AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PROFa. DRa. ANDRÉA SERPA GRUPALFA / NÓS DO SUL [email protected] [email protected] As múltiplas dimensões da Avaliação Escolar: Uma prática complexa. CULTURAS CURRÍCULOS D SOCIEDADES SABERES AVALIAÇÃO PODERES CORPOS ALTERIDADES PROJETOS MERCADO VIOLÊNCIAS R SONHOS “O conflito ético se coloca como inevitável quando a avaliação cumpre simultaneamente funções tão diversas, servindo cada uma delas a interesses muito diferentes”.(Sacristán, 1998: p.337). QUE FUNÇÕES A AVALIAÇÃO CUMPRE? E A QUE PROJETOS ESTAS FUNÇÕES SERVEM? TREINAR INDIVÍDUOS PARA UM MUNDO: • • • • Competitivo, seletivo e classificatório; Uniforme, homogênio, mocultural; Informações parciais, fragmentadas; Lógicas únicas, interpretações únicas, verdades únicas; • A forma prevalece sobre o conteúdo; • O conhecimento não tem valor em si: reificado, é um objeto, uma mercadoria, assim como o indivíduo. FORMAR SUJEITOS PARA UM MUNDO: • • • • • Cooperativo, solidário, includente; Onde a diferença não é deficiência; Diversidade e pluralidade cultural; Conhecimento complexo, transdiciplinar; Lógicas diversas, diferentes interpreções possíveis; • Conteúdo e forma são indissossiáveis; • O conhecimento é um valor em si: produzido no encontro entre sujeitos de diferentes saberes. QUAL A FUNÇÃO DA AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR? • Treinar indivíduos e promover uma pré-seleção para o “mercado” excluindo na base, separando logo o joio do trigo? • Formar sujeitos e garantir-lhes o direito ao conhecimento? Formar seres humanos melhores para um mundo que precisa subelevar-se acima dos desígnios do “mercado”? • A quem serve a escola? A que projeto ela esta subordinada? E o que este projeto vem históricamente produzindo? É POSSIVEL AVALIAR? É POSSIVEL AVALIAR O “OUTRO” SEM O OUTRO? É POSSÍVEL AVALIAR O “OUTRO” QUE SE DESCONHECE? QUEM SÃO OS SUJEITOS TRANSMUTADOS EM NÚMEROS? O QUE REALMENTE SABEM? O QUE PRECISAM SABER? QUEM DEFINE? SUJEITOS DA AVALIAÇÃO: PROFESSORES, ALUNOS, CULTURAS, VALORES? O QUE REALMENTE SE BUSCA REGULAR/AJUSTAR? E O QUE SE INVISIBILIZA? QUE SUJEITOS PRETENDE FORMAR E QUE PROJETO DE MUNDO SE PRODUZ COM AS AVALIAÇÕES MONUCULTURAIS E UNIVERSALISTAS? DIFERENTES CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM DIFERENTES CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO fonte: Domingos Fernandes Princípios Behavioristas Teorias da aprendizagem Acumulação de pequenos elementos que um dado conhecimento se decompõe Aprendizagem é um processo ativo de construção mental e atribuição de significado Transferência de aprendizagem para contextos semelhantes aos que a aprendizagem ocorreu Aprender coisas “novas” pode ser facilitado, dificultado ou impedido por concepções e estruturas préexistentes Testes devem ser frequentes para garantir o alcance dos objetivos Aprendizagens são processos sociais, o que se aprende é marcado socio e culturalmente ISOMORFISMO: teste se confunde com aprendizagem e vice-versa Metacognição, autocontrole, autorregulação competencias indispensáveis para o pensamento Motivação externa: baseada em estímulos: reforço positivo de pequenos passos. Novas aprendizagens determinadas por conhecimentos prévios e perspectivas culturais. AVALIAÇÃO FORMATIVA ALTERNATIVA: PAPEL DOCENTE / PAPEL DISCENTE fonte: Domingos Fernandes PROFESSOR ALUNO Organizar o processo de ensino Participar ativamente do processo de aprendizagem e avaliação Propor tarefas apropriadas aos alunos Desenvolver as tarefas propostas Definir prévia e claramente os propósitos do ensino e avaliação Utilizar o feedback para autoregular suas aprendizagens Diferenciar suas estratégias Analisar seu próprio trabalho: metacognição e autoavaliação Utilizar sistema de feedback Regular suas aprendizagens Ajustar o ensino de acordo com as Partilhar seu trabalho, seu necessidades dos alunos sucesso e suas dúvidas Criar clima adequado de comunicação interativa Organizar seu próprio processo de aprendizagem Os exames por sua própria natureza – limitações técnicas, abordagens monoculturais, lógicas escolares etc – pouco revelam sobre o processo de aprendizagem dos alunos, não se constituindo em uma fonte útil para a prática docente, não sendo a favor do aluno. Apesar de reduzir os sujeitos em números pouco confiáveis, possui uma legitimidade social que