XXVI COMPETIÇÃO MATEMÁTICA DO RIO GRANDE DO NORTE - 2015 PROVA DA SEGUNDA FASE - NÍVEL III 1◦ , 2◦ e 3◦ Anos do Ensino Médio - 03/10/2015 Problema 1 Um lojista tem 40 barras de chocolate, cada uma das quais pesa 2, 3 ou 4 gramas. O peso total das barras é 160 gramas. Quais das barras o lojista tem mais: barras de 2 ou 4 gramas? Resolução: Seja a a quantidade de barras de chocolate pesando 2 gramas, e b o número de barra de chocolates pesando 4 gramas. Logo, a quantidade de barras de chocolate pesando 3 gramas é igual a 40 − (a + b). Assim, o peso total das barras de chocolate é igual a 2 · a + 4 · b + 3 · [40 − (a + b)] = 160 ⇔ 2 · a + 4 · b + 3 · 40 − 3 · a − 3 · b = 160 ⇔ b − a = 40. Portanto, b = 40 + a, o que implica que existem mais barras de chocolate pesando 4 gramas do que barras de chocolate pesando 2 gramas. Problema 2 Na figura a seguir, temos um semi-cı́rculo de raio R = 10 cm. Os pontos B e C dividem o semi-cı́rculo AD em três arcos de comprimentos iguais. Calcular a área sombreada do triângulo curvilı́neo ABC. Resolução: Os arcos AB e BC possuem o mesmo comprimento. Logo, os pontos B e C são equidistantes do diâmetro AD. Isto significa que os segmentos BC e AD são paralelos. Seja O o ponto médio do segmento AD, veja Figura a seguir. 1 Observe que os triângulos ∆BCO e ∆ABC posuem um lado em comum: BC. Logo, as alturas desses dois triângulos, traçadas de A e O, respectivamente, para este lado comum (ou seu prolongamento) possuem o mesmo comprimento, pois AD e BC são paralelas. Isto significa que são iguais as áreas: S(∆ABC) = S(∆BCO). Assim, a área pedida é igual a área do setor circular BCO, que, pelas hipóteses, é igual a 16 da área do cı́rculo todo. Portanto, a área do triângulo circular ABC é igual a: 61 · π · 102 = 50 3 · π. Problema 3 Considere a matriz quadrada A de ordem 100 × 100 1 2 3 2 3 4 · · · · · · · ·· A= 99 100 1 100 1 2 · · · 99 100 · · · 100 1 ··· ··· ··· · · · 97 98 · · · 98 99 na qual é permitido somar ou diminuir o mesmo número a todos os elementos de uma mesma linha ou coluna. Aplicando operações deste tipo, é possı́vel obter de A uma matriz com todas entradas iguais? Resolução: Seja C(i, j) a entrada da matriz que está na i−ésima linha e j−ésima coluna. Observe que o número I = C(1, 1) − C(1, 100) − C(100, 1) + C(100, 100) é um invariante, isto é, não se altera quando aplicamos a operação permitida. Na matriz original, esse valor de I é: I = 1 − 100 − 100 + 99 = −100 Mas, em qualquer matriz com todos as entradas iguais terı́amos I = 0. Portanto, a resposta é não! Problema 4 Se A, B e C são as medidas dos ângulos internos de um triângulo acutângulo ABC (cada um dos três ângulos medem menos que 90◦ ), mostre que para todo inteiro positivo n tem-se n tgn A + tgn B + tgn C ≥ 31+ 2 Resolução: Como A, B e C são as medidas dos ângulos internos do um triângulo ABC, segue que A + B + C = 180◦ ⇒ C = 180◦ − (A + B) ⇒ 2 tgC = tg[180◦ − (A + B)] = −tg(A + B) = − tgA + tgB ⇒ 1 − tgA.tgB tgC(1 − tgAtgB) = −(tgA + tbB) ⇒ tgC − tgA.tgB.tgC = −tgA − tgB ⇒ tgA + tgB + tgC = tgA.tgB.tgC Ora, como o triângulo BC é, por hipótese, acutângulo, segue que tgA > 0, tgB > 0 e tgC > 0. Portanto, pela desigualdade entre as médias aritmética e geométrica, segue que p tgA + tgB + tgC ≥ 3 tgA.tgB.tgC ⇒ 3 p tgA + tgB + tgC ≥ 3 3 tgA.tgB.tgC Como tgA + tgB = tgC = tgA.tgB.tgC, segue que p tgA.tgB.tgC ≥ 3 3 tgA.tgB.tgC ⇒ p (tgA.tgB.tgC)3 ≥ [3 3 tgA.tgB.tgC]3 ⇒ (tgA.tgB.tgC)3 ≥ 27tgA.tgB.tgC ⇒ (tgA.tgB.tgC)3 − 27(tgA.tgB.tgC) ≥ 0 ⇒ tgA.tgB.tgC[(tgA.tgB.tgC)2 − 27] ≥ 0 como tgA.tgB.tgC > 0, segue que (tgA.tgB.tgC)2 − 27 ≥ 0 ⇒ (tgA.tgB.tgC)2 ≥ 27 q √ √ (tgA.tgB.tgC)2 ≥ 27 ⇒ tgA.tgB.tgC ≥ 3 3 Por fim, aplicando mais uma vez a desigualdade das médias, segue que √ 3 tgn A + tgn B + tgn C ≥ 3 p tgn A, tgn B, tgn C 3 = 3 q(tgA.tgB.tgC)n √ ≥ 3 3 (3 3)n n = 31+ 2 3