Barroco no Brasil! Ocaso No anfiteatro de montanhas Os profetas do Aleijadinho Monumentalizam a paisagem As cúpulas brancas dos Passos E os cocares revirados das palmeiras São degraus da arte do meu país Onde ninguém mais subiu Bíblia de pedra-sabão Banhada no ouro das minas Oswald de Andrade Contexto Histórico Nacional Século XVIII 1 - Período Filipino 2 – Invasões Holandesas 3 – Crescimento econômico do Nordeste – ciclo da cana de açúcar. 4 – Pacto colonial 5 – Crise da cana de açúcar 6 – Ciclo da Mineração 7 – Crescimento econômico de MG. 8 – Contra – Reforma no Brasil 9 – Disputa entre os jesuítas e os colonos – a fé ou o capitalismo mercantil. 10 – Expulsão dos Jesuítas. Principais Autores. Botelho de Oliveira O primeiro escritor nascido no Brasil a ter um livro publicado, Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711) nasceu em uma família abastada de Salvador e estudou Direito em Coimbra. Foi vereador, advogado e agiota. Seu poema À Ilha Maré é um dos primeiros a louvar a terra. "Quando vejo de Arnada o rosto amado, Vejo ao céu e ao jardim ser parecido; Porque no assombro do primor luzido Tem o Sol em seus olhos duplicado." "Tem o primeiro A nos arvoredos sempre verdes aos olhos, sempre ledos; tem o segundo A, nos ares puros na tempérie agradáveis e seguros; tem o terceiro A nas águas frias, que refrescam o peito, e são sadias; o quarto A, no açúcar deleitoso, que é do Mundo o regalo mais mimoso.“ À Ilha Maré Gregório de Mattos( 1636 – 1695) – O Boca do Inferno. Gregório de Matos e Guerra nasceu, de família abastada, em Salvador, provavelmente em 1636. Em 1651 foi para Portugal, onde ingressou, no ano seguinte, na Universidade de Coimbra. Formando-se em 1661, casa-se com Micaela de Andrade e ocupa vários cargos na magistratura portuguesa. Enviúva em 1678 e retorna para o Brasil, abatido e desiludido, em 1681. Em Salvador, leva uma vida desregrada, improvisando poemas acompanhados de viola e satirizando os poderosos. Casa-se com Maria dos Povos e é banido, provavelmente em 1694 para Angola. Um ano depois, volta ao Brasil, mas, impedido de regressar a Salvador, vai para Recife, onde morre no ano seguinte. Há muitas dúvidas tanto sobre sua vida quanto sobre a autoria real de muitos dos poemas a ele atribuídos. Podemos mesmo dizer, como o fez James Amado, que o Gregório de Matos que chegou aos nossos dias não é um só homem, mas "a poesia da época chamada Gregório de Matos". Vertentes da Poesia Gregoriana: 1 – Poesia Lírica – Religiosa 2 – Poesia Lírica Amorosa 3 – Poesia Filosófica 4 – Poesia Satírica É a vaidade, Rosa, que de Púrpuras mil, Airosa rompe, Fábio, nesta vida manhã lisonjeada, com ambição dourada, arrasta presumida. É planta, que de abril favorecida, Por mares de soberba desatada, Florida galeota empavesada, Sulca ufana, navega destemida. É nau enfim, que em breve ligeireza, Com presunção de Fênix generosa, Galhardias apresta, alentos preza: Mas ser planta, ser rosa, ser nau vistosa De que importa, se aguarda sem defesa Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa? "Fábio, a vaidade nesta vida é rosa que, lisonjeada de manhã, arrasta presumida mil púrpuras e rompe airosa com ambição doirada". • Aos afetos e lágrimas derramadas na ausência • da Dama a quem queria bem • • Ardor em firme coração nascido; • Pranto por belos olhos derramado; • Incêndio em mares de água disfarçado; • Rio de neve em fogo convertidos: • • Tu, que em um peito abrasas escondido; • Tu, que em um rosto corres desatado; • Quando fogo, em cristais aprisionado; • Quando. cristal, em chamas derretido: • • Se és fogo, como passas brandamente? • Se és neve, como queimas com porfia? • Mas ai, que andou Amor em ti prudente! • • Pois para temperar a tirania, • Como quis que aqui fosse a neve ardente, • Permitiu parecesse a chama fria. Ao mesmo assunto e na Mesma Ocasião Pequei Senhor: mas não porque hei pecado, Da vossa Alta Piedade me despido: Antes, quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida, já cobrada, Glória tal, e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História, Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada; Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória "Se Pica-flor me chamais, Pica-flor aceito ser, mas resta agora saber, se no nome que me dais, meteis a flor, que guardais no passarinho melhor! Se me dais este favor, sendo só de mim o Pica, e o mais vosso, claro fica, que fico então Pica-flor Morreu um governador corrupto, numa quadrinha só ele disse tudo: “Quando ele se viu sozinho, da cova na escuridão, surrupiou de mansinho os dourados do caixão”. Define a Sua Cidade De dois ff se compõe esta cidade a meu ver: um furtar, outro foder. "Recopilou-se o direito, e quem o recopilou com dous ff o explicou por estar feito, e bem feito: por bem Digesto, e Colheito só com dous ff o expõe, e assim quem os olhos põe no trato, que aqui se encerra, há de dizer, que esta terra De dous ff se compõe. Se de dous ff composta está a nossa Bahia, errada a ortografia a grande dano está posta: eu quero fazer aposta, e quero um tostão perder, que isso a há de preverter, se o furtar e o foder bem não são os ff que tem Esta cidade a meu ver. Provo a conjetura já prontamente como um brinco: Bahia tem letras cinco que são B-A-H-I-A: logo ninguém me dirá que dous ff chega a ter, pois nenhum contém sequer, salvo se em boa verdade são os ff da cidade um furtar, outro foder. " Gregório de Matos A cada canto um grande conselheiro, Quer nos governar cabana e vinha, Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. Em cada porta um freqüente olheiro, Que a vida do vizinho, e da vizinha Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha, Para a levar à Praça e ao Terreiro. Muitos mulatos desavergonhados Trazidos pelos pés os homens nobres, Posta nas palmas toda a picardia.* Estupendas usuras* nos mercados, Todos os que não furtam muito pobres: E eis aqui a cidade da Bahia. Neste mundo é mais rico o que mais rapa; quem mais limpo se faz, tem mais carepa; com sua língua, ao nobre o vil decepa; o velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa; quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; quem menos falar pode, mais increpa; quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por tulipa; bengala hoje na mão, ontem garlopa; mais isento se mostra o que mais chupa; para a tropa do trapo vão a tripa, e mais não digo; porque a Musa topa em apa, em epa, em ipa, em opa, em upa. Antônio Vieira ...Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba... São as feições como as vidas, que não há mais certo sinal de haverem de durar pouco, que terem durado muito. São como as linhas, que partem do centro para a circunferência, que quanto mais continuadas, tanto menos unidas. Por isso os antigos sabiamente pintaram o amor menino; porque não há amor tão robusto que chegue a ser velho. De todos os instrumentos com que o armou a natureza o desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já não atira; embotalhe as setas, com que já não fere; abre-lhe os olhos com que vê o que não via; e faz-lhe crescer as asas, com que voa e foge. A razão natural de toda esta diferença é porque o tempo tira novidade às coisas, descobre-lhe os defeitos, enfastia-lhe o gosto, e bastam que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor?! O mesmo amar é causa de não amar e o ter amado muito, de amar menos...