Notas de Aula de Estabilidade das Construções Rodrigo Mero Sarmento da Silva, MSc. 10 de fevereiro de 2011 Prefácio Estas notas de aula foram escritas em 2008 para as disciplinas de Estabilidade das Construções , do Centro Federal Tecnológico de Alagoas, unidade descentralizada de Palmeira dos Índios (CEFET-AL/UNED-PI) e Mecânica dos Sólidos I. Essas notas de aula estão sendo revisadas continuamente tentando atender as mudanças que se faz necessário. Lembra-se ao aluno que essas notas de aula não substituem os livros em hipótese nenhuma, sendo as mesmas apenas um complemento de aprendizagem. Os principais livros em que se baseiam os conteúdos a seguir são: 1. Mecânica Vetorial para Engenheiros [Beer e Johnston Jr, 1991, [1]] 2. Fundamentals of Physics [Halliday e Resnick, 2009, [3] ] Tenta-se com o passar do tempo introduzir novos conteúdos, de autoria do próprio autor e alguns “problemas“, estudados e discutidos pelos alunos que passaram por essa disciplina enriquecendo assim o seu conteúdo. Com a mudança em 2009, da nomenclatura do CEFET-AL para IF-AL (Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia), alguns conteúdos serão revistos e atualizados. Definição 1. Aquecimento (Aq):Questões básicas com conteúdo abordado em sala de aula, semelhantes aos problemas desenvolvidos dentro do conteúdo da disciplina, problemas de vestibular, com definições fı́sicas do problema e de engenharia. Indicado para alunos dos cursos técnicos integrado. Definição 2. Aprofundamento (Ap):Questões mais elaboradas sobre o conteúdo abordado, encontradas em livros de graduação em Mecânica dos Sólidos e em Referências de Fı́sica do ensino superior. Indicados para alunos dos cursos tecnológicos e de graduação. Definição 3. Desafio (D):Questões complexas, que necessitam de habilidade matemática do aluno. encontradas em livros de graduação em Mecânica dos Sólidos e em Referências de Fı́sica do ensino superior. Indicados para alunos que gostam de viver perigosamente. ii iii Definição 4. Caiu na Prova (Cp):Questões que caı́ram nas provas anteriores de estabilidade das construções e demais disciplinas lecionadas no instituto. Fiquem atentos. Sobre o Autor Rodrigo Mero Sarmento da Silva é Engenheiro Civil, formado pela Universidade Federal de Alagoas (2002), onde concluiu também o Mestrado em Engenharia Estrutural em 2005. Concluiu especialização em Engenharia de Software e Web pela Faculdade de Alagoas em 2007, atuamente é Doutorando em Ciências e Materiais pela Universidade Federal de Alagoas desde 2010. É professor auxiliar do IFAL - Campus Palmeira dos Índios. Atua na área de Engenharia Civil, com ênfase em Mecânica das Estruturas, Robótica e Materiais Compósitos Piezoelétricos. Em suas atividades profissionais interagiu com 18 colaboradores em co-autorias de trabalhos cientı́ficos. Atualmente leciona as disciplinas de Estruturas de Concreto, Estabilidade das Construções além de cursos avançados de programação em Java, C/C++ e IUP. CV-LATTES: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4765459J5 iv Sumário Prefácio ii Sobre o Autor iv . 3 1 Conceitos Iniciais 1.1 Sistema Internacional de Unidades . . . . . . . . . . . . . . . 1.1.1 Indexadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.1.2 Funções Trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 6 6 7 2 Introdução à Análise Estrutural 2.1 Definição de Estrutura . . . . . . . . . . . . . 2.1.1 Classificação dos Elementos Estruturais 2.1.2 Conceber versus Dimensionar . . . . . 2.1.3 Ações sobre as Estruturas . . . . . . . 2.1.4 Cargas Permanentes . . . . . . . . . . 2.1.5 Cargas Acidentais . . . . . . . . . . . . 2.2 Tipos de Solicitações sobre as Estruturas . . . 3 Introdução a Estática 3.1 Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Mecânica Newtoniana . . . . . . . . . . 3.2.1 Lei do Paralelogramo para Adição 3.3 1a Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . 3.4 2a Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . 3.5 3a Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . 3.6 Princı́pio da Transmissibilidade . . . . . 3.7 Lei da Gravitação Universal . . . . . . . 3.7.1 Lei dos Cossenos . . . . . . . . . 3.7.2 Lei dos Senos . . . . . . . . . . . 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . de Forças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 8 9 10 10 11 11 12 . . . . . . . . . . 14 14 16 17 18 18 18 18 18 19 21 SUMÁRIO 2 3.8 Estática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3.9 Exercı́cios de Fixação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 4 Estática dos Pontos Materiais 4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.2 Resultante de Forças sobre Ponto Material 4.3 Componentes de uma Força . . . . . . . . 4.4 Métodos de Análise de Forças . . . . . . . 4.5 Exercı́cios de Estática de Ponto Material . 4.5.1 Fase 1: Aquecimento . . . . . . . . 4.5.2 Fase 2: Aprofundamento . . . . . . 4.5.3 Fase 3: Desafio . . . . . . . . . . . 4.5.4 Fase 4: Caiu na Prova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Estática de Corpos Rı́gidos 5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.2 O que se Estuda na Estática de Corpos Rı́gidos? 5.3 Momento de uma Força em Relação a um Ponto 5.4 Exercı́cios de Estática de Corpo Rı́gido . . . . . 5.4.1 Fase 1: Aquecimento . . . . . . . . . . . 5.4.2 Fase 2: Aprofundamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Carregamentos Distribuı́dos 6.1 Cargas Pontuais e Carregamentos Distribuı́dos . . . . . . . . 6.1.1 Retângulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.1.2 Quadrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.1.3 Triângulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.2 Exercı́cios de Cargas Pontuais e Carregamentos Distribuı́dos 6.2.1 Fase 2: Aprofundamento . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Tipos de Estruturas de Apoio 7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . 7.2 Reações de Apoio . . . . . . . . 7.3 Exercı́cios de Reações de Apoio 7.3.1 Fase 1: Aquecimento . . 7.3.2 Fase 2: Aprofundamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 25 26 26 28 28 29 30 31 31 . . . . . . 33 33 34 35 37 38 38 . . . . . . 41 41 43 43 43 46 47 . . . . . 48 48 50 52 52 53 8 Esforços Internos Solicitantes 57 8.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 8.2 Equações Diferenciais de Equilı́brio* . . . . . . . . . . . . . . 58 8.3 Diagrama de Esforços Internos Solicitantes . . . . . . . . . . . 61 SUMÁRIO 8.4 3 Exercı́cios EIS - Esforços Internos Solicitantes . . . . . . . . . 64 8.4.1 Fase 1: Aquecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 8.4.2 Fase 4: Caiu na Prova . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 9 Treliças 68 9.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 10 Exercı́cios Resolvidos 10.1 Estática de Ponto Material . . . 10.1.1 Fase 1: Aquecimento . . 10.1.2 Fase 2: Aprofundamento 10.1.3 Fase 3: Desafio . . . . . 10.1.4 Fase 4: Caiu na Prova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 70 71 74 74 74 Lista de Figuras 1.1 Circulo Trigonométrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 Estrutura de uma Edificação . . . . . . . . . . Vigas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Arranjos de forças sobre elementos estruturais. Forças Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . Algumas solicitações sobre as estruturas . . . Equilı́brio natural de estruturas . . . . . . . . Exemplos de estabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1 Desenho de uma viga engastada no livro de Galileu. (Arruda, 2001, [2]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Fı́sico Alemão, Albert Einstein . . . . . . . . . . . . . 3.3 Princı́pios da Mecânica Newtoniana . . . . . . . . . . 3.4 Lei do Parelelogramo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.5 Princı́pio da Transmissibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 . . . . . . . . . . . . . . 