INVENTÁRIO DE CICLO DE VIDA DAS EMISSÕES DE CO2 DO PNEU INSERVÍVEL COMO COMBUSTÍVEL EM FORNOS DE CIMENTEIRAS MARINA SANTA ROSA ROCHA Universidade Federal do Rio de Janeiro [email protected] RAFAEL FREITAS FUNCIA LEMME Universidade Federal do Rio de janeiro [email protected] MARCIO DE ALMEIDA D''AGOSTO COPPE/UFRJ [email protected] INVENTÁRIO DE CICLO DE VIDA DAS EMISSÕES DE CO2 DO PNEU INSERVÍVEL COMO COMBUSTÍVEL EM FORNOS DE CIMENTEIRAS 1. INTRODUÇÃO O pneu é um elemento chave para o desenvolvimento da sociedade moderna (Souza & D’Agosto, 2013). No entanto, ele possui uma vida útil limitada, tornando-se, após determinado período de uso, inservível para desempenhar com qualidade e segurança suas funções. A destinação incorreta deste resíduo impacta negativamente tanto o meio ambiente quando a saúde humana. Estes impactos estão em geral relacionados à capacidade de acúmulo de água dentro de pneus inservíveis, sendo fonte de proliferação de vetores de doenças, e ao alto poder calorífico deste resíduo, o que pode ocasionar grandes incêndios, com a liberação de muitos poluentes (Rodrigues Jorge et al., 2004 apud Motta, 2008; Cimino & Zanta, 2005). Estados membros da União Europeia foram proibidos de depositar pneus inteiros em aterros sanitários desde 2003 e pneus picados depois de 2006, com exceção de pneus de bicicleta ou com diâmetro externo maior que 1.400 mm (Sienkiewicz, Kucinska-Lipka, Janik, & Balas, 2012). No Brasil, a Resolução CONAMA 258 de 1999 proibiu a destinação final de pneus inservíveis em aterros sanitários e determinou a obrigatoriedade de coleta e destinação final adequada por parte de fabricantes e importadores de pneumáticos para uso em automóveis e bicicletas (Ministério do Meio Ambiente [MMA], 1999). Percebe-se, portanto, a necessidade da reinserção do pneu inservível em novos ciclos produtivos. De acordo com a European Tyre and Rubber Manufacturers’ Association ([ETRMA], 2011), na Europa (UE27, Noruega e Suíça), a principal forma de disposição final adotada é o coprocessamento em fornos de cimenteiras, representando 42,5% dos pneus inservíveis gerados em 2010. Já no Brasil, segundo Lagarinhos e Tenório (2008), o coprocessamento é a segunda forma de destinação adequada mais utilizada, tendo recebido 35,7% dos pneus inservíveis gerados em 2006. Esta alternativa pode ser interessante do ponto de vista ambiental, por reduzir o acúmulo de resíduos. No entanto, é necessário fazer uma análise sistêmica, avaliando outros aspectos em todo seu ciclo de vida, para determinar se uma alternativa produtiva é ambientalmente adequada. A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) pode ser uma boa ferramenta, uma vez que estuda os aspectos ambientais e os impactos potenciais ao longo da vida de um produto (do “berço ao túmulo”) (Associação Brasileira de Normas Técnicas [ABNT], 2001). Algumas vezes se observa o emprego parcial desta técnica, obtendo-se um Inventário de Ciclo de Vida (ICV). Em ambas, os aspectos ambientais a serem avaliados devem estar relacionados aos principais impactos do processo estudado, assim como às demandas da sociedade. Um dos impactos ambientais mais relevantes na atualidade refere-se ao aumento da temperatura da Terra. Essa tendência pode ter correlação com atividades antrópicas, principalmente o uso de combustíveis fósseis, mudanças no uso da terra e agricultura (Bolin, Houghton, Meira Filho, Watson, Zinyowera, Bruce, et al., 1995), contribuindo para o agravamento do fenômeno conhecido como efeito estufa. Apenas a indústria do cimento responde, em todo o mundo, por aproximadamente 5% do total de CO2, um dos gases que contribue com o efeito estufa (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento [SNIC], 2008). No Brasil, o Segundo Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa classificou a participação do setor como 2,9% do total das emissões nacionais (Ministério da Ciência e Tecnologia [MCT], 2010a). O objetivo principal desta pesquisa foi aplicar a técnica de ICV a fim de analisar o coprocessamento como disposição final dos pneus inservíveis no Brasil, sob a ótica das emissões de CO2. Ademais, determinou-se, sob o aspecto das emissões de CO2, qual 1 combustível seria o mais adequado para o uso nos fornos de clínquer, o pneu inservível ou o coque de petróleo. