5 DE SETEMBRO/2012 Dilma precisa de Lula para negociar com grevistas, dizem analistas Policiais federais e funcionários do instituto nacional de colonização e reforma agrária (INCRA) foram as únicas classes de servidores públicos que continuaram em greve mesmo após o fim das negociações com o governo federal. Eles alegam que a proposta apresentada pelo executivo não atende às reivindicações das duas categorias e, por isso, não aceitaram o reajuste de 15,8% e seguem pedindo reestruturação das carreiras e dos salários. Para analistas, os grevistas encontram dificuldades de diálogo com a presidente Dilma Rousseff. "Sem o lula, essas categorias estão se sentido mais órfãs. Dilma não é o lula, não vem de experiência com movimentos sindicais e está sendo obrigada a fazer papel de antipática ao dizer 'não', porque não há alternativa", diz o analista político Paulo Kramer, professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UNB). Para ele, a presidente precisará da ajuda de seu antecessor para mediar essas negociações. "parece que, com uma participação mais efetiva do ex-presidente lula, os resultados poderiam ser melhores", afirma. Na opinião da cientista política Elizabeth Balbachevsky, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), "a presidente Dilma tem algumas características que a tornam mais difícil de ser palatável para os movimentos". "ela também está enfrentando uma situação econômica mais complicada, que é sim uma herança maldita do governo lula", afirma. "o governo federal não tem como ceder às exigências, que são bastante altas e implicam reajustes muito acima da inflação para muitas categorias", disse. Representante dos policiais federais, Marcos Wink afasta a polêmica com a presidente e diz que não quer uma queda de braço. "nós não estamos medindo forças com ninguém, não queremos colocar governo nenhum de joelhos", afirma o presidente da federação nacional dos policiais federais (FENAPEF). Ele argumenta que a greve continua porque as reivindicações vão além do aumento salarial, mesmo argumento usado pelos servidores do INCRA. Wink alega que, se for preciso, "nós abrimos mão de aumento no ano que vem em troca de uma proposta que atenda nossas reivindicações". Os policiais federais afirmam que a greve só terminará quando o governo apresentar um cronograma para a reestruturação das carreiras dos agentes, escrivães e papiloscopistas. Os servidores desses cargos recebem salário inicial de r$ 7,5 mil, pouco mais da metade do vencimento inicial dos delegados federais. Os policiais querem que as funções sejam equiparadas às carreiras típicas de estado, como a de auditor da receita federal ou a de oficial da agência brasileira de inteligência (ABIN). Orientados pela FENAPEF e pela confederação nacional das associações dos servidores do INCRA (CNASI), ambas as entidades sindicais filiadas à central única dos trabalhadores (CUT), os servidores em greve continuam uma série de ações para pressionar o governo. Para Paulo Kramer, isso é um sinal de que "a inflação, que achávamos que era um fantasma exorcizado, está voltando". Na opinião do analista político, os funcionários públicos têm mais estabilidade para promover esses movimentos e suas reivindicações podem ser avaliadas como um termômetro da economia. Kramer lembra que o setor sindical foi, historicamente, apoiador de lula e, por isso, o prestígio do expresidente junto a essas categorias seria um facilitador nas negociações. "de um lado temos Dilma se desvinculando da dependência que tinha de lula e, de outro, a necessidade de ajuda nas negociações com essas categorias. vamos ver para que lado a balança vai pender", afirma o analista político. Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais cresceram no mês de agosto, quando pelo menos 25 categorias entraram em greve. O ministério do planejamento estima que a paralisação tenha envolvido cerca de 80 mil servidores, enquanto os sindicatos calculam que 350 mil funcionários aderiram ao movimento. Desde março, quando foi iniciado o processo de negociação salarial, foram realizadas mais de 200 reuniões para discutir reajustes, com mais de 31 entidades sindicais. Após apresentar proposta de aumento de 15,8%, dividido em três anos, o governo encerrou as negociações com os servidores. A GREVE DA PF Dos 8.940 agentes, escrivães e papiloscopistas da PF, cerca de 7 mil estão parados, de acordo com a FENAPEF. A categoria já tem um calendário de mobilizações fechado até dezembro deste ano e justifica a greve pela necessidade de pressionar o governo. "nós nunca tivemos preocupação com o orçamento para o ano que vem", afirma o presidente da FENAPEF, marcos Wink, ao argumentar que o movimento dos policiais federais foi colocado "em um balaio" junto com os demais servidores que pediam apenas aumento salarial. Ele diz