8. Programas de Controle e Monitoramento 8.1. Programa de Gestão Ambiental O programa de gestão ambiental é formado pelo conjunto de subprogramas que buscam avaliar os diversos impactos e medidas mitigadoras previstos com a atividade de dragagem de manutenção do Porto de Ilhéus. Neste sentido, o programa de Gestão Ambiental é constituído dos seguintes subprogramas: a) b) c) d) e) f) g) h) i) Subprograma de Monitoramento da Qualidade da Água; Subprograma de Monitoramento dos Sedimentos; Subprograma de Monitoramento da Biota Aquática; Subprograma de Monitoramento dos Corais; Subprograma de Monitoramento de Cetáceos e Quelônios; Subprograma de Comunicação Social; Subprograma de Educação Ambiental dos Trabalhadores; Ações de Compensação Pesqueira; Ações de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. O monitoramento proposto prevê o acompanhamento dos eventuais impactos ambientais previstos na avaliação de impacto, fornecendo subsídios para a tomada de decisões quanto à gestão ambiental do empreendimento. 8.1.1. Subprograma de Monitoramento da Qualidade das Águas O Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas é o meio pelo qual se avalia a qualidade das águas no entorno da área a ser dragada no Porto de Illhéus, além de acompanhar eventuais alterações nas águas durante a atividade, através da determinação de parâmetros. Cabe mencionar que a dragagem de manutenção não deverá trazer alterações significativas para a qualidade das águas na área de influência do empreendimento, uma vez que não foi detectado contaminação nos sedimentos analisados para a área, e, portanto, não haveria disponibilização de metais ou outros compostos ao meio aquático. 8.1.1.1. Objetivos Objetivo Geral O objetivo geral do programa é a avaliação da qualidade das águas visando detectar possíveis interferências associadas com a atividade de dragagem de manutenção do Porto de Ilhéus. Objetivos Específicos Os objetivos específicos do programa de monitoramento das águas são: • • Caracterizar a qualidade ambiental das águas superficiais presentes na AID do empreendimento; Identificação de alterações na qualidade das águas superficiais na área do entorno da dragagem e próximo à área de descarte. 8.1.1.2. Metodologia Malha de amostragem A malha amostral a ser utilizada para o monitoramento da qualidade das águas para a dragagem de manutenção do Porto de Ilhéus contemplará 8 (oito) estações situadas, conforme apresentado no QUADRO 10.1.1-1. As estações P2, P7 e P8 apresentam correspondências com as estações monitoradas para a elaboração do Estudo Ambiental (EA) em 2011, o que vai permitir uma comparação entre esta e as demais fases do empreendimento. Também foram definidos mais três pontos, um na Pedra do Ilhéu Grande, um ao norte da área de dragagem e outro ao sul, para monitoramento da qualidade das águas. QUADRO 10.1.1- 1 - Relação dos pontos de amostragem selecionados para avaliação da qualidade das águas (Datum WGS 84). * CÓDIGO REFERÊNCIA X Y P2 Zona de Dragagem 496992,99 8366826,11 P7 Saída do estuário do rio Almada 494801,00 8366963,00 P8 Ponta do molhe do Porto de Ilhéus 497049,84 8367907,95 P10 Oeste da zona de dragagem 496010,43 8367377,48 P12 Eixo do enrocamento 496828,29 8365974,54 P13 Eixo do enrocamento 496240,78 8365786,06 P14 Parque Municipal Marinho de Ilhéus 497841,43 8367416,47 P15 Parque Municipal Marinho de Ilhéus 497589,14 8366407,61 A FIGURA 10.1.1-1 apresenta o mapa de localização das estações de amostragem selecionadas para esse programa de monitoramento (pontos ajustados após reunião com o IBAMA). 8.1.1.3. Parâmetros de Análise A seleção dos parâmetros foi feita considerando as prováveis interferências derivadas da atividade de dragagem a ser realizada no Porto de Ilhéus. Também estão contemplados indicadores que vão medir a qualidade físico-química e microbiológica da água buscando evidenciar impactos associados às atividades rotineiras do porto durante as fases de dragagem. Neste sentido, também foi levada em conta a listagem de parâmetros avaliados na fase da elaboração do EA, que representam um “background” da qualidade observada antes da dragagem. O QUADRO 10.1.1-2 apresenta a seleção de parâmetros que serão avaliados no presente programa de monitoramento. QUADRO 10.1.1- 2 – Relação dos parâmetros selecionados