828 A PSICOTERAPIA NA INFÂNCIA E SUAS ESPECIFICIDADES Joyce da Rocha Souza1 Cláudia Cardoso dos Santos2 Elizabete Rodrigues Coelho3 RESUMO O presente artigo tem o objetivo de discutir o conhecimento acerca da psicoterapia infantil e de algumas das especificidades que essa modalidade da clínica apresenta. Para tanto, foram relacionados aspectos teóricos com algumas vinhetas da prática de estágio curricular na área clínica, que está sendo realizado no Instituto Wilfred Bion. Pretende-se inicialmente descrever a entrevista inicial com os pais, destacando a importância deste momento para o posterior trabalho com a criança. Além disso, objetiva-se relatar alguns aspectos do setting terapêutico e a função do brinquedo na psicoterapia para crianças, como uma forma de comunicação, assim como demonstrações de fantasias infantis, que podem ser abordadas em tratamento. Consideramos a importância da aliança terapêutica como uma ferramenta de fundamental importância para a psicanálise, que está associada ao sucesso da técnica. Diante disso, pode-se perceber que o tratamento psicanalítico com crianças é um assunto bastante amplo e complexo, necessitando de constante estudo e aprofundamento por parte daqueles que o praticam. Sendo assim, a psicoterapia psicanalítica infantil é uma ferramenta de grande eficácia na prevenção de doenças e promoção de saúde, porém exige a capacidade de o terapeuta colocar-se a disposição do mundo infantil. PALAVRAS-CHAVE: Psicoterapia Infantil, Psicanálise, Estágio de Clínica. INTRODUÇÃO O tratamento psicoterápico com crianças é repleto de especificidades que o diferem do tratamento do adulto, exigindo, portanto, habilidades diferentes do terapeuta. A criança é dependente dos seus responsáveis, o que pode ocasionar a interferência de terceiros no vínculo psicoterápico. Neste sentido, conforme Castro, Stürmer e col. (2009) exige mais flexibilidade do profissional, assim como cuidado especial com a neutralidade e o sigilo. No entanto, nessa fase do desenvolvimento, os pais são indispensáveis, devendo ser incluídos no processo psicoterápico, a fim de proporcionar o suporte necessário à manutenção do tratamento, mas também para contribuir com um maior entendimento dos processos familiares que cercam a criança. 1 Acadêmica do Curso de Psicologia da ULBRA Guaíba Psicóloga do Instituto Wilfred Bion e supervisora local de estágio 3 Professora e supervisora acadêmica de estágio do Curso de Psicologia da ULBRA Guaíba 2 829 Outro ponto importante está associado à solicitação do tratamento, que geralmente é efetuada pelos pais e/ou responsáveis. Normalmente os pais mostram-se seguros em relação aos argumentos e queixas que os fazem buscar atendimento. O que se percebe na prática é que, em muitos momentos, estes costumam trazer uma realidade distorcida, fruto da dinâmica familiar que os abrange. Neste ponto, reside um dos primeiros desafios: desvencilhar os familiares dessa distorção, apresentando-lhes a realidade, o que pode ser uma tarefa difícil. O terapeuta deve ter muito cuidado, pois é possível que com o tratamento da criança, a família fique vulnerável a perceber os conflitos e, em função disso, aumentam as resistências que podem dificultar o processo. Porém, com um bom vínculo, essas questões podem ser minimizadas. O setting, o brinquedo e a aliança terapêutica, demonstram ser conceitos importantes no que se refere ao tema. Neste sentido, o profissional atuante neste seguimento da clínica, deve estar preparado para lidar com situações inusitadas, que poderá exigir posicionamentos rápidos, assertivos, e para tal é necessário dispor de conhecimento técnico, supervisão e tratamento pessoal. Estes auxiliam na instrumentalização e no manejo com este tipo de paciente, que se mostra repleto de especificidades. Assim, sendo, Castro, Stürner e col. (2009) acreditam que com a aquisição de experiência, aliada ao tripé psicanalítico, o terapeuta possa contribuir para uma base teórico-clínica de qualidade, sendo mais um aspecto a possibilitar a eficácia do trabalho. ENTREVISTA COM OS PAIS Ao abordar o tratamento infantil em psicanálise, não há como desconsiderar o papel dos pais no processo. Neste sentido, antes de tomar a criança para o atendimento, deve ser feita uma boa avaliação do caso através das famílias, o que auxilia o terapeuta não somente na obtenção dos dados necessários para o início do tratamento, mas, também, no estabelecimento do vínculo, que facilita o seguimento da psicoterapia. Para Grespan & Grespan (1993) as entrevistas iniciais exigem que o terapeuta esteja atento, observando detalhes da conduta dos pais, pois as informações coletadas dessa forma são de grande valia para o entendimento do funcionamento dos pais. Para tanto, o ideal é estimular a livre associação. 