ATUALIDADE DO PENSAMENTO DE PAULO FREIRE NO SINDICALISMO DOCENTE Ana Maria do Vale138 Essa temática faz parte de um estudo mais amplo, minha tese de doutoramento na FEUSP, onde discuti a Presença do Pensamento Freireano na Formação do Sindicalismo Docente. Contudo, nos limites desse texto, enfocarei apenas parte da referida pesquisa - a atualidade do pensamento freireano no sindicalismo docente - esperando que o recorte da análise não comprometa os objetivos propostos. Neste particular, o estudo resgata particularidades da influência do pensamento de Freire no sindicalismo docente, reafirmadas e atualizadas nos depoimentos das dezesseis lideranças sindicais entrevistadas – sujeitos da história sindical docente - representando dez Estados brasileiros.139 Assim, ao respeitar as exigências feitas pela organização do III Colóquio Internacional Paulo Freire sobre os limites postos aos textos a serem apresentados, centrarei minha discussão a partir do diálogo realizado com lideranças sindicais docentes sobre a temática pesquisada. Dialogando com Lideranças Sindicais Docentes No instante em que estabeleço o dialogo com os líderes sindicais docentes entrevistados, fui motivada pelo propósito de ouvir as lideranças a respeito da presença do pensamento de Paulo Freire no interior da categoria sindical. Para além dessa questão específica, nosso diálogo percorreu outros caminhos, enveredou por muitas das infinitas questões que perpassam a questão educacional, os sindicatos, os sindicalistas, a conjuntura político-econômica, a política governamental do país e suas conseqüências para o movimento sindical, entre outros aspectos. A capacidade criativa do diálogo trouxe à tona fatos da vida real, fundamentando e ampliando os enfoques abordados, recriando-os por assim dizer. Assim sendo, para efeito de objetivar o registro do propósito almejado, é conveniente sistematizar aspectos desse diálogo/entrevista – àqueles mais pertinentes à temática em discussão, o que certamente será feito sem desconhecer as inter-relações existentes entre as partes destacadas e o todo do diálogo estabelecido. No mais, resta afirmar que a manifestação da visão dos líderes sindicais é aqui considerada expressão do sindicalismo docente, notadamente daqueles vinculados aos sindicatos aqui representados. Portanto, a visão emitida não é aqui tida como uma posição individual do líder sindical, por mais que seja ele a enuncia-la. Além do que, ao ouvir as lideranças sindicais, é preciso considerar a contextualidade de suas falas, ou seja, como parte integrante do contexto sócio-histórico, relacionadas às pressões sociais e às forças sócioculturais imperantes. Isso porque, querer isolar o sujeito que “fala” das variantes presentes no mundo social do qual faz parte é querer dicotomizar desconhecer ou negar a relação existente entre esse sujeito e o social. Nesse sentido, a unicidade do sujeito que fala é sempre 138 IPF/NE e UERN/RN. As lideranças sindicais docentes entrevistadas e as respectivas entidades sindicais que representavam compõem a seguinte relação: Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, além da direção da CNTE – Confederação que congrega os sindicatos entrevistados. 139 209 relativizada, quer seja pela contextualização da sua fala, enquanto produto cultural empírico, quer seja pela influência teórica recebida em sua formação, ou seja, pela intertextualidade do seu discurso, ou, ainda, como resultante da interrelação estabelecida entre os sujeitos do diálogo no processo comunicativo. Assim sendo, as “vozes” dos sujeitos entrevistados não podem ser consideradas como nascidas em si, mas como resultante de uma teia de “vozes” produzidas nas relações estabelecidas, ou seja, a partir da heterogeneidade que enceram. E é sobre essa ótica que a “visão” das lideranças será considerada o que farei de forma extremamente resumida porém não menos rigorosa respeitado os limites expressos exigidos a este texto. a) Formação política do líder sindical Atribuindo sua formação à própria militância140, os líderes sindicais destacam alguns espaços organizacionais responsáveis por sua formação política: a Igreja, notadamente no envolvimento com os