para caracterização da qualidade das águas. PARÂMETROS Transparência Temperatura Salinidade Oxigênio Dissolvido Saturação de oxigênio UNIDADE m ºC mg/L % LQ 0,1 - MÉTODO Disco de Secchi Sonda Quanta Hidrolab Sonda Quanta Hidrolab Sonda Quanta Hidrolab Sonda Quanta Hidrolab PARÂMETROS Clorofila A Óleos e Graxas Coliformes Termotolerantes (E. coli) Enterococos Escherichia coli Nitrito (como N) Nitrato (como N) Nitrogênio Amoniacal Fósforo Total Sólidos Totais Sólidos Suspensos Totais Turbidez Carbono Orgânico Total UNIDADE µg/L mg/L NMP/100mL UFC/100 mL NMP/100mL mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L NTU mg/L LQ 3 1 1 1 1 0,006 0,1 0,1 0,01 2 2 0,1 2,5 MÉTODO SMWW 10200 H SMEWW 5520 B SMEWW 9223 B SMEWW 9230 C SMEWW 9223 B EPA 300.1 EPA 300.1 SMWW 4500 NH3 E SMEWW 4500 - P - E SMWW 2540B SMWW 2540C SMWW 2130 B. SMEWW 5310-B Para o monitoramento da pluma de sedimentos, considerando que os sedimentos a serem dragados apresentaram conformidade com os padrões de qualidade definidos pela Resolução CONAMA 344/04 durante a fase do EA e se encontram livres de contaminação química, o presente programa deverá focar nas alterações decorrentes da ação direta de lançamento desses sedimentos. Neste sentido, serão monitorados os seguintes indicadores: turbidez, transparência e sólidos suspensos. Os resultados obtidos serão comparados com os padrões estabelecidos para águas salinas pela Resolução CONAMA Nº357/05. 8.1.1.4. Procedimentos de Coleta A coleta das amostras deverá ser realizada segundo as metodologias padronizadas pela Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 1987). Tal como no EA, deverão ser consideradas a análise em perfil da coluna d’água. Sendo assim, serão obtidas amostras dos períodos de maré cheia e vazia, bem como a coleta em diferentes estratos (superfície, meio/secchi e fundo). As amostragens serão feitas sempre no período de maré de sizígia (lua cheia ou nova) de modo a amostrar o período que apresenta as maiores variações possíveis entre os momentos de maré. A seguir é apresentado um detalhamento dos procedimentos metodológicos a serem adotados para execução do presente programa de monitoramento. As primeiras amostras a serem obtidas devem ser as de óleos e graxas e microbiológicas (enterobactérias), de forma direta (imergindo o próprio recipiente na água). A amostragem microbiológica deve ser realizada com recipientes de coleta previamente esterilizados em autoclave. A amostragem de óleos e graxas deve ser feita em recipiente de boca larga. Em seguida, deve ser feito o lançamento da garrafa amostradora a 0,5m de profundidade para obtenção das amostras de superfície. O conteúdo da garrafa pode ser lançado em um balde lavado com a própria água do ponto de amostragem e os recipientes enchidos com o auxílio de um becker plástico. O próximo passo deverá ser a determinação da profundidade secchi, a qual será feita com a utilização de um disco de secchi lançado a partir da borda sombreada da embarcação. Em seguida, devem ser feitos lançamentos da garrafa na mesma profundidade mensurada no disco, com a obtenção das amostras na profundidade de secchi. Por último, serão feitos os lançamentos posicionando a garrafa à 1m do fundo, com a obtenção das respectivas amostras representativas da porção mais profunda da coluna de água. Todas as amostras de água serão acondicionadas em caixas isotémicas (isopor) contendo gelo, permitindo a manutenção dos recipientes a uma temperatura estimada de 4 °C. O envio dessas amostras ao laboratório deverá ocorrer no prazo máximo de 24h após a coleta. 8.1.1.5. Frequência Amostral Estão previstas 04 campanhas de amostragem, sendo a primeira realizada antes do inicio da operação de dragagem, a segunda durante a ação, a terceira ao término das operações de dragagem, e quarta campanha deverá ser realizada seis meses após a terceira campanha de amostragem. 