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O cimento é constituído de um pó fino, de tamanho aproximado de 50 μm, resultante de uma mistura formada pelo clínquer (96%) e outras substâncias, tais como gesso (4%) e escórias de silício (Monteiro & Mainier, 2008). Em escala mundial, aproximadamente 90% das emissões de CO2 oriundas da fabricação de cimento ocorrem durante a produção de clínquer, seja na calcinação/descarbonatação da matéria-prima, seja com a queima de combustíveis no interior do forno. A parcela restante resulta do transporte de matérias-primas e das emissões pelo consumo de energia elétrica na fábrica (MCT, 2010b). Mesmo com altos níveis de eficiência na queima de combustíveis, ainda existe espaço para a exploração de novas soluções ambientalmente adequadas neste aspecto, como, por exemplo, o uso de fontes alternativas de energia nos fornos de clínquer. Isto é possível pelo coprocessamento de resíduos (como pneus, óleos usados, plásticos, tintas etc.) e/ou pelo uso de biomassa (moinha de carvão vegetal, casca de arroz, bagaço de cana etc.), que substituem parcialmente combustíveis fósseis tradicionais (como o coque de petróleo e o carvão mineral), contribuindo para uma menor emissão líquida de CO2 no processo (SNIC, 2008). O coprocessamento de pneus inservíveis em fornos de cimenteira é uma opção interessante na medida em que o aço e outros produtos de combustão são absorvidos pelo processo, devido à temperatura extremamente elevada do forno. Além disso, o uso de pneus em fornos de cimenteira não produz qualquer efeito negativo sobre a qualidade do clínquer (Silvestraviciute & Karaliunaite, 2006). De maneira geral, existem duas formas de utilização desses pneus: 1) pneus picados colocados diretamente na zona de queima do forno e 2) pneus inteiros introduzidos na zona de calcinação.. O pneu picado mostra-se mais adequado na medida em que seu poder calorífico é mais alto, por conter menos nylon, talão e cinta (Pipilikaki, Katsioti, Papageorgiou, Fragoulis, Chaniotakis, 2005). Ademais, o uso de pneus inteiros requer, normalmente, modificações mais onerosas, tanto no manuseio como na alimentação do forno, enquanto o uso de pneus picados requer apenas um pré-tratamento (Lagarinhos, 2004). Para que ocorra o coprocessamento de pneus inservíveis em fornos de cimenteiras não é suficiente ter uma planta industrial adaptada para recebê-los como combustível. É preciso uma cadeia logística reversa bem delimitada, de modo a supri-los para a indústria. A estruturação da cadeia logística do pneu inservível é complexa, já que ele se encontra de forma dispersa, em diversos geradores, devendo passar por destinos intermediários para chegar ao seu destino final (Souza e D’Agosto, 2013). Pode-se observar em todo o mundo uma evolução da regulamentação acerca da coleta e destinação de pneus inservíveis. Isto tem contribuído para o surgimento de iniciativas de gerenciamento da cadeia logística reversa. No Brasil foi instituído o sistema de responsabilidade do produtor e importador (MMA, 2009). Neste sentido, Souza e D’Agosto (2013) propuseram um modelo conceitual para a cadeia logística reversa do pneu inservível que considera como geradores de pneus usados os revendedores de pneu, empresa de manutenção ou sucateiros. Em seguida, o pneu é encaminhado para um depósito, onde serão separados entre aqueles que ainda podem ser reformados e os inservíveis. Depois desta etapa os pneus inservíveis são encaminhados para uma unidade de trituração para só depois serem enviados ao seu destino final. Assim, é preciso delimitar a cadeia logística reversa deste resíduo, considerando os fornos de cimenteira como destino final, para que se possa traçar o perfil de emissões de CO2 relativo a este ciclo de vida. Para tal, o item a seguir apresenta a metodologia de ICV utilizada neste trabalho. 2 3. METODOLOGIA Para que se tenha uma visão sistêmica dos impactos ambientais provocados por determinados métodos produtivos é recomendável a realização de uma ACV. Esta técnica é normatizada internacionalmente pela ISO 14.040, que já possui similar nacional, a NBR ISO 14.040 (ABNT, 2001). A ACV possui quatro etapas: objetivo e escopo, análise de inventário, avaliação de impactos e interpretação de resultados. Na prática, é comum a aplicação da ACV de forma parcial, optando-se pela realização de um Inventário de Ciclo de Vida (ICV). Um ICV é composto pelas duas primeiras etapas de uma ACV: definição de objetivo e escopo e análise do inventário. Usualmente, esta técnica é utilizada para analisar as cadeias de produção e consumo, desde a extração de recursos até a disposição final do resíduo associado. A partir disso, mostrou-se adequada a realização de um Inventário de Ciclo de Vida do pneu inservível tendo como destino final a queima em fornos de clínquer. Para fins de comparação, também foi realizado um ICV do coque de petróleo utilizado para queima em cimenteiras. Para estas análises, foi utilizado o procedimento proposto por D'Agosto e Ribeiro (2009), que considera 4 fases para analisar os inputs e os aspectos ambientais do ciclo de vida de um produto. A Fase 1 consiste na definição do escopo do trabalho, podendo ser dividida em duas etapas: definição da abrangência e das dimensões. Em seguida, deve-se realizar a coleta de dados, sendo esta a Fase 2 (Análise do Inventário). Na Fase 3 é realizada a avaliação da qualidade dos dados do ICV. Por fim, realiza-se a comparação dos resultados obtidos (Fase 4). A delimitação dos ciclos de vida