8 9 10 11 12 13 13 Fonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 16 17 17 19 4.1 Resultante dos vetores de forças . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 5.1 5.2 5.3 5.4 Princı́pio da Transmissibilidade para Corpos Rı́gidos . . . . Restrição do princı́pio transmissibilidade para corpos rı́gidos. Momento de uma força em relação a um ponto. . . . . . . . Prob. 1 - Fase Aprofundamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 Exemplo de um Modelo de Cálculo de uma Carga Concentrada. Exemplo de um Modelo de Cálculo de uma Carga Distribuı́da Centro de Gravidade de um Retângulo . . . . . . . . . . . . . Centro de Gravidade de um Quadrado . . . . . . . . . . . . . Centro de Gravidade de um Triângulo . . . . . . . . . . . . . 35 35 36 40 41 42 43 44 44 7.1 Classificação das estruturas segundo os graus de liberdade. . . 48 7.2 Exemplo de Estrutura Hipostática. . . . . . . . . . . . . . . . 49 4 LISTA DE FIGURAS 5 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7 7.8 7.9 7.10 7.11 7.12 7.13 Exemplo de Estrutura Isostática. . . . . Exemplo de Estrutura Hiperestática. . . Nomenclatura das Estruturas de Apoio. . Problema 03 - Fase Aquecimento . . . . Problema 04 - Fase Aquecimento . . . . Problema 05 - Fase Aquecimento . . . . Problema 01 - Fase Aprofundamento . . Problema 02 - Fase Aprofundamento . . Problema 03 - Fase Aprofundamento . . Problema 04 - Fase Aprofundamento . . Problema 05 - Fase Aprofundamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 50 50 53 53 53 54 54 54 55 55 8.1 Exemplo de Estrutura de Corpo Rı́gido Submetido a Carregamentos Combinados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Forças Internas no Corpo Rı́gido . . . . . . . . . . . . . . . . Viga Submetida a Carregamentos Combinaods . . . . . . . . Viga Seccionada, Explicitando as Força Internas . . . . . . . Diagrama de Esforço Normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . Diagrama de Esforço Cortante . . . . . . . . . . . . . . . . . Diagrama de Momento Fletor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 58 58 58 63 64 64 8.2 8.3 8.4 8.5 8.6 8.7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Capı́tulo 1 Conceitos Iniciais Para que consigamos entender bem os conceitos trabalhados nessa nota de aula, é imprescindı́vel que o aluno entenda bem alguns conceitos matemáticos. Esse tópico inicial pretende relembrar alguns desses assuntos de forma rápida e concisa. Fica como sugestão uma leitura aprofundada em algum livro que contenha os assuntos mencionados nesse capı́tulo (1) 1.1 Sistema Internacional de Unidades O Sistema Internacional de Unidades (SI) é subdividido em unidades básicas e unidades derivadas. As unidades básicas são: metro (m), quilograma (kg) e segundo (s). As unidades derivadas são, entre outras, força, trabalho, pressão etc. As unidades do SI formam um sistema absoluto de unidades. Isto significa que as três unidades básicas escolhidas são independentes dos locais onde são feitas as medições. 1.1.1 Indexadores Em muitos problemas de engenharia as unidades do SI são precedidas de indexadores, que são múltiplos de ordem 10 dessas unidades. Abaixo tem-se uma tabela de indexadores. Esses múltiplos, serão de suma importância no decorrer do nosso estudo. 6 1.1. SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES Nome Exa Peta Tera Giga Mega Quilo Hecto Deca 1.1.2 Fator Mult. 1018 1015 1012 109 106 103 102 10 Sı́mbolo E P T G M K H Da Nome Deci Centi Mili Micro Nano Pico Femto Atto Fator Mult. 10−1 10−2 10−3 10−6 10−9 10−12 10−15 10−18 Funções Trigonométricas Figura 1.1: Circulo Trigonométrico EF OE OF cos(α) = OE EF tan(α) = OF 2 2 OE = EF + OF 2 sin(α) = OE 2 = (sin(α) · OE)2 + (cos(α) · OE)2 1 = sin(α)2 + cos(α)2 Equação Fundamental 7 Sı́mbolo d c m μ n p f a Capı́tulo 2 Introdução à Análise Estrutural 2.1 Definição de Estrutura Podemos definir estrutura como sendo: “A forma com que algo é composto“, “É o conjunto de elementos que compõe algo“. Essa definição pode ser aplicada a todo tipo de estrutura, organizacional, polı́tica, econômica, militar e civil dentre outras. Em se tratando de estruturas civis a estrutura é subdividida em “peças estruturais“ (elementos) como mostra a Figura 2.1 . Figura 2.1: Estrutura de uma Edificação Cada parte que compõe a estrutura deve resistir aos esforços internos e retransmitir os esforços externos para as demais peças através dos vı́nculos 8 2.1. DEFINIÇÃO DE ESTRUTURA 9 que as unem, finalizado com a condução do esforço para o solo que deverá suportá-lo. A ciência responsável pelo estudo desses fenômenos referentes à estrutura civil é a engenharia estrutural, que é o ramo da engenharia civil dedicado primariamente ao projeto e cálculo de estruturas. De forma simplificada, é a aplicação da mecânica dos sólidos ao projeto de edifı́cios, pontes, muros de contenção, barragens, túneis e outras estruturas. (Wikipédia). 2.1.1 Classificação dos Elementos Estruturais Os elementos estruturais em suas variedades podem ser classificados em três formas distintas: Definição 5. Barras ou fios: Caracterizado pela predominância de uma dimensão em relação às outras duas. Exemplos claros de elementos de barras ou fios são vigas (Figura 2.2), pilares, arcos, cabos etc. Figura 2.2: Vigas Definição 6. Folhas: Caracterizado pela predominância de duas dimensões em relação a uma terceira. Os principais exemplos desse tipo de estrutura são as lajes e cascas. Definição 7. Blocos: Em elementos classificados como blocos, não existe predominância entre as dimensões. Esse tipo de estrutura possui dimensões aproximadas nas três direções. Os principais exemplos são as fundações tipos sapatas isoladas e blocos. 10 2.1.2 CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO À ANÁLISE ESTRUTURAL Conceber versus Dimensionar Podemos começar a entender a definição dessas duas palavras da seguinte forma: é possı́vel imaginar uma forma sem uma estrutura? É possı́vel imaginar uma estrutura sem uma forma? “A estrutura e a forma, ou a estrutura e a arquitetura são um só objeto, e assim sendo, conceber uma implica em conceber a outra“. Na realidade tanto a estrutura e a forma depende exclusivamente da sua destinação, em geral engenheiros tem como prioridade especificações técnicas e economia em detrimento a forma e estética, enquanto no ponto de vista de arquitetos a forma e a estética prevalece. 2.1.3 Ações sobre as Estruturas Como dito anteriormente a estrutura é o caminho de forças até o solo, desta feita cabe-se perguntar: qual o melhor caminho estrutural a se seguir? A resposta para essa pergunta é um pouco complicada, uma vez a finalidade é importante em alguns casos estruturais. De uma forma geral as estruturas são compostas do conjunto viga, laje, pilar como representado na Figura 2.3: Figura 2.3: Arranjos de forças sobre elementos estruturais. Em geral a melhor concepção tem que possuir: Funcionalidade, ser eficiente para o que foi prevista, Econômica e Bela, onde na maioria dos casos 2.1. DEFINIÇÃO DE ESTRUTURA 11 economia e beleza são inversamente proporcionais, ou seja, quanto mais bela menos econômica, ou quanto mais econômico menos belo. Para começar a entender o funcionamento e analisar as estruturas é de fundamental importância conhecer as forças que atuam sobre a mesma. Conhecer as forças implica em conhecer (Figura 2.4): Figura 2.4: Forças Vetoriais Todas as ações dentro de um sistema estrutural são forças vetoriais, em sendo sua direção, sentido e intensidade influenciam diretamente na concepção estrutural da edificação. O capitulo seguinte estudaremos os princı́pios básicos de manipulação de forças vetoriais. As ações sobre as estruturas versão por dois tipos distintos, que são as cargas permanentes e as cargas acidentais. 