As Alternativas da Humanidade com
Relação ao Mundo Espiritual
Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Considerações Iniciais. 3. Concepção de Mundo: 3.1. Religião;
3.2. Idealismo; 3.3. Materialismo. 4. As Alternativas da Humanidade com Relação à Vida
Futura: 4.1. Doutrina Materialista; 4.2. Doutrina Panteísta; 4.3. Doutrina Dogmática. 4.4. A
Doutrina Espírita: 4.4..1. O Espírito É Criado Simples e Ignorante; 4.4..2. O Progresso dos
Espíritos é ininterrupto; 4.4..3. Felicidade e Infelicidade dos Espíritos. 5. Conclusão. 6.
Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
De onde viemos? Para aonde vamos? O que estou fazendo neste mundo?
Existirei para sempre ou serei destruído no momento da morte? A dúvida, o
medo e a esperança são os principais sentimentos inerentes à vida futura.
Tentaremos, sob a luz do Espiritismo, contribuir para uma melhor compreensão
do tema proposto.
2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Buscando as origens da relação entre a alma e a imortalidade, verificamos que:
Anaxímenes, um dos primeiros filósofos gregos, dizia que a alma seria uma
espécie de ar, fino e rarefeito, que sobreviveria ao ar mais grosso, essência do
universo;
Pitágoras e os pitagóricos falavam que o destino da alma, depois que
abandona o corpo, é determinado pela vida neste;
Heráclito, por seu turno, afirmava que alma era semelhante ao fogo fino e
rarefeito;
A alma, segundo Empédocles, deixa o corpo por ocasião da morte deste, para
entrar em outro e continuar a viver. É a doutrina de transmigração da alma;
Demócrito expressava-se em termos dos átomos-alma, que também passavam
de um corpo para outro;
Platão enfatizava que alma deveria libertar-se do corpo, a fim de poder ver
claramente a verdade;
Para Aristóteles, a imortalidade da alma é impossível. A única parte da alma
que sobrevive à morte faz verdadeiramente parte de Deus, e a Ele volta. (Frost
jr., cap. VI)
3. CONCEPÇÃO DE MUNDO
A concepção geral de mundo diz respeito a cosmovisão, do grego kosmos
(ordem), oposto ao kaos (desordem). Da soma geral dos conhecimentos, os
filósofos organizaram, sistematicamente ou não, uma espécie de panorama
geral de todo o conhecimento, formando uma totalidade de visão, uma
coordenação de opiniões entrelaçadas entre si. Com essa sistematização lhes
é possível formular, não só uma opinião geral de todo o acontecer, mas
também compreender e relacionar um fato individual com a visão geral
formulada do todo. (Santos, 1955, p. 123)
A visão de mundo, baseada nesses conhecimentos, pode ser vista sob três
aspectos: o Materialismo, o Espiritualismo (religioso) e o Idealismo. O que
caracteriza essas diversas cosmovisões? Primeiro, um anelo de saber integral;
segundo, a apreensão da totalidade; terceiro, a solução de problemas do
sentido do mundo e da vida.
3.1. RELIGIÃO
"Com efeito, uma religião é, em certo modo, uma concepção de mundo. Elas
são em grande número e cada uma pretende estar na posse exclusiva da
verdade. Somente essa mostra aos homens o caminho a seguir na vida e o
meio de alcançar outra vida feliz depois da morte".(Thalheimer, 1934, p.13)
O caráter fundamental da religião pode ser assim definido: é um produto da
fantasia, da inspiração, contrariamente à concepção do mundo moderno, que é
um produto da ciência.
A diferença entre ciência e religião pode ser visualizada da seguinte forma:
suponha o fenômeno chuva. Para as religiões primitivas, havia o Deus da
chuva ou o Deus do trovão. Quer dizer, uma força sobrenatural fazia trovejar e
chover. A ciência busca as causas: o que faz chover e o que faz trovejar. E o
que descobre faz parte das leis naturais.
3.2. IDEALISMO
Tendência, atitude ou doutrina que reduz o ser ao pensamento. Considera o
Espírito, a consciência, a idéia e a vontade como dados primários para a
explicação dos problemas filosóficos. Para o idealismo o que move o universo
são as idéias. A matéria surge como uma simples conseqüência, um
epifenômeno.
3.3. MATERIALISMO
Doutrina que sustenta que a matéria é a única realidade do universo, e que
todas as atividades são realmente atividades da matéria. Considera a matéria
como o motor do universo. A idéia surge como um epifenômeno.