para aplicação do procedimento de ICV foi feita através de um estudo de caso da unidade de Cantagalo da Lafarge Brasil S.A. A partir de relatórios técnicos e corporativos, bem como de entrevistas semi-direcionadas com funcionários da Lafarge Brasil S.A., da Vale S.A. e da Atômica Logística, foram delimitados os ciclos de vida do pneu inservível e do coque de petróleo que abastecem o forno desta unidade. Para o cálculo das emissões de CO2 em cada etapa dos ciclos de vida, foram utilizadas metodologias diversas, de acordo com as particularidades de cada processo. Foram priorizados os dados mais próximos possíveis da realidade estudada, seguido por dados consolidados internacionalmente e dados estimados. Dessa forma, foi possível comparar as emissões de CO2 ao longo do ciclo de vida dos dois combustíveis estudados. 4. RESULTADOS Para aplicação da metodologia proposta, é necessário que se defina em detalhes os ciclos de vida em estudo. Desta forma, o estudo de caso, é descrito na seção 4.1. No item 4.2 é aplicado o procedimento para realização do ICV. Neste item, os ciclos de vida do pneu inservível e do coque de petróleo são descritos em detalhes, assim como o cálculo realizado para estimativa das emissões de CO2. 4.1. Estudo de Caso O estudo de caso escolhido para este trabalho compreende a fábrica de cimento da Lafarge Brasil S.A., localizada na cidade de Cantagalo, no estado do Rio de Janeiro. Segundo levantamento feito por Souza (2011), a região abriga outras fábricas de cimento de grande porte, sendo o trabalho, portanto, aderente a diferentes realidades. A Lafarge é um grupo multinacional, presente em 64 países, sendo a maior empresa ocidental em termos de produção de cimento (Pinho & Faria, 2012). Já no Brasil, esta empresa ocupa a sexta posição em termos de produção (SNIC, 2013) e é responsável por diversas marcas de produtos. 3 A cadeia logística reversa praticada por esta unidade da Lafarge Brasil S.A. considera o pneu inservível coletado pela RECICLANIP (instituição sem fins lucrativos para o gerenciamento de pneus inservíveis, vinculada à Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) e vindo de fontes aleat e direcionado para a CBL (empresa que realiza a trituração deste resíduo) localizada no município de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro. Já a cadeia logística do coque considera a produção deste subproduto do petróleo nos EUA, sendo exportado por portos do Golfo do México e importado pelo porto de Praia Mole, em Vitória, no estado do Espírito Santo. O destino final dos dois insumos é o forno de clínquer da cimenteira localizada em Cantagalo. 4.2. Aplicação da Metodologia de ICV Para alcançar o objetivo estipulado foi necessário definir o escopo da análise, devendo ser determinadas a abrangência, a partir dos limites geográficos, temporais e tecnológicos, e as dimensões do estudo (comprimento, profundidade e largura). No que se refere à abrangência temporal, geográfica e tecnológica que se pretende dar à análise de cada alternativa, é prática que esta se limite ao estudo de uma região específica, no momento presente, quando se dispõe de tecnologia representativa desta situação (D'Agosto e Ribeiro, 2009). Como as tecnologias de processamento, transporte e produção tanto do coque quanto do pneu inservível não sofreram muitas alterações recentemente, foram considerados dados produzidos nos últimos 20 anos. Isto define tanto os limites temporais quanto tecnológicos do trabalho. A abrangência geográfica foi delimitada pelo próprio estudo de caso. As dimensões do estudo envolvem a definição da largura, profundidade e comprimento que se pretende dar ao Inventário de Ciclo de Vida. O comprimento definido para o ciclo de vida de ambos os produtos foi do “berço ao túmulo”. É recomendável que se defina uma estrutura modular, considerando três níveis de detalhamento para o comprimento: macro, meso e micro estágios. Por meio desta abordagem, pode se realizar refinamentos sucessivos à medida que se disponha de um maior detalhamento dos estágios e dos processos (D'Agosto & Ribeiro, 2009). Assim, os níveis de detalhamento adotados neste estudo podem ser vistos na Figura 1. As comparações entre os ciclos de vida do coque e do pneu inservível foram realizadas no meso-estágio, uma vez que os processos do micro-estágio são específicos para cada um. A largura definida foi de nível 2, pois foram computadas as emissões de CO2 decorrentes diretamente do uso de energia no processo estudado e as relacionadas à produção da fonte de energia utilizada no processo. Refinamentos podem ser obtidos considerando-se o nível 3 (insumos e cargas ambientais para produção dos insumos de nível 2 e bens de capital) (D'Agosto e Ribeiro, 2009). Já em relação à profundidade, o escopo foi limitado à análise de emissões do CO2. Este gás foi escolhido por ser o principal contribuinte para a acentuação do efeito estufa na Terra (Bolin, Houghton, Meira Filho, Watson, Zinyowera, Bruce, et al., 1995). 