2.1.4 Cargas Permanentes As cargas permanentes sobre a estruturas são carregamentos que atuam em toda vida útil da mesma. Dentre as cargas permanentes pode-se exemplificar: peso próprio da estrutura, peso do revestimento, peso das paredes etc. As cargas permanentes têm uma precisão numérica grande. 2.1.5 Cargas Acidentais As cargas acidentais como o próprio nome diz acontece esporadicamente durante certo perı́odo de tempo, destacam-se as cargas: peso de ocupação de pessoas, peso dos móveis, peso dos veı́culos, força do vento, ação da chuva etc. As cargas acidentais são geralmente tabeladas e normatizadas. As cargas acidentais previstas para o uso da construção correspondem normalmente a cargas verticais de uso da construção (prescritas na NBR 6118-2003), cargas móveis considerando o impacto vertical, impacto lateral, força longitudinal de frenação ou aceleração e força centrı́fuga. CAPÍTULO 2. INTRODUÇÃO À ANÁLISE ESTRUTURAL 12 2.2 Tipos de Solicitações sobre as Estruturas As ações sobre as estruturas são as mais diversas possı́veis, dentre as principais destacam-se: tração, torção, compressão, cisalhamento, flexão simples e composta dentre outras. Figura 2.5: Algumas solicitações sobre as estruturas Abaixo encontra−se a definição dessas solicitações: 1. Tração: caracteriza-se pela tendência de alongamento do elemento na direção da força atuante. 2. Compressão: a tendência é uma redução do elemento na direção da força de compressão. 3. Flexão: ocorre uma deformação na direção perpendicular à da força atuante. 4. Torção: forças atuam em um plano perpendicular ao eixo e cada seção transversal tende a girar em relação às demais. 5. Cisalhamento: forças atuantes tendem a produzir um efeito de corte, isto é, um deslocamento linear entre seções transversais. Além das solicitações sobre as estruturas, outro importante fator para se conceber uma estrutura são os critérios de projeto, a saber: • Equilı́brio: Conceber um arranjo estrutural capaz de absorver às solicitações externas e transmiti-las aos elementos de apoio mantendo-se em repouso (Figura 2.6). 2.2. TIPOS DE SOLICITAÇÕES SOBRE AS ESTRUTURAS 13 Figura 2.6: Equilı́brio natural de estruturas Figura 2.7: Exemplos de estabilidade • Estabilidade: A configuração de equilı́brio do arranjo não pode ser alterada drasticamente na presença das imperfeições e das ações perturbadoras (Figura 2.7 ). • Resistência: O material das peças estruturais deve ser capaz de absorver o nı́vel de solicitação interna gerado pelas ações externas sem comprometer a sua integridade fı́sica. • Rigidez: As peças estruturais devem ser capazes de absorver as ações externas sem apresentar grandes deslocamentos que comprometam sua funcionalidade. Capı́tulo 3 Introdução a Estática 3.1 Histórico Os princı́pios da estática foram desenvolvidos por grandes cientistas que contribuı́ram para o incremento dessa parte da mecânica clássica. Aristóteles (384 a 322 a.c) deu inicio aos estudos dos movimentos de corpos celestes, desenvolvendo bases para formulação posterior de Newton sobre a lei fundamental da gravitação universal. Na era Alexandrina, (século IV a.c. até 30 a.c., ano da conquista do Egito por Roma), aparece duas figuras centrais, Euclides e Arquimedes, sendo Euclides o responsável por uma das obras mais influentes da humanidade denominada, os “Elementos“ (300 a.c.). Arquimedes (287 a 212 a.c) contempla com seus trabalhos o equilı́brio de alavancas, roldanas e polias, além da clássica lei do empuxo. Arquimedes é tido por muitos como o pai da matemática, uma de suas obras mais importantes é o livro “Sobre o Equilı́brio dos Planos“, onde ele desenvolve as regras da estática. Ainda sobre Arquimedes destaca-se a celebre frase: “Dê-me um ponto de apoio e eu moverei a terra“. Segundo (Arruda, 2001), o primeiro estudo ligado a resistência dos materiais deve ser atribuı́do a Leonardo da Vince (1452 - 1519), com os primeiros ensaios de tração em fios metálicos, entretanto a primeira abordagem cientı́fica desse assunto foi atribuı́da ao cientista nascido em Pisa chamado Galileu Galilei. Galileu Galilei (1564 a 1642) Descobriu a lei dos corpos, enunciou o princı́pio 14 3.1. HISTÓRICO 15 da inércia e o conceito de referencial inercial, idéias precursoras da Mecânica newtoniana. Os dois primeiros capı́tulos do seu livro “Diálogos sobre Duas Novas Ciências“ trás referencias ao estudo de barras e vigas engastadas (Figura 3.1). Figura 3.1: Desenho de uma viga engastada no livro de Galileu. Fonte (Arruda, 2001, [2]) Um pouco antes da mecânica newtoniana se estabelecer como uma das maiores contribuições do homem a ciência, surge em Robert Hooke (1635 a 1703), que estudou a resistência dos materiais e deixou como legado a conhecida Lei de Hooke publicada em 1676. Isaac Newton (1642 a 1727) Desenvolvedor da denominada Mecânica Newtoniana, sir Isaac Newton desenvolveu os princı́pios da Dinâmica enumerando as três leis clássicas, além da gravitação universal, cálculo diferencial e integral. No século 18, é marco para as maiores contribuições a mecânica dos sólidos, partindo dos princı́pios enumerados por Sir. Newton, os irmãos Bernoulli Jaques e Johan, desenvolveram estudos de vigas em balanço, rotação de vigas, problemas de dinâmica e o princı́pio dos deslocamentos virtuais. Seguindo os 16 CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A ESTÁTICA princı́pios de uma famı́lia de cientistas, o filho de Johan, Daniel Bernoulli, desenvolveu junto com seu então aluno Leonard Euler (1707-1783), a teoria de flexão em vigas batizada e ainda valida até hoje de teoria de Euler-Bernoulli. Destaca-se ainda contribuições mais recentes a resistência dos materiais, como a teoria de Timoshenko (1878 a 1972), para vigas com cisalhamento, denominadas vigas de Timoshenko. Albert Einstein (1879 a 1955) descobriu as limitações da mecânica Newtoniana, entretanto em sistemas de Engenharia, a base está fundamentada na Mecânica Clássica de Newton. Figura 3.2: Fı́sico Alemão, Albert Einstein 3.2 Mecânica Newtoniana A Mecânica de Newton é uma teoria que versa sobre o movimento dos corpos e suas causas. A essência da teoria foi publicada pelo inglês Isaac Newton no seu livro Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (Princı́pios Matemáticos da Filosofia Natural) publicado no ano de 1687, mas notáveis contribuições à fı́sica já tinham sido feitas, principalmente por Galileu, ao fazer seus experimentos que contradisseram a teoria aristotélica. No entanto, a teoria como está aqui exposta se vale de uma nova roupagem matemática e conceitual desenvolvida nos séculos que se seguiram. Nos anos que se seguiram a Newton, diversos fı́sicos e matemáticos aplicaram essa 3.2. MECÂNICA NEWTONIANA 17 teoria ao movimento dos corpos na terra e também ao movimento dos corpos celestes, desenvolvendo assim o grande triunfo da teoria newtoniana: a Mecânica Celeste. Essa teoria se aplicou com bastante sucesso aos resultados experimentais até enfrentar problemas no final do século XIX e inı́cio do século XX. A mecânica de Newton pode ser entendida pelos seis princı́pios fundamentais (Figura 3.3 ). Figura 3.3: Princı́pios da Mecânica Newtoniana 3.2.1 Lei do Paralelogramo para Adição de Forças Estabelece que duas forças atuando numa partı́cula possam ser substituı́das por uma única força, chamada resultante, obtida traçando a diagonal do paralelogramo que tem por lados as duas forças dadas (Figura 3.4). Figura 3.4: Lei do Parelelogramo 18 3.3 CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A ESTÁTICA 1a Lei de Newton Se a resultante das forças que atuam numa partı́cula é nula, esta permanecerá em repouso (se estava inicialmente em repouso) ou mover-se-á com velocidade constante segundo uma linha reta (se estava inicialmente em movimento). 3.4 2a Lei de Newton Se a resultante que atua sobre um ponto material não é zero, este terá uma aceleração proporcional à intensidade da resultante e na direção desta, com o mesmo sentido, sendo sua equação descrita na forma simplificada pela Equação 3.1 . F = ma 3.5 (3.1) 3a Lei de Newton As forças de ação e reação entre corpos interagindo têm as mesmas intensidades, mesmas linhas de ação e sentidos opostos. 