Amendoim
Comportamento
atual do mercado
de amendoim com
relação às variedades
O amendoim IAC Tatu ST, atualmete perde representatividade
comercial no estado de São Paulo e
por conseqüência no Brasil. Ao ser
introduzido no país, o amendoim do
grupo Runner ganhou o espaço, que
era ocupado até então pelo IAC Tatu
ST (vermelho). Entre suas características, o Runner, conhecido também
como rasteiro, tem dupla adaptabilidade, ou seja, é comercializado para
exportação e também no mercado
interno.
A Coplana, pelo volume que recebe, tem de focar a exportação
como destino de grande parte de
seu volume recebido. E, no mercado interno, supre um universo de
empresas, que primam pela qualidade e documentação fiscal. Estas
empresas hoje trabalham quase que
totalmente com o amendoim Runner. Resta ao amendoim IAC Tatu ST
(vermelho) o segmento de empacotamento do mercado interno, que
vem diminuindo de forma drástica,
sendo opcionalmente substituído
pelos amendoins “snacks” (prontos
para consumo em aperitivos).
Em entrevista, o gerente da Divisão de Grãos, Dejair Minotti, comenta a mudança do mercado e as
intenções da Cooperativa.
Revista Coplana: Qual o cenário do
amendoim Tatu ST no Brasil? - De6 - Revista Coplana - Dezembro 2008
jair Minotti: Na parte mercadológica
e com foco na atividade da Coplana,
o amendoim IAC Tatu ST vem perdendo espaço para o Runner (rasteiro). Quando se analisa o aspecto
agronômico, o “vermelho”, pela sua
fisiologia e ciclo, tem menor produtividade. O resultado econômico
fica prejudicado, quando se compara a receita média por área em
média, fator preponderante para o
sucesso na atividade. Além disso,
pelo fato de não ter dormência, sua
qualidade já é alterada no campo,
principalmente em safras mais úmidas. Comercialmente no segmento
doce, as fábricas hoje, em sua grande maioria, estão adaptadas para
trabalhar com Runner, adaptação
esta provocada pelo menor preço
da matéria-prima. Outra situação:
como o amendoim vermelho é voltado objetivamente para o empacotamento, as tabelas do Ministério
da Agricultura de classificação e padronização, datadas de 1988, estão
desatualizadas. Ao prepararmos um
produto para a comercialização, a
fiscalização invariavelmente conclui
que está fora do tipo citado no laudo
do vendedor. Em 1988, não existia a
secagem artificial, nem o controle
de aflatoxina. Dessa forma, o amendoim era armazenado e vendido
com maior umidade. Hoje, para garantir um produto isento de aflato-
xina, temos de baixar a umidade do
grão, e ao fazer isso, o “vermelho”
solta muito mais a película. Então,
há uma dificuldade muito grande na
padronização para empacotamento.
Anos atrás, o amendoim era catado manualmente. Atualmente, por
critério de economia e qualidade, a
manipulação do grão deve ser mínima. Com isso, alguns defeitos leves
não são descartados. Concluindo, o
“vermelho” está tendo condicionantes de várias ordens, que induzem a
uma perda de interesse pelas grandes empresas, e fica como nicho
para pequenos cerealistas, que atuam em mercados não esclarecidos.
RC: Quais são as implicações operacionais do Tatu ST na Coplana, considerando sua necessidade de atuar
fortemente na exportação? - Dejair:
Nos últimos anos, temos recebido
um percentual menor do “vermelho” [em torno de 10%], o que tem
gerado alguns problemas. Por exemplo, temos que limpar toda uma
moega para poder trocar a variedade no recebimento de safra. Isso
induz a uma demora na descarga do
Runner, que é a maior parte. Além
disso, por produzir mais, o produtor
necessita do retorno mais rápido do
caminhão para prosseguir a colheita. Temos que parar dois dias para
limpar toda a Unidade de Benefi-
ciamento, para voltar a beneficiar o
amendoim Runner. A característica
dos grãos do “vermelho”, com finalidade de empacotamento, baixa
drasticamente a performance de
benefício, uma vez que temos que
descartar muitos grãos para atingir
o desejável da classificação da tabela desatualizada do Ministério.
