90 ANOS DO CLUBE DE ENGENHARIA DE
PERNAMBUCO
José Luiz Mota Menezes
O INÍCIO DE TUDO
Diderot – Encyclopedie – Coutelier – Cuteleiro
O Regulamento dos Oficiais Mecânicos da Cidade de Lisboa, foi organizado pelo
licenciado Duarte Nunes Leão. Eram considerados oficiais mecânicos aqueles
profissionais, relacionados no documento, que deveriam solicitar às Câmaras
Licença para exercerem suas atividades. Antes eles deveriam ser aprovados
pelos juízes dos ofícios respectivos.
AS ARMAS DOS OFÍCIOS
No citado livro estavam relacionadas todas as profissões ditas menores ,tais
como latoeiro, alabardeiro, parteira, pedreiro e outras. Eram 105 os ofícios então
relacionados.
OS ENGENHEIROS
Cidade Maurícia – Recife - projeto do engenheiro Pieter Post 1639
Oficial de engenheiro no século XVIII
No livro nada se dizia sobre a atividade dos engenheiros, arquitetos e agrimensores,
considerados diferentemente, talvez por se situarem no mesmo patamar dos artistas.
O ENGENHEIRO
MILITAR
Do livro Guns Ilustrated History of Artillery
A atividade da engenharia estava
muito vinculada a postos militares
de defesa territorial existentes
em Portugal e nas colônias e neles
e em Lisboa formavam-se, com as
aulas relacionadas com à defesa e
ataque das praças os engenheiros.
OS ARQUITETOS
Projeto da Mauritshuis – Pieter Post. 1652
Quanto à arquitetura esta situava-se, enquanto profissão, mais aproximada das
Belas Artes, podendo ser exercida livremente também por pintores e escultores.
OS MESTRES DE OBRAS
Ouro preto – Minas gerais – Câmara e Igreja da Ordem III do Carmo.
No Brasil até um bom mestre de obras podia construir ou projetar obras de
arquitetura. Haja vistas ao pai do famoso artista “Aleijadinho” que sendo mestre
pedreiro exerceu em Vila Rica a profissão de arquiteto e engenheiro civil por toda
a vida. A igreja da Ordem III do Carmo de Ouro Preto é de sua autoria.
AS CIDADES E OS MESTRES DE OBRAS
Maceió – Cartões Postais – início do século XX
Nas cidades brasileiras, naquelas partes que dizem respeito ao casario comum e
formador das ruas, a atividade do mestre de obras foi fundamental e talvez única.
Os engenheiros e arquitetos vindos do exterior ficavam com as obras maiores, as
que tinham clientes certos e de melhor classe social.
Esses profissionais não se
interessavam por tal ação de menor valor.
OS CURSOS DE ENGENHARIA NO BRASIL
Niteroi - Museu – Projeto de Oscar Niemeyer
Os cursos de engenharia militar no Brasil foram iniciados em 1783. Em Niterói, no
Estado do Rio de Janeiro, uma instituição formou os primeiros engenheiros civis:
a Escola de Arquitetos Medidores, fundada em 1837 pela Lei nº 122, e seu
criador e 1º diretor o Major Pedro de Alcântara Bellegarde, o mesmo que já
marechal, foi professor de Engenharia Civil da antiga Real Academia de Artilharia,
Fortificação e Desenho, sua sucessora, em 1792.
A ACADEMIA REAL MILITAR
No dia 4 de dezembro de 1810, decreto do Príncipe Regente D. João a transformou
em Academia Real Militar, funcionando inicialmente na “Casa do Trem”, hoje a
sede do Museu Histórico Nacional.
A MISSÃO FRANCESA E O ENSINO
Retrato de Granjean de Montigny
Assim se configurava o cenário por todo o século XVIII e boa parte do seguinte.
Com a vinda da família real para o Brasil foi pensada a criação de uma escola que
em aulas formasse os arquitetos e os demais profissionais voltados à construção.
A ACADEMIA
SUPERIOR DE
BELAS ARTES
Academia Superior de Belas Artes – Rio de Janeiro
Desde o século XVIII, final, As politécnicas na Europa formavam os engenheiros
civis. Em 1816, estava na Corte do Rio de Janeiro GrandJean de Montigny que,
auto-exilado da França, propôs a criação de uma Escola Superior de Belas Artes.
O INSTITUTO POLITÉCNICO BRASILEIRO
1858 – Escola Central – 1874 Escola Politécnica – L. do Machado
1937 - Escola de Engenharia Rio de Janeiro
O Império Brasileiro assistiu os inícios de uma regulamentação profissional,
face a forte influência do Instituto Politécnico Brasileiro, IPB, que, desde
sua criação, batalhou pela organização dos engenheiros em torno de uma
associação profissional. O Instituto Politécnico Brasileiro foi criado oficialmente
em 11 de setembro de 1862, em uma sala da Escola Central do Rio de Janeiro.