3.6 Princı́pio da Transmissibilidade Teorema 3.1 (Princı́pio da Transmissibilidade). Estabelece que as condições de equilı́brio ou de movimento de um corpo rı́gido não se alteram se substituirmos uma força atuando num ponto do corpo por outra força com a mesma intensidade, direção e sentido, mas atuando em um outro ponto do corpo, desde que ambas as forças possuam a mesma linha de ação (Figura 3.5). 3.7 Lei da Gravitação Universal Estabelece que dois pontos materiais de massas M e m são mutuamente atraı́das com forças iguais e opostas F e −F de intensidade F dada por (Eq. 3.2): F = Mm G r2 (3.2) 3.7. LEI DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL 19 Figura 3.5: Princı́pio da Transmissibilidade onde r é a distância que separa os corpos e G é a constante da gravitação universal. O Exemplo abaixo ilustra como funcionam alguns a aplicação dos princı́pios da mecânica newtoniana. Exemplo 3.1. Dado o pórtico abaixo identificar os princı́pios da mecânica de newton. Se as forças T = 2kN e a força P = 1, 5kN, qual será a resultante? No caso numérico acima o método gráfico ilustra claramente a direção da força resultante, entretanto para se achar a intensidade da mesma deve-se recorrer às equações clássicas da matemática vetorial: a lei dos senos e dos cossenos. 3.7.1 Lei dos Cossenos Dados dois vetores como indicado na Figura abaixo, a lei dos cossenos retornará a resultante desses vetores (Eq. 3.3). r = a2 + b2 + 2ab · cos(θ) (3.3) CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A ESTÁTICA 20 Para vetores com a posição ponta−cauda como mostrado na Figura abaixo, a lei dos cossenos se resume a Equação (3.5) r= a2 + b2 − 2ab · cos(θ) (3.4) 3.7. LEI DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL 3.7.2 21 Lei dos Senos Uma segunda lei muito importante para o estudo da estabilidade das construções está na chamada lei dos senos. A lei dos senos leva em consideração o lado de um vetor fechado em forma de triângulo e seu respectivo ângulo oposto. b c a = = sin(α) sin(β) sin(δ) (3.5) Exemplo 3.2. Encontrar a resultante dos vetores mostrados na figura abaixo e o ângulo que a resultante faz com o eixo horizontal. r = a2 + b2 + 2ab · cos(θ) CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A ESTÁTICA 22 22 + 1, 52 + 2 · 2 · 1, 5 · cos(120o) 3, 25 = 1, 803kN = = b c a = = sin(α) sin(β) sin(δ) R P = o sin(60 ) sin(x) P sin(x) = R · sin(60o ) 1, 5 sin(x) = 1, 803 · sin(60o ) sin(x) = 0, 7206 x = 46, 10o = 46, 10 − 30 = 16, 10o 3.8. ESTÁTICA 23 Exemplo 3.3. Calcule o a tração nos cabos da figura abaixo Fx = 0 Tab · cos(30o ) − Tac · cos(50o) = 0 Fy = 0 Tab · sin(30 ) + Tac · sin(50 ) = 750 o o 0, 866 · Tab − 0, 643 · Tac = 0 0, 5 · Tab + 0, 766 · Tac = 750 Tab = 486, 84N Tac = 657, 89N 3.8 Estática A estática é a parte da fı́sica que estuda sistemas sob a ação de forças que se equilibram. De acordo com a segunda lei de Newton, a aceleração destes sistemas é nula. F =0 (3.6) De acordo com a primeira lei de Newton, todas as partes de um sistema em equilı́brio também estão em equilı́brio. Este fato permite determinar as CAPÍTULO 3. INTRODUÇÃO A ESTÁTICA 24 forças internas de um corpo a partir do valor das forças externas. De uma forma simplificada, as estruturas são submetidas a diversos carregamentos combinados e para que se possa garantir que ela não se moverá, deve-se garantir que:o. • Primeiramente, que ela não translade, ou seja, o somatório de todas as forças tem que ser nulo; • Segundo, que ela não rotacione, ou seja, o somatório dos momentos aplicados a qualquer ponto da estrutura deverá ser nulo. Mais adiante descobriremos e falaremos mais sobre essas duas condições de equilı́brio estátic 3.9 Exercı́cios de Fixação 1. Defina estrutura? 2. Defina estrutura? 3. Qual a função das estruturas? 4. Os elementos estruturais são classificados de acordo com as suas dimensões; Classifique os elementos estruturais e cite exemplos para cada classificação. 5. De forma geral o que uma estrutura deve possuir? 6. Defina Cargas Permanentes e Cargas Acidentais; Dê exemplos. 7. Para execução de obras de engenharia, deve se optar por critérios de projetos, como: Equilı́brio, Estabilidade e Rigidez. Defina-os. 8. A mecânica de Newton pode ser entendida por seis princı́pios, quais? 9. O que você entende por estática? Capı́tulo 4 Estática dos Pontos Materiais 4.1 Introdução Em Mecânica, ponto material é uma abstração feita para representar qualquer objeto que em virtude do fenômeno tem dimensões desprezı́veis, ou seja, dimensões tais que não afetam o estudo do fenômeno. Por exemplo, no estudo dos movimentos planetas, dada a distância que separa esses corpos suas dimensões são desprezı́veis e eles podem ser considerados pontos materiais. Esse capı́tulo contempla o estudo do efeito de forças sobre pontos materiais. Um exemplo prático foi discutido e analisado no capitulo anterior sobre a ótica da ação de apenas duas forças. Em problemas de engenharia as ações sobre pontos materiais não são constituı́das de duas únicas forças e sim de uma combinação de forças. É fato que os corpos rı́gidos influenciam no sistema, entretanto para inı́cio de estudo devemos tratar os pontos materiais. O que devemos trabalhar é a substituição de duas ou mais forças por uma única força representativa chamada de força resultante. Os princı́pios da lei dos senos e cossenos são válidos para mais de uma força, porém demanda um trabalho razoável para sua utilização. Nesse sentido busca-se a utilização da decomposição de forças como uma alternativa rápida e de fácil entendimento para determinação da resultante de forças. 25 CAPÍTULO 4. ESTÁTICA DOS PONTOS MATERIAIS 26 4.2 Resultante de Forças sobre Ponto Material O Vetor Resultante independe de qual seqüência de vetores será tomada como base. Obedecendo ao sistema Ponta-a-cauda, o resultado sempre será o mesmo (Figura 4.1). Figura 4.1: Resultante dos vetores de forças Qualquer que seja a seqüência tomada, a direção do vetor resultante não se altera, esse sistema é denominado regra do polı́gono. 4.3 Componentes de uma Força Para sistemas de mais de dois vetores, a técnica de decomposição vetorial é importante para definição do vetor resultante. A decomposição parte do princı́pio que qualquer força pode ser decomposta em direções principais, em geral definidas pelo eixo cartesiano. Entretanto qualquer força pode ser decomposta em qualquer direção, para esse primeiro caso trabalharemos apenas com as direções principais. Uma força única pode ser substituı́da por duas ou mais forças que, juntas, geram o mesmo efeito sobre o corpo, essas forças são chamadas de componentes da força original, e o processo de substituição da original por ela é denominado decomposição dos componentes da força. Para cada força existe um número infinito de possı́veis conjuntos de componentes. Exemplo 4.1. Problema vetorial com três vetores. decompondo o vetor v na direção ortogonal tem−se: vx = v · cos(35o) vy = v · sen(35o ) 4.3. COMPONENTES DE UMA FORÇA 27 decompondo o vetor w na direção ortogonal tem−se: wx = w · cos(45o ) wy = w · sen(45o ) decompondo o vetor u na direção ortogonal tem−se: ux = w · cos(20o ) uy = w · sen(20o ) procedendo o somatório das forças nas duas direções principais. tem−se: Fx = vx − wx + ux Fx = v · cos(35o ) − w · cos(45o) + u · cos(20o ) Fx = 3, 5 · 0, 8192 − 4, 0 · 0, 7071 + 2, 0 · 0, 9397 Fx = 2, 8670 − 2, 8284 + 1, 8794 = 1,9180 na direção vertical Fy Fy Fy Fy temos: = vy + wy − uy = v · sin(35o ) + w · sin(45o ) − u · sin(20o ) = 3, 5 · 0, 5736 + 4, 0 · 0, 7071 − 2, 0 · 0, 3420 = 2, 0076 + 2, 8284 − 0, 6840 = 4,1520 Aplicando o teorema de Pitágoras para os vetores ortogoanis encontrados tem−se: R = Fx2 + Fy2 28 CAPÍTULO 4. ESTÁTICA DOS PONTOS MATERIAIS R R R R = = = = 1, 91802 + 4, 15202 3, 6787 + 17, 2391 20, 9178 4,5736 kN Para achar o ângulo da resultaante com a hrizontal: sin(α) = sin(α) = sin(α) = α = 4.4 Fy2 R 4, 1520 4, 5736 0, 9078 65, 20o Métodos de Análise de Forças Como vimos existem dois métodos básicos para análise da composição de forças, o primeiro é o método gráfico utilizando o processo vetor-ponta-cauda, onde pode-se encontrar a resultante de um sistema de várias forças. Procedimento semelhante pode ser observado com a aplicação da regra do paralelogramo, sendo um método com pouca precisão. O segundo método consiste na interpretação numérica das forças utilizando duas vertentes, a lei dos cossenos e senos ou decomposição de forças. 