COLÓQUIO DECivil ICIST Vulnerabilidade Sísmica de Edifícios Antigos de Alvenaria da Cidade de Lisboa Rafaela Cardoso - Assistente – ICIST DECivil, Secção de Geotecnia Mário Lopes - Professor Auxiliar – ICIST DECivil, Secção de Mecânica Aplicada Rita Bento - Professora Auxiliar – ICIST DECivil, Secção de Mecânica Aplicada Instituto Superior Técnico 1/40 Lisboa, 2 de Julho de 2003 Índice DECivil 1. Introdução ICIST 2. As acções sísmicas 3. Edifícios de alvenaria de Lisboa 4. Estudo de um Edifício-exemplo 5. Soluções usuais de reforço 6. O estado actual dos edifícios Pombalinos 7. Conclusões 2/40 1. Introdução Sismos no passado e sismos recentes mostram mau DECivil ICIST comportamento dos edifícios de alvenaria para as acções dinâmicas Lisboa: Utilização actual Estado de conservação justificam a preocupação com Ausência de manutenção a segurança destas estruturas Alterações estruturais Avaliação da vulnerabilidade sísmica 3/40 Políticas de mitigação do risco sísmico 2. Acções sísmicas Sismo: DECivil • Acção Dinâmica 3D variável no tempo ICIST • Acção Cíclica (Grandes sismos em Lisboa: T200-300 anos) A acção sísmica pode ser quantificada através de: • Acelerogramas ü(t) • Espectros de resposta Sa (cm/s2) Sismo 1 • Forças estáticas Sismo 2 equivalentes t FE f (Hz) 4/40 Edifícios de alvenaria: Mecanismos de colapso DECivil ICIST As paredes B são resistentes mas não apoiam as paredes A As paredes A têm pouca resistência e, na falta de ligação, não se podem apoiar nas paredes B, melhor dispostas para resistir 5/40 Neste caso, as paredes B suportam as paredes A [Carvalho e Oliveira, 1997] 3. Edifícios antigos de alvenaria de Lisboa DECivil ICIST Baixa [in Mendes-Victor et al, 1993] 6/40 LEGENDA: A - EDIFÍCIOS DE ALVENARIA (<1755) B - EDIFÍCIOS POMBALINOS E SEMELHANTES (1755 a 1880) C - EDIFÍCIOS ALTOS DE ALVENARIA COM PAVIMENTOS DE MADEIRA OU DE BETÃO E PAREDES RESISTENTES DE ALVENARIA (1880 a 1940) D – EDIFÍCIOS DE ALVENARIA, COM PAVIMENTOS EM BETÃO OU COM ESTRUTURA PORTICADA DE BETÃO (1940 a 1960) E – EDIFÍCIOS RECENTES DE BETÃO ARMADO (>1960) Edifício de alvenaria da Baixa: Edifício de Rendimento Pombalino Número máximo de pisos: 3 + piso térreo Parede DECivil ICIST corta-fogo paredes águas interiores furtadas de frontal pavimentos de madeira Cruzes de Santo André com várias geometrias possíveis [Mascarenhas, 1997] Fundações indirectas através de estacas 7/40 Abóbadas de alvenaria de curtas de pequeno blocos cerâmicos diâmetro e arcos de pedra Gaiola Pombalina: Estrutura anti-sísmica de madeira Tectos e DECivil pavimentos da gaiola ICIST Tabique 8/40 Estrutura 3D Edifícios Pombalinos (1755 a 1880) DECivil ICIST • Estrutura 3D de madeira: Gaiola Pombalina • Pavimentos em madeira • Paredes exteriores de alvenaria Gaiola Pombalina Estrutura 3D de madeira 9/40 [Mascarenhas, 1997] Edifícios Gaioleiros (1800 a 1940) DECivil ICIST • Paredes interiores (Frontais pombalinos) substituídas por alvenaria ou por tabiques de madeira. • Pavimentos em madeira. • Maior nº de pisos. Tabiques • Marquises em ferro fundido. 10/40 [Mascarenhas, 1997] Edifícios de ‘Placa’ (1940 a 1960) DECivil ICIST • Paredes interiores de alvenaria. • Pavimentos de madeira substituídos por lajes finas de betão. • Marquises e varandas Lajes finas em B.A. Paredes de alvenaria 11/40 [Mascarenhas, 1997] de betão 4. Estudo de um Edifício-exemplo Cobertura Elementos DECivil consultados: ICIST . Peças desenhadas existentes sobre o edifício-exemplo . Técnicas construtivas correntes na época da sua construção . Modelos de comportamento dos materiais estruturais 12/40 Rua da Prata, 210 a 212 Entrada principal Peças desenhadas: in [Santos, 2000] DECivil ICIST Alçado principal do quarteirão Planta-tipo 13/40 Calibração do modelo: não destrutivos Recurso a técnicas de inspecção e a ensaios in situ DECivil ou semi destrutivos • Levantamento ICIST (geometria real da estrutura) • Caracterização dos materiais estruturais (resistência e deformabilidade) Objectivo: análise da vulnerabilidade sísmica . Programa de cálculo comercial (SAP2000®) Viabilidade . Cálculo linear da estrutura em Projecto 14/40 . Acção sísmica - espectros de resposta (RSA) Modelo Numérico (SAP2000®) Pavimentos DECivil