HM Cardoso Fontes Serviço de Cirurgia Geral Sessão Clínica Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Welington Luiz da Silva Pereira Introdução A bile e sua composição Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Fisiologia molecular da formação de bile Sais biliares Glutationa e seus conjugados Passagem osmótica de água e eletrólitos transmembrana Bile iso-osmolar e eletroneutra em relação ao plasma Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Sistemas de transporte hepatocelular e colangiocelular Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Formas de obtenção de sais biliares Na+-dependentes Na+-independentes Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Canal sódio-dependente Polipeptídeo cotransportador de sódiotaurocolato (NTCP) Proteína exclusivamente expressada no fígado Localizado na membrana baso-lateral Responsável pela obtenção de sais biliares e outros componentes colefílicos 80% do taurocolato utilizado pelo fígado Menos de 50% do colato Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Canal sódio-independente Polipeptídeos transportadores de aníons orgânicos (OATPs) bromossulfaleína Papel central no clearance de aníons orgânicos e drogas pelo hepatócito Transportador de cátions orgânicos tipo 1 (hOCT 1) – tetra-etilamônio Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH A secreção canalicular de bile Homólogos da Glicoproteína P multidroga resistente (MDR) Processo dependente de ATP BSEP (bile salt export pump) Proteína exclusivamente presente no fígado O transporte canalicular de bile é etapa limitante do processo de secreção de sais biliares Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Sais biliares e função hepática O aumento da concentração de sais biliares no soro é o mais precoce e mais específico indicador de disfunção hepática Cirrose biliar primária, colangite esclerosante primária, hepatites virais agudas e cirrose Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Estrutura celular normal do hepatócito Hepatócito na colestase Alterações causadas pela colestase Alterações estruturais de citoesqueleto Alterações intra-celulares da homeostase do cálcio Mudança na polaridade das membranas do hepatócito e colangiócito Redução da expressão de proteínas transmembrana como as MDR2 Depleção intra-celular de ATP Formação de espécies ativas de oxigênio Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Histologia da colestase Por que ocorre a hipercolerese? Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH TEORIA OSMÓTICA Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Teoria osmótica • Os ácidos biliares aumentam a pressão osmótica no lúmen canalicular • Água e íons se difundem para o lúmen canalicular por gradiente de pressão Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Teoria osmótica Discussões Fluxo de água e íons deveria ser proporcional ao débito de sais biliares na bile O fluxo de bile formado por unidade de ácido biliar secretado deve corresponder a atividade colerética aparente A atividade colerética aparente é inversamente proporcional à capacidade de formação micelar Hoffman e cols, 1984 Am J Physiol Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH O que são micelas??? Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH As micelas As micelas são polimoleculares agregados A atividade osmótica depende do número de partículas na solução Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Tipos de ácidos biliares Ácidos biliares que não formam micelas Ex. Deidrocolato Ácidos biliares com alta concentração micelar crítica Ex. Norcolato Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Teoria osmótica • Capacidade colerética é inversamente proporcional à capacidade micelar • Ácidos biliares bivalentes e outros íons orgânicos bivalentes devem ter atividade colerética aparente maior que ácidos biliares monovalentes • Fluxo de bile tem relação linear com secreção de bicarbonato • Hipercolerese está associada a aumento da excreção e concentração de bicarbonato na bile Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Atividade colerética aparente Taurocolato 7-10 mL de bile/mmol ácido biliar secretado Ursodeoxicolato 30 mL/mmol Norursodeoxicolato 91 mL/mmol Norquenodeoxicolato 220 mL/mmol Palmer e cols, Am J Physiol Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Qual a origem do bicarbonato secretado em resposta à presença dos ácidos biliares hipercoleréticos? Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Duas hipóteses Estimulação à produção de bicarbonato pelo hepatócito Teoria do shunt cole-hepático Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Produção de HCO3 pelo hepatócito Ursodeoxicolato Ativa transportador Na/H Secreção biliar de HCO3 Sistema antiport Cl/HCO3 Moseley e cols, 1985 J Clin Inv Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Teoria do shunt cole-hepático Sais biliares não conjugados Recebem H+ do composto H2CO3 gerando HCO3 Acido biliar ligado ao próton é muito mais lipofílico que o ácido biliar na forma ionizada Este é reabsorvido pelas células epiteliais do ducto biliar, retornando ao hepatócito e formando HCO3- a cada ciclo Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Teoria do shunt cole-hepático Discussão: • Hipercolerese geralmente é observada quando são encontrados sais biliares não conjugados na bile, e nunca encontrada quando se observam sais biliares na forma conjugada Hoffman e cols, 1986 Gastroenterology Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Teoria do shunt cole-hepático Discussão: • Manobras utilizadas para suprimir o aparecimento desses sais na forma não conjugada inibem a hipercolerese e a secreção de bicarbonato Lake e cols, 1988 Gastroenterology Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Teoria do shunt cole-hepático Discussão: • Experimentos com perfusão retrógrada e anterógrada de sais biliares mostraram que o ursodeoxicolato é absorvido nos ductos bilares em uma extensão significativamente maior que outros sais não hipercoleréticos Farges e cols, 1989 Am J Physiol Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Manejo do paciente com hipercolerese Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Manejo Principais problemas do paciente com débito biliar aumentado • • • • • • • Desidratação Hipotensão ortostática Azotemia pré-renal Hiponatremia Hipocloremia Hipercalemia Acidose metabólica Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Tratamento Correção volêmica Reposição eletrolítica Correção da acidose Reintrodução de bile Uso da somatostatina Drenagem biliar interna Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Tratamento Reintrodução de bile Diminuir a desidratação Corrigir mais facilmente as alterações eletrolíticas Diminuir a endotoxemia Diminui as chances de complicação por sepse Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Tratamento Somatostatina Peptídeo distribuído no sistema nervoso central, periférico e autonômico, nas células D do trato gastrintestinal, no pâncreas e outros órgãos periféricos Inibe a secreção de hormônios e vários polipeptídeos intestinais: gastrina, VIP, polipeptídeo pancreático, secretina, motilina, insulina, glucagon, GH, TSH Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Tratamento Uso da somatostatina Anderden, H. B. & cols, 1996 Dinamarca • 7 pacientes (5m e 2h) com obstrução maligna das vias biliares utilizando drenagem externa • Infusão contínua de somatostatina-14 na dose de 250mg/h (3,5-7,1mg/h/kg) • Reduziu significativamente a perda diária de bile em média de 473 mL a 140 mL - 41% redução (p=0,01) • Reduziu a perda diária de colesterol, triglicerídeos, sódio,cloro, potássio, cálcio e magnésio Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Tratamento Redução da secreção biliar após administração de somatostatina Hipercolerese em paciente com coledolitíase portador de diabetes mellitus Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Hipercolerese e DM Frimam, S. & cols, 1989 Lidköping, Suécia Relato de 1 caso: Mulher, 48 anos Hipertensa e diabética Uso de insulina regular Vesícula escleroatrófica, com hipomotilidade, contendo três cálculos e inúmeros cálculos no colédoco Colecistectomia, coledolitotomia e coledocostomia Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Hipercolerese no pós-operatório Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Ativação da secreção biliar independente de sais pela insulina Insulina ativa Transportador GSH Glutationa na luz do ducto biliar Estimula a colerese Hipercolerese e corpo estranho na via biliar em DOVBIH Experiência do Serviço 3 pacientes com drenagem biliar externa; 1 Adenocarcinoma de vesícula biliar; 1 Pancreatite crônica de origem alcoólica com obstrução total; 1 coledocolitíase R.G.S. ♀ Ca de vesicula biliar 3500 Volume de bile (mL) 3000 2500 SMT 2000 1500 1000 500 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Dias de pos-operatorio E.C. ♂ Coledocolitiase 3500 Volume de bile (mL) 3000 SMT 2500 2000 1500 1000 500 0 1 2 3 4 5 6 Dias de pos-operatorio 7 8 9 A.F.S. ♂ Pancreatite cronica 3000 Volume de bile (mL) 2500 SMT 2000 1500 1000 500 0 1 2 3 4 5 6 Dias de pos-operatorio 7 8 9 Conclusão • A hipercolerese é uma patologia rara identificada como um mecanismo pósobstrutivo que pode levar a distúrbios metabólicos e hemodinâmicos graves.