4.5 Exercı́cios de Estática de Ponto Material Problemas retirados do (Beer e Johnston Jr, 1991), com algumas adaptações. 4.5. EXERCÍCIOS DE ESTÁTICA DE PONTO MATERIAL 4.5.1 29 Fase 1: Aquecimento 1. As forças P e Q agem sobre um parafuso. Determinar sua resultante e o ângulo de inclinação da resultante com a horizontal. 4. Dada a estrutura de sustentação abaixo, sabendo que a tração no cabo AC é de 370N. Determine a componente horizontal e vertical da força exercida em C. 2. Dada a chapa parafusada abaixo, pede-se, a resultante das forças que agem na chapa e o ângulo de inclinação da mesma com a horizontal. 5. Uma estaca é arrancada do solo com o auxilio de duas cordas, como mostrado na figura ao lado. Com θ = 30o e determine o módulo da força P necessário para que a resultante na estaca seja vertical. 3. Quatro forças atuam no parafuso da figura abaixo. Determine a resultante das forças que agem no parafuso. 6. Calcule a resultante das forças mostrado no sistema abaixo. 7. Dado o parafuso da figura abaixo submetido a diversas forças, pergunta- 30 CAPÍTULO 4. ESTÁTICA DOS PONTOS MATERIAIS horizontais e verticais e a resultante da força exercida pela corda. se: Qual a resultante das forças e o ângulo que a resultante faz com o eixo Y. 9. A figura representa uma barra homogênea de peso igual a 200N, articulada em P e mantida em equilı́brio por meio do fio ideal AB.O corpo pendurado na extremidade A da barra tem peso de 100N. Determine a intensidade da força de tensão no fio AB. 4.5.2 8. Um homem puxa com a força de 300N uma corda amarrada a um edifı́cio, como mostra a figura. Quais são as componentes Fase 2: Aprofundamento 1. Determine a tração nos fios ideais AB e BC, sabendo-se que o sistema está e equilı́brio na posição 4.5. EXERCÍCIOS DE ESTÁTICA DE PONTO MATERIAL 31 indicada. Dados: sen(θ) = 0, 6; cos(θ) = 0, 8; P = 90N de comprimento “L“, quando o equilibrista chega a um terço do percurso, o mesmo causa um deslo2. Para o sistema da figura, em equilı́brio, camento vertical na corda “y“. Qual a tensão na corda nesse qual a relação entre o peso PA ponto. e PB dos corpos A e B? Os fios e a polia são ideais. 4.5.4 Fase 4: Caiu na Prova 1. [2008] As três forças da figura abaixo agem na cabeça de um parafuso. Determinar sua resultante e o ângulo de inclinação da resultante com a horizontal. Para das duas configurações ao lado. 3. Dado um corpo arbitrário com massa 12kg concentrada em um ponto P ligado a outro de massa 10kg concentrada em um ponto Q ligado por um fio ideal que atravessa uma polia ideal, assim como na figura abaixo. Qual deve ser o coeficiente de atrito para que este sistema esteja em equilı́brio? Fase 3: Desafio 2. [2008] Dado o sistema abaixo sob ação de duas forças pede-se, encontrar a resultante das forças e o ângulo de inclinação da mesma com a horizontal. 1. Um equilibrista de peso “P“, está andando sobre uma corda bamba 3. [2010] Qual o ângulo theta para que a resultante das duas forças 4.5.3 CAPÍTULO 4. ESTÁTICA DOS PONTOS MATERIAIS 32 Respostas, Fase 2: Aprofundamento 1. R = 2. R = tg(60o ) 3. R = 0, 83 Respostas, Fase 3: Desafio tenha intensidade de 1500N? Nes- 1. 2P L 9y sas condições qual o ângulo que a resultante faz com a horizonRespostas, Fase 4: Caiu na Prova tal? 1. R = 2. R = 3. R = Respostas, Fase 1: Aquecimento 1. R = 98N, θ = 35o 2. R = 5, 84kN 3. R = 199, 6N, = 4, 11o 4. 261Ne − 168N 5. 101N 6. 1, 28N 7. 65, 23kN 8. Rx : 240N, Ry : 180N 9. T : 424, 26N Capı́tulo 5 Estática de Corpos Rı́gidos 5.1 Introdução O corpo rı́gido é um corpo ideal, resultante da combinação de um número finitos de partı́culas ocupando posições fixas no espaço. Como dito no capı́tulo anterior a estática de pontos materiais considera o corpo como sendo apenas um ponto, desprezando sua massa e a relação de atuação da força no mesmo. Na estática de ponto material, todas as forças atuam em um mesmo ponto, fato que não acontece comumente na prática da engenharia. Em contrapartida tem-se como válvula de escape o estudo da estática de corpos rı́gidos, onde se considera cada corpo como uma composição de pontos materiais, sendo assim, deve-se a partir desse momento levar em consideração o tamanho, o peso, a geometria, dentre outros fatores. Os corpos rı́gidos são tratados dentro da mecânica clássica como sendo corpos indeformáveis, entretanto sabemos que todos os corpos quando sujeitos a carregamentos deformam. Os problemas de deformação de corpos rı́gidos são estudados pela ciência denominada Resistência dos Materiais, e não será alvo de estudo dentro do curso técnico em edificações. 33 CAPÍTULO 5. ESTÁTICA DE CORPOS RÍGIDOS 34 5.2 O que se Estuda na Estática de Corpos Rı́gidos? Da mesma forma que no capı́tulo anterior, a estática de uma forma geral estuda a ação de força sobre os corpos, sendo que na estática de corpo rı́gido não se tem a restrição de um ponto de aplicação de força e sim a força pode atuar em qualquer ponto da geometria do corpo. Os efeitos das forças não pontuais em um corpo pode ser entendido a analisado por 3 parâmetros: • Sistema equivalente de força−binários • Momento de uma força em relação a um ponto • Forças externas e forças internas. Tomemos como exemplo o caminhão nas condições de carregamento abaixo: Exemplo 5.1. Aplicação das leis de Newton na estática de corpos rı́gidos. No problema acima tem um caminhão sendo rebocado por uma corda, sendo assim podemos destacar as forças atuantes no sistema como sendo: Destacando o peso próprio por “P“, as reações do solo nas rodas como sendo “R1“ e “R2“ e a força que reboca o caminhão por “F“. O Princı́pio da transmissibilidade pode ser usado livremente para o cálculo de forças externas e determinação da condição de equilı́brio ou movimento de um corpo rı́gido, entretanto deve ser evitado para o cálculo das forças internas (Fig. 5.1). Quando se fala de forças externas não existem problemas quanto ao uso 5.3. MOMENTO DE UMA FORÇA EM RELAÇÃO A UM PONTO 35 Figura 5.1: Princı́pio da Transmissibilidade para Corpos Rı́gidos Figura 5.2: Restrição do princı́pio transmissibilidade para corpos rı́gidos. do princı́pio enunciado por Newton, entretanto, analisando a aplicação do princı́pio da transmissibilidade na Figura (5.2), abaixo. No sistema descrito na Figura (5.2), em ambas as situações a resultante externa será sempre nula, ou seja, o deslocamento da força “P1“, não influenciou no sistema de equações externas, entretanto para forças internas os dois sistemas estudados são completamente diferentes No primeiro o corpo está tracionado e no segundo o corpo está comprimido. O estudo de forças internas se dará nos próximos capı́tulos. 