VITÓRIA, ES, DOMINGO, 08 DE FEVEREIRO DE 2015 ATRIBUNA 45 Economia RODRIGO GAVINI - 07/11/2013 Desperdício consome 10% da energia, diz associação Conta de luz vai subir 42% ao ano Cálculo da consultoria TR Soluções ultrapassa a projeção do Banco Central, que previa alta de 27,6% no custo da energia em 2015 Tais de Hollanda conta de luz vai ficar mais “salgada”, com uma elevação média de 41,6% neste ano, segundo levantamento da consultoria TR Soluções. A alta na cobrança da energia ultrapassou a projeção do Banco Central realizada no mês passado, que previa aumento de 27,6% anual. Após mudanças no sistema de bandeiras tarifárias, a cobrança extra com bandeira vermelha subiu de R$ 30 por megawatt-hora (MWh) para R$ 55 por MWh, adição de em média 15%. Os ajustes são indicados pelas bandeiras tarifárias. A verde mantém a tarifa inalterada, já a amarela resulta em acréscimo de R$ 25 para cada MWh consumido. E a vermelha representa aumento de R$ 55 por MWh. O sócio da TR Soluções e responsável pelo cálculo, Paulo Steele, destacou que o que pesou na cobrança é a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), encargo embutido na conta de luz e que, nos últimos dois anos, foi pago em sua maior parte pelo Tesouro Nacional. Sem dinheiro em caixa, a CDE voltará para as tarifas repassadas ao consumidor. Segundo estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o fundo precisa arrecadar em 2015 cerca de R$ 21,8 bilhões. A INFLAÇÃO O congelamento da tarifa de energia para tentar conter a inflação desde 2013 é um dos motivos que resultou no alto repasse de custos para os consumidores neste ano, segundo o economista e coordenador geral de cursos da faculdade Pio XII, Marcelo Loyola Fraga. “Essa política governista era uma forma de aliviar o bolso do consumidor, uma medida também social. Ao longo da gestão, a energia chegou a ser reduzida em 18%. Mas em meio a esta segurada de preços artificial, veio a crise hídrica, e vamos ter de pagar a conta”, explica o economista. Fraga acredita que as chuvas não vão aliviar o preço da conta da energia. “Nem se cair um toró o valor da energia vai baixar. É necessário fazer recomposição das perdas do controle tarifário artificial. O jeito será economizar”. O professor de economia da Fucape Bruno Funchal explicou que com os reajustes nas bandeiras tarifárias, o custo da conta de energia em uma casa que consume 200kw/h por mês subirá de R$ 90 para R$ 130. “O aumento no ano será de cerca de 50%, principalmente pela crise hídrica”. SÃO PAULO MARCELO LOYOLA acredita que chuvas não vão impedir aumento de preço ENTENDA AS BANDEIRAS TARIFÁRIAS Bandeira vermelha é a mais cara Bandeira verde para R$ 2,50 por cada 100 kWh. > INDICA que há muita energia elétrica disponível, logo o custo de energia mensal se manterá o mesmo. Bandeira amarela Bandeira vermelha > É ACIONDA quando a oferta de ener- gia está crítica. A tarifa subiu de R$ 3 para R$ 5,50 por cada 100 kWh. > É ACIONADA quando há pouca oferta de energia. A tarifa subiu de R$ 1,50 De toda a energia consumida no Brasil durante 2014, mais de 10% se perderam à toa, segundo levantamento da Abesco, a associação que reúne empresas de serviços de conservação do recurso. Essa conta, estima a entidade, bate em R$ 12,64 bilhões, dos quais metade corresponde a perdas geradas por consumidores residenciais e o restante se divide entre indústria, comércio, serviços e órgãos públicos. Em parte, as perdas se devem ao fato de que, enquanto o consumo elétrico crescia nos últimos anos com o avanço da economia e mudava os hábitos domésticos, o brasileiro criava novas necessidades e desaprendia a poupar. Por isso, o racionamento que persegue os consumidores atualmente pressiona a um foco maior na economia. O corte deve ser mais doloroso que o realizado há 15 anos, segundo especialistas. Em contrapartida, esse mesmo percentual faz parte dos programas de eficiência de energia segundo o Ministério de Minas e Energia. “O Plano Nacional de Energia estabelece como meta que 10% do consumo projetado para o horizonte de 2030 seja suprido com medidas de eficiência energética”, informou o ministério. ARQUIVO/AT Fonte: Aneel e União. Mais gastos sem o horário de verão O fim do horário de verão, no próximo dia 22, deve servir de alerta para os consumidores pouparem, principalmente no horário de pico, das 18 às 21 horas. Os aparelhos ligados em stand by, ou seja, em modo de espera, são ladrões silenciosos de energia. Segundo o Instituto Akatu, todos os aparelhos em stand-by podem re- presentar 12% do consumo de uma casa. Um aparelho de DVD usado por duas horas, duas vezes por semana, ficando o resto do tempo em stand-by, em um mês consome energia suficiente para utilizar o DVD por quatro meses. O economista e coordenador geral de cursos da faculdade Pio XII, Marcelo Loyola Fraga, explicou que o ar-condicionado e a televisão podem ser os vilões da conta de energia. “É necessário desligar esses eletrodomésticos em vez de mantêlos em stand by. Isso serve também para o ferro e outros equipamentos. Eles podem causar uma elevação na conta muito alta”. TORRE de energia elétrica: custos