IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010 Página | 1760 PRODUTIVIDADE DE VAGENS E SEMENTES DE AMENDOIM ERETO EM BARBALHA, CE Péricles de Albuquerque Melo Filho1, Tarcisio M. S. Gondim2, Sebastião Lemos2, Ramon Araújo de Vasconcelos2, Roseane Cavalcanti dos Santos 2 1UFRPE, Rua Don Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos. CEP: 52171-900. E-mail: [email protected], 2Embrapa Algodão, CP 174, Campina Grande, PB. CEP 58107-720. RESUMO – Nove genótipos eretos de amendoim, sendo seis linhagens e três cultivares, foram cultivados sob condições irrigadas durante dois anos em Barbalha, CE. O espaçamento adotado foi 0,7 x 0,2 m, deixando-se duas plantas por cova. A parcela foi constituída de três fileiras de 5 m de comprimento, utilizando-se a central como área útil, descartando-se 30 cm de cada extremidade (bordadura). O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com 9 tratamentos e cinco repetições. A colheita foi efetuada entre 85 e 100 dias após o plantio. As variáveis analisadas foram produtividade em vagens e sementes. A maior produtividade de vagens e sementes foi conseguida com a linhagem L7 Bege, com 4.932 kg.ha-1 e 3.551 kg.ha-1, respectivamente, superando a média dos genótipos em 53 e 40%, respectivamente. O rendimento em sementes foi de 72%, considerado excelente para os critérios de seleção estabelecidos no programa de melhoramento de amendoim da Embrapa. Palavras-chave: Arachis hypogaea, Precocidade, Rendimento. INTRODUÇÃO A lavoura do amendoim constitui-se em uma alternativa agrícola viável para a região Nordeste do Brasil, devido ao fácil manejo, facilidade de mercado e adaptação ambiental (SANTOS et al., 2005). Apesar da grande demanda pelo produto para abastecer o mercado regional, a produção obtida na região ainda é baixa em função das condições fundiárias dos agricultores e ainda do baixo nível de adoção das tecnologias indicadas ara a região. A Embrapa Algodão desenvolve, desde meados da década de 80, pesquisas sobre a cultura do amendoim voltadas para a região Nordeste, incluindo desde recomendações de manejo e cultivares até procedimentos relacionados a processamento de alimentos como forma de agregar valores na unidade familiar (SANTOS et al, 2005; SANTOS et al, 2006). As cultivares desenvolvidas pela Embrapa são precoces e de larga adaptação e estabilidade a ambientes semi-áridos (GOMES et al, 2007). Anualmente, a equipe de melhoramento do programa amendoim da Embrapa avalia centenas de CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1760-1763. IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010 Página | 1761 linhagens em regime de sequeiro, visando selecionar novos materiais de elevado valor agronômico e que se adequem às condições do mercado nacional. Os materiais considerados de elite são avaliados em ensaios de rede, em vários locais, por três anos, para posterior estudos de estabilidade, visando recomendação e lançamento da futura cultivar. Neste trabalho apresenta-se o desempenho produtivo de linhagens avançadas de amendoim, para rendimento em grãos e óleo, cultivadas durante dois anos em Barbalha, no Ceará. METODOLOGIA Nove genótipos de amendoim ereto foram avaliados em regime de irrigação, durante os anos de 2008 e 2009, em Barbalha, CE. Os materiais foram constituídos por seis linhagens e três cultivares. A genealogia e alguns descritores agronômicos de genótipos avaliados encontram-se na Tabela 1. As linhagens foram geradas pelo Programa de Melhoramento de Amendoim da Embrapa Algodão. O solo, caracterizado como Neossolo flúvico de textura arenosa e média, foi previamente adubado e corrigido em função das necessidade de fertilizante e corretivo revelados na analise de solo. O sistema de irrigação foi por aspersão com quantidade de água total aplicada (QAT) de acordo com Barreto e Luz (2006). A semeadura em julho. O espaçamento adotado foi 0,7 x 0,2 m, deixando-se duas plantas por cova. A parcela foi constituída de três fileiras de 5 m de comprimento, utilizando-se a central como área útil, descartando-se 30 cm de cada extremidade (bordadura). O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com 9 tratamentos e cinco repetições. Os tratos culturais e fitossanitários foram realizados segundo a recomendação de Santos et al. (2006). A colheita foi efetuada entre 85 e 100 dias após o plantio. As variáveis analisadas foram produtividade em vagens e sementes. Após tabulação dos dados, procedeu-se a análise de variância pelo teste F e análise de comparação de médias (Tukey, p<0.05) utilizando-se o programa GENES versão 2006.4.1 (CRUZ, 2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias de produtividade de vagens e sementes obtidas nos ensaios em Barbalha encontram na Tabela 2. Observa-se que a maior produtividade de vagens e sementes foi conseguida com a linhagem L7 Bege, com 4.932 kg.ha-1 e 3.551 kg.ha-1, respectivamente, superando a média dos genótipos em 53 e 40%, respectivamente. O rendimento em sementes foi de 72%, considerado excelente para os critérios de seleção estabelecidos no programa de melhoramento de amendoim da Embrapa. CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1760-1763. IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010 Página | 1762 Esta linhagem, oriunda do cruzamento entre a paulista IAC Tupã e a africana 55 437, é parente direto da BRS 151 L7 e possui ampla adaptabilidade e alta estabilidade para produção de sementes (GOMES et al, 2007). Seu perfil, contudo, de sementes longas e de coloração bege é mais indicado para o segmento de confeitaria. As cultivares BR 1, BRS 151 L7 e BRS Havana, apresentaram pordutividade média de vagens e sementes na faixa de 3.608 kg.ha-1 e 2.583 kg.ha-1, respectivamente, estando de acordo com as médias encontradas em ensaios conduzidos na região Nordeste (GOMES et al, 2007; SANTOS et al, 1999). CONCLUSÃO A linhagem L7 Bege é a mais indicada para Barbalha, nas condições de manejo apresentado neste trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARRETO, A. N.; LUZ, M. J. S. Procedimentos de cálculo para a quantificação da necessidade hídrica e do suprimento de água à cultura do amendoim no município de Barbalha-CE. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2006. 4 p. (Embrapa Algodão. Comunicado Técnico, 284). CRUZ, C.D. Programa Genes: Análise multivariada e simulação. Editora UFV. Viçosa (MG). 175p. 2006. GOMES, L.R.; SANTOS, R.C.; ANUNCIACAO FILHO, C.J.; MELO FILHO, P.A. Adaptabilidade e estabilidade fenotípica em genótipos de amendoim de porte ereto. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.72, p. 985-989, 2007. SANTOS, R.C.; REGO, G.M.; SANTOS, C.A.; MELO FILHO, P.A.; SILVA, A.P.G.; GONDIM, T.M.S; SUASSUNA, T.F Recomendações técnicas para o cultivo do amendoim. Campina Grande: EMBRAPA, Circular técnica, n.102, 2006. SANTOS, R.C.; GODOY, J.I.; FAVERO, A.P. Melhoramento do amendoim. In: SANTOS, R.C. (Ed.). O agronegócio do amendoim no Brasil. Campina Grande: Embrapa Algodão; Brasília; Embrapa Informação Tecnológica, 2005. p.17-44. SANTOS, R.C. ; FARIAS, F.J.C.; et. al. Estabilidade fenotípica de cultivares de amendoim avaliados na região nordeste do Brasil. Ciência e Agrotecnologia, v. 23, n. 4, p. 808-812, 1999. CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1760-1763. IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB – 2010 Página | 1763 Tabela 1- Genealogia e alguns descritores agronômicos de genótipos de amendoim envolvidos no ensaio em Barbalha, CE. Genótipos Semente Genealogia Cor Tamanho Forma St/vg (nº) VM/pl (nº) P100S (g) BR1 Cultivar V M Ar 3-4 21 43 BRS Havana Cultivar B M Ar 3-4 20 50 BRS 151 L7 Cultivar V G Al 1-2 20 67 CNPA 280 AM Manfredi 407 x Florunner* B M Al 2-3 20 47 L7 Beje IAC Tupã x Senegal 55437* B G Al 1-2 18 61 CNPA 283 AM Manfrendi x Florunner* B M Ar 2-3 17 51 CNPA 271 AM Manfredi 407 x Manfredi 424* V M Ar 2-3 19 46 Branco Moita BR 1 x LViPE-06* Br M Ar 2-3 15 45 CNPA 270 AM Manfredi 407 x Manfredi 424* V M Ar 2-3 14 43 Cor: B- Beje, V- vermelha Br- branca; Tamanho: M- médio, P- pequeno e G- grande; Forma: Ar- Arredondada e Alalongada Vg/pl - vagens por planta; St/vg- sementes por vagem e P100S- Peso de cem sementes. * Linhagem avançada (F8) Tabela 2 - Produtividade média de vagens e sementes (Kg.ha-1) dos genótipos eretos de amendoim conduzidos em Barbalha, CE. Genótipo PV PS RS (%) CNPA 270 AM 3.354 b 2.346 bc 0.70 CNPA 271 AM 3.106 bc 2.205 bc 0.71 CNPA 280 AM 3.344 b 2.374 bc 0.71 CNPA 283 AM 4.010 ab 2.807 b 0.70 L 7 Bege 4.932 a 3.551 a 0.72 BRS Havana 3.506 b 2.446 b 0.73 BR 1 3.513 b 2.564 b 0.73 Branco Moita 2.544 c 1.832 c 0.72 BRS 151 L7 3.805 b 2.740 b 0.72 Média 3.211 2.541 0.72 CV (%) 16,12 PV- Produtividade em vagens, PS- produtividade em sementes, RS- rendimento em sementes. Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (5%). CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 1760-1763.