados com a postura, comportamento e atitude do nosso interlocutor, para que os possamos adotar. Para isso teremos que estar com a máxima atenção e com uma enorme predisposição à capacidade de escuta ativa. A esta sincronização de atitudes e comportamentos denomina-se de rapport. Pode-se referir que o rapport é a “imitação” dos comportamentos e atitudes dos outros com quem estamos a comunicar. Esta adoção de comportamentos é importante e facilita o processo de comunicação, no sentido de criar relações de empatia e de confiança. É sempre muito mais agradável conversar com uma pessoa que nos vai acenando com a cabeça e produz alguns gestos com os nossos, do que estarmos a falar com uma pessoa, contando-lhe até algum episódio mais entusiasmante da nossa vida e ela, simplesmente recebe a mensagem sem qualquer tipo de entusiasmo, ou alteração de comportamento. A atenção que estabelecemos perante o nosso interlocutor, no sentido de captarmos os seus sinais externos, como por exemplo, a forma como respira, o tom de voz utilizado, os gestos que utiliza, denomina-se de calibragem. “Rapport é a capacidade de entrar no mundo de alguém, fazê-lo sentir que você o entende e que vocês têm um forte laço em comum. É a capacidade de ir totalmente do seu mapa do mundo para o mapa do mundo dele. É a essência da comunicação bem-sucedida.” ANTHONY ROBBINS Muitas vezes estabelecemos rapport inconscientemente, no entanto existem algumas estratégias que permitem melhorar essa capacidade: • • • • • Movimentos do nosso corpo (refletindo os movimentos do outro); Gesticulação (refletindo os gestos do outro); Expressões faciais; Respiração (adequar o ritmo respiratório do outro); Movimentos oculares, olhar diretamente nos olhos da pessoa sem ser demasiado obsessivo. 81 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF Além da adoção dos mesmos gestos, os mesmos comportamentos e atitudes, existe ainda outra possibilidade para estabelecer uma melhor comunicação. Durante este manual já se referiu que cada pessoa utiliza o seu código sensorial dominante para a captação da realidade, existindo por isso pessoas que utilizarão o seu canal auditivo com mais dominância, outros utilizarão o visual e outros o cinestésico. Para melhor comunicarmos com as diferentes pessoas, devemos conhecer em primeiro lugar o nosso canal sensorial dominante, mas importantíssimo, também será conhecer o canal sensorial dominante do nosso interlocutor, para que desta forma possamos “falar a mesma língua”. Deve-se por esta razão recorrer aos predicados de acordo com o sistema representacional do nosso interlocutor. Mas, porque é necessário conhecer os Sistemas Representacionais para a formação? Os sistemas representacionais são importantes no contexto formativo, no sentido de melhorar a nossa capacidade de comunicação e facilitar a compreensão das mensa-gens. Desta forma poderemos veicular mensagens diferentes para as diferentes pessoas com sistemas representacionais diferentes. Imagine-se que se pretende organizar um jantar de formação com formandos que já não se encontram há muito tempo, esta mesma mensagem pode ser transmitida para as diferentes pessoas de forma diferente. Vejamos: Para as pessoas visuais: Será muito importante a sua presença, pois o jantar será fantástico. Teremos uma sopa de legumes com natas, bacalhau no forno gratinado com queijo e couve-flor e para sobremesa um doce exclusivo, especialmente elaborado por uma nossa colega. Para as pessoas auditivas: Será muito importante a sua presença, pois o jantar será fantástico. Teremos uma banda Jazz para o decorrer do jantar, e um D’J Pop para o final do jantar. Vai ser muita música à mistura para dançarmos e nos divertirmos muito. Para as pessoas cinestésicas: Será muito importante a sua presença, pois o jantar será fantástico. Sentirá uma enorme alegria em rever os colegas de formação. Poder abraçá-los e matar as saudades de todos. 82 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação DICAS DE AUXILIARES NEUROLINGUISTICOS Cuidado com… Falar no negativo Mas (anulação) Vou tentar Devo, Tenho que, Espero Acho Quando puder substitua por: Substitua por afirmações positivas E (somatório, feedback) Vou fazer, ou não vou fazer Preciso, quero, decido, vou Acredito Sei Retirado de www.institutodaat.com.br A RETER… “A PNL é prática. Trata-se de um conjunto de modelos, habilidades e técnicas que nos permitem pensar e agir com mais eficiência no mundo. O objetivo da PNL é ser útil, oferecer mais opções de escolha e melhorar a qualidade de vida. As perguntas mais importantes deste livro são: ‘ele é útil? Dá resultados?’. Descubra o que é útil e o que funciona através da experiência. E, o que é mais importante, descubra o que não funciona e modifique-o até que dê resultado. Esse é o espírito da PNL.” O’connor e Seymour, Introdução à PNL 83 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF Sistema Identidade Comportamento Comportamentos Palavras Ambiente Pensamentos Habilidades e capacidades Crenças e Valores A PNL relaciona as nossas palavras, pensamentos e comportamentos aos nossos objetivos e propósitos. 84 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação TESTA OS TEUS CONHECIMENTOS… Estudo de Caso “ (…) Eu posso perceber o que está a dizer, mas não estou a conseguir visualizar o que quer que eu faça. Quando eu olho para trás, para algumas das decisões que tomámos em reuniões anteriores, fico sem entender aquilo que conseguimos. Tudo é muito bonito, quando se tenta pintar um quadro com os nossos sucessos, mas parece que o Sr. não pára para pensar nas coisas que não foram feitas. Talvez o Sr. esteja empolgado com as propostas que apresentou, no entanto, eu sinto-me meramente desiludido.” Do estudo de caso apresentado identifique: • • • • • O canal sensorial privilegiado do Sistema Representacional do indivíduo que esta a narrar; Depois de identificado o sistema representacional utilizado pela pessoa, estruture uma resposta tendo em conta os seguintes aspetos; Precisa de “ver” a ideia para compreendê-la; Pensa com mais naturalidade no passado do que no futuro; Presta atenção naquilo que falta, em vez de prestar atenção às coisas existentes. 85 A COMUNICAÇÃO EM PNL Se vos apetecer empreender a tarefa de descrever uma interação entre um gato e um cão, podereis anotar coisas como: “o gato cospe… o cão mostra os dentes… o gato arqueia o dorso…o cão ladra… o gato…” tão importante como as ações particulares descritas é a sequência em que ocorrem e, em alguma medida, qualquer que seja o comportamento do gato, ele só se apresenta compreensível no contexto do comportamento do cão. De Sapos a Príncipes, John Grinder e Richard Bandler, 1980 COMO MELHORAR A COMUNICAÇÃO Existem diferentes definições acerca do que é e do que não é comunicação. Como à PNL interessam os resultados concretos, poderíamos colocar-nos as seguintes perguntas: como detetamos que duas ou mais pessoas estão a comunicar entre si? Que especificidade podemos observar nas pessoas que interatuam? Que fator nos indica a existência de comunicação? Se tomarmos atenção ao que acontece numa interação, damo-nos conta de que as ações de uma pessoa apenas têm sentido no contexto das ações de outro ou outros, independentemente do tipo de comunicação em causa (palavra, gestos, etc.), existe sempre uma forma de coordenação entre os seres envolvidos. Comunicação é o processo em que a ação ou experiência de uma pessoa (animal, ser, etc.) e a ação e a experiência da outra/outras se dão de forma coordenada. Uma das formas mais úteis, quando falamos de coordenação é a da dança, em que as partes envolvidas podem ir a compasso com certa leveza e beleza. Há na dança momentos em que um dos dançarinos guia o outro, ou outros; há outros momentos em que é o outro que o guia a ele, e, inclusive há ocasiões em que ninguém guia ninguém. Quando Bandler e Grinder decidiram estudar a comunicação, limitaram-se a fazer algo muito simples: analisar o que faziam os bons comunicadores, ou seja, aqueles que eram capazes de comunicar com diferentes tipos de pessoas em diferentes contextos e em vários níveis, e que conseguiam obter respostas que outros não sabiam como atingir; como base dos seus estudos propuseram, como principio essencial na comunicação a seguinte proposição: Em comunicação não existem fracassos, apenas resultados. O que significa que, para a PNL, existe sempre comunicação. É possível que não estejamos satisfeitos com os resultados obtidos, mas os dados que recolhemos na nossa intenção de comunicar, ser-nos-ão úteis para a melhorar. A PNL considera a existência de duas formas de comunicação: - Interna: constituída pelas coisas que representamos, dizemos e sentimos no nosso foro íntimo. - Externa: A que estabelecemos com os outros por meio da palavra de expressões do rosto, de posições do corpo, de trejeitos. Mesmo quando o âmbito do interno se considerava inalcançável, do ponto de vista da observação externa, a PNL descobriu que há signos visíveis que permitem valorizar a comunicação, os quais mais adiante exercitaremos através de um nome que designaremos por calibrar. Sabemos já que toda a comunicação, interna ou externa, gera condutas, algo que já vimos acima, recordemos: 89 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF Conduta: todas as representações sensoriais que uma pessoa experimenta ou expressa, (interna e/ou externamente) e que se manifestam evidentes a um observador externo. Por essa razão a PNL diferencia a conduta em dois níveis: - Macroconduta: facilmente observável em situações como conduzir um veículo, falar, discutir, enjoar, ou andar de bicicleta. - Microconduta: inclui fenómenos mais subtis mas de igual modo importante, como o ritmo cardíaco, o tom de voz, as mudanças na cor da pele, etc. Estes fenómenos produzem-se quando se geram imagens mentais, quando se efetuam diálogos interiores, ou quando se recordam sensações. No processo de comunicação é muito importante a observação precisa destas alterações, a que chamamos “calibragem”. Para calibrar observamos as variações neuro-fisiológicas que podem ocorrer (entre outras) nas seguintes manifestações físicas: - Ritmo da respiração; posição da respiração (alta, média, baixa; movimento das asas do nariz; tonalidade da pele; dilatação dos poros; movimento e tamanha dos lábios; movimento dos músculos nos maxilares; dilatação e contração das pupilas; movimento dos olhos e velocidade do pestanejar; posição do corpo; ritmo cardíaco (pode ver-se através do pescoço e das têmporas)); pequenos movimentos, gestos, inclinação da cabeça, etc. No processo de calibrar é importante ter em conta que há um ponto onde a perceção é inexata, onde nos escapam pormenores relativos aos filtros pessoais que utilizamos, é também possível verificar este fenómeno fisicamente: - Quando fixamos a visão, existe um ponto que aparentemente devia estar dentro do nosso campo visual e, no entanto, não conseguimos perceber aquilo que nele se apresenta. Convidamo-lo a fazer a seguinte experiência: 90 Formação Módulo Nº 5 Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação EXERCÍCIO - O PONTO CEGO Com a mão esquerda tape o olho que lhe corresponde e, com o olho direito, olhe fixamente a cruz reproduzida na parte superior do quadro (ver figura anexa). Vá alterando a distância existente entre o seu olho e a cruz até encontrar um lugar em que o ponto à direita desapareça do seu campo visual. Repita o exercício com a cruz que ocupa a parte inferior do mesmo quadro, e notará que, ao desaparecer, o círculo se transforma numa linha contínua visível. O Ponto Cego Na continuação deste exercício, vamos fazer a mesma experiência com a prática de calibrar. É natural que no começo não seja possível observar todos os pormenores; todavia podemos praticar um aspeto de cada vez na nossa vida quotidiana para, paulatinamente, nos irmos integrando. Como consequência, através de um treino constante, uma maior agudeza sensorial e a abertura dos canais de perceção, nos aspetos em que tenhamos maiores dificuldades. No exercício seguinte, procura-se explorar, através da calibragem, os tipos de frases que podem facilitar a outra pessoa uma vivência mais profunda de uma experiência passada, e também os predicados que nos facilitam esse trabalho. 91 Formação Pedagógica Inicial de Formadores FPIF EXERCÍCIO – INDUÇÃO DE UM ESTADO DE CONCENTRAÇÃO (Três pessoas: Guia, Explorador e Observador) Neste exercício um dos participantes faz de observador, a fim de possibilitar ao guia mais elementos no momento de realização do trabalho, já que, como dito anteriormente, podem existir aspetos da calibragem que escapem. 1) O explorador pensará numa experiência passada que se identifique com a seguinte circunstância: Uma situação em que se sinta profundamente envolvido, com a atenção totalmente centrada na experiência. Exemplos: praticar um desporto, fazer footing, ler um livro, ouvir música, ver um filme, conduzir durante uma longa viagem, etc. 2) O explorador limitar-se-á a dar o nome da experiência, sem entrar em pormenores. Senta-se, fecha os olhos e age como se revivesse a experiência. 3) A tarefa do guia consiste em pensar no que necessariamente teria de fazer parte da experiência do explorador, relativamente às modalidades sensoriais, e em ir dizendo as frases que lhe ocorram. Se, por exemplo, a experiência escolhida pelo explorador for a de «passear pela praia», o guia pode dizer-lhe «escuta o som do mar», observando a reacção do explorador. Se a frase coincide com a experiência do explorador, poderá notar-se que ele se familiariza com ela. Se o guia disser «sente o calor do sol» e, através da calibragem, perceber que o explorador se desliga da experiência, este pode ser um sintoma de que na experiência escolhida não havia sol. Talvez se tratasse de um passeio noturno pela praia. 4) O explorador deverá notar quais são as frases que lhe permitem introduzir-se mais na experiência e quais as que tornam isso mais difícil, sem responder verbalmente às frases pronunciadas pelo guia. 5) O guia e o observador calibram as reações do explorador, e advertem-no (de forma não-verbal) sobre como está a responder aquilo que lhe é dito. 6) Os participantes trocam de papéis. Duração aproximada: 5 minutos para cada um. Através deste exercício terão tido uma aproximação à experiência de verificar como funciona uma pessoa em relação com as suas perceções internas. 92 Formação CONCLUSÃO Concebendo toda a problemática envolvida nos aspetos da formação dos profissionais percebe-se a necessidade de construir um sólido conhecimento sobre as dimensões que envolvem a relação pedagógica do ensino e aprendizagem. Nestes aspetos pode-se ter que o desenrolar dessas relações, acima citadas, podem acontecer de maneira muito mais complexa do que é observado conscientemente no quotidiano. A importância está, não só no conhecimento, como também na elaboração e vivência de tais dimensões através de exercícios de índole mais ativa/prática que procure estimular competências ao nível do saber-fazer. A Programação Neurolinguística remonta a um estudo das técnicas do desenvolvimento pessoal e da comunicação. A utilização das técnicas propostas pela PNL, permitem conhecermo-nos melhor a nós próprios, nomeadamente os nossos processos mentais, bem como, as estratégias para adequá-los à resolução dos problemas concretos tanto na área profissional ou pessoal. No âmbito do estudo da PNL, concluiu-se que existem três elementos importantes no processo de influência humana, sendo eles, a palavra, o ritmo ou tom de voz e a fisiologia. No processo de comunicação a palavra exerce uma influência de 7% da nossa capacidade de influenciar o nosso interlocutor, o ritmo de voz, bem como a velocidade e o tom de voz corresponde de 38% e por fim a fisiologia assume-se com uma percentagem de 55%. Neste sentido, pode inferir-se que a linguagem corporal (não verbal) tem uma maior capacidade de influencia do que a própria linguagem verbal. No estabelecimento de uma comunicação existem determinados aspetos a ter em conta para a estabelecermos com eficácia e eficiência, tirando o melhor proveito da mesma. O estabelecimento de rapport, é uma das estratégias adequada no processo de comunicação, no sentido de espelharmos os comportamentos, gestos, ritmos respiratórios do nosso interlocutor, fazendo com que este se sinta escutado. Através do estudo da PNL é também possível, através dos movimentos oculares identificarmos os pensamentos recordados ou construídos do nosso interlocutor. Assim, releva-se para primeira importância a aprendizagem efetiva dos conceitos abordados durante este manual. A sua compreensão e transferência para o contexto formativo real é uma necessidade premente para o formador conseguir lidar com as inúmeras adversidades que podem emergir no decurso das sessões formativas. 93 Bibliografia CAETANO, A. P ( 2004) A complexidade dos processos de formação e a mudança dos professores. Um estudo comparativo entre situações de formação pela investigação-acção, Porto: Porto Editora CAMPOS, B.P. (1995) Formação de professores em Portugal, Lisboa: IIE CAMPOS, B. P. (2002) Políticas de Formação de Profissionais de ensino em Escolas Autónomas, S.ta Mª da Feira: Editora Afrontamento CAMPOS, B. P. (2003) Quem pode ensinar. Garantia da qualidade das habilitações para a docência, Porto: Porto Editora CANÁRIO, R. e col. (1992) Inovação e Projecto Educativo de Escola. Lisboa: Educa. CANÁRIO, R. e col. (1997) Formação e situações de trabalho, Porto: Porto Editora CAMARA, P., GUERRA, P.R. (s/d) Humanator – Recursos Humanos e Sucesso Empresarial, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2007 CUNHA, M.P., REGO, A. CARDOSO,C. (2006) Manual de Comportamento Organizacional e Gestão, Lisboa: Rh Editora. DARON, R., PAROT, F., (2001), Dicionário de Psicologia, Lisboa, Climepsi Editores. Dilts, R. et Epstein, T.A. (s.d.) Aprendizagem Dinâmica: Volume 1. São Paulo: Summus Editorial GERRIG, R., J., ZIMBARDO, P., G., (2005) A Psicologia e a Vida, Lisboa; Artmed Editora. GUIX, X., (2008) Nem eu me explico nem tu me entendes; Lisboa, Lua de Papel Editores. O´Connor, J. et Seymour, J. (2005) Introdução à Programação NeuroLinguistica: Como entender e influenciar as pessoas. São Paulo: Editora Summus PEREIRA, M., A., (2008) Comunicação; Formasau – Formação e Saúde Lda. Schott, B. (s.d) Sair-se bem quando tudo vai mal: PNL-Programação NeuroLinguistica. São Paulo: Editora Cultrix Vallés, G.B. 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