5.3 Momento de uma Força em Relação a um Ponto Definição 8. Momento é a tendência que uma força, atuando sobre um corpo que tenha a possibilidade de girá-lo em torno de um ponto fixo. O momento depende somente da intensidade da força e do seu braço de alavanca. No caso de ponto material, basta garantir que o corpo não translade, estará garantido que o corpo estará em equilı́brio. No caso de uma barra 36 CAPÍTULO 5. ESTÁTICA DE CORPOS RÍGIDOS ou uma ponte (corpos extensos) teremos que garantir que o corpo não rotacione também. A grandeza fı́sica que relaciona força e rotação num ponto é chamada de momento ou torque. Obtém-se o momento de uma força em relação a um ponto multiplicando-se a intensidade da força pela distância do ponto à linha de ação da força (Fig. 5.3). O momento depende somente da intensidade da força e do seu braço Figura 5.3: Momento de uma força em relação a um ponto. de alavanca (Eq. 5.1). M =F ·r (5.1) Retomando o exemplo 4, anterior: Qual o momento das forças em relação ao ponto A: Tem-se que definir a convenção do sinal do momento. Em geral utiliza-se a regra da mão direita. Como mostrado abaixo, os momento são calculados multiplicando as forças pelo seu respectivo braço de alavanca até o ponto escolhido, lembrando que forças verticais o braço de alavanca será horizontal e forças horizontais terão braço de alavanca vertical. Mf = F · h 5.4. EXERCÍCIOS DE ESTÁTICA DE CORPO RÍGIDO 37 Mp = P · L Mr 2 = R2 · x MR 1 = R1 · 0 Exemplo 5.2. Problema numérico: estática de corpos rı́gidos. Suponha que o corpo estejam em equilibrio, sob a ação das forças ilustradas na figura acima: Qual será o valor das resultantes H1, R1 e R2? Nessa situação pode-se aplicar o princı́pio da estáticas onde diz que para o corpo em equilı́brio todas as forças que agem nas direções principais, bem como as rotações devem ser nula, sendo assim tem-se: Fx = 0 −F + H1 = 0 H1 = 5kN Fy = 0 R1 + R2 − P = 0 R1 + R2 = 10 M =0 F · 0, 2 − P · 2 + R2 · 3 − H1 · 0, 5 = 0 5 · 0, 2 − 10 · 2 + R2 · 3 − 5 · 0, 5 = 0 R2 = 7, 16kN R1 + R2 = 10kN R1 + 7, 16 = 10kN R1 = 2, 84kN 5.4 Exercı́cios de Estática de Corpo Rı́gido Problemas retirados do (Beer e Johnston Jr, 1991), com algumas adaptações. CAPÍTULO 5. ESTÁTICA DE CORPOS RÍGIDOS 38 5.4.1 Fase 1: Aquecimento 1. Calcular o momento no ponto A. 2. Calcular o momento no ponto A. 5. A força inclinada atua em um pórtico, como mostrado na figura ao lado. Calcular o momento no ponto A. 3. Dada à viga sujeita a ação de forças abaixo, pede-se. Calcular o momento no ponto A. 5.4.2 Fase 2: Aprofundamento 1. Dada a figura de uma retro escavadeira abaixo, pede-se calcular o momento das forças atuantes na retro-escavadeira no ponto A (Figura 5.4). 4. Calcular o momento no ponto A, do pórtico abaixo. 2. Encontrar o momento no ponto A da figura abaixo. 5.4. EXERCÍCIOS DE ESTÁTICA DE CORPO RÍGIDO 3. Uma barra homogenia AB de peso P=10N e comprimento L=50 cm esta apoiada num corpo de peso Q1=50N. A que distância x de B deve ser colocada um corpo de peso Q2=10N para que a barra fique em equilı́brio na horizontal? O peso Q1 está distante de O, 5cm. 39 CAPÍTULO 5. ESTÁTICA DE CORPOS RÍGIDOS 40 Figura 5.4: Prob. 1 - Fase Aprofundamento Respostas, Fase 1: Aquecimento 1. R = 2. MA = 31, 25kNm 3. MA = 9, 75kNm 4. R = 5. R = 6. R = Respostas, Fase 2: Aprofundamento 1. R = 2. R = 3. R = Respostas, Fase 3: Desafio Respostas, Fase 4: Caiu na Prova Capı́tulo 6 Carregamentos Distribuı́dos 6.1 Cargas Pontuais e Carregamentos Distribuı́dos As cargas atuantes nas estruturas são definidas em dois tipos, concentrada, ou seja, aplicada em um único ponto, esse tipo de carga pode ser uma força ou uma rotação (carga momento) ou distribuı́da, composta por um número infinito de forças concentradas ou rotações. Suponha a viga mostrada na Figura (6.1), onde tem-se uma segunda viga apoiada na mesma. Ao lado encontra-se o modelo de cálculo desse estrutura, onde substitui-se o peso da viga apoiada por uma carga concentrada no eixo de apoio da viga. Lembra-se que nesse modelo não se contabilizou o peso da viga principal bi-apoiada. Figura 6.1: Exemplo de um Modelo de Cálculo de uma Carga Concentrada. 41 42 CAPÍTULO 6. CARREGAMENTOS DISTRIBUÍDOS Suponha agora a estrutura mostrada na Figura (6.2), onde além de uma viga apoiada, a estrutura serve de suporte para uma parede. Nesse caso, uma carga apoiada não se adéqua para o modelo de cálculo do sistema, e sim uma série de cargas representativas. Figura 6.2: Exemplo de um Modelo de Cálculo de uma Carga Distribuı́da Sabemos manipular vetores, as operações básicas e decomposição vetorial, a pergunta é: como trabalharemos com um número infinito de vetores, como mostrado na Figura (6.2)? É muito simples, iremos converter essas cargas distribuı́das em um único vetor representativo aplicado no centro de gravidade do carregamento. Definição 9. Centro de Gravidade: é um ponto em torno do qual o peso do corpo está igualmente distribuı́do em todas as direções. O centro de gravidade de um corpo coincide com seu centro de massa quando a aceleração da gravidade tiver o mesmo valor em toda extensão do corpo. Isso significa que corpos com dimensão pequena comparada à Terra, como têm o mesmo valor de aceleração da gravidade para todas as diferentes partes do corpo, seu centro de gravidade coincide com seu centro de massa. Definição 10. Centro de Massa: um corpo extenso ou de um sistema de partı́culas é uma idealização utilizada em Fı́sica para reduzir o problema da ação de forças externas sobre este corpo ou sistema de partı́culas. A idéia é tentar reduzi-los a uma partı́cula de massa igual à massa total do corpo 6.1. CARGAS PONTUAIS E CARREGAMENTOS DISTRIBUÍDOS 43 extenso ou do sistema de partı́culas, posicionada justamente no centro de massa. Abaixo encontram-se com os principais centros de gravidades a serem utilizados no nosso curso. 6.1.1 Retângulo Um retângulo é um paralelogramo cujos lados formam ângulos retos entre si e que, por isso, possui dois pares de lados de mesma medida. Para figura Figura 6.3: Centro de Gravidade de um Retângulo geométrica retângulo Figura (6.3) o centro de gravidade, onde o corpo se equilibrará estará nas coordenadas xg e yg : b h xg = , yg = 2 2 6.1.2 (6.1) Quadrado Um quadrado é um quadrilátero (polı́gono de 4 lados)com tamanhos iguais. Para figura geométrica quadrado Figura (6.4) o centro de gravidade, onde o corpo se equilibrará estará nas coordenadas xg e yg : xg = 6.1.3 L L , yg = 2 2 (6.2) Triângulo Um triângulo é a figura geométrica que ocupa o espaço interno limitado por três linhas retas que concorrem, duas a duas, em três pontos diferentes 44 CAPÍTULO 6. CARREGAMENTOS DISTRIBUÍDOS Figura 6.4: Centro de Gravidade de um Quadrado Figura 6.5: Centro de Gravidade de um Triângulo formando três lados e três ângulos internos que somam 180◦ . Para figura geométrica triângulo Figura (6.5) o centro de gravidade, onde o corpo se equilibrará estará nas coordenadas xg e yg : b 2h xg = , yg = 3 3 (6.3) Exemplo 6.1. Problema de Conversão de Carga Distribuı́da em Concentrada. Como o carregamento é um retângulo de base 5m e altura 15N/m, podemos calcular o centro de gravidade da figura. Nota-se que só precisa calcular o eixo X. 5 b xg = = = 2, 5m 2 2 Convertendo em força 6.1. CARGAS PONTUAIS E CARREGAMENTOS DISTRIBUÍDOS 45 F = 15N/m · 5m = 75N Exemplo 6.2. Problema de Conversão de Carga Distribuı́da em Concentrada. No caso abaixo tem-se dois problemas distintos, onde pode-se dividir a figura em duas, sendo um retângulo e um triângulo, e a partir dai começar a trabalhar 1o passo: Achar o centro de gravidade para o retângulo de base 9m e altura 10N/m 9 b xg = = = 4, 5m 2 2 Convertendo em força v2 = 10N/m · 9m = 90N 2o passo: Achar o centro de gravidade para o triângulo de base 9m e altura 15N/m, (25N/m - 10N/m) 46 CAPÍTULO 6. CARREGAMENTOS DISTRIBUÍDOS xg = Convertendo em força v1 = 1·9 1b = = 3, 0m 3 3 15N/m · 9m = 67, 5N 2 Por fim tem-se os carregamentos distribuı́dos convertidos em cargas pon- tuais, como mostrado na figura abaixo. Sempre que houver figuras não conhecidas, as mesmas podem ser subdivididas em figuras conhecidas como, retângulos, triângulos, quadrados etc. Quando não é possı́vel utilizar essa técnica, a mecânica disponibiliza outros métodos para encontrar o centro de gravidade de figuras complexas, o que não é o objetivo principal dessa apostila. 