8.1.1.6. Cronograma físico O QUADRO 10.1.1-3 apresenta o cronograma das atividades de monitoramento da qualidade da água e pluma de sedimentos, considerando a duração aproximada de 90 a 120 dias para as atividades de dragagem. Salienta-se que este cronograma poderá sofrer alterações. QUADRO 10.1.1- 3 – Cronograma do monitoramento da qualidade da água no Porto de Ilhéus, BA. Mês Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Atividades de dragagem 1a Campanha 2a Campanha 3a Campanha 4a Campanha 8.1.2. Subprograma de Monitoramento da Qualidade dos Sedimentos O presente programa justifica-se em função da futura exposição de camadas mais profundas do sedimento na área de dragagem, após a referida operação. No diagnóstico apresentado neste estudo ambiental, os sedimentos da área de dragagem apresentaram ausência de contaminação. Quando a dragagem for finalizada e a cota de – 10 m DHN for alcançada, será necessário refazer a amostragem para verificar a qualidade geoquímica dos sedimentos que ficarão expostos, formando uma nova camada superficial. Este levantamento servirá de linha de base para comparação futura, quando da execução de novas dragagens, sejam estas de manutenção ou de aprofundamento. A importância desta avaliação reside na possibilidade de comparar a qualidade dos sedimentos na etapa pós dragagem com dados a serem gerados no licenciamento ambiental de futuras dragagens ou de manutenção ou de aprofundamento, e a partir desta comparação estabelecer possíveis processos do porto que possam estar contribuindo com a contaminação das águas e sedimentos. 8.1.2.1. Objetivos Objetivo Geral Identificar possíveis indícios de alteração da qualidade dos sedimentos da área de influência após a dragagem, tendo como referência os parâmetros constantes da Resolução CONAMA 344/04 (CONAMA, 2004)1 . Objetivos Específicos Os objetivos específicos do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Sedimentos são: • Avaliar possíveis alterações na granulometria dos sedimentos; • Avaliar a possível contaminação dos sedimentos com metais; • Avaliar a possível contaminação dos sedimentos com hidrocarbonetos policíclicos aromáticos; • Avaliar a possível contaminação dos sedimentos com Bifenilas Policloradas (PCBs); • Avaliar a possível contaminação dos sedimentos com pesticidas; • Avaliar o possível aumento nas concentrações de carbono orgânico, nitrogênio e fósforo nos sedimentos da área em estudo. 10.1.2.2. Metodologia Malha de Amostragem A malha amostral do sedimento deverá ser a mesma recomendada para o monitoramento da qualidade da água. 10.1.2.3. Parâmetros de Análise Devem ser analisados todos os parâmetros constantes da Resolução CONAMA 344/04. Complementarmente, caso sejam detectados contaminantes em teores superiores aos limites da referida resolução, devem ser conduzidos testes ecotoxicológicos crônicos e agudos com elutriato e os sedimentos dos pontos que vierem apresentar contaminação. 10.1.2.4. Procedimentos de coleta Em cada ponto de amostragem devem ser coletadas três réplicas, utilizando amostrador de sedimentos devidamente descontaminado, e constituído em aço inoxidável. . O material coletado deve ser armazenado em sacos plásticos duplos (para as análises de metais e compostos inorgânicos) ou recipientes metálicos (para as análises de compostos orgânicos) devidamente etiquetados, de acordo com o parâmetro analisado. Após a coleta, a porção superficial dos sedimentos das réplicas coletadas (camada de 2 cm de espessura) será retirada e transferida para um recipiente de material inerte. Após a obtenção das amostras compostas, as mesmas serão acondicionadas em caixas isotérmicas a 4ºC ± 0,5. 10.1.2.5. Frequência Amostral Deverá ser realizada apenas uma campanha de amostragem após o término da atividade de dragagem. 1 CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA no 344 de 25 de março de 2004. 2004. 8.1.3. Subprograma de Monitoramento da Biota Aquática A ressuspensão de material particulado para a coluna d’água deverá gerar aumento da turbidez. Por sua vez, este pode interferir com as comunidades fitoplanctônicas, responsáveis pela produtividade primária da área de influência do empreendimento. Em relação à comunidade zoobentônica, a operação de dragagem acarretará a remoção física e destruição do bentos na área de ocorrência das atividades de dragagem. Contudo, o restabelecimento desta comunidade provavelmente recomeça logo após a finalização da operação. A comunidade zoobentônica também poderá ser afetada pela redução nos valores de abundância e diversidade de algumas espécies, especialmente aquelas de interesse comercial. Neste sentido, deve-se dar atenção especial às populações de camarões peneídeos existentes na área, pois estas são a base de sustentação econômica para alguns pescadores da área. O programa de monitoramento aqui proposto deverá contemplar tanto os aspectos relevantes à ecologia das comunidades planctônicas, zoobentônicas e ictiofauna. 