4 Figura 1: Níveis de detalhamento do modelo de ciclo de vida. Fonte: Autores Para a análise do inventário, faz-se necessário detalhar os ciclos de vida. É importante ressaltar que o pneu inservível foi considerado como um resíduo que deve ser disposto corretamente, tendo no seu reaproveitamento como combustível um destino adequado. Por isso, não foram consideradas as emissões provenientes do processo produtivo e logístico do pneu em sua vida útil. O início do ciclo de vida do pneu inservível foi definido como sendo o carregamento dos caminhões que fazem o seu transporte para a CBL a partir de fontes dispersas. O destino dos pneus inservíveis é a unidade de Nova Iguaçu da CBL, onde eles são triturados. As fontes dispersas são os “ecopontos” (destinos intermediários que buscam otimizar a cadeia logística reversa dos pneus), responsáveis por 95% do aporte total de pneus. As fontes aleatórias, que correspondem aos 5% restantes, são representadas notadamente por usuários que estão mais próximos à CBL do que de um “ecoponto”. A CBL é a única recicladora que abastece a fábrica de Cantagalo da Lafarge Brasil S.A. (R. Mendes, comunicação pessoal, 16 de abril, 2013). Segundo Lafarge (2010), 2,4 milhões de pneus são triturados por ano na unidade de Nova Iguaçu. A quantidade queimada nos fornos de Cantagalo é de 12 mil toneladas por ano (R. Mendes, comunicação pessoal, 16 de abril, 2013). Entretanto, para se chegar aos 2,4 milhões de pneus triturados, deve-se considerar que o pneu utilizado na queima já teve parte do seu aço retirado durante o processo de trituração. De acordo com Novicki e Martignoni (2010) apud Souza (2011), 11% do peso do pneu é constituído por aço, considerando o existente na banda de rodagem e no talão do pneu. Com isso, estima-se que a quantidade anual de pneus que chega à CBL tendo como origem os “ecopontos” e as fontes aleatórias é de 13,5 mil toneladas. Uma vez dispostos na unidade, os pneus passam por um processo de trituração. O pneu triturado, que contém um pouco de aço residual, é estocado ao ar livre até ser recolhido por caminhões para ser levado à unidade de Cantagalo. No percurso da CBL Nova Iguaçu até a unidade de Cantagalo não é considerada a distância percorrida de retorno para CBL desses caminhões, uma vez que os mesmos são 5 utilizados para transportar cimento de Cantagalo para o centro de distribuição da Lafarge Brasil S.A., em Nova Iguaçu. Este centro de distribuição localiza-se a menos de 200 metros da CBL, distância considerada desprezível. Chegando a Cantagalo, o pneu é descarregado e estocado, seguindo depois para o forno. Finalmente, este pneu triturado é utilizado como combustível para produção do clínquer, substituindo parcialmente o coque (R. Mendes, comunicação pessoal, 16 de abril, 2013). A partir desta descrição, o ciclo de vida do pneu inservível foi dividido em oito micro estágios, conforme a Figura 1 do Anexo 1, que resume os parâmetros e as emissões em cada etapa do ciclo de vida e indica o resultado final de 26.869,5 toneladas de CO2 emitidas por ano. Já o ciclo de vida do coque do petróleo tem seu início na sua importação dos EUA, não tendo sido considerada a produção desta fonte de energia, uma vez que o coque de petróleo é um subproduto indesejado no processo produtivo de combustíveis premium (diesel, gasolina e querosene de aviação) e não incentivaria a prospecção e exploração de petróleo por si só. Por isso, muitas vezes suas emissões atmosféricas são computadas na produção dos combustíveis premium (United States Department of State, 2013). Em geral, o coque utilizado pelas unidades da Lafarge Brasil S.A. é importado do Texas, nos EUA, através de portos localizados no Golfo do México. Para a unidade de Cantagalo é contratado , em média, 50 mil toneladas de coque, o equivalente a um navio carregado por ano (M. Lazarini, comunicação pessoal, 09 de abril, 2013). São navios graneleiros de grande porte, em geral do tipo Handymax, que fazem o transporte deste combustível, chegando ao Brasil através do terminal de Praia Mole, no Espírito Santo (M. Lazarini, comunicação pessoal, 09 de abril, 2013). A embarcação considerada para este estudo, por motivos de disponibilidade de dados, foi um navio do tipo Panamax vindo do porto de Lavaca – Point Comfort, que atracou no terminal de Praia Mole, no dia 26 de janeiro de 2013 trazendo coque para a Lafarge Brasil S.A. (V. Rodrigues, comunicação pessoal, 25 abril, 2013). Utilizando o software Port-to-Port pode-se estimar a rota e a distância percorridas pelo navio. Não foi considerada nenhuma parada adicional. O coque importado é colocado no pátio de armazenagem, para depois ser carregado nos caminhões que fazem o trajeto entre Serra (ES) e Cantagalo (RJ) (V. Rodrigues, comunicação pessoal, 25 abril, 2013). Para fins deste trabalho, não foi considerado o