830 Corroborando com autores acima, Sei et. al. (2008) nos diz que: “há situações em que a linguagem verbal torna-se insuficiente para comunicar algo e os comportamentos assumem esta função de comunicação (p. 198)”. Neste sentido, a maneira como conduzem a situação, trazem indicações de como exercem a função de pai e mãe (GRESPAN & GRESPAN, 1993). Cabe aqui um exemplo prático acerca da primeira entrevista de um dos pacientes que estão em atendimento neste momento: F., mãe de um menino que 4 anos, busca atendimento pela maneira adulta com que o filho se comporta: “parece ter 18 anos (sic)”. Traz um grande número de dados, mas não os aprofunda, buscando evitar entrar em contato com os reais sentimentos maternos, por isso, mostra-se racional e até mesmo fria ao falar da queixa. A partir dessa percepção e de outros dados colhidos nas entrevistas foi possível identificar o pouco afeto que demonstra para com o filho. A lei, controle, transmissão de valores e castigos são consideradas por esta mãe como funções maternas, sendo pouco afetiva com a criança. Sendo assim, houve no setting, uma representação de como essa mãe relaciona-se com seu filho. Ainda, conforme os autores citados acima parece interessante também, avaliar como os pais relacionam-se entre si, enquanto um casal. Pensando no mesmo caso já referido, os pais apresentam um relacionamento estável, porém as funções de pai e de mãe estão invertidas. Com isso, a mãe torna-se a referência para educação e o pai para afeto e maternagem. Durante as entrevistas, F. não deixa o esposo falar e a partir disso, ele se anula, aceitando a condição. Esse funcionamento estende-se também ao filho, causando confusões para a criança, que já percebe essa inversão de papéis. É válido entender como eles percebem um ou outro: “A F. é muito mandona... Eu já estou acostumado, mas o nosso filho tenta bater o pé, até ter as suas vontades satisfeitas (sic)”, essa foi uma colocação feita pelo pai, que trouxe um dado importante que veio a clarear a interação entre mãe e filho neste caso. Ao entender a dinâmica familiar e conhecer o lugar e os papéis desenvolvidos pelos membros da mesma, podemos perceber que as crianças muitas vezes são direcionadas a lugares de ação central nessa dinâmica. Isso torna o trabalho do psicoterapeuta difícil, pois com o tratamento da criança, esse padrão tende a romper, criando novas demandas, que se não forem contidas pelo bom vínculo pais-terapeuta, podem acarretar até mesmo na interrupção prematura do tratamento (GRESPAN & GRESPAN, 1993). Devido ao funcionamento familiar, em que o sintoma da família pode aparecer na criança, é importante que o terapeuta possa pensar em indicar os pais para tratamento,ou, em 831 situações mais amenas, em que um acompanhamento possa ajudar, o ideal é vincular com os pais, fazendo com que eles participem do tratamento. Este processo facilita na diferenciação das demandas do paciente e aquelas que são postas nele (SEI et. al., 2008). Na prática de estágio, os pais dos pacientes são acompanhados quinzenalmente ou mensalmente, dependendo da demanda. O objetivo é diminuir os níveis de ansiedade e o fortalecimento do vínculo pais-terapeuta. Avaliar cuidadosamente questões referentes ao desenvolvimento, pensando nos aspectos típicos e atípicos envolvidos, é importante. Após a obtenção dos dados, começam a surgir hipóteses sobre o caso, que devem obviamente, serem passadas para os pais. Neste momento é necessária cautela, sendo fundamental que o terapeuta mostre que não está levantando os erros cometidos pelos pais, mas sim pontuando questões que estão desadaptadas para serem discutidas, formando um trabalho em conjunto. É importante ter em mente que neste momento, as resistências se fazem presentes e é tarefa do terapeuta, entendelas e suportá-las, favorecendo o vínculo (GRESPAN & GRESPAN, 1993). A primeira ação que a criança realiza no setting traz dados a respeito de como funciona no restante dos contextos em que se insere (ABERASTURY, 1986). Pode-se exemplificar esse aspecto com o relato da conduta inicial de um dos pacientes, um menino de 8 anos, que ao ser chamado para a primeira sessão, recusa-se a entrar sem a mãe, insistindo de forma veemente para que a mãe o acompanhasse. Depois de combinarmos que após o reconhecimento do local, poderia permitir que a mãe deixasse a sala, aceita entrar. Porém, não age como o combinado e somente após a mãe tomar a iniciativa