8.1.3.1. Objetivos Objetivo Geral O objetivo geral do programa de monitoramento das comunidades planctônicas é aferir os reais impactos associados com a atividade de dragagem nas comunidades planctônicas, zoobentônica e íctica da sua área de influência. 8.1.3.2. Metodologia Malha de amostragem Plâncton As amostragens de plâncton deverão ser realizadas nos mesmos pontos definidos no plano de monitoramento da qualidade da água, ou seja, em seis pontos de amostragem, sendo também as amostras obtidas nas marés enchente e vazante. Zoobentos As amostragens de zoobentos deverão ser realizadas nos mesmos pontos definidos no plano de monitoramento da qualidade do sedimento, ou seja, em 6 pontos de amostragem. Ictiofauna O monitoramento da ictiofauna deverá ser realizado no ponto P2 definido no programa de monitoramento da qualidade da água, na zona da dragagem. 8.1.3.3. Procedimentos de Coleta Plâncton As amostras de plâncton deverão ser coletadas com o auxílio de redes de arrasto, com malhas específicas para cada comunidade avaliada. Para o zooplâncton deve-se usar malha com abertura de 120µm, cujo arrasto terá a duração de cinco minutos. Já para o fitoplâncton a rede deve apresentar malha com abertura de 60µm, com duração do arrasto de três minutos. O volume de água filtrado deve ser estimado através do uso de um fluxômetro, o qual fica preso à rede durante o arrasto. Para a fixação do material coletado serão usadas duas substâncias, a saber solução de Formol a 3,7%, para as amostras de zooplâncton, e solução de Transeaux, para as amostras de fitoplâncton. Para as amostras de ictioplâncton deverão ser utilizadas redes com abertura de malha de 300µ e preservação com solução de formol a 4%. Os arrastos horizontais deverão ser realizados em um tempo de 10 minutos para cada estação avaliada. Zoobentos As comunidades zoobentônicas pertencentes à infauna (habitando o interior do sedimento) deverão ser coletadas por meio de uma draga de van Veen. Serão obtidas três réplicas em cada ponto. Ainda em campo, deve ser feita uma triagem inicial das amostras, evitando assim que haja perda de material por degradação orgânica durante o transporte. A preservação dos animais será feita com solução de Formol a 3,8%. Ictiofauna Deverá haver uma pessoa encarregada de monitorar a mortandade de peixes na área do porto. As operações de dragagem deverão ser interrompidas caso haja uma ocorrência igual ou superior a 150 peixes por dia, durante três dias consecutivos, independente do porte dos animais. 8.1.3.4. Parâmetros de análise Além dos parâmetros biológicos citados acima, recomenda-se também a determinação das concentrações de clorofila “a” na água, tendo em vista que este parâmetro fornece com maior precisão, informações sobre a biomassa do fitoplâncton na área em estudo. Essas determinações devem ser feitas ao mesmo tempo em que as coletas de plâncton são efetuadas. 8.1.3.5. Frequência de Amostragem As amostragens de plâncton e bentos serão realizadas em paralelo com a amostragem da qualidade da água e sedimento. Para as comunidades planctônicas, deverão ser feitas quatro campanhas de monitoramento pós-dragagem, trimestrais, para acompanhar a recuperação das comunidades planctônicas. Quanto à comunidade zoobentônica, deverá ser monitorada através de 5 campanhas de monitoramento, sendo uma durante a dragagem e quatro trimestrais após a dragagem. O monitoramento da ocorrência de mortandade de peixes deverá ser mantido período de execução da dragagem. 8.1.3.6. Cronograma físico O QUADRO 10.1.3-1 apresenta o cronograma das atividades de monitoramento da biota aquática, considerando a duração das atividades de dragagem em 90 dias podendo-se estender para 120 dias. Salienta-se que este cronograma poderá sofrer alterações. QUADRO 10.1.3- 1 - Cronograma das atividades de monitoramento da biota aquática. Mês Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Atividades de dragagem 1a Campanha de Plâncton 2a Campanha de Plâncton 3a Campanha de Plâncton 4a Campanha de Planctôn 1a Campanha de Zoobentos 2a Campanha de Zoobentos 3a Campanha de Zoobentos 4a Campanha de Zoobentos 5ª Campanha de Zoobentos Monitoramento da Ictiofauna 8.1.4. Subprograma de Monitoramento dos Corais O monitoramento dos corais será realizado através da quantificação do grau de turbidez da água em dois pontos de amostragem localizados nas imediações da Pedra do Ilhéu Grande, além do monitoramento dos níveis de branqueamento dos mesmos. Esses pontos são os mesmos já monitorados, quanto ao grau de turbidez, em dragagens manutenção do canal de acesso do Porto de Ilhéus. 