6.2 Exercı́cios de Cargas Pontuais e Carregamentos Distribuı́dos 6.2. EXERCÍCIOS DE CARGAS PONTUAIS E CARREGAMENTOS DISTRIBUÍDOS47 6.2.1 Fase 2: Aprofundamento 1. Dado o pórtico engastado abaixo, submetido a carregamentos distribuı́dos como mostrado na figura, pede-se: mostre que o momento no ponto A (Engaste) é dado pela equação (Considerando rotação horária positiva): MA = L2 · [4Q − 3q] 8 Capı́tulo 7 Tipos de Estruturas de Apoio 7.1 Introdução As estruturas de engenharia podem ser classificadas em relação aos graus de liberdade em que ela está executada. Quanto mais rı́gida for a estrutura maior será o impedimento ao movimento. Em engenharia existem seis graus Figura 7.1: Classificação das estruturas segundo os graus de liberdade. de liberdade, sendo três translações, nas direções X, Y e Z, e três rotações, nas direções RX, RY e RZ. A Figura (7.1) mostra os tipos de estruturas segundo os graus de liberdade impedidos, são elas: 48 7.1. INTRODUÇÃO 49 Definição 11. Hipostática: onde as equações da estática, são superiores aos números de incógnita do problema, as caracterı́sticas desse tipo de estrutura é a instabilidade constante: ex, balanço, gangorra etc. Figura 7.2: Exemplo de Estrutura Hipostática. Definição 12. Isostática: as estruturas isostáticas, o número de equações é exatamente igual ao número de incógnitas. Esse tipo de estrutura é bastante utilizado na engenharia, e será bastante utilizada no nosso curso. Figura 7.3: Exemplo de Estrutura Isostática. Definição 13. Hiperestática: as estruturas hiperestáticas, o número de equações é menor que o número de incógnitas, nesse caso não se consegue resolver o problema apenas com as equações clássicas da estática, necessitando do uso de outras equações. No curso técnico, não trabalharemos com estruturas hiperestáticas, apenas com estruturas isostáticas. 50 CAPÍTULO 7. TIPOS DE ESTRUTURAS DE APOIO Figura 7.4: Exemplo de Estrutura Hiperestática. 7.2 Reações de Apoio As reações de apoio, são os graus de liberdade travados do sistema, como dito anteriormente uma estrutura isostática possuı́, 3 reações de apoio, uma estrutura hiperestática mais de 3 e uma estrutura hipostática menos de 3. A Figura (7.5), mostra a simbologia, o tipo e as reações a serem travadas. Em relação ao tipo, as reações podem ser classificadas como do primeiro, segundo e terceiro gêneros. Figura 7.5: Nomenclatura das Estruturas de Apoio. Exemplo 7.1. Calcular as reações de apoio para estrutura da figura abaixo. 7.2. REAÇÕES DE APOIO 51 Como observado na figura o lado esquerdo possui um apoio do primeiro gênero enquanto o apoio esquerdo é um apoio do segundo gênero. Fx = 0 Rxa = 0 Fy = 0 Rya + Ryb − 15 · 5 = 0 Rya + Ryb = 75 Ma = 0 5 = 0 2 Ryb = 37, 5N −Ryb · 5 + 75 · Rya + Ryb = 75 Rya + 37, 5 = 75 Rya = 37, 5N CAPÍTULO 7. TIPOS DE ESTRUTURAS DE APOIO 52 7.3 7.3.1 Exercı́cios de Reações de Apoio Fase 1: Aquecimento 1. Dada a treliça abaixo, sujeta a duas força concentradas, pede-se para calcular as reações de apoio. 2. Para a viga bi-apoiada abaixo, encontrar as reações de apoio. 3. Calcular as reações de apoio para estrutura abaixo (Figura 7.6). 4. Calcular as reações de apoio para estrutura abaixo (Figura 7.7). 5. Calcular as reações de apoio do pórtico abaixo (Figura 7.8). 7.3. EXERCÍCIOS DE REAÇÕES DE APOIO Figura 7.6: Problema 03 - Fase Aquecimento Figura 7.7: Problema 04 - Fase Aquecimento Figura 7.8: Problema 05 - Fase Aquecimento 7.3.2 Fase 2: Aprofundamento Calcular as Reações de Apoio da Viga Abaixo. 53 54 CAPÍTULO 7. TIPOS DE ESTRUTURAS DE APOIO Figura 7.9: Problema 01 - Fase Aprofundamento Figura 7.10: Problema 02 - Fase Aprofundamento Figura 7.11: Problema 03 - Fase Aprofundamento 7.3. EXERCÍCIOS DE REAÇÕES DE APOIO Figura 7.12: Problema 04 - Fase Aprofundamento Figura 7.13: Problema 05 - Fase Aprofundamento 55 CAPÍTULO 7. TIPOS DE ESTRUTURAS DE APOIO 56 Respostas, Fase 1: Aquecimento 1. Va = 78kN, Vb = 66kN, Ha = 18kN Respostas, Fase 2: Aprofundamento Prob. 1: Va = Vb = 27, 5kN, Ha = 25, 98kN Prob. 2: Va = −5kN, Vb = 95kN, Ha = 0kN Prob. 3: Va = 0, 59kN, Vb = 51, 05kN, Hb = −14kN Prob. 4: Va = 57, 4kN, Vb = 55, 1kN, Ha = 0kN Prob. 5: Va = −8, 75kN, Vb = 8, 75kN, Ha = 0kN Respostas, Fase 3: Desafio Respostas, Fase 4: Caiu na Prova Capı́tulo 8 Esforços Internos Solicitantes 8.1 Introdução Dado um corpo rı́gido sujeito a carregamentos combinados, as forças externas são convertidas em ações a exemplos: compressão, tração, cisalhamento, flexão dentre outras. Figura 8.1: Exemplo de Estrutura de Corpo Rı́gido Submetido a Carregamentos Combinados Ao tentar romper uma estrutura, existem forças contrárias, já descritas pela 3a lei de Newton, Para estrutura está em equilı́brio as forças internas também deverão obrigatoriamente está em equilı́brio. Os esforços internos encontrados nas estruturas, são caracterizados por ligações internas de tensões, ao longo de uma seção transversal. 57 58 CAPÍTULO 8. ESFORÇOS INTERNOS SOLICITANTES Figura 8.2: Forças Internas no Corpo Rı́gido 8.2 Equações Diferenciais de Equilı́brio* O primeiro passo do estudo é determinar os esforços internos solicitantes nas seções (S1 ) e (S2 ), da viga que encontra-se na Figura (8.3). Figura 8.3: Viga Submetida a Carregamentos Combinaods Figura 8.4: Viga Seccionada, Explicitando as Força Internas 8.2. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE EQUILÍBRIO* 59 para seção localizada em (S1 ), temos: 3pL 4 3qL Q = 4 −9qL2 M = 32 N = para seção localizada em (S2 ), temos: 1pL 2 1qL Q = 2 −1qL2 M = 8 N = Conclui-se que, os esforços internos solicitantes variam ao longo do elemento estrutural e que os esforços internos solicitantes são funções de parâmetros das ações externas e de parâmetros geométricos. Exemplo 8.1. Expressar matematicamente a lei de variação dos esforços internos solicitantes ao longo do elemento estrutural, [Problema retirado das notas de aula do prof. Eduardo Nobre] Construindo o diagrama de corpo livre de um pequeno segmento de comprimento Δs, a partir da seção referenciada pela coordenada s, e estabelecendo as equações de equilı́brio, tem-se: Procedendo o somatório das 60 CAPÍTULO 8. ESFORÇOS INTERNOS SOLICITANTES equações de equilı́brio da estática temos: Flongitudinal = 0 (N(s) + ΔN) − N(s) + p(s) · Δs ΔN(s) ΔN(s) Δs ΔN(s) lim Δs→0 Δ(s) = 0 = −p(s) · Δs = −p(s) = dN(s) = −p(s) ds Utilizando o mesmo raciocı́nio para direção transversal, temos: Ftransversal = 0 −(Q(s) + ΔQ) + Q(s) − q(s) · Δs −ΔQ(s) ΔQ(s) Δs ΔQ(s) lim Δs→0 Δs = 0 = q(s) · Δs = −q(s) = dQ(s) = −q(s) ds por fim calculando o momento em (s + Δs), com rotação positiva antihorária, temos: Ms+Δs = 0 Δs + m(s)Δs = 0 2 Δs2 + m(s)Δs = 0 −Q(s)Δs + ΔM + q(s) 2 −Q(s)Δs − M(s) + (M(s) + ΔM) + q(s)Δs 8.3. DIAGRAMA DE ESFORÇOS INTERNOS SOLICITANTES 61 Δs2 − m(s)Δs 2 ΔM(s) Δs = Q(s) − q(s) − m(s) Δs 2 dM(s) ΔM(s) = = Q(s) − m(s) lim Δs→0 Δs ds ΔM(s) = Q(s)Δs − q(s) Desta feita, tem-se as equações diferenciais de equilı́brio: dN(s) = −p(s) ds dQ(s) = −q(s) ds dM(s) = Q(s) − m(s) ds (8.1) (8.2) (8.3) Das equações acima deduzidas pode-se concluir que as funções que descrevem os esforços normal e cortante apresentam complexidades com uma ordem a mais que as funções que descrevem as forças distribuı́das longitudinal e transversal, respectivamente. A função que descreve o momento fletor apresenta complexidade com duas ordens a mais que a função que descreve a força distribuı́da transversal combinada com uma ordem a mais que a função que descreve o momento distribuı́do. Notar que a equação diferencial de equilı́brio referente ao esforço normal é totalmente desacoplada das duas outras equações diferenciais. 