retorno dos caminhões de Cantagalo para Praia Mole, uma vez que a Lafarge Brasil S.A. não utiliza transporte próprio para realizar o deslocamento, contratando uma empresa transportadora, que aproveita o trajeto de retorno para outros fins (Y. Akasaka, comunicação pessoal, 13 de abril, 2013). Chegando à unidade fabril, o coque é despejado no pátio de armazenamento, de onde é enviado ao forno (R. Mendes, comunicação pessoal, 16 de abril, 2013). No forno de clínquer o coque é queimado, chegando ao fim do recorte dado ao ciclo de vida deste produto neste estudo de caso. Todas as emissões calculadas para o ciclo de vida do coque de petróleo apresentado tiveram como base o montante anual de 9.600 toneladas, que é a parcela substituída pelos pneus inservíveis, em termos energéticos, no forno rotativo de clínquer. A análise indicou uma emissão total de 29.453,2 tCO2 ao ano no ciclo de vida do coque de petróleo, conforme resumido na Figura 2 do Anexo 1. A fase de avaliação (Fase 3) tem como objetivo orientar uma possível revisão dos dados de emissões de CO2, a partir da identificação de fluxos críticos para o resultado final. Neste sentido, recomenda-se que sejam realizadas, preliminarmente, avaliações relativas: (1) ao peso de cada entrada individual em relação ao fluxo total de cada aspecto analisado no ciclo de vida; (2) ao intervalo de variação de cada valor e (3) à origem do dado utilizado, que pode ser de uso específico ou geral (D’Agosto & Ribeiro, 2009). 6 Neste estudo de caso foram adotados os mesmos parâmetros de avaliação definidos por D’Agosto e Ribeiro (2009). Assim, caso um fluxo contribua com mais do que 10% para o montante final de emissões, seu intervalo de variação é avaliado. Se o intervalo for maior do que 5%, a origem do dado deve ser analisada. Nos dois ciclos de vida, apenas o meso estágio “Queima em Fornos de Clínquer” apresentou peso maior do que 10% em relação ao total emitido. No caso do pneu inservível, as variáveis utilizadas para o cálculo desta etapa foram o poder calorífico, o fator de emissão e a massa total. A massa total dos pneus inservíveis é invariável e, portanto, não cabe ser analisada. Para o fator de emissão do pneu inservível foi considerada apenas uma fonte bibliográfica, a Cement Sustainability Initiative ([CSI], 2011), que por ser esta fonte uma iniciativa confiável e que embasa o reporte mundial das emissões de GEE da indústria cimenteira, julgou-se não ser necessária a sua avaliação. Já o valor do poder calorífico é específico para o estudo de caso, com base no que foi captado durante as entrevistas. Desta forma, não há uma incerteza associada a ele e dados bibliográficos não são aderentes à realidade do processo, provando ser adequada a manutenção dos valores utilizados. As variáveis para o cálculo das emissões foram as mesmas no caso do coque de petróleo. Tanto o poder calorífico quanto o fator de emissão utilizados foram dados consolidados e largamente aplicados em inventários de gases de efeito estufa, uma vez que suas fontes são Garg et al. (2006) e o CSI (2011), respectivamente. Com isso, julgou-se desnecessária a avaliação da qualidade dos dados. Por fim, a Fase 4 consiste na comparação dos resultados. A Figura 2 consolida as emissões de dióxido de carbono para os ciclos de vida dos pneus inservíveis e do coque de petróleo, por etapa do meso-estágio. Ciclo de Vida Produção da Matéria Prima (tCO2/ano) Transporte da Matéria Prima (tCO2/ano) MESO-ESTÁGIO Transporte Destino da Fonte de Intermediário Energia (tCO2/ano) (tCO2/ano) Pneu 0,0 51,0 111,2 187,3 Inservível Coque de 10,9 318,8 0,0 169,9 Petróleo Figura 2: Comparação das emissões no meso-estágio do estudo de caso. Fonte: Autores. Queima em Fornos de Clínquer (tCO2/ano) Total (tCO2/ano) 26.520,0 26.869,5 28.953,6 29.453,2 O ciclo de vida do coque emite 8,8% mais CO2 que o do pneu inservível, devido, essencialmente, ao último processo da cadeia, a queima no forno de clínquer. Dada a diferença na ordem de grandeza das emissões da queima em relação aos outros meso-estágios, julgou-se adequado analisar a cadeia de suprimentos isoladamente. A Figura 3 ilustra os resultados encontrados. 7 Pneu Inservível Coque de Petróleo tCO2/ano 499,6 349,5 318,8 187,3 169,9 111,2 0,0 10,9 Produção da Matéria Prima 51,0 Transporte da Matéria Prima 0,0 Destino Transporte da Total da Cadeia Intermediário Fonte de Energia de Suprimetos Figura 3: Comparação das emissões de CO2 entre as cadeias de suprimento do pneu inservível e coque de petróleo. Fonte: Autores. Pode-se observar uma emissão total de 349,5 tCO2/ano na cadeia de suprimentos do pneu inservível e de 499,6 tCO2/ano na do coque de petróleo, o que representa 30,0% a menos daquela em relação a esta. A partir da Figura 3, percebe-se que o principal processo que contribui para essa diferença é o transporte da matéria prima, devido à longa distância percorrida via transporte marítimo