ICIST Travamentos Abóbadas Alvenaria Elementos finitos 2D (shell) 15/40 Frontais (cruzes) Elementos de Barra Presença da Gaiola: Aumento da Rigidez Global do Edifício 1º Modo de Vibração com gaiola Com a gaiola, DECivil ICIST as paredes de alvenaria Planta vibram em f=0,942Hz conjunto. Corte Lateral sem gaiola Sem a gaiola, as paredes de alvenaria vibram independentemente f=0,398Hz 16/40 umas das outras. Planta Presença da Gaiola: Contraventamento das paredes de alvenaria dos deslocamentos da fachada para fora do seu plano no alinhamento Evolução dosEvolução deslocamentos na fachada para fora do seu plano vertical M e no alinhamento vertical P, com e sem a gaiola de madeira 18 P 17 P M (sem gaiola) M (com gaiola) 16 DECivil Deslocamento relativo relativo com gaiola: Desloc. com4,7 15 ICIST cm Contraventamento das paredes de alvenaria gaiola: 4,7cm 14 13 12 Desloc. relativo sem gaiola: 15,7cm 11 Deslocamento relativo sem gaiola: 15,7 cm h (m) 10 9 8 7 6 Alinhamento de frontal E Alinh Frontal 5 Alinhamento vertical M (sem gaiola) 4 Alinhamento gaiola) Emp. vertical M (com Empena Barras dos esquerda esquerda 3 Alinhamento vertical P (sem gaiola) 2 Pavimentos pavimentos Empena Emp. direita Alinhamento vertical P (com gaiola) direita 1 0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 d (cm) 10,0 11,0 12,0 PP 13,0 14,0 VV 15,0 M M 16,0 PLANTA Fachada da frente Fachada da 17,0 18,0 Frente Alinh Frontal Alinhamento de frontal E Emp. Empena esquerda esquerda Fachada Fachada da frente da Empena Emp. direita direita Frente Comfrontal Com Sem frontal Gaiola Sem Gaiola 17/40 DEFORMADA DA FACHADA DA FRENTE Edifício: principais fontes de não linearidade 1- Fendilhação da Alvenaria / Danos Localizados DECivil ICIST 2- Existência da Gaiola de Madeira: Acções Cíclicas Resultados Experimentais de um painel de frontal ensaiado no LNEC F K0 - Rigidez ‘tangente’ experimental Ksec - Rigidez ‘secante’ Encastramento na base 18/40 in [Ramos, 2002] experimental DECivil ICIST FOLGAS PREGOS 3- Rotura das Ligações dos Elementos de Madeira 19/40 4- Comportamento Não Linear da Alvenaria à Compressão Análise não linear: Processo iterativo Em cada iteração: DECivil ICIST Carga de Colapso sis Evolução da Estrutura . Análise linear em cada iteração K1 K2 . A estrutura a analisar K3 sis (3) sis (2) sis (1) Colapso Ponto de partida para a iteração seguinte resulta da estrutura analisada na iteração anterior, após a remoção das ligações em rotura Danos na Estrutura [Cardoso, 2002] 20/40 Principal vantagem do Detectar os ‘pontos fracos’ da processo iterativo: estrutura Quantificação da vulnerabilidade sísmica: Fsd = FCQP + sis FE sismáx Acção Sísmica DECivil ICIST Intensidade da Cálculo de danos para intensidades de COLAPSO crescentes da acção sísmica Mapas de danos na alvenaria: Fachada da Frente sis= 0.20 sis= 0.25 sis= 0.30 Danos na alvenaria devido a tracção 21/40 Deformada da fachada da frente Mecanismo de colapso do edifício-exemplo 1ª Iteração sis=0,25 2ª Iteração sis=0,25 DECivil ICIST sismáx =0,25 3ª Iteração sis=0,25 Sismo de 9 de Julho de 1988 Fotografias tiradas na Horta - Açores, 2001 COLAPSO: Destacamento da fachada e queda da cobertura 22/40 Concepção original: Queda das fachadas mantendo a estrutura 3D da gaiola intacta, salvando as vidas no DECivil seu interior. ICIST [Mascarenhas, 1997] Depende do nº de pisos 23/40 do edifício... Sismo de 9 de Julho de 1998 - Fotografia tirada na Horta - Açores, 1998 Mecanismo de corte na base do edifício COLAPSO GLOBAL: DECivil ICIST [Croci, 1988] 24/40 sismáx =0,70 Estudo da eficiência de uma solução de reforço Evolução dos deslocamentos da [Costa e Vasconcelos, 2001] Evolução dos deslocamentos fachada antes e após reforço antes e após o reforço DECivil 18 (c/reforço) 17 ICIST V V M 16 M 15 14 (s/reforço) 13 12 11 h (m) 10 9 8 7 Alinh Vert M (sem Reforço) 6 Alinh Frontal EE Alinhamento de frontal 5 Alinh Vert V (sem reforço) Emp. Empena Barras dos Pavimentos Alinh Vert M (com Reforço) esquerda pavimentos esquerda 4 3 2 Empena Emp. direita direita Alinh Vert V (com Reforço) 1 0 Viga de B.A. (0,6mx0,25m) 0,0 1,0 2,0 PP 3,0 VV4,0 M M5,0 d (cm) 6,0 Fachada da7,0 frente Fachada da Frente PLANTA Mecanismo de colapso