BANDEIRAS NACIONAIS E SEUS DISCURSOS GEOPOLÍTICOS A bandeira, em conjunto com o brasão e o hino são os três símbolos através do qual um país independente proclama sua identidade e soberania. Em essência, eles servem como totens modernos – signos políticos que carregam uma afinidade especial para as nações que representam, distinguindo-as umas das outras e reafirmando suas identidades. No começo do século XIX, o advento do nacionalismo e do Estado-nação convergiu com os instrumentos de comunicação e o progresso técnico, propiciando a transformação das sociedades, agora consideradas de base “nacional”. Os mapas tornaram-se elementos da educação em massa, aumentando a demanda pela reconstrução do passado da nação, que agora precisava aprender sobre os seus limites e contornos, conhecer as colônias e áreas conquistadas, além de fundamentar sua existência no passado, algo feito através dos atlas históricos. Nesse sentido, bandeiras e mapas se converteram em fortes ícones da representação nacional. Nos pavilhões analisados, os mapas reforçam a naturalização das fronteiras do território nacional face à realidade social, étnica, cultural e geográfica heterogênea da nação, onde o mapa é um modelo para (e não apenas um modelo de) representação da unidade nacional. Já nas bandeiras cuja estrutura gráfica (faixas, divisões, símbolos) apresenta uma função semelhante ao mapa, os elementos icônicos adquirem um “sentido cartográfico” quando são interpretados através da análise do discurso oficial da bandeira. A partir desta “leitura”, é possível criar uma conexão com o geográfico e estabelecer sua relação com o discurso geopolítico. Assim, neste artigo procura-se argumentar que as bandeiras demonstram amplas possibilidades de interpretação dentro do campo científico que podem ser usadas na geografia para servir de complemento aos professores na sala de aula e aos geógrafos na sua reflexão crítica, como uma forma ilustrativa de se compreender as diversas manifestações culturais e suas diversas formas de representação espacial. Palavras-chave: bandeiras, geopolítica, representação, mapas