CINESIOTERAPIA COMO TRATAMENTO COMPLEMENTAR NA EPM 1 Moraes ; 2 Sales ; 3 Fonseca ; 3 Huaixan ; Júlia de M. Juliana V. F. Fernanda A. Lúcio N. Paulo César Villa Filho3; João Gabriel C. Palermo3; Antônio Raphael T. Neto4 1Doutoranda em Ciência Animal – Escola de Veterinária/UFG *[email protected]; 2Aluna de Medicina Veterinária da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – FAV/UnB; 3Residente do Hospital Escola de Grandes Animais da Granja do Torto – FAV/UnB; 4Professor Adjunto de Saúde e Clínica de Equinos – FAV/UnB. Introdução A mieloencefalite protozoária equina (EPM) é uma doença neurológica progressiva, tendo como agente etiológico o protozoário Sarcocystis neurona. O principal hospedeiro é o gambá (Didelphis sp.) sendo o equino um hospedeiro errático da doença. Os equinos adquirem a doença acidentalmente ao ingerirem alimentos contaminados com fezes de gambás, que possuem esporocistos infectantes. Depois de ingeridos, os esporocistos migram do trato intestinal, via corrente sanguínea, para o sistema nervoso central (SNC). Os sinais clínicos mais comuns são ataxia, alteração no andar, fraqueza e atrofia muscular, disfagia, depressão e balançar compulsivo de cabeça. O diagnóstico presuntivo pode ser baseado na presença de sinais clínicos e na resposta ao tratamento específico. Os exames histopatológico, imunohistoquimico do líquido cefalorraquidiano e PCR, podem confirmar o diagnóstico. O tratamento consiste na utilização de sulfadiazina e pirimetamina ou diclazuril, o qual tem sido preferido pelo menor número de recidivas nos animais. A cinesioterapia é uma forma de tratamento pelo movimento, podendo ser ativo, (realizado pelo paciente), passivo (realizado pelo terapeuta) e ativo assistido (executado pelo paciente com auxílio do terapeuta). Pode ser complementado com alongamentos e fortalecimentos com ou sem sobrecarga. Trabalha a parte motora e sensorial, utilizando estímulos propriocepivos, cutâneos e auditivos para produzir melhora funcional no trabalho motor, sendo recomendada para melhorar a força, a flexibilidade e amplitude de movimento (ADM). Objetiva-se com esse trabalho relatar a eficácia da cinesioterapia no tratamento complementar de EPM. Relato de Caso Um equino macho, 10 anos, Brasileiro de Hipismo foi encaminhado ao Hospital Veterinário de Grandes Animais da UnB (HVET/UnB) com histórico de ataxia, lateralização esquerda da região cervical, ptose labial e apetite caprichoso. Observou-se também secreção nasal bilateral mucopurulenta provavelmente relacionada a pneumonia por falsa via (disfagia). Como terapia instituiu-se diclazuril (30g/VO/SID, por 30 dias), suplemento vitamínico mineral aminoácido e vitamina E e Selênio. Observou-se melhora no quadro em duas semanas. Após quinze dias foi instituído tratamento fisioterápico de cinesioterapia diariamente, para melhora da ataxia, propriocepção e força muscular. O lado esquerdo de animal, principalmente membros anteriores, apresentava menor ADM, maior incoordenação e menor força muscular. O animal adotava base de suporte ampla, principalmente dos membros torácicos (MT). Foram realizadas séries gradativas de exercícios terapêuticos com o animal ao passo, como zigue-zague em cones (Fig. 1), transposição de obstáculos no chão (Fig. 2), caminhada em diferentes tipos de pisos com aclives e declives (concreto, terra, gramado, pedregulhos), subida e descida de rampa de aproximadamente 40º de angulação (Fig. 3) e escovação com movimentos de baixo para cima na região labial. No segundo dia, foram inseridas, nos exercícios de caminhada e rampa, faixas elásticas de diferentes intensidades de tensão, sendo amarradas na região da quartela dos membros e tracionadas para trás (por uma pessoa) ao caminhar (Fig. 4). Inicialmente, foram utilizadas as faixas com maiores cargas nos membros pélvicos (MP), invertendo-as para os MT após quatro sessões, pois estes estavam mais debilitados quanto à força muscular e propriocepção. Foram realizados alongamentos ativos e passivos na região cervical (Fig. 5), lombar e nos membros (Fig. 6), sendo aplicada tensão moderada com uma faixa elástica nos alongamentos de cervical. Os exercícios de cones, obstáculos e subida e descida de rampa foram iniciados com três séries de ida e volta, aumentando para cinco séries ao final de uma semana, diminuindo gradativamente os espaçamentos entre os cones e os obstáculos, aumentando assim, o grau de dificuldade para o animal. Foram realizadas dez sessões. Com a progressão do tratamento, o animal diminuiu consideravelmente a sua base de suporte, obtendo mais equilíbrio e coordenação em estação e ao caminhar. Houve melhora na ADM, principalmente dos MT, diminuição da ptose labial e ganho gradativo de força muscular. Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3 Fig. 4 Fig. 5 Fig. 6 Conclusão A cinesioterapia se mostrou extremamente eficaz na melhora do quadro clínico podendo ser indicada de forma complementar ao tratamento medicamentoso de EPM. Brasília/2010