que desde que a categoria anunciou a continuação da greve, não houve nova rodada de negociações com o ministério do planejamento. Além do impasse com o governo, ainda há um conflito interno, admitido por fontes da FENAPEF, entre agentes e delegados. Com a reestruturação pedida, os agentes seriam equiparados a delegados e peritos. os delegados resistem à proposta, pois temem que ocorra uma quebra de hierarquia. "eles não conseguem atingir o objetivo deles, que é ganhar igual aos ministros do supremo, e tentam colocar entraves nas nossas negociações", disse marcos Wink. De acordo com ele, não existe, dentro da polícia federal, o conceito de hierarquia entre cargos. "a ministra do planejamento, por uma série de funções que acumula, ganha mais que a presidente, por exemplo, e não existe nenhuma quebra de hierarquia por causa disso", argumenta. A GREVE DO INCRA entre os funcionários do INCRA, o número de trabalhadores parados ainda é incerto. Na última quarta-feira, as superintendências regionais realizaram assembleias para definir o futuro do movimento e a maioria votou pela continuação da greve. Os representantes da categoria afirmam que esperam realizar reuniões com o planejamento este mês para discutir a reestruturação das carreiras. De acordo com Reginaldo Aguiar, diretor da CNASI, os servidores montaram uma frente para pressionar deputados e senadores para que sejam feitas emendas ao orçamento geral da união (OGU) que garantam "melhorias remunerativas". "O fato de estarmos em greve traz várias vantagens: uma delas é liberar o pessoal para participar do movimento e, além disso, é uma forma de pressionar pelas nossas reivindicações", afirma Aguiar. SERVIDORES DAS AGÊNCIAS assim como os policiais federais e os servidores do INCRA, os funcionários de dez agências reguladoras (ANVISA, ANAC, ANATEL, ANEEL, entre outras) também não assinaram o acordo com o governo para o reajuste de 15,8%, mas suspenderam a greve. De acordo com o sindicato nacional dos servidores das agências de regulação (SINAGÊNCIAS), os grevistas voltaram ao trabalho na última segunda-feira. O comando de greve da categoria foi transformado em comando de mobilização permanente e vai buscar junto ao congresso nacional emendas no orçamento para 2013. Segundo o ministério do planejamento, as rodadas de negociações terminaram um dia antes de o governo enviar para o congresso o orçamento geral da união (OGU) para o ano que vem. Dessa forma, nenhuma alteração será feita pelo executivo na previsão de gastos do país para 2013 e, de acordo com a pasta, qualquer negociação que ocorra agora só poderá ser feita com base no orçamento para 2014. (FONTE: LUCAS ROHÃN - REDAÇÃO TERRA) Greve perde força A proposta que prevê aumento de 15,8% sobre a folha de pagamento dos servidores do Judiciário Federal abalou a força da paralisação da categoria, que já durava mais de um mês. Após assembleias na tarde de ontem, os trabalhadores no Distrito Federal e no Rio Grande do Sul decidiram voltar imediatamente ao trabalho. Com isso, apenas funcionários em seis estados permanecem de braços cruzados. O movimento já havia sido abalado há cerca de um mês, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) obrigou 80% dos servidores da Justiça Eleitoral a continuarem trabalhando durante a greve, com o objetivo de não prejudicar o pleito municipal de outubro. Desde a última sexta-feira, quando o projeto de lei prevendo o reajuste foi enviado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao Congresso, os funcionários em sete estados – Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo (segunda e 15ª regiões), Santa Catarina, Minas Gerais, Paraíba e Goiás – retomaram as atividades. Continuam parados os de Ceará, Alagoas, Pará, Piauí, Bahia e Mato Grosso. Acordo O reajuste é idêntico ao oferecido aos servidores do Executivo e propõe que o percentual seja dividido e aplicado sobre a folha de pagamento durante os próximos três anos, podendo variar entre os níveis dentro da categoria. Dessa forma, os que recebem menores salário podem alcançar até 33% de reajuste. De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe), entretanto, a proposta não repõe a inflação acumulada desde 2006, quando foi concedido o último aumento à categoria; por isso os sindicatos irão buscar no Congresso um percentual maior de aumento. Segundo o Presidente da Comissão de Orçamento, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), desde que haja acordo com o governo, ainda é possível remanejar recursos utilizando créditos especiais e suplementares, porém a questão tem que ser negociada até o prazo final para a votação do projeto — dia 22 de dezembro. "Sempre existe a possibilidade do veto presidencial. Então, não adianta fazer nada à revelia do Executivo" afirmou. Autor(es): » PRISCILLA OLIVEIRA » BÁRBARