COMUNICADO
NOVA COMPOSIÇÃO DO CONSELHO CIENTÍFICO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES
1. A APS manifesta a sua mais profunda perplexidade perante a nova composição do
conselho científico das ciências sociais e humanidades (CCCSH) da FCT. Não se trata,
que tal fique claro, de uma apreciação de qualidades pessoais dos seus membros
constituintes. Trata-se, tão-só, de um questionamento sobre a sua desadequação à
qualidade e diversidade científicas que se lhe exigem.
2. Não se compreende, desde logo, o absurdo facto de a sua Presidente ser oriunda de
uma outra área do conhecimento que não as ciências sociais! Atente-se numa sinopse
do CV da Professora Eugénia da Cunha:
“Eugénia Maria Guedes Pinto Antunes da Cunha é licenciada em Biologia pela
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). Em 1994,
concluiu o Doutoramento também na Universidade de Coimbra. É, desde 2003,
professora catedrática no agora Departamento de Ciências da Vida, onde integra a
Comissão Cientifica. É ainda Coordenadora do Mestrado em Evolução e Biologia
Humanas desde 1998 e preside à FASE-Forensic Anthropology Society of Europe
desde 2009. Eugénia Cunha tem os ossos como o seu principal objeto de investigação
e pertence ao Centro de Ciências Forenses onde é responsável pelo grupo de
Antropologia Forense. É ainda, desde 1997, consultora Nacional para a Antropologia
Forense do Instituto Nacional de Medicina Legal (INML,IP).”
Sem duvidar, repetimos, da sua idoneidade ou competência em biologia, ciências da
vida ou ciências forenses, questionamos, sem quaisquer hesitações, a sua ligação ao
património de pesquisa das ciências sociais.
3. Os critérios da FCT a propósito do anúncio público aos investigadores para eventual
manifestação de interesse em fazerem parte do conselho são explícitos quanto aos
critérios de composição do mesmo:
“Ambiente multidisciplinar, que contemple uma grande diversidade de áreas
científicas, metodologias e perfis profissionais (e.g. academia, indústria, etc.);
-Equilíbrio de género;
-Diversidade geográfica e institucional;
-Diferentes níveis de senioridade.”
Pessoa Colectiva de Utilidade Pública
Av. Prof. Aníbal de Bettencourt, 9 - 1600-189 Lisboa
Telef. +351 21 780 47 38 – Fax +351 21 794 02 74 e-mail:[email protected] – http://www.aps.pt
Ora, uma análise cuidada da sua composição mostra que não existe equilíbrio de
género. Dos 14 elementos, apenas 5 são mulheres. Por outro lado, o ambiente
multidisciplinar é rarefeito quanto à diversidade e ao equilíbrio das ciências sociais
contempladas: a antropologia e a geografia estão ausentes. A sociologia não se pode
rever num conselho onde outras ciências sociais não estão representadas.
4. Em última análise a FCT é totalmente responsável pela escolha desta composição.
Como nos diz o regulamento: “A submissão da Manifestação de Interesse não garante
ao proponente o convite para integrar os Conselhos Científicos da FCT. A FCT reservase o direito de convidar cientistas que não responderam ao presente convite”. Por
outro lado, o Governo não pode ser eximido de uma quota-parte de responsabilidade,
uma vez que cabe ao responsável ministerial com a pasta da ciência nomear, sob
proposta do conselho diretivo da FCT, os membros do conselho.
5. Face à gravidade do exposto, a APS exige à FCT e ao Governo a revogação da nomeação
do novo conselho científico das ciências sociais e humanidades, a que se deverá seguir
um processo de constituição de um CCCSH com a composição adequada.
Ana Romão
Presidente da Direção
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