Movimentos de Jovens, na Comunidade Eclesiais de Base – CEBS; no Movimento Pastoral; nas Greves dos Metalúrgicos de 1978-79, no Partido dos Trabalhadores - PT, nos Centros Cívicos, no Movimento Estudantil. Atribuem também sua formação aos cursos de formação sindical, oferecidos pelos Sindicatos dos Trabalhadores em Educação, pela CUT ou pelo Partido dos Trabalhadores. Nesse sentido, e de um modo geral, atribuem sua formação à militância, à participação nas lutas, à experiência, ou seja, “totalmente em serviço” para usarmos a expressão de João Monlevade (do SINTEP/MT e ex-presidente da CNTE). Contudo, no resgate desse percurso, as lideranças sindicais enfatizaram, também, a importância da teoria considerada um sustentáculo às ações sindicais, embora a ênfase maior, nesse primeiro momento, tenha limitado-se a enaltecer a militância como campo formativo. A propósito, posicionou-se o expresidentes da APEOESP (durante doze anos – 1981 a 1993), hoje, Presidente Nacional da CUT: “O conjunto da minha formação sindical se deu durante o movimento. Ali, fui aprendendo, entendendo como se diferenciam as diversas correntes que existem no movimento. Tentei adquirir informação teórica, tentando combinar a formação teórica com a prática que são questões fundamentais para quem pretende ser dirigente sindical. É preciso entender na teoria o que você está fazendo na prática. Saber combinar a ação com o que você aprendeu na discussão teórica” (João Felício, entrevista concedida, 1997). Ao refletirem sobre as matrizes discursivas presentes em sua formação e na formação da consciência político-pedagógica do magistério, os líderes sindicais atrelaram as matrizes destacadas aos espaços organizacionais sinalizados anteriormente. Enfocando-os, relacionou-os às teorias a eles subjacentes. Ou seja, não se limitaram a falar da pura teoria, mas associaram-na a todo um movimento presente em uma determinada época histórica, cujos espaços sociais por eles freqüentados e formados foram de uma importância crucial a militância política que hoje exercem. Os sujeitos do nosso diálogo foram formados nesses espaços organizacionais, daí porque o conhecimento adquirido e aqui resgatado deve ser considerado nesse contexto histórico. Mas, afinal, de que matrizes discursivas nos falam os sindicalistas? É o próprio presidente da CNTE que nos afirma: “O movimento sindical docente possui matrizes formativas diversas, quase todas, porém, voltadas ao movimento popular, à educação de base, à consolidação de direitos. Muitos militantes das últimas décadas passaram por organizações 140 É importante considerar, nesse particular, que os entrevistados têm de 10 a 30 anos de militância e ocupam cargos na direção sindical em períodos que variam de 3 a 20 anos. 210 clandestinas, pela Igreja das comunidades de base, pelo movimento estudantil, entre outros. Em quase todos esses ambientes, as referências a Paulo Freire eram obrigatórias” (Carlos Augusto Abicalil, entrevista concedida, agosto de 2000). Como pode ser observado, mais uma vez, a busca de uma resposta objetiva a essa questão nos foi dada através da associação, da interrelação entre as matrizes discursivas formativas ao sindicalismo docente e aos espaços organizacionais, os ambientes sociais que abrigavam determinadas teorias formativas. Sua estreita relação com o social reafirma o entendimento de que o conhecimento adquirido pelos sindicalistas constitui o cimento a partir do qual os sindicatos se formam e se movem em suas ações e nas diferentes formas de atuação. As matrizes teóricas não estão, portanto, restritas à natureza específica das idéias. São elas reconhecidas e citadas pelos líderes sindicais, mas referidas ao tempo histórico e aos espaços sociais que as recortavam e definiam - o que aponta para a contextualidade do processo do conhecimento. Afinal, não são elas, as matrizes teóricas assumidas, responsáveis pelo “tom” da interpretação da realidade e das ações empreendidas pelos sindicatos? Para o que interessa destacar, resta saber quais as discussões teóricas presentes nesses espaços, e, entre elas, quais as mais pertinentes à formação da consciência político-pedagógica do sindicalismo