RC: Qual é a tendência do consumo
em relação ao amendoim vermelho? - Dejair: Antigamente, as pessoas tinham o hábito de comprar o
amendoim para torrar em casa. Pela
própria modificação dos hábitos e
praticidade, os snacks [produtos
prontos para ser saboreados como
aperitivo], hoje são mais consumidos. A pessoa compra um pacote,
leva para casa, e não necessita mais
torrá-lo e encher a casa com películas. Então, este hábito começa
a ser mudado para conceitos mais
práticos. Estes fatos por si só já não
favorecem a continuidade ou a expansão do mercado para o Tatu ST
no tocante amendoim para empacotamento.
RC: Como está o preço hoje e como
deverá evoluir a safra? - Dejair:
É muito difícil prever como vai se
comportar o preço. Este ano, tivemos no país uma alta produção, que
segundo a Conab, alcançou cerca de
310 mil toneladas de amendoim. O
Brasil consome algo em torno de
150 a 170 mil toneladas por ano de
amendoim em casca. Se não fosse a
exportação, haveria um volume interno muito grande, e a oferta maior
do produto resultaria num preço
menor. Com o “vermelho”, não temos oportunidade de diminuir a
oferta interna via exportação. O que
se conclui e constata atualmente é
que o amendoim vermelho tem preço de mercado interno menor que o
Runner. Este cenário pode mudar?
Sim, pois o mercado oscila de acordo
com as condições impostas, porém
eu acho que numa análise de médio
e longo prazo, a tendência realmente é o amendoim vermelho ter uma
diminuição em termos de produção
e preços médios no estado de São
Paulo.
RC: Qual é a mensagem ao produtor
da Coplana em relação ao amendoim vermelho? - Dejair: A Coplana,
quando decidiu que queria crescer e
acompanhar a tendência de novos
mercados, optou por uma variedade que daria sustentabilidade a seus
objetivos. A variedade escolhida foi
o amendoim tipo Runner, que já estava consolidado nos Estados Unidos
e Argentina, grandes exportadores.
Quando se analisa a tendência do
amendoim ST, conclui-se que este
ficará com uma área mais reduzida,
como aconteceu em outros países.
A Coplana, como cooperativa, vai
procurar os melhores caminhos e visualizar um futuro para dar o melhor
resultado ao produtor. Esta é uma
de nossas preocupações, ou seja, ter
uma variedade que realmente dê retorno ao produtor na atividade que
ele exerce.
RC: Ocorrerá alguma mudança em
relação ao Ato Cooperativo? - Dejair: Provavelmente teremos de separar o Ato Cooperativo em IAC Tatu
ST e Runner, embora isso esteja em
fase de estudo, podendo ocorrer ou
não. Hoje são mercados diferentes
quanto ao principal destino, sendo
assim, não se pode fazer uma mescla. Essa é uma das idéias que estão
sendo propostas.
RC: Qual é o cenário mais provável
para os próximos anos? - Dejair:
Eu particularmente penso que nos
próximos anos, não só na Coplana,
como nas demais empresas, o cenário do amendoim vermelho é diminuir bastante a tal ponto que se
torne um nicho. Servirá para aquele
que produz o “vermelho”, e faz sua
comercialização própria. Para quem
produz e entrega a um parceiro para
a comercialização, será cada vez
mais difícil. Não se pode prever ainda quanto tempo o “vermelho” vai
permanecer. Na Coplana, eu penso
que, pelas próprias condições que
já expusemos, não há condição de
mantê-lo por longo tempo. Porém,
no Brasil, logicamente um país com
dimensões grandiosas, não se pode
prever com 100% de certeza o que
ocorrerá.
O gerente da Divisão de Grãos,
Dejair Minotti, fala sobre as
tendências e comportamento de
mercado do amendoim
Revista Coplana - 7
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Comportamento atual do mercado de amendoim com relação às