e retirar-se, consegue deixa-la ir, mas verbaliza: “queria que a mãe ficasse, porque hoje não vou ver mais ela, ela tem aula (sic)”. A partir desse comportamento inicial, associado a outros dados coletados, pode-se perceber o funcionamento da díade. A mãe traz que por vezes fica cansada de estar com o filho e este, bastante solicitante, pede por sua presença. Por isso, uma observação atenta do paciente, assim como relacionar informações, pode ser muito útil já no início do tratamento. Portanto, conforme Castro, Stürner e col. (2009), o terapeuta infantil deve considerar trabalhar em dois níveis. O primeiro seria o trabalho psicoterápico com a criança propriamente dita, considerando o mundo interno do paciente, passível de conflitos e sofrimentos. O segundo seria dar lugar a participação dos pais, considerando o lugar que a criança ocupa na família, prestando um suporte nas questões que se referem às mudanças ocasionadas pelo tratamento, para que estes possam suportá-las e aceitá-las. 832 O SETTING TERAPÊUTICO E O BRINQUEDO O setting para atendimento de crianças possui características específicas que o diferem do local de atendimento de um paciente adulto. É importante atentar para essas especificidades, pois são elas que poderão facilitar a comunicação com a criança. Neste sentido, conforme refere Aberastury (1986) é necessário que a criança tenha a sua disposição material gráfico, jogos e brinquedos que favoreçam a comunicação não verbal. É importante ter um móvel com gavetas, para que seja guardado o material individual de cada paciente, que será fechado no final de sessão e somente reaberto na próxima. O objetivo é que o consultório seja convidativo e acolhedor, fomentando atitudes mais espontâneas e, portanto, inconscientes por parte da criança. Poderá acontecer de o paciente pedir para levar algum brinquedo do setting, que na regra deve ser negado, pois o material que existe no consultório é de uso do tratamento, sendo conveniente, portanto, mantê-lo em sigilo. Porém, quando entender-se que essa ação poderá proporcionar uma evolução no tratamento, poderá ser permitido, em caráter de exceção (ABERASTURY,1986). É importante permitir que crianças menores tenham acesso a tinta, pois elas mostramse bastante à vontade no manuseio deste material. Considerando ainda o paciente de 4 anos, que certa vez, esparramou sobre uma folha de papel, tinta branca, verde e vermelha uma em cima da outra e disse: “óia, tá tudo misturado (sic)”, permitindo fazer uma relação a respeito da inversão de papéis evidenciados pelos pais, assim como a confusão da condição de criança do paciente. Para Fulgencio (2008), o brincar é a maneira que a criança possui de expressar o seu mundo interno, assim como suas fantasias. Por isso, interpretando o brinquedo, poder-seia interpretar as fantasias e ansiedades infantis, ocasionando melhoras nas angústias e nas questões desadaptativas. É evidente que interpretações em relação ao brinquedo devem ser utilizadas com cautela, para que a devolução faça sentido para o paciente. Por fim, cita-se Felice (2003), quando refere que o brincar na psicoterapia, deve focar em duas áreas, o brincar do paciente e o brincar do terapeuta. No tratamento de crianças a sugestão é que o brinquedo tenha mais importância do que as interpretações. Neste sentido, interpretar quando o paciente tem dificuldades para brincar é ineficiente e pode causar confusões ao paciente. 833 ALIANÇA TERAPÊUTICA Para Sousa (2009), o início do processo psicoterápico pode ser compreendido como o encontro de duas pessoas desconhecidas que se aproximam devido à queixa trazida pelo paciente, que deve ser acolhida pelo terapeuta. Neste sentido, o trabalho somente pode ter êxito, se o terapeuta for capaz de comportar-se de forma empática e confiável, para que através disso, o paciente possa vincular-se a este, dando início ao vínculo, que mais tarde será denominado de aliança terapêutica. A aliança terapêutica (AT) é um processo de suma importância para o tratamento, podendo até mesmo ser caracterizado como um dos aspectos que garante o sucesso na psicoterapia. Neste sentido, Gomes et. al. (2008) definem a AT como uma relação estável e positiva entre paciente e terapeuta, proporcionando as condições necessárias para que o tratamento possa existir. Sugere-se que essa aliança tenha suas raízes em outros tipos de relações estáveis e de confiança, estando, portanto, embasada nas relações objetais iniciais que tenham acontecido de maneira saudável. Como exemplo disso, pode-se pensar em uma relação continente entre o cuidador e o bebê. Estima-se que