gera uma série de consequências desastrosas para escola: insegurança, competição, mecanização do ensino, desmotivação docente e discente, perda de autonomia, e, com recorrência, fraude. Existem práticas de avaliação, tecidas no dia a dia da escola, onde o objetivo é investigar, replanejar e interagir com cada aluno em busca da ampliação dos seus saberes. Estas práticas investigadas podem nos oferecer dados muito mais concretos sobre seus processos de aprendizagem e sobre como produzir experiências de sucesso com estas crianças, do que a crença de que se pagarmos para as professoras ensinarem elas ensinarão e se pagarmos para as crianças estudarem elas estudarão, e estará resolvido o problema do fracasso escolar. Quem é nosso aluno? O que temos que ensinar? Como podemos ensinar? Para que ensinamos? 1. Alice é muito criativa e tem uma imaginação que vai longe! Um dia ela se imaginou no país das maravilhas como na estória que havia lido. Lá todos os bichos falam. As flores também falam. Até as cartas de baralho falam! Pinte as personagens que responde a pergunta abaixo: (A) Quem está entre o rei e a rainha de copas? 2. E a estória de Alice continuou ...Desta vez ela imaginou outra cena. A Rainha de copas, o Dodô e o Chapeleiro maluco caminhavam em direção ao castelo. Dodô é quem estava mais perto do castelo. A Rainha de copas é quem estava mais longe que todos do castelo. Desenhe a Rainha de copas e o Dodô na cena seguinte seguindo as informações que foram dadas. PACTOS DE SOLIDARIEDADE: A AVALIAÇÃO NA PERSPECTIVA DA COOPERAÇÃO E NÃO DA COMPETIÇÃO; DA INCLUSÃO E NÃO DA SELEÇÃO; COM O OUTRO E NÃO SOBRE O OUTRO. OS INSSUSPEITÁVEIS SUJEITOS DA AVALIAÇÃO… (ou as redes de produção dos sentidos da escola) -a professora - o aluno - a mãe de outro aluno - a professora-pesquisadora AVALIAR PARA QUÊ? - A avaliação que realmente nos importa é esta que potencializa professoras e alunos, que nos faz buscar novas formas, que nos faz ousar, criar, descobrir novas maneiras de produzir o conhecimento que nos interessa. - Uma avaliação que nos permita conhecer esse aluno em seus muitos contextos, em suas muitas possibilidades, que nos permita ensinar, uma avaliação que permita ao aluno mostrar o que sabe, o que já aprendeu. Uma avaliação – parafraseando Freire – “a favor do aluno e não contra ele”, a favor da professora, a favor do ensinoaprendizagem, a favor da escola e não contra ela. -A avaliação que nos importa é aquela que se estabelece a partir desse pacto de solidariedade entre os sujeitos que se compreendem aprendentes sobre um processo nem sempre claro, nem sempre fácil, nem sempre seguro. Sujeitos que se importam uns com os outros, que se compreendem parceiros, que se encontram. - A avaliação que nos importa é aquela que nos coloca a favor do aluno e não contra ele, a favor de seu aprendizado e sua emancipação e contra sua exclusão e subalternização. - A avaliação que importa, a nós educadoras, é aquela que se coloca a serviço da compreensão do processo de aprendizagem de cada criança, de seus desejos e sonhos, para contribuir com seu desenvolvimento, com sua relação com o mundo que a cerca POR ISSO PRECISAMOS… •Obter informações necessárias para acompanhar o percurso de cada criança e do grupo; • Apreender o modo como cada criança representa os conceitos trabalhados; • Investigar como as crianças pensam sobre o que ensinamos; • Pensar nas possibilidades que assegurariam a qualidade de ensino e aprendizagem; • Refletir sobre como proceder para que as crianças evidenciem seus avanços e dificuldades; • Analisar as respostas dadas pelas crianças; • Buscar compreender a lógica utilizada pelas crianças na realização das tarefas propostas. PRODUZINDO O SUCESSO A PARTIR DOS PACTOS DE SOLIDARIEDADE… Os sujeitos da escola não precisam de prêmios ou bônus, nem de viagens ou computadores, nerm de concursos que mais as humilham do que as valorizam. O que estas pessoas precisam mesmo, é de respeito. Respeito por suas identidades, por suas lutas, por seus fazeres diários, contínuos e tantas vezes solitários. Respeito por seus diferentes tempos, por seus diferentes contextos, por suas culturas diferentes, por sua luta diária para ensinar e aprender. EDUCAÇÃO É DIREITO. Direito de lutarmos por esta felicidade que encontramos ao compartilhar os nossos saberes. Direito de sermos felizes.