A gua:Onutrienteessencial A maioria dos produtores, visando uma produtividade crescente, investe na dieta de seus animais, pensando em todos os nutrientes essenciais e limitantes para alcançar o máximo desempenho produtivo. Infelizmente, o consumo de água raramente é considerado como um fator limitante para a produção de leite. A água é considerada o nutriente mais importante para a saúde e desempenho de rebanhos leiteiros. Ela participa de vários processos vitais como: transporte de nutrientes, controle da temperatura, solventes para transporte de excrementos e manutenção do balanço de íons e fluídos. Um animal pode perder 100% de sua gordura e 50% de sua proteína corporal e ainda poderia se manter vivo por certo tempo, porém, a perda de 20% de água corporal leva à morte rapidamente. (Cardot et al., 2007; Policarpo, 2012) O organismo de uma vaca é composto por 56 a 81% de água. Há perdas de água corporal principalmente durante a produção de leite, na excreção de urina e fezes, no suor e através da respiração. (NRC, 2001) O baixo consumo de água causa um aumento no volume globular e na concentração de ureia sanguínea, além de causar perda de peso e reduzir a frequência respiratória, os movimentos ruminais e a produção de leite. Além disso, animais que não têm livre acesso à água tendem a apresentar comportamento agressivo próximo aos bebedouros, o que pode levar a ferimentos e prejuízos. (Cardot et al., 2007) O consumo de água pelos bovinos ocorre diversas vezes ao dia e geralmente, concentrando-se após ordenha ou ingestão de alimentos. Diversos fatores afetam a ingestão de água diária. Alguns dos principais fatores citados pela literatura são: quantidade de matéria seca da dieta, produção de leite, além das condições climáticas da região, peso vivo dos animais e ingestão de sódio. (Cardot et al., 2007) A temperatura da água também apresentou certa influência no comportamento de consumo e no desempenho dos animais. Ao ofertar água resfriada, a 10°C, houve uma diminuição da temperatura corporal dos animais, além de que alguns estudos observaram um aumento da produção leiteira e da ingestão de matéria seca. Porém, considerando o comportamento dos animais, os mesmos preferem ingerir água com temperatura entre 17 a 28°C. (NRC, 2001) Dietas ricas em sais, bicarbonato de sódio ou proteínas estimulam o consumo de água. Apenas o consumo de sódio pode elevar o consumo de água em 0,05 kg/ dia para cada grama de sódio consumida. Dietas com alto consumo de forragens também podem estimular o consumo hídrico, possivelmente pelo fato de que esses alimentos aumentam as perdas de água pelas fezes e urina. (NRC, 2001) Por fim, a quantidade de água a ser ingerida por dia também pode variar de acordo com o teor de gordura do leite. Tal fato deve ser considerado principalmente quando o rebanho for composto por raças caracterizadas pela elevada produção de gordura, como por exemplo, animais Jersey. (Policarpo, 2012) A água é especialmente importante para animais sob estresse calórico. As propriedades físicas da água contribuem para as trocas de calor corporal com o ambiente. Estudos reportaram que o aumento da temperatura de 18°C para 30°C, aumenta o consumo hídrico em 29%. (NRC, 2001) Tabela 1 - Consumo de água (kg/dia) em função da temperatura ambiente para diferentes categorias animais. Fonte: Policarpo (2012) Para estimar o consumo de água, o NRC (2001) cita a seguinte equação: Consumo de água (kg/dia) = 14,3 + 1,28 x (produção de leite kg/dia) + 0,32X (% de MS da dieta). Dessa forma, uma vaca produzindo 30 kg/dia e consumindo uma dieta com 60% de matéria seca, deveria ingerir 72 litros de água por dia. Estudos indicam que em média, para cada litro de leite produzido, a vaca precisa ingerir de 2 a 4 litros de água e um litro de leite contém 87% de água, portanto garantir que o animal tenha acesso a água com quantidade e qualidade satisfatória torna-se extremamente necessário para se alcançar elevada produção leiteira. (Policarpo, 2012) A qualidade da água ofertada também é um fator muito importante em um sistema de produção. Os bebedouros devem ser suficientes a todos os animais, além de ser necessária uma limpeza semanal. Essas instalações devem estar localizadas próximas aos cochos de sal mineral e de alimentação, com uma distância máxima de 15 m, porém não juntos na mesma instalação. Quanto ao dimensionamento, sugere-se que em sistemas de produção a pasto, com lotes de até 50 animais, utilize-se a proporção de 10 centímetros por animal, com vazão adequada (Signoretti, 2011). Negligenciar a quantidade e qualidade da água da propriedade pode gerar prejuízos econômicos e sanitários no rebanho. A atenção em relação à qualidade e quantidade desse nutriente no sistema pode ser o diferencial para se alcançar novos níveis de produção. Referências Bibliográficas: CARDOT, V.; LE ROUX, Y.; JURJANZ, S. Drinking Behavior of Lactating Dairy Cows and Prediction of Their Water Intake. J. Dairy Sci., p. 2257 – 2264, 2007. NRC. 2001. Nutrient Requirements of Dairy Cattle. 7th ed. Natl. Acad. Press, Washington, DC. POLYCARPO, R. C. Água: o nutriente esquecido. Milkpoint. Disponível em: <http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/sistemas-de-producao/agua-onutriente-esquecido-75274n.aspx> Acesso em: 11/02/2015 SIGNORETTI, R. D. A importância da água no manejo alimentar de vacas leiteiras. Scot Consultoria. Disponível em: <https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/artigos/22079/a-importancia-da-aguano-manejo-alimentar-de-vacas-leiteiras.htm> Acesso em: 11/02/2015