para importação do coque. Outra análise importante é em relação ao meso estágio “Transporte da Fonte de Energia”, principal contribuinte da cadeia de suprimentos do pneu inservível, representando 46,4% do seu total. A impossibilidade de utilização de outro modo de transporte que não o rodoviário, devido às características do pneu triturado e à quantidade transportada, diminuem as possibilidades de redução das emissões deste processo. Além disso, cabe ressaltar a diferença nas emissões de CO2 no meso estágio “Destino Intermediário”, que ocorre porque o coque é apenas armazenado neste estágio, enquanto o pneu é processado, passando pela unidade de trituração. Caso o pneu inservível fosse utilizado inteiro nos fornos de cimento da unidade de Cantagalo, não haveria emissões neste meso estágio em nenhum dos dois ciclos de vida. 4.3. Análise de Sensibilidade Concluído o estudo básico, analisou-se o comportamento das emissões de CO2 diante da alteração de algumas premissas adotadas. Para isto, foram propostos três diferentes cenários de análise. O primeiro levou em conta valores de fontes bibliográficas para o poder calorífico do pneu inservível. Isto porque o valor adotado, 26,0 MJ/kg (Mendes, comunicação pessoal, 16 de abril, 2013), difere de diversas fontes bibliográficas, mas é específico para o estudo de caso desenvolvido. Assim, para realização da análise de sensibilidade, optou-se por estimar as emissões considerando o valor máximo encontrado em bibliografias, 32,0 MJ/kg (Gieréa et al., 2006 apud Sienkiewicz et al., 2012), o valor médio (29,3 MJ/kg), tendo em vista diversas fontes bibliográficas (ETRMA (2011), Freitas (2011) apud Souza (2011), Gieréa et al. (2006) apud Sienkiewicz et al. (2012), Giugliano, et al. (1999) e R. Mendes, comunicação pessoal, 16 de abril (2013)), e do estudo de caso. Assim, mantendo o aporte de pneus inservíveis triturados constante e aplicando os valores de poder calorífico supracitados, é possível substituir uma maior parcela de coque. Isto concorre para que as emissões da cadeia de suprimentos do pneu inservível mantenhamse constantes, com aumento apenas no processo de queima, mas implica em um aumento das emissões de todo o ciclo do coque de petróleo substituído. O total das emissões pode ser visto na Figura 4. 8 Emissões (tCO2/ano) Poder Calorífico do Pneu Inservível Estudo de Valor Valor caso médio máximo 26.867,0 30.277,1 33.067,1 Ciclo de vida do pneu inservível Ciclo de vida do coque de 29.455,8 petróleo Variação absoluta entre os ciclos 2.588,7 de vida Figura 4: Resumo das emissões de CO2 para o cenário 1. Fonte: Autores. 33.194,4 36.253,2 2.917,3 3.186,1 Já o segundo cenário desconsiderou as emissões de CO2 do carbono de biomassa presente no pneu inservível, o que equivale a 27% (CSI, 2011). Com isso, o ciclo do pneu inservível passou a emitir anualmente 19.709,1 tCO2/ano contra 29.455,8 tCO2/ano do coque. Esta redução representa uma diferença de 33,1% entre os totais emitidos o que é 24,3% maior do que aquela observada quando o carbono de biomassa do pneu inservível é computado no resultado final. Por fim, o terceiro cenário explorou a variação por conta da mudança do tipo de navio (de Panamax para Handymax) que transporta o coque de petróleo importado. Assim, observou-se uma redução de 10,9% das emissões de CO2 no micro estágio ‘Transporte marítimo’. Já para o micro estágio ‘Desembarque no porto brasileiro’, esta redução seria de 18,0%. Ao se comparar o ciclo de vida do coque de petróleo e do pneu inservível tendo em visto esse cenário alternativo, nota-se que o coque continua emitindo mais CO2. Assim, ao final das análises de sensibilidade, pode-se concluir que, mesmo com a variação de algumas premissas importantes para o estudo, o ciclo do pneu inservível mantém valores de emissão de CO2 inferiores ao do coque de petróleo, reforçando sua vantagem ambiental neste parâmetro. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A quantidade de pneus inservíveis gerados no mundo vem crescendo ano a ano. Estes resíduos dispostos inadequadamente constituem um passivo ambiental que pode resultar em sério risco ao meio ambiente e à saúde pública. Este desafio pode se transformar em uma oportunidade, através da reinserção do pneu inservível em um ciclo produtivo. Com isso, torna-se possível ir além da mitigação dos impactos abordados, contribuindo de outras formas com o meio ambiente e maximizando os ganhos econômicos. Neste sentido, o coprocessamento de pneus inservíveis em fornos de cimenteiras para a produção do clínquer pode ser uma opção atraente. Essa opção permite o uso do pneu inservível como um todo, não gerando resíduos extras uma vez que até as cinzas produzidas durante a queima são incorporadas ao clínquer. Contudo, é preciso analisar outras variáveis para que se afirme que o coprocessamente é uma opção ambientalmente adequada para o descarte dos pneus inservíveis. O CO2 