A ESCOLA CENTRAL
Escola Central no Largo do Machado RJ
Conde d’ Eu
Entre 1862 e 1880, no Instituto Politécnico Brasileiro teve como presidentes:
Guilherme Schüch de Capanema (1862), Pedro de Alcântara Bellegarde (1863),
Antonio Manoel de Melo (1864), Manoel Felizardo de Souza e Mello (1865 e 1866)
e o Conde d’Eu, que permaneceu no cargo de 1867 até 1889; exceto o conde d’Eu,
os demais faziam parte do corpo docente da Escola Central.
ARQUITETURA
VERSUS
ENGENHARIA
Exposição Universãl 1900
Por outro lado, certa proximidade do engenheiro civil e do arquiteto, criada diante
da tecnologia da segunda metade do século XIX, deixou dúvidas sobre a atividade
de cada um. Nada havia regulamentado com relação ao agrimensor.
O CLUBE DE ENGENHARIA DO RIO DE JANEIRO
Antiga sede na Avenida Central, (Rio Branco) RJ
Fundadores do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro
A graduação contínua e ininterrupta dos profissionais da engenharia exigia o
estabelecimento de uma agremiação que reunisse em seu seio engenheiros
e industriais. Coube a Conrado Jacob Niemeyer, em 24 de dezembro de 1880
fundar o Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.
OS ENGENHEIROS DO CLUBE
Conviveu tal Clube, em certo período de sua existência, com o Instituto
Politécnico Brasileiro – que como vimos, foi a primeira instituição, criada no
Império, no ano de 1862, congregando, no Rio de Janeiro, os mais ilustres
engenheiros da época.
Posse da Diretoria 2006
O Clube de Engenharia do Rio de janeiro permanece em atividade e exerceu
no Brasil forte influência nas obras públicas, agindo de maneira decisiva em
todas as ações que envolviam a participação da engenharia.
A REVOLUÇÃO DE 30
Enterro de João Pessoa
Getúlio Vargas e os Revolucionários de 1930
Washington Luiz
A Revolução de 30, que trouxe com ela mudanças nas esferas da política e do
poder, sendo seu ponto alto a busca de uma identidade para o Brasil viu surgir,
Reunião do CONFEA em Brasília - 2009
O CONFEA – Conselho de Engenharia Arquitetura e Agronomia
Em 1933, sob proteção de Getúlio Vargas, uma idéia de Adolfo Morales de Los Rios
Filho, criou uma organização, tão importante quanto aquele dos oficiais mecânicos:
um Conselho de profissionais, à maneira das Irmandades religiosas que se reuniam
Em Ofícios sob bandeiras, capaz de regulamentar as atividades dos engenheiros,
dos arquitetos e dos agrimensores.
Fundada em 1895, a Escola de Engenharia de Pernambuco foi extinta no ano de
1904 pelo então Governador Sigismundo Gonçalves. Os seus professores e outros
Engenheiros muito lutaram e reabriram aquela escola, então com a designação de
Escola Livre de Engenharia de Pernambuco . Resultou desse momento histórico de
lutas o Clube de Engenharia de Pernambuco, então fundado no ano de 1919.
Pernambuco , então, celeiro de brilhantes nomes do
ensino de engenharia, fato reconhecido pelos mais
renomados centros universitários do país. Os seus
engenheiros se encontravam totalmente preparados
para as tarefas que lhes fossem ordenadas. Moraes
Rego, Francisco Bolitreau, Teles Junior, Paulino Cruz,
Heitor Costa,Augusto Martins, Heitor Maia e Walfrido
Arantes eram da primeira linha nas lutas.O Clube de
Engenharia teve como primeiro presidente Manoel
Antônio de Morais Rego.
( Deputado José Chaves, blog na WEB)
O RECIFE
RIO DE JANEIRO
No dia 1º de junho de 2009, o Clube de Engenharia de Pernambuco completou
noventa anos de fundação. A data da fundação coincide com à segunda década do
século 20, tempo de grandes reformas no Recife.
Desde então o Clube de Engenharia se constituiu no fórum da inteligência do estado,
abrigando acalorados debates acerca dos problemas urbanos do Recife e favorecido
pelos acontecimentos políticos que culminariam na Revolução de 1930.Esse ambiente
fertilizou a luta pela regulamentação da carreira de engenheiro que, nas palavras de
Petrônio Mesquita, “era uma profissão desprovida de proteção legal indispensável”
( Deputado José Chaves, blog na WEB)
CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA – CREA - PE
Debates sobre as questões habitacionais de Pernambuco
Inauguração do escritório de Boa Viagem - Recife
Nesse sentido, o Clube de Engenharia também empreendeu cerrada campanha em
favor dessa antiga reivindicação, finalmente alcançada por força do Decreto-Lei nº
23.569, de 11 de dezembro de 1933, firmado por Getúlio Vargas.
A caminhada do Clube de Engenharia se confunde com a própria história de
Pernambuco e a dos seus engenheiros. Àquela grande iniciativa, viva ainda e com
tanto brilho hoje nos seus noventa anos, nossos maiores louvores !
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palestra proferida pelo arquiteto José Luiz da Mota Menezes