uma aliança terapêutica adequada possa já estar formada a partir da terceira sessão, acontecendo independentemente das intervenções feitas pelo terapeuta e da personalidade do paciente. Para Gomes et. al. (2008), algumas ações do terapeuta, no entanto, podem agilizar a formação da aliança, como por exemplo, adequar as suas intervenções aos mecanismos de defesa já percebidos do paciente. Alguns estudos comprovam que determinadas características do terapeuta como: flexibilidade, atenção, empatia, honestidade, confiabilidade, acolhimento e valorização da experiência de vida do paciente são aspectos fundamentais no estabelecimento da AT. Existem autores que concordam no apontamento de três aspectos relacionados com a AT, a saber: o vínculo (sensação de confiança e empatia entre paciente e terapeuta), o objetivo (concordância mútua a respeito dos objetivos que se quer alcançar) e a tarefa (empenho mútuo em ações que facilitarão o alcance dos objetivos terapêuticos), conforme Sousa (2009). Atualmente, pesquisadores demonstram interesse em investigar preditores de sucesso no processo psicoterápico, e alguns apontam para a qualidade da AT como um dos aspectos 834 motivadores de bons resultados. Neste sentido, uma boa qualidade de AT está relacionada a um desfecho de psicoterapia bastante positivo, segundo Sousa (2009). CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao finalizar este artigo é possível perceber que a psicoterapia infantil é um tema bastante amplo, que inspira dedicação, estudo, habilidade e capacidade de entrega por quem a pratica. Porém, revela um excelente retorno no que se refere à prevenção e promoção de saúde mental, na medida em que consegue trabalhar questões importantes em uma fase de ainda estruturação e desenvolvimento. Neste sentido, é um grande desafio, mas também imensamente gratificante poder presenciar a evolução infantil diante do tratamento e da resolução dos conflitos que são por eles expressados de forma lúdica. Questões como a entrevista com os pais, o setting, a função do brinquedo e a aliança terapêutica são conceitos fundamentais quando se trata de psicoterapia infantil. São aspectos que facilitam o processo e devem ser utilizados com assertividade, favorecendo a manifestação de aspectos inconscientes que podem ser trabalhados pela dupla pacienteterapeuta. Além disso, é indispensável valer-se do tripé psicanalítico, associado à supervisão do caso, pois essas ferramentas atuam como facilitadores no manejo das ansiedades e dúvidas evidenciadas no início da prática clínica. Com base nisso, a supervisão acadêmica, que acontece em grupo favorece troca de conhecimentos e diferentes experiências, enriquecendo a graduação. A supervisão local, que ocorre semanalmente e de forma individual, permite o aprofundamento dos casos atendidos, auxiliando no estabelecimento de metas e objetivos para o tratamento. Por fim, pode-se concluir que o atendimento de crianças na abordagem psicanalítica é algo instigante e desafiador, mas que exige uma série de cuidados para que suas especificidades possam ser compreendidas e adequadamente utilizadas. Neste sentido, este artigo que teve como objetivo aprofundar o conhecimento sobre o tema é apenas o início de uma longa trajetória de estudos e aquisição de experiências. 835 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABERASTURY, A. O consultório, o material de jogo, a caixa individual: Problemas técnicos que surgem no seu uso diário. In: A psicanálise da criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. CASTRO M. G. K., STURNER, A. (col). Crianças e Adolescentes em psicoterapia: a abordagem psicanalítica. Porto Alegre: Artmed, 2009. FELICE, Eliana Marcello de. The place of playing in psychoanalysis of children. Psicol. teor. prat., São Paulo, v. 5, n. 1, jun. 2003.Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151636872003000100006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 03 jun. 2011. FULGENCIO, Leopoldo. Playing as a model of the psychoanalytical method of treatment. Rev. bras. psicanál, São Paulo, v. 42, n. 1, mar. 2008 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0486641X2008000100013&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 03 jun. 2011. GRESPAN & GRESPAN. Entrevista com os pais: comentários selecionados. In: Entrevistas clínica com crianças. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. GOMES, Fernando Grilo et. al. Mecanismos de defesa e aliança terapêutica em psicoterapia. Ver. Psiquiatr. RS, Porto Alegre, v. 2, n. 30, mai. 2008. 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