foi escolhido como único gás de efeito estufa a ser considerado no ICV por apresentar dados disponíveis para o cálculo de suas emissões em diversos processos e pela sua importância, com base nas referências apresentadas. Ademais, para fins de comparação, realizou-se ainda a análise do ciclo de vida do coque de petróleo. A partir da estimativa das emissões de CO2, constatou-se que o ciclo de vida do pneu inservível emite 8,8% a menos do que o do coque de petróleo. Pode-se concluir que o pneu inservível tem no coprocessamento uma vantagem adicional à retirada do meio ambiente, para o estudo de caso em questão. Além disso, mesmo considerando apenas as cadeias de suprimentos, constata-se também a maior emissão do coque de petróleo. Logo, sob a ótica das 9 emissões de dióxido de carbono, o pneu inservível é mais adequado para o uso em fornos de clínquer do que o coque de petróleo, no estudo de caso. Os dados apresentados representam um estudo de caso específico. Tanto pela tecnologia de produção, quanto pela localização, próxima a diversas indústrias cimenteiras importantes, a unidade de Cantagalo da Lafarge Brasil S.A. é uma referência para o setor. Assim, a aplicação do ICV para comparação dos ciclos de vida do pneu inservível e do coque de petróleo desenvolvida no estudo pode ser estendida a outros casos, apresentando diferenças particulares que devem ser analisadas a cada caso. Também é importante salientar que o fato do coprocessamento ter sido escolhido para o estudo não significa que seja a melhor opção para destinação dos pneus inservíveis gerados em território nacional. Optou-se por considerar este uso final pelo destaque que vem tendo no Brasil e no mundo, não sendo considerados todos os impactos ambientais gerados por esta opção produtiva. Para trabalhos futuros, sugere-se a avaliação de outros aspectos do coprocessamento de pneu inservíveis em comparação ao uso do coque de petróleo, como emissão de poluentes atmosféricos ou outros gases do efeito estufa, com o objetivo de aprofundar a avaliação do quão ambientalmente adequada é esta opção produtiva. Sugere-se, também, a realização de análises mais abrangentes, englobando a energia e o consumo de água demandados por cada ciclo de vida e aspectos financeiros e sociais. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Associação Brasileira de Normas Técnicas (2001). NBR - ISO - 14040 - Gestão Ambiental Avaliação do Ciclo de Vida Princípios e Estrutura. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Bolin, B.; Houghton, J.; Meira Filho, G.; Watson, R.; Zinyowera, M.; Bruce, J. et al. (1995). IPCC Second Assessment Synthesis of Scientific-Technical Information Relevant to Interpreting Article 2 of the UN Framework Convention on Climate Change. Internacional Panel on Climate Change. 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Recuperado em 15 de janeiro, 2013, de: http://keystonepipeline-xl.state.gov/draftseis 12 ANEXO 1 Fator de emissão Emissões (tCO2/ano) Mesoestágio Micro-estágio Equipamento utilizado Fonte energética Parâmetro Operacional Fator de Consumo Nível 1 Nível 2 Nível 1 Nível 2 Total Produção da Matéria Prima Carregamento nas fontes dispersas Força humana - - - - - 0 0 0 Transporte rodoviário Caminhão-baú Caminhãogaiola Diesel 60637,5 km 3,9 km/l (D’Agosto et al., 2011) 2,671 kgCO2/l (MMA, 2011) 0,33 kgCO2/l [1] 43,1 5,4 48,5 - 2,4 0 2,4 Transporte da Matéria Prima Destino Intermediário Descarregamento na unidade de trituração Empilhadeira GLP 13.500 t Trituração e estocagem Picador específico da CBL Energia elétrica 2080 h Carregamento dos caminhões Transporte da Fonte de Energia Queima em Fornos de Clínquer Total Transporte rodoviário até Cantagalo Descarga dos caminhões e movimentação dentro da unidade Queima do combustível 2984,63 0,06 kg/t kgCO2/kg (Garg, movimentada Kazunari, [2] Pulles, 2006) 1 MWh [3] - 53,4 kgCO2/MWh [4] 0 111,2 111,2 0,0032 kgCO2/t de coque movimentada [6] 19,5 2,4 21,9 Pá carregadeira Diesel - - 0,0269 kgCO2/t de coque movimentada [5] Carreta Basculante Diesel 108.500 km 0,5 l/km [7] 2,671 kgCO2/l (MMA, 2011) 0,33 kgCO2/l [1] 144,9 18,1 163 Pá carregadeira Correia transportadora Energia elétrica 365 d 5x10-3 MWh - 53,4 kgCO2/MWh [3] 0 2,3 2,3 Forno rotativo Pneu inservível triturado - 26 GJ/t [8] 85 kgCO2/GJ (CSI, 2011) - 26520 0 26520 26730 139,5 26869,5 Figura 1: Tabela-resumo dos parâmetros adotados e dos resultados para o ciclo do pneu inservível. 