docente? b) Teorias formativas do sindicalismo docente Em torno dessa questão, a “voz” dos líderes sindicais enfocou, na sua quase totalidade, as teorias formativas do: marxismo, a teoria marxista gramsciana, da educação popular e a teoria freireana. Seriam essas as matrizes responsáveis pela formação política e pedagógica do sindicalismo docente, notadamente adquirida no contexto da transição democrática no Brasil. A exceção, se é que o termo é este, ficou à cargo das teorias leninistas e trotskysta, também citadas, porém, mais raramente. Vale afirmar que, no campo das teorias críticas educacionais, também foram citadas a influência de Bourdieu e Passeron ao lado dos educadores brasileiros: Moacir Gadotti, Dermeval Saviani, Bárbara Freitag. Como que justificando as referidas opções, afirma Jussara Mª D. Vieira, presidente do CPERS/RS: “Nesse período, as teorias da resistência passam a expressar as possibilidades de mudança por dentro do modelo dominante” (Entrevista concedida no ano 2000). É importante destacar ainda que essas teorias, apontadas como responsáveis pela formação política do sindicalismo docente, embora citadas separadamente, foram tratadas como um “corpo teórico”, pelos pontos de convergência que mantêm. Agora, a questão que interessa para a pesquisa é saber exatamente em que sentido, como, e com que intensidade essas matrizes são realmente reconhecidas como formadoras da consciência poilítico-pedagógica do sindicalismo docente, em especial, a matriz freireana. Nesse sentido, o freqüente destaque, durante as entrevistas, da influência do pensamento de Gramsci e da concepção teórica de Freire, constitui, ao meu ver, uma particularidade da categoria sindical em estudo, o que não significa, uma exclusividade dela. A visão dos líderes sindicais permite-me essa dedução. Atribuindo aos espaços das universidades brasileiras como um dos campos específicos responsáveis por essa influência, os sindicalistas afirmam o quanto as teorias críticas ali trabalhadas com ingresso em nosso meio, a partir da década de 70, contribuíram para sua formação, “muito mais do que o próprio Marx”, no dizer da Deputada Estadual pelo PT/RN e ex-dirigente do SINTE/RN, Fátima Bezerra, em entrevista concedida em 2000. Enfim, destaco ainda que, embora a referência à teoria gramsciana tenha sido feita em relação à formação sindical, em todas as vezes em que fizeram-se referências a Gramsci, o 211 pensar freireano foi lembrado e enaltecido. É como se houvesse a necessidade de “ancorar” o pensamento de Freire na teoria marxista gramsciana, atualizando-a, no que se refere à contemporaneidade da teoria crítica educacional141 o que convenhamos, por si só, é uma feliz forma de chamar-nos a atenção para o aprofundamento desse campo de análise específica. Um convite, talvez, a novas pesquisas. c) Teses freireanas presentes no sindicalismo docente Mas, se realmente Freire influenciou a formação político-pedagógica do sindicalismo docente, em que direção deu-se essa influência? Quais as teses do pensamento freireano presentes nessa categoria sindical, influenciando-a?. Para as lideranças entrevistadas, não há dúvidas de que o pensamento de Paulo Freire muito influenciou sua formação de líder sindical e a categoria docente de um modo geral. Essa influência foi e é marcada por muitas das teses daquele educador, porém, algumas delas destacaram-se dentre os sindicalistas, tendo sido citadas repetidas vezes por sindicatos distintos, o que possibilita uma leitura da direção em que se deu (e se dá) essa influência. Quanto aos espaços de atuação dos sindicalistas, nos quais as teses defendidas por Freire e por eles abraçadas manifestam-se com veemência, extrapolam os espaços da escola e do sindicato, chegando a outras esferas sociais, inclusive, a parlamentar. Antes porém, é conveniente antecipar duas ressalvas importantes, reveladas nas entrevistas em torno dessa questão. A primeira é que, embora a pergunta inicial do diálogo tenha sido feita em relação às teses presentes na formação do líder sindical, quase sempre a resposta a essa questão veio naturalmente acompanhada da referência, não apenas à formação do líder sindical entrevistado, mas