8.3 Diagrama de Esforços Internos Solicitantes Sabemos da seção anterior que os esforços internos exitem e que na maioria das vezes, variam de acordo com a distância onde se calcula. Disnte deste fato tomemos como exemplo inicial uma viga de carregamento disbuı́do e analizaremos todos os esforços nela embutida. Exemplo 8.2. Problema de Análise de Esforços Primeiramente procede-se um corte da estrutura em uma seção imaginária s. A distância do apoio do primeiro gêneto para o corte denominaremos de x. 62 CAPÍTULO 8. ESFORÇOS INTERNOS SOLICITANTES As reações de apoio da estrutura deve ser préviamente calculada uma vez que essas são icógnitas iniciais do problema. Assim tem-se Rax = 0, Ray = 37, 5, Rby = 37, 5 como calculado anteriormente. Se tomarmos como referência a figura 8.3, e analisarmos as forças pertinentes a uma viga com carregamento distribuı́do apenas temos como resultado do euquilı́brio na direção x: Fx = 0 Rax + N = 0 N = −Rax N = 0 Na direção vertical temos: Fy = 0 Ray − Q − 15 · x = 0 Q = 37, 5 − 15 · x 8.3. DIAGRAMA DE ESFORÇOS INTERNOS SOLICITANTES 63 Calculando os momento considerando rotação positiva o sentido horário temos: Ms = 0 x −M + Ray · x − 15 · x · = 0 2 M = 37, 5x − 7, 5x2 De posse das equaçoes que representam os esforços internos na estrutura podemos desenhar os respectivos diagramas. Para construção dos diagramas toma-se cinco pontos distintos na estrutrura, verificando os esforços nas respectivas funções acima encontradas. Para o esforço normal na viaga temos: N(x) = 0 sendo assim para qualquer valor de x tomado na função normal o resultado será nulo. Abaixo tem-se o diagrama de esforço normal. Figura 8.5: Diagrama de Esforço Normal Para o esforço cortante temos: Q(x) Q(0) Q(1, 25) Q(2, 5) Q(3, 75) Q(5) = = = = = = 37, 5 − 15 · x 37, 5 − 15 · 0 = 37, 5 37, 5 − 15 · 1, 25 = 18, 7 37, 5 − 15 · 2, 5 = 0 37, 5 − 15 · 3, 75 = −18, 7 37, 5 − 15 · 5 = −37, 5 O resultado do diagrama pode ser observado na figura (8.6). Para o cálculo do diagrama de momento fletor procede-se de forma semelhante ao anterior. M(x) M(0) M(1, 25) M(2, 5) M(3, 75) M(5) = = = = = = 37, 5 · x − 7, 5 · x2 37, 5 · 0 − 7, 5 · 02 = 0 37, 5 · 1, 25 − 7, 5 · 1, 252 = 32, 5 37, 5 · 2, 5 − 7, 5 · 2, 52 = 46, 9 37, 5 · 3, 75 − 7, 5 · 3, 752 = 32, 5 37, 5 · 5 − 7, 5 · 52 = 0 CAPÍTULO 8. ESFORÇOS INTERNOS SOLICITANTES 64 Figura 8.6: Diagrama de Esforço Cortante Figura 8.7: Diagrama de Momento Fletor Algumas regras deve ser respeitada quando se deseja calcular os esforços internos de uma estrutura. Aqui em especial o exemplo nos trouxe uma estrutura contı́nua com apenas um carregamento distribuı́do, desta feita precisou-se fazer apenas um corte na estrutura para analisa-la, porém existem casos em são necessários mais de um corte para poder solucionar o problema, para as exceções destaca-se: 1. Carga Concentradas; 2. Carga Momento; 3. Mudança de geormetria da seção transversal; 8.4 8.4.1 Exercı́cios EIS - Esforços Internos Solicitantes Fase 1: Aquecimento 1. Dada a viga abaixo, pede-se calcular os diagramas de esforços internos soliciatntes. 8.4. EXERCÍCIOS EIS - ESFORÇOS INTERNOS SOLICITANTES 65 2. Dada a viga abaixo, pede-se calcular os diagramas de esforços internos soliciatntes. 8.4.2 Fase 4: Caiu na Prova 1. [2009] Dada a viga abaixo, pede-se calcular os diagramas de esforços internos soliciatntes. Respostas, Fase 1: Aquecimento 1. Prob.01 Diagramas - Esforço Normal, Esforço Cortante e Momento Fletor CAPÍTULO 8. ESFORÇOS INTERNOS SOLICITANTES 66 2. Prob.02 Diagramas - Esforço Normal, Esforço Cortante e Momento Fletor 8.4. EXERCÍCIOS EIS - ESFORÇOS INTERNOS SOLICITANTES 67 Capı́tulo 9 Treliças 9.1 Introdução Treliças, são elementos estruturais contituı́dos por elementos lineares (barras) e nós (articulações), desta feita, as ações atuantes nos elementos consiste de forças normais (tração ou compressão). As treliças podem ser divididas em dois grupos distintos: 1. Treliças Planas: Quando todos os elementos estejam em um único plano; 2. Treliças Espaciais: Quando existem elementos em diversos planos no espaço. 68 Referências Bibliográficas [1] Beer, F. P., and Johnston Jr, E. R. (1991). Mecânica Vetorial para Engenheiros. São Paulo: Makron Books. [2] Arruda, J. R. (2001). Introdução Histórica à Mecânica dos Sólidos. Campinas, São Paulo, Brasil. [3] Hallyday, D. and Resnick, J.W(2009). Fundamentals of Physics, New York, USA. 69 Capı́tulo 10 Exercı́cios Resolvidos 10.1 Estática de Ponto Material 70 10.1. ESTÁTICA DE PONTO MATERIAL 10.1.1 Fase 1: Aquecimento 1. As forças P e Q agem sobre um parafuso. Determinar sua resultante e o ângulo de inclinação da resultante com a horizontal. Primeiro passo decompor todas 71 Rx = 80, 043 Ry = Ry Fy = Qy + Py = 42, 4264 + 13, 681 = 56, 1074 R2 = Ry2 + Rx2 R2 = 80, 0432 + 56, 10742 R = 9.554, 9862 R = 97, 7496N Achando agora o ângulo de inclinação da resultante com a horizontal: as forças inclinadas nas direções principais x e y Qx Qx Qx Qy Qy Qy Px Px Px Py Py Py = = = = = = Q · cos(45o ) 60 · cos(45o ) 42, 4264 Q · sen(45o ) 60 · sen(45o ) 42, 426 = = = = = = P · cos(20 ) 40 · cos(20o ) 37, 587 40 · sen(20o ) 40 · sen(20o ) 13, 681 Rx = o Fx = Qx + Px = 42, 4264 + 37, 587 tg(θ) = tg(θ) = tg(θ) = tg −1 = θ = Ry Rx 56, 1074 80, 043 0, 7010 35, 03o 35, 03o 2. Dada a chapa parafusada abaixo, pede-se, a resultante das forças que agem na chapa e o ângulo de inclinação da mesma com a horizontal. Aplicando a lei dos cossenos para achar a resultante das forças entre os dois vetores: R = 52 + 3, 52 + 2 · 5 · 3 · cos(95o ) 25 + 12, 5 − 3, 0505 = = 5, 848kN CAPÍTULO 10. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 72 F3x = 129, 903N F3y = F3 · sen(30o ) = 150 · sen(30o ) F3y = 75, 0N 3. Quatro forças atuam no parafuso da figura abaixo. Determine a resultante das forças que agem no parafuso. F4x = = F4x = F4y = = F4y = Rx = Rx Fx = F3x + F4x − F2x = 129, 903 + 96, 592 − 27, 361 = 199, 13N Ry = Ry F4 · cos(15o) 100 · cos(15o) 96, 592N F4 · sen(15o ) 100 · sen(15o ) 25, 882N Fy = F2y + F3y − F4y − F1y = 75, 175 + 75 − 25, 88 − 110 = 14, 295N R2 = Ry2 + Rx2 F1y = 110N F2x = = F2x = F2y = = F2y = F2 · sen(20o ) 80 · sen(20o ) 27, 361N F2 · cos(20o ) 80 · cos(20o ) 75, 175N F3x = F3 · cos(30o ) = 150 · cos(30o ) R2 = 14, 2952 + 199, 132 R = 38.858, 697 R = 199, 646N Achando agora o ângulo de inclinação da resultante com a horizontal: Ry Rx 14, 295 tg(θ) = 199, 13 tg(θ) = 0, 07018 tg(θ) = 10.1. ESTÁTICA DE PONTO MATERIAL 73 tg −1 = 4, 10o θ = 4, 10o 4. Dada a estrutura de sustentação abaixo, sabendo que a tração no cabo AC é de 370N. Determine a componente horizontal e vertical da força exercida em C. 7. Dado o parafuso da figura abaixo submetido a diversas forças, perguntase: Qual a resultante das forças e o ângulo que a resultante faz com o eixo Y. 5. Uma estaca é arrancada do solo com o auxilio de duas cordas, como mostrado na figura ao lado. Com θ = 30o e determine o módulo da força P necessário para que a resultante na estaca seja vertical. 8. Um homem puxa com a força de 300N uma corda amarrada a um edifı́cio, como mostra a figura. Quais são as componentes horizontais e verticais e a resultante da força exercida pela corda. 6. Calcule a resultante das forças mostrado no sistema abaixo. 9. A figura representa uma barra homogênea de peso igual a 200N, articulada em P e mantida em equilı́brio por meio do fio ideal CAPÍTULO 10. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 74 10.1.4 Fase 4: Caiu na Prova 1. [2008] As três forças da figura abaixo agem na cabeça de um parafuso. Determinar sua resultante e o ângulo de inclinação da resultante com a horizontal. Para das duas configurações ao lado. AB.O corpo pendurado na extremidade A da barra tem peso de 100N. Determine a intensidade da força de tensão no fio AB. 2. [2008] Dado o sistema abaixo sob ação de duas forças pede-se, encontrar a resultante das forças e o ângulo de inclinação da mesma com a horizontal. 10.1.2 Fase 2: Aprofundamento 10.1.3 Fase 3: Desafio 1. Um equilibrista de peso “P“, está andando sobre uma corda bamba de comprimento “L“, quando o equilibrista chega a um terço do percurso, o mesmo causa um deslocamento vertical na corda “y“. Qual a tensão na corda nesse ponto.