Parte II - Classe operária e sociedade industrial no Brasil Introdução Leôncio Martins Rodrigues SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros RODRIGUES, LM. Classe operária e sociedade industrial no Brasil: Introdução. In: Trabalhadores, sindicatos e industrialização [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2009, pp 86-87. ISBN: 978-85-99662-99-1. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. All the contents of this chapter, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported. Todo o conteúdo deste capítulo, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada. Todo el contenido de este capítulo, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported. PARTE II de natureza mais ampla, ligadas ao processo de formação da sociedade industrial no Brasil. CLASSE OPERÁRIA E SOCIEDADE INDUSTRIAL NO BRASIL Nessas condições, a descrição circunstanciada da história do sindicalismo não é nossa intenção. O objetivo dessa parte é destacar os fatores cruciais, de natureza estrutural e histórica, que afetam o comportamento dos trabalhadores, suas orientações políticas, sindicais e valorativas, assim como os meios de pressão de que dispõem. Esses fatores são de natureza bastante variada. A hipótese básica, que orientará a exposição, é de que o movimento operário não pode ser analisado como resultado das características da tecnologia, do sistema de Poder, do meio social, etc., consideradas isoladamente. A partir dessa hipótese, nossa intenção foi procurar os efeitos de um conjunto de múltiplas variáveis sobre as orientações da classe operária, o que nos obrigou a lidar com problemas que escapam de nosso campo de especialidade. Nesses casos, procuramos nos apoiar nos estudos e pesquisas efetuados por outros especialistas. Introdução O objetivo desta parte do trabalho é a análise das orientações sindicais, políticas e valorativas dos trabalhadores industriais brasileiros. Não se pretende aqui um estudo da organização sindical. Da bibliografia existente1 este aspecto tem sido, entre os estudos sobre o proletariado no Brasil, relativamente bem investigado, talvez por se relacionar com a parte mais institucionalizada do movimento sindical e envolver uma faceta da ação do Estado2. Não constitui, igualmente, objeto sobressalente das preocupações desta segunda parte, a investigação da história do sindicalismo e do movimento operário no Brasil, embora muitos pontos do passado permaneçam ainda obscuros3. Interessa-nos, sobretudo, buscar estabelecer os fatores relevantes, de natureza mais ampla, ligados à formação da classe e a algumas de suas características, que possibilitam estabelecer algumas hipóteses referentes às alternativas possíveis de orientação dos trabalhadores, de natureza sindical, política e ideológica. Este desiderato implica em considerar certas questões 1 Ver: Leôncio Martins RODRIGUES, “Bibliografia Sobre o Sindicalismo e os Trabalhadores Industriais no Brasil. Notas para um Esquema Explicativo”, I Encontro Internacional de Estudos Brasileiros, Instituto de Estudos Brasileiros (USP), São Paulo, 1971. (Publicado também nos Cadernos n° 4, Centro de Estudos Rurais e Urbanos, São Paulo, 1971). 2 Em nossa opinião, a melhor exposição sobre os aspectos jurídicos e legais relativos à intervenção estatal na área trabalhista e o tipo de estrutura sindical daí resultante encontra-se em Evaristo MORAES FILHO, O Sindicato Único no Brasil, Rio, Editora “A Noite”, 1966. Por outro lado, o livro de José Albertino RODRIGUES, Sindicato e Desenvolvimento no Brasil, (São Paulo, Difusão Européia do Livro, 1968) oferece uma descrição bastante detalhada e informativa do funcionamento da organização sindical no Brasil. 3 Sobre os primórdios do movimento sindical brasileiro, ver Azis SIMAO, Sindicato e Estado, São Paulo, Dominus Editora, 1966. 86 87