à categoria como um todo. Ou seja, estendia ao sindicalismo que representava as teses presentes em sua formação, ao mesmo tempo em que assumia a representatividade que lhe é conferida pela categoria. O outro aspecto é a associação entre as teses freireanas citadas e as obras de Freire, nas quais estão abordadas. Esse fato é muito significativo, dado que as teses referidas, ao serem assumidas como formadoras da consciência política das lideranças e da categoria sindical docente, foram fundadas, subsidiadas teoricamente, o que aponta para uma tomada de posição consciente. Acredito que a internalização da sua teoria explica, em grande parte, o porque da extensão do pensamento de Freire para além da esfera específica da educação, das escolas, dos sindicatos. Afinal, a clareza e a internalização de uma determinada forma de pensar a educação, a realidade, seguida de uma tomada de posição sobre ela muito tem em comum com o pensar freireano. Ademais, é de Freire o entendimento da educação como ato de intervenção política. A “relação dialética entre o diálogo e o conflito, a educação como ato político dialógico, o respeito pelas diferenças, a busca de coerência entre o discurso e a prática, a busca incessante da utopia social e educacional, a esperança na luta são algumas das principais teses de Freire presentes no sindicalismo docente. Porém, para melhor fundamentar a hipótese que defendo, é importante saber como essa influencia manifesta-se no interior do 141 De fato, se considerarmos as teses que compõem o contributo freireano para a educação, ou seja, o seu legado (já amplamente trabalhado nesse estudo), bem como a teoria critica gramsciana, certamente encontraremos respostas aos “porquês” da aproximação desses dois pensadores referidas pelos sindicalistas. Penso ser essa uma fonte rica de pesquisa, ainda pouco explorada embora tenhamos, a propósito, as reflexões de Peter LEONARD, Pedagogia Crítica e a Previdência: encontros Intelectuais com Freire e Gramsci, 1974-1986, 1998, as reflexões de Carlos A. TORRES, Os dois Gramsci e a educação: Competência técnica versus consciência política, 1997 e o recente estudo de Aparecida de Fátima Tiradentes dos SANTOS, Desigualdade social e dualidade escolar: Conhecimento e poder em Paulo Freire e Gramsci, 2000. 212 sindicato docente. Como é possível um educador libertário, continuamente preocupado com a utopia, ser útil a um sindicato? Posto de forma diferente, como é possível a um educador, eminentemente preocupado com a morosidade, com a humanização das relações sociais, ser útil a um movimento sindical mais combativo, severo, rígido? d) Manifestação do pensamento freireano no interior do sindicato docente Embora as teses de Freire presentes no sindicalismo docente já sinalizaram a “direção” em que se dá a influência de Freire nessa categoria sindical, sua relevância aumenta na medida em que essas teses podem ser lidas no interior de um determinado entendimento assumido pelos sindicalistas. Afirmando ser uma questão de identidade muito mais do que utilidade afirmam que “a esperança faz a ponte, a conexão entre Paulo Freire e o sindicalismo docente. Nosso objetivo é todo ele centrado em cima de uma esperança de mudança, de transformação da realidade. A forma como o mestre Paulo Freire trabalha contundentemente a esperança é a ponte. É ela que faz essa conexão da obra freireana alimentar o pensamento e a luta sindical. A esperança é o sonho que a gente quer realizar (Hudson Guimarães - SINTE/RN entrevista concedida, 2000). Ou, dito por outra entidade sindical - o SINDIUPES/ES: “Um educador libertário, preocupado com a utopia é útil a um sindicato porque a utopia é construída coletivamente no nosso cotidiano. Ela é uma busca permanente e crescente nas lutas sociais e, consequentemente, em seus espaços organizacionais” (Artur Sérgio Rangel, entrevista concedida, 2000). A necessidade de se considerar os limites existentes na prática sindical, o respeito, a utopia como sonho possível, a esperança na luta teses tão caras ao pensar freireano são reconhecidas insistentemente como suportes teóricos ao sindicalismo e mais, são trabalhadas teoricamente fundamentando, assim, a