4. AS ALTERNATIVAS DA HUMANIDADE COM RELAÇÃO À VIDA FUTURA
Baseando-se nas visões de mundo, os grandes pensadores organizaram os
seus sistemas de idéias. Para o nosso estudo, interessa-nos refletir sobre:
4.1. DOUTRINA MATERIALISTA
O Niilismo - do lat. nihil, nada, fruto da doutrina materialista - significa ausência
de toda a crença. Como a matéria é a única fonte do ser, a morte é
considerada o fim de tudo. Os adeptos do materialismo incentivam o gozo dos
bens materiais, dizendo que quanto mais usufruirmos deles, mais felizes
seremos. Como se vê, a conseqüência do niilismo é a corrida em busca do
dinheiro, da projeção social e do bem-estar material.
4.2. DOUTRINA PANTEÍSTA
O Panteísmo – do grego pan, o todo, e Theos, Deus – significa absorção no
todo. De acordo com essa doutrina, o Espírito, ao encarnar, é extraído do todo
universal; individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, por efeito da
morte, à massa comum. As conseqüências morais dessa doutrina são
semelhantes às do materialismo, pois ir para o todo, sem individualidade e sem
consciência de si, é como não existir.
4.3. DOUTRINA DOGMÁTICA
O Dogmatismo Religioso afirma que a alma, independente da matéria, é
criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e conserva a
individualidade após a morte. A sua sorte já está determinada: os que
morreram em "pecado" irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as
delícias do paraíso. Essa visão deixa sem respostas uma série de anomalias
que acompanham a humanidade, como, por exemplo, os aleijões e a idiotia.
4.4. A DOUTRINA ESPÍRITA
Para o Espiritismo, a vida espiritual é a vida normal; a vida corpórea é uma fase
temporária em que o Espírito se reveste de um envoltório material e de que se
despe por ocasião da morte.
4.4.1. O ESPÍRITO É CRIADO SIMPLES E IGNORANTE
O Espiritismo mostra-nos que o Espírito, independente da matéria, foi criado
simples e ignorante. Todos partiram do mesmo ponto, sujeitos à lei do
progresso. Aqueles que praticam o bem evoluem mais rapidamente e fazem
parte da legião dos "anjos", dos "arcanjos" e dos "querubins". Os que praticam
o mal, recebem novas oportunidades de melhoria, através das inúmeras
encarnações.
4.4..2. O PROGRESSO DOS ESPÍRITOS É ININTERRUPTO
O Espírito progride no estado corporal e no estado espiritual. O estado
corpóreo é necessário ao Espírito, até que haja galgado um certo grau de
perfeição. Como a perfeição não é possível de ser alcançada em uma única
existência, o Espírito retoma o corpo quantas vezes forem necessárias e de
cada vez encarna com o progresso que haja realizado em suas existências
precedentes e na vida espiritual.
4.4..3. FELICIDADE E INFELICIDADE DOS ESPÍRITOS
"O estado ditoso ou inditoso dos Espíritos é inerente ao adiantamento moral
deles; a punição que sofrem é conseqüência do seu endurecimento no mal, de
sorte que, com o perseverarem no mal, eles se punem a si mesmos; mas, a
porta do arrependimento nunca se lhes fecha e eles podem, desde que o
queiram, volver ao caminho do bem e efetuar, com o tempo, todos os
progressos". (Kardec, 1975, p. 200)
5. CONCLUSÃO
A Doutrina Espírita é como uma luz que a tudo clareia. As dúvidas se
desfazem; o Espírito enche-se de brio por ter a certeza de que a vida continua
e que seremos recompensados ou punidos de acordo com os nossos atos
bons ou maus do dia-a-dia.
6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
FROST JR., S. E. Ensinamentos Básicos dos Grandes Filósofos. Tradução de
Leônidas Gontijo de Carvalho. São Paulo: Cultrix, sdp
KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.
SANTOS, M. F. dos. Filosofia e Cosmovisão (Introdução à Filosofia e Visão
Geral de Mundo). 2. ed., São Paulo, Logos, 1955.
TALHEIMER, A. Introdução ao Materialismo Dialético (Fundamento das
Theorias Marxistas). São Paulo, Livraria Cultura Brasileira, 1934.
São Paulo, novembro de 2004
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