13 Fonte: Autores. Nota 1: Este valor foi obtido considerando 50% petróleo importado do Oriente Médio e 50% produzido na bacia de Campos, com ambos refinados na REDUC (refinaria da Petrobras S.A., localizada no município de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro) e adotando sempre os valores médios desta referência (D’Agosto et al., 2011). Nota 2: Fonte: M. Silveira, comunicação pessoal, 20 de junho, 2013. Nota 3: Fonte: R. Mendes, comunicação pessoal, 16 de abril, 2013. Nota 4: Para o cálculo deste fatos foram utilizados os dados referentes às médias anuais, em kgCO2/MWh, de 2006 até 2012, além dos três primeiros meses de 2013 (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação [MCTI], 2013). Nota 5: Valor estimado com base nas emissões das pás carregadeiras dos terminais de graneis sólidos do porto de Long Beach (EUA), considerando o percentual de coque de petróleo movimentado em relação ao total de cargas sólidas (The Harbor Department of the City of Long Beach, 2011). Nota 6: Fator baseado no fator encontrado para o escopo 1 (The Harbor Department of the City of Long Beach, 2011) considerando que o fator de escopo 2 do diesel é o percentual de 12,5% do de escopo 1 (D'Agosto, 2004). Nota 7: Fonte: O. Silva e E. Mendes, comunicação pessoal, 20 de maio, 2013. Nota 8: Este valor foi obtido uma vez que, após aferiações continuadas, constatou-se que para a unidade de Cantagalo da Lafarge Brasil, o poder calorífico do pneu inservível triturado equivale a 80% do poder calorífico do coque de petróleo (Garg et al., 2006; R. Mendes, 2013). Meso-estágio Produção da Matéria Prima Micro-estágio Embarque nos EUA Transporte marítimo (N) Transporte da Matéria Prima Desembarque no porto brasileiro (DP) Equipamento utilizado Fonte energética Parâmetro Operacional Fator de Consumo Navio Panamax (em espera) IFO 0,9 d 2,23 t/dia [1] MDO 0,9 d 1,50 t/dia [1] Equipamentos de movimentação de carga Navio Panamax Navio Panamax Descarregador de navio não especificado - Fator de emissão Nível 1 Nível 2 3130,00 kgCO2/t 461,46 de combustível [2] kgCO2/t [3] 3.190,00 kgCO2/t 648,23 kgCO2 de combustível [2] [4] 0,0769 kgCO2/t de coque movimentada [5] 9,5 1,4 10,9 268,5 37,3 305,8 11,3 1,7 13,0 - 3130,00 kgCO2/t 461,46 de combustível [2] kgCO2/t [3] 3.190,00 kgCO2/t 648,23 kgCO2 de combustível [2] [4] IFO 14,5 d 33,50 t/dia [1] MDO 14,5 d 0,40 t/dia [1] IFO 5,1 d 2,23 t/dia [1] 3130,00 kgCO2/t de combustível [2] MDO 5,1 d 1,50 t/dia [1] 3.190,00 kgCO2/t 648,23 kgCO2 de combustível [2] [4] - - - 0,0769 kgCO2/t de coque movimentada [5] Emissões (tCO2/ano) Nível Nível 1 Total 2 461,46 kgCO2/t [3] - 14 Destino Intermediário Estocagem Carregamento dos caminhões (C) Pá carregadeira - Diesel - - - - 0,0 0,0 0,0 - - 0,0269 kgCO2/t de coque movimentada [6] 0,0032 kgCO2/t de coque movimentada [7] 0,3 0,0 0,3 2,67 kgCO2/l (MMA, 2011) 0,334 kgCO2/l (D’AGOSTO, 2004) 148,5 18,6 167,0 Carreta basculante Diesel 145.066,7 km 2,61 km/l diesel (D’Agosto et al., 2011) Descarga dos caminhões (D) Carreta basculante (ponto-morto) Diesel 29,67 h 2,63 kg/h [7] 8,224 kgCO2/h [7] 0,334 kgCO2/l (D’AGOSTO, 2004) 0,2 0,0 0,3 Movimentação dentro da unidade (M) Pá carregadeira Correia transportadora Energia elétrica (GRID) 365 d 5x10-3 MWh - 53,4 kgCO2/MWh [8] 0,0 2,3 2,3 Queima do combustível Forno rotativo Coque de petróleo - 32,5 GJ/t (Garg et al., 2006) 92,8 kgCO2/GJ (CSI, 2011) - 28953,6 0,0 28953,6 Transporte Transporte da rodoviário até Fonte de Cantagalo (RC) Energia Queima em Fornos de Clínquer Não há movimentação Total 29391,8 61,5 29453,2 Figura 2: Tabela-resumo dos parâmetros adotados e dos resultados para o ciclo do coque de petróleo. Fonte: Autores. Nota 1: Fonte: The Baltic Exchange (2012), RightShip (2012), Clarksons (2012) e Lloyd's List Intelligence (2012) apud RODRIGUES (2013b); Nota 2: Fonte: International Maritime Organization [IMO], 2009. Nota 3: O fator de emissão de escopo 2 específico para o IFO não considerava a distribuição do combustível. Assim, estipulou-se esta parcela com base no percentual médio de contribuição da distribuição frente ao total de diesel, gasolina e querosene de aviação (U. S. National Energy Technology Laboratory [NETL], 2008); Nota 4: Considerou-se o valor estimado para o diesel convencional, uma vez que o MDO é um combustível da família do óleo diesel (NETL, 2008); Nota 5: Valor estimado com base nas emissões dos equipamentos de movimentação de carga dos terminais de graneis sólidos do porto de Long Beach (EUA), considerando o percentual de coque de petróleo movimentado em relação ao total de cargas sólidas (The Harbor Department of the City of Long Beach, 2011); Nota 6: Valor estimado com base nas emissões das pás carregadeiras dos terminais de graneis sólidos do porto de Long Beach (EUA), considerando o percentual de coque de petróleo (The Harbor Department of the City of Long Beach, 2011); Nota 7: Fator baseado no fator encontrado para o escopo 1 (The Harbor Department of the City of Long Beach, 2011) considerando que o fator de escopo 2 do diesel é o percentual de 12,5% do de escopo 1 (D'Agosto, 2004); Nota 7: Fonte: United States Environmental Protection Agency [EPA], (2002). Nota 8: Para o cálculo deste fatos foram utilizados os dados referentes às médias anuais, em kgCO2/MWh, de 2006 até 2012, além dos três primeiros meses de 2013 (MCTI, 2013). 15