opção assumida. Paulo Freire na “Pedagogia da Esperança”, uma de suas obras, fundamenta, sobremaneira, seu pensar a respeito. Para ele, “Enquanto necessidade ontológica a esperança precisa da prática para tornar-se concretude histórica. É por isso que não há esperança na pura espera, nem tampouco se alcança o que se espera na espera pura, que vira, assim, espera vã. [...] Daí a precisão de uma certa educação da esperança. É que ela tem uma tal importância em nossa existência, individual e social, que não devemos experimentá-la de forma errada, deixando que ela resvale para a desesperança e o desespero. Desesperança e desespero, conseqüência e razão de ser da inação ou do imobilismo” (FREIRE, 1992: 11). Não estariam os sindicalistas docentes alicerçados nessa forma de pensar ao encontrarem sentido para continuar resistindo, lutando enquanto esperam os avanços sociais, as conquistas da categoria? Afinal, “a luta sindical, sobretudo a luta sindical dos professores, é fundamentalmente animada por uma perspectiva utópica” afirmam as lideranças sindicais. e) Atualidade do pensamento freireano no sindicalismo docente Diante da complexidade que marca a atual conjuntura político-social desafiando as organizações sociais, em especial, o sindicalismo docente, resta indagar, aos nossos entrevistados, se é possível, nos dias atuais, falar da atualidade do pensamento de Paulo Freire na formação do sindicalismo docente. Essa preocupação deu-se em função da freqüente referência feita ao pensamento de Paulo Freire no sindicalismo docente. E foram muitas as situações apontadas pelas lideranças sindicais que sinalizaram para a influência freireana nessa categoria sindical. Quer seja, através do reconhecimento das matrizes discursivas formativas atribuídas à formação política do próprio líder sindical e do sindicalismo; da identificação e manifestação das teses freireanas no interior das ações 213 sindicais; da metodologia por eles adotadas nos cursos de formação política das referências feitas a suas obras ou, ainda, pela referência constante a utopia e a esperança - princípios marcantes no pensamento de Freire. Todos esses aspectos juntos, reconhecidos e explicitados pelas lideranças sindicais, convergem para a influência do pensar freireano no sindicalismo docente. Porém, diante do acelerar de tantas mudanças e inovações, inclusive, no campo da teoria educacional, é imprescindível saber da possibilidade de se falar da atualidade do pensamento de Freire nos sindicatos docente. Ouvindo todas as “vozes” entrevistadas ressalto que a atualidade do pensamento de Freire no sindicalismo docente pode ser ampliada pela leitura que os sindicalistas fazem da conjuntura, da realidade, e suas implicações para a categoria e, sobretudo, pelos caminhos adotados ao re-pensarem a atuação sindical. Vivendo o tensionamento permanente entre a institucionalização e a mobilização, os sindicalistas manifestam esperanças de mudanças, de transformação da realidade, da educação. Esperança que os impulsiona a continuarem na luta, ampliando os espaços sociais em que atuam, congregando novos sujeitos sociais. De resto, “toda atividade sindical docente é, como nos ensinou Paulo Freire, perpassada pela inseparável relação entre a teoria e a prática. A práxis sindical é, ela própria, uma vivência cotidiana das teorias de Paulo Freire”..., afirmam. Pelo exposto (embora muito sinteticamente) não há como desconsiderar a visão dos sindicalistas sobre essa questão específica. O pensamento de Freire foi assumido por entre os sindicatos entrevistados como sendo atual e necessário nos dias atuais o que certamente não permite-me falar em nome da totalidade de todos os sindicalistas docente. Porém, seguramente, autoriza-me estender a posição assumida a uma grande maioria de sindicalistas filiados, em especial aos sindicatos aqui representados, o que, por si só, representa uma significativa “visão” dessa categoria autorizando-me afirmar que não há como negar a presença do pensamento freireano na formação do sindicalismo docente, ou, indo mais além, a influência do pensar desse educador na formação sindical docente como bem reconhecem as lideranças sindicais. 214