Colégio Cruz e Sousa
A PRODUÇÃO LITERÁRIA NO BRASIL-COLÔNIA
Profª. Karen Neves Olivan
ERA COLONIAL
ERA NACIONAL
A PRODUÇÃO LITERÁRIA NO BRASIL-COLÔNIA
Brasil no século XVII:
• Grande celeiro da cana-de-açúcar (exploração e
enriquecimento).
• Poucos sabiam ler e escrever.
• Surge um grupo de intelectuais cuja formação acontecia
em Portugal.
• Elite é responsável pelo nascimento da Literatura, que
inicialmente é frágil.
• Realidade brasileira ≠ da portuguesa: comércio /
exploração / violência / perseguição.
A PRODUÇÃO LITERÁRIA NO BRASIL-COLÔNIA
Barroco no Brasil:
• Fruto de esforços individuais.
• Literatura era para:
- criticar a mentalidade colonialista;
- moralizar a população através da religião;
- dar vazão a sentimentos pessoais.
• Barroco ganhou impulso entre 1720 e 1750, com a
fundação de várias academias literárias.
• Nas artes plásticas, esse desenvolvimento ocorreu no
século XVIII, quando, por causa do ouro, foram
construídas igrejas de estilo barroco.
Igreja de São Francisco, Ouro Preto/MG
Capela mor
Teto
LITERATURA BARROCA
Principais escritores:
Na poesia:
• Gregório de Matos,
• Bento Teixeira,
• Botelho de Oliveira,
• Frei Itaparica.
Na prosa:
• Pe. Antônio Vieira,
• Sebastião da Rocha Pita,
• Nuno Marques Pereira.
Profeta Joel
Aleijadinho
Diferentemente do Barroco europeu, que se voltou principalmente às exigências de
um público aristocrático, o Barroco brasileiro nasce e se desenvolve em condições
bastante diferentes, ganhando características próprias, como as que se vêem na
poesia do baiano Gregório de Matos.
LITERATURA BARROCA
Gregório de Matos (1633?-1696): adequação e irreverência
• Nasceu em Salvador, estudou no Colégio dos Jesuítas e
fez faculdade de Direito em Coimbra, Portugal.
• Maior poeta barroco brasileiro.
• Um dos fundadores da poesia lírica e satírica no Brasil.
• Perseguido pelo gov. baiano Antônio de Souza Menezes.
• Casou-se com Maria dos Povos e advogou.
LITERATURA BARROCA
Gregório de Matos (1633?-1696): adequação e irreverência
• Depois, saiu pelo Recôncavo baiano como cantador
itinerante, dedicando-se às sátiras e aos poemas eróticoirônicos.
• Resultado: exílio em Angola.
• Voltou ao Brasil, foi proibido de retornar à Bahia, morreu
em Recife.
GREGÓRIO DE MATOS
Irreverência e esquecimento
• Irreverente, afrontava os valores e a falsa moral da
sociedade baiana.
• Como poeta lírico, quebrou os padrões europeus.
• Como poeta satírico, denunciou as contradições da
sociedade baiana, criticando diversos grupos sociais.
• Não publicou nada em vida.
• Precursor da poesia moderna.
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Gregório de Mtaos
ao desembargador Dionízio de Ávila Varreyro
Manuel Bandeira
Rosa tumultuada
GREGÓRIO DE MATOS
Lírica: três vertentes: amorosa, filosófica e religiosa.
• Na amorosa:
- dualismo carne/espírito (sentimento de culpa);
- mulher como personificação do pecado, da
perdição espiritual.
• Na filosófica:
- desconcerto do mundo (lembra Camões);
- funções humanas;
- predomina a consciência vida x tempo, Carpe Diem.
• Na religiosa:
- amor a Deus, culpa, arrependimento, pecado,
perdão;
- referências bíblicas;
- linguagem culta;
- muitas figuras de linguagem.
Não vira em minha vida a formosura,
Ouvia falar nela cada dia,
E ouvida me incitava, e me movia
A querer ver tão bela arquitetura:
Ontem a vi por minha desventura
Na cara, no bom ar, na galhardia
De uma mulher, que em Anjo se mentia;
De um Sol, que se trajava em criatura:
Matem-me, disse eu, vendo abrasar-me,
Se esta a cousa não é, que encarecer-me
Sabia o mundo, e tanto exagerar-me:
Olhos meus, disse então por defender-me,
Se a beleza heis de ver para matar-me,
Antes olhos cegueis, do que eu perder-me.
Gregório de Matos
Sonetos à D. Ângela de Sousa Paredes
GREGÓRIO DE MATOS
Sátira:
• Boca do Inferno:
- não poupou palavrões nem críticas a todas as classes;
- foge dos padrões estabelecidos por Portugal, por isso
considerada poesia brasileira;
- linguagem repleta de termos indígenas e africanos;
- uso de palavrões, gírias e expressões locais;
- primeira manifestação nativista;
- início do despertar da consciência crítica.
Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
[...]
O açúcar já acabou?... Baixou.
E o dinheiro se extinguiu?... Subiu.
Logo já convalesceu?... Morreu.
À Bahia aconteceu
O que a um doente acontece:
Cai na cama, e o mal cresce,
Baixou, subiu, morreu.
A Câmara não acode?... Não pode.
Pois não tem todo o poder?... Não quer.
É que o Governo a convence?... Não vence.
Quem haverá que tal pense,
Que uma câmara tão nobre,
Por ver-se mísera e pobre,
Não pode, não quer, não vence
Gregório de Matos
Colégio Cruz e Sousa
FIM
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Profª. Karen Neves Olivan
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