após reforço: 25/40 Efeito de Pipa sismáx =0,45 Síntese dos resultados obtidos no modelo DECivil sismáx=0,25 sismáx=0,70 sismáx=0,45 ICIST Colapso Parcial: Corte Basal Efeito de pipa queda da cobertura e da fachada da Edifício Reforçado frente (dominó) Edifício-Exemplo Valor Regulamentar: 26/40 sismáx =1,50 (Edifícios Novos) Os valores obtidos para sismáx são indicativos DECivil (Modelo ligeiramente conservativo) ICIST Informações fornecidas pelo valor sismáx: . Vulnerabilidade sísmica do edifício . Quantificação da melhoria após reforço (eficiência da solução adoptada) . Comparação de várias soluções de reforço 27/40 5. Soluções usuais de reforço Mecanismo de Colapso DECivil [Carvalho e Oliveira, 1997] ICIST Tirantes de aço Reforço horizontal com vigas ao nível dos pisos Reforço horizontal: vigas ao nível dos pisos Reforço vertical com tirantes 28/40 [Croci, 1988] Reforço vertical: tirantes Reforço das Ligações dos pisos às paredes DECivil ICIST de alvenaria [Silva,2001] Mecanismo de Colapso: Corte na Base Malha de aço Alternativas: Ligadores • Injecção de caldas de metálicos cal / cimento • Injecção de resinas [Silva, 2001] 29/40 6. O estado actual dos edifícios Pombalinos DECivil ICIST Edifícios que mantêm a estrutura original Intervenções ligeiras de conservação e manutenção As obras de conservação e reabilitação urbana são não estruturais ! Edifícios que sofreram alterações Adaptação a novas funcionalidades A grande maioria das alterações estruturais observadas muitas vezes são nocivas do ponto de vista da resistência às acções sísmicas 30/40 Influência de alterações posteriores à construção DECivil • Remoção de paredes interiores e introdução Redistribuição de elementos estruturais com rigidez diferente de esforços ICIST • Abertura de montras Mecanismo de Corte Basal Circulação de pessoas Continuidade vertical mantém-se Continuidade interrompida 31/40 • Aumento do número de pisos Massa e Finércia DECivil ICIST 32/40 aumentam no topo • Danificação dos frontais para a instalação de canalizações Rigidez / Contraventamento diminuem DECivil ICIST Perda de secção Má solução Melhor solução 33/40 7. Conclusões . Valores obtidos para sismáx baixos Vulnerabilidade sísmica elevada DECivil ICIST Resulta da concepção Pombalina de deixar cair as fachadas para preservar a estrutura interior de madeira e assim salvaguardar a vida dos ocupantes Grande potencial de Edifícios Pombalinos recuperação devido à existência da Gaiola Restantes edifícios de alvenaria de Lisboa? 34/40 . Modelo numérico: DECivil Identificação dos ICIST Mecanismos de colapso Quantificação da melhoria do 35/40 comportamento expectável Reforço Sísmico para as acções sísmicas destes edifícios Políticas adoptadas para intervenção neste tipo de estruturas: Programas de DECivil ICIST Intervenções estruturais Reabilitação Urbana para reforço sísmico (Intervenções não estruturais) Excepção: Deveriam incluir Quais os Custos? Açores Sensibilização População Meio Político, etc 36/40 Agradecimentos Ao Sr Engº João Appleton, pela partilha generosa do seu imenso DECivil ICIST 37/40 conhecimento neste assunto. Para mais informações: SPES – Sociedade Portuguesa de DECivil ICIST engenharia Sísmica www.spes-sismica.org EERI – Earthquake Engineering Research Institute www.EERI.org World Housing Encyclopedia www.world-housing.net (Portugal - Edifícios Pombalinos) Publicação disponível em: 38/40 www.civil.ist.utl.pt/~rafaela Referências •[Alvarez, 2000] Mª Lourdes Alvarez, Baixa Pombalina, Síntese de um trabalho de investigação em várias disciplinas, indo desde a prospecção geofísica à prospectiva sociológica, tendo em vista uma acção de planeamento urbanístico, Câmara Municipal de Lisboa, Lisboa, 2000 DECivil •[Appleton, 2001] J. Appleton, O Megassismo de Lisboa no século XXI ou Vulnerabilidade Sísmica do Parque ICIST Edificado de Lisboa, artigo publicado em Redução da Vulnerabilidade Sísmica do Edificado, SPES – Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica e GECoRPA – Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico, A. Ravarra, C. S. Oliveira, E. C. Carvalho, M. S. 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Bairrão, V. C. Silva, Lisboa, Abril de 2001 40/40