8.1.4.1. Malha amostral Serão monitorados dois pontos de amostragem na região dos corais, os quais correspondem aos pontos COD-05 e COD-06 do monitoramento da operação de dragagem de manutenção do Porto de Ilhéus realizado em 2002. QUADRO 10.1.4- 1 – Localização das estações do monitoramento da pluma de sedimentos gerada durante a operação de dragagem. PONTO Coordenadas UTM COD-05 0498180 8367357 COD-06 0497935 8367004 8.1.4.2. Coleta das Amostras As amostras serão obtidas na superfície, na profundidade de Secchi e a um metro acima do fundo em dois pontos de amostragem, correspondentes aos pontos COD05 e COD06 do monitoramento da pluma de sedimentos quando da dragagem da área interna do Porto de Ilhéus. Serão avaliados quatro períodos de maré correspondentes à maré enchente, maré cheia, maré vazante e maré vazia. 8.1.4.3. Parâmetros analisados Deverá ser analisada a turbidez, com a utilização de um turbidímetro portátil e os níveis de branqueamento dos corais. 8.1.4.4. Frequência Amostral Deverão ser feitas cinco campanhas de monitoramento de corais, uma prévia à dragagem, uma durante a dragagem e três após a dragagem. 8.1.4.5. Cronograma físico O QUADRO 10.1.4-2 apresenta o cronograma físico para o monitoramento dos corais, considerando a duração das atividades de dragagem. QUADRO 10.1.4- 2- Cronograma do monitoramento da turbidez na região da Pedra do Ilhéu Grande. Mês Atividades 1 Atividades de dragagem 1a Campanha 2a Campanha 3a Campanha 4a Campanha 5ª Campanha 2 3 4 5 6 7 8.1.5. Subprograma Aquáticos de Monitoramento de Quelônios e Mamíferos A atividade de dragagem apresenta o potencial de geração de alguns impactos negativos, os quais estão relacionados, principalmente, ao risco de colisão da draga com estes organismos. Eventos de colisão de embarcações com cetáceos e quelônios tem sido apontados na literatura, como uma das causas mais frequentes de mortandades de grandes cetáceos, como a Baleia Jubarte (Megaptera novaeangliae) e outras espécies. O distúrbio mais evidente que a atividade poderá causar é a perturbação dos animais por conta do deslocamento das dragas. REIS (2002), ao estudar o comportamento do boto Sotalia fluviatilis nos anos de 1999 e 2000 na área do Porto de Ilhéus, concluiu que essa espécie parece ter se adaptado à constante movimentação de embarcações. Segundo esta mesma autora, os golfinhos manifestam comportamento de deslocamento na presença de embarcações, geralmente afastando-se do local. Quanto aos quelônios, esses animais costumam passar a maior parte do ciclo de vida em alto mar, apenas retornando à costa para desovar em praias arenosas.O trecho costeiro comumente utilizado pelos quelônios que visitam aquela região encontra-se mais ao norte de Ilhéus, nas praias entre os municípios de Itacaré e Nova Viçosa. Nessas localidades existem, inclusive, pontos de observação e monitoramento de quelônios mantidos por Organizações Não Governamentais (ONGs). Diante dessas circunstâncias, os procedimentos mais viáveis para monitorar as comunidades de quelônios e mamíferos são as seguintes: • Deverá ser contratado em caráter temporário, um técnicos com notória experiência em observação de mamíferos aquáticos e quelônios. Essas pessoas ficariam a bordo de cada draga, em um ponto elevado da embarcação, durante as atividades de remoção e descarte do sedimento, observando se há presença de mamíferos aquáticos ou quelônios. Este operador deverá ter à mão um binóculo, um receptor GPS (Global Positioning System) de 12 canais, uma máquina fotográfica e um ficha de campo previamente preparada. • Se algum mamífero marinho ou quelônio for avistado e estiver situado na rota de deslocamento da embarcação, o técnico responsável comunicará, via rádio a posição estimada do animal, para que o comandandante da embarcação possa ajustar o rumo da embarcação saindo da rota de colisão. O técnico responsável deverá registrar as coordenadas do avistamento, a distância estimada da embarcação para o animal e a direção de avistamento e, se possível identificar o tipo de animal avistado e a espécie. Desta forma o risco de colisão com mamíferos marinhos e cetáceos será reduzido. • Todos os avistamentos devem ser registrados em fichas de campo adequadas, incluindo os seguintes dados: horário inicial e final, condições do mar, maré (analisada através da tábua de maré do Porto de Ilhéus), visibilidade, céu, vento (Escala de Beaufort), coordenadas do ponto de avistagem, tamanho do grupo, número de adultos e filhotes (estes serão definidos como sendo 2/3 ou menos do comprimento total do adulto ou em associação com eles), atividades e comportamento dos animais e outras observações (qualquer outro dado relevante e não mencionado acima) (REIS, 2002). • Devem ser elaborados relatórios mensais apresentando todas as observações feitas durante a atividade de dragagem. Ao final da atividade, deverá ser emitido um relatório técnico geral, contendo todos os resultados, testes de significância e as principais recomendações do estudo. • Os trabalhadores da draga deverão ser informados sobre riscos e medidas a serem adotadas no caso do avistamento desses animais. Caberá a CODEBA a contratação de profissionais qualificados para a correta implementação e execução do programa. 8.1.6. Subprograma de Comunicação Social 8.1.6.1. Objetivo Geral O Projeto de Comunicação Social tem como principal objetivo estabelecer uma comunicação eficiente entre a CODEBA e os grupos sociais localizados na área de influência da dragagem de manutenção do porto. O objetivo geral do projeto é informar à população da área de influência do empreendimento – priorizando os grupos sociais afetados – acerca dos impactos ambientais e repercussões no cotidiano da sociedade local durante as diferentes etapas do processo de licenciamento ambiental, do cumprimento das condicionantes da licença, da execução e acompanhamento dos programas ambientais, do andamento das obras e demais assuntos de interesse público, além de viabilizar a transparência na condução do processo de licenciamento ambiental. 8.1.6.2. Público alvo O objeto deste licenciamento ambiental é a dragagem de manutenção do Porto de Ilhéus, por tanto foi priorizado os grupos sociais afetados pela atividade, como: representantes das associações de moradores, entidades do setor náutico e ambiental, representantes do turismo local e entidades ligadas à atividade de pesca que atuam nas proximidades do porto. 8.1.6.3. Metodologia Serão divulgadas informações acerca dos impactos ambientais e repercussões no cotidiano da sociedade local durante as diferentes etapas do processo de licenciamento ambiental e da execução e acompanhamento dos programas ambientais, do andamento das obras e demais assuntos de interesse público, além de viabilizar a transparência na condução do processo de licenciamento ambiental. De acordo com a Nota Técnica n°13/2012 COPAH/CGTMO/DILIC/IBAMA que dispõe sobre as orientações para elaboração de Programa de Comunicação Social no âmbito do licenciamento ambiental, este programa se enquadra na Linha de Ação 2, a qual recomenda como principais instrumentos de comunicaçãos entre o empreendedor e a população a utilização de rádio, faixa, telefone para ouvidoria, folhetos, jornais, banners, páginas na internet, entre outros. Vale ressaltar que a linguagem e instrumentos de comunicação serão adequados às especificidades de cada grupo social identificano no item 10.1.6.2 deste programa. 8.1.6.4. Cronograma O programa deverá ser ter início no período anterior à dragagem de manutenção, estendendo-se por todo período da dragagem (QUADRO 10.1.6.4-1). QUADRO 10.1.6- 1– Cronograma. Mês Atividades 1 2 3 4 Ativ idades de dragagem Div ulgação dos primeiros informes sobre a ativ idade e cronograma da atividade Distribuição de impressos e div ulgação do telefone para ouv idoria 8.1.7. Subprograma de Educação Ambiental para os Trabalhadores PEAT 8.1.7.1. Objetivo Geral O principal objetivo do Programa de Educação Ambiental para os Trabalhadores é desenvolver ações de sensibilização, capacitação e organização da força de trabalho envolvida na atividade de dragagem, “visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente” (Inciso V do Art. 3° da Lei 9.795/99). Essas ações serão embasadas nos estudos contidos no Estudo Ambiental e na legislação ambiental. Segundo o Art. 4° da Instrução Normativa IBAMA n° 2/2012 “o PEAT compreenderá processos de ensino-aprendizagem com o objetivo de desenvolver capacidades para que os trabalhadores avaliem as implicações dos danos e riscos socioambientais decorrentes do empreendimento nos meios físico-natural e social em sua área de influência”. 8.1.7.2. Público alvo O público alvo destes programas são os trabalhadores envolvidos na atividade de dragagem, considerando a tripulação da draga e os profissionais de apoio em terra. 8.1.7.3. Metodologia Ao estruturar este programa, bem como o seu processo de monitoramento e avaliação, para garantir que se cumpram finalidades e metas estabelecidas, foi levado em consideração o contexto econômico e cultural onde o processo será realizado. Cabe também ressaltar que o tipo de linguagem, de conteúdo, de interesse e de capacidade de organização se difere significativamente entre os grupos sociais envolvidos em processos como este, tendo sido levado em consideração na elaboração deste programa. Diante do exposto e de acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental Lei n° 9.795/99 art.5 II, que tem como um dos objetivos fundamentais da educação ambiental, a garantia de democratização de informações ambientais, foi elaborado um Programa que possibilite aos indivíduos perceberem-se como sujeito social capaz de compreender a complexidade da relação sociedade/natureza, bem como de comprometer-se em agir em prol da prevenção e da solução dos possíveis danos ambientais causados pelas intervenções no ambiente físico-natural e construído, a partir do “descobrimento” do meio ambiente existente no entorno do Porto de Ilhéus. O programa prevê ações de capacitação de curta duração (1 hora), sempre que possível, durante os horários de trabalho, evitando-se a realização nos períodos dedicados ao descanso e lazer dos trabalhadores. A capacitação compreenderá processos de ensino-aprendizagem, utilizando-se recursos didáticos que incentivem a reflexão e a participação dos trabalhadores, com momentos de construção de conceitos, democratização de informações e atividades lúdicas, para que todos os funcionários, independentemente do nível escolar, possam acompanhar e participar efetivamente das oficinas, tornando todo o processo uma ferramenta importante para o empoderamento do mesmo, gerando posturas pró-ativas em relação ao ambiente de trabalho, aos ecossistemas e às comunidades locais. Deverão ser abordados temas como localização geográfica do empreendimento, a descrição do meio físico, biótico e antrópico local, a apresentação dos impactos decorrentes da atividade e formas de minimizá-lo. Deverão ser abordados também os aspectos éticos na relação socieadade natureza, fortalecendo os laços de solidariedade, respeito às diferenças, buscando estabelecer uma “convivência social positiva”. Detalhamento da metodologia CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1. 2. 3. 4. Objetivos do treinamento; Localização geográfica do empreendimento; Descrição dos meios físico, biótico e antrópico local; Apresentação dos impactos ambientais decorrentes da atividade e formas de minimizá-los; 5. Importância da relação homem-natureza; e 6. Conduta interpessoal para uma convivência social positiva. DETALHAMENTO DOS TEMAS A SEREM ABORDADOS O conteúdo programático deverá ser dividido em 3 módulos, conforme apresentado a seguir: Módulo I Objetivos do treinamento As oficinas do PEAT deverão iniciar com a apresentação dos técnicos da empresa prestadora dos serviços, dando continuidade com a exposição dos objetivos do treinamento. Localização Geográfica do Empreendimento Apresentar, através de mapa, a localização geográfica do empreendimento, para que os funcionários possam situar-se geograficamente e entender o contexto ambiental da área onde ocorrerá a dragagem. Meios físico, biótico e antrópico A partir da localização geográfica e contextualização ambiental do empreendimento, é possível a abordagem e construção de conceitos. Deverão ser descritos os principais aspctos dos meios físico, biótico e antrópico da área no entorno do empreendimento. Módulo II Impactos Ambientais Neste momento, será importante a explicação de como são identificados e avaliados os impactos ambientais previstos com a atividade de dragagem e as formas de minimizá-los, ao passo em que vão percebendo as consequências implícitas e explícitas dos riscos e danos socioambientais decorrentes da atividade no seu cotidiano, além de identificar junto com os participantes que atitudes proativas os mesmos poderão tomar para minimizar ainda mais os efeitos negativos da atividade. Módulo III Relação homem-natureza e conduta interpessoal Este módulo deverá contar com a participação mais intensa do público, onde os mesmos após momentos de reflexão a respeito do “descobrimento” de todas as informações trocadas nos módulos anteriores deverão estabelecer a importância da relação homemnatureza como um todo. A conclusão deste módulo abordará a importância de se manter a boa conduta no ambiente de trabalho. Este módulo em especial deverá ser mantido durante os meses em que ocorrerem as atividades de dragagem, no qual deverão ser realizadas reuniões semanais de curta duração para troca de experiências sobre o andamento na rotina de trabalho, afim de minimizar possíveis conflitos de convivência. 8.1.7.4. Acompanhamento e avaliação Como este programa tem natureza dinâmica, estando sempre em constante avaliação e atualização, a fim de sempre conseguir atingir de forma efetiva cada público alvo identificado. • • • Todas as atividades terão registro fotográfico; Ao final da oficina haverá também registro individual através de uma avaliação sobre a atividade; Os participantes deverão assinar lista de presença. Ao final das atividades deverá ser elaborado um relatório integrado todas as ações do programa de educação ambiental durante a dragagem, com regitro fotográfico e material didático utilizado. 8.1.7.5. Recursos Necessários Todos os recursos necessários para implementação do programa são de inteira responsabilidade do empreendedor, estando prevista a utilização dos seguintes recursos: Contratação de profissionais especializados; Contratação de serviços gráficos; Disponibilização de espaço para a realização das oficinas; Aluguel de equipamentos multimídia. • • • • 8.1.7.6. Cronograma Físico Os módulos I e II deverão ser realizados antes do início das atividades de dragagem e o módulo III deverá ser mantido durante a dragagem. QUADRO 10.1.7- 1 – Cronograma. Mês Atividades 1 2 3 4 5 Atividades de dragagem Módulo I Módulo II Módulo III Elaboração de Relatório 8.1.8. Ações de Compensação Pesqueira De acordo com o levantamento sobre a atividade pesqueira na região do rio Almada, foi constatada a prática da pesca de arrasto de praia nas proximidades do Porto de Ilhéus. Com a atividade de dragagem, é esperada a geração de uma pluma de sedimentos concentrada no entorno da área a ser dragada que poderá vir a interferir nessa atividade, contudo, por ser realizada em um curto período de tempo, 2 meses, a CODEBA deverá desenvolver ações de compensação pesqueira, assegurando seguro defeso para os pescadores, previamente cadastrados, que realizem tradiconalmente a pesca de arrasto de praia nesta localidade. 8.1.9. Ações de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Os principais resíduos que deverão ser gerados pela draga são os efluentes sanitários, em pequena quantidade dado o pequeno contingente embarcado e os resíduos sólidos compostos por lixo convencional, borras oleosas e resíduos contamitados por óleo utilizado na manutenção da draga, etc. Em relação às atividades em terra, o pessoal utilizará a estrutura de apoio oferecida pelo Porto de Ilhéus. Sabendo-se que é certa a geração desses resíduos e levando-se em consideração o curto período em que será realizada a dragagem de sedimentos do porto, 2 meses, não justifica-se a elaboração de um programa mais complexo, devendo a CODEBA exigir que o gerador dos resíduos (empresa contratada para dragagem) contrate uma empresa especializada para coleta e destinação dos mesmos, e em paralelo informe à CODEBA o volume, o tipo de resíduo, a destinação final e pessoas envolvidas na atividade. Deverá ser garantida a coleta e destinação final dos resíduos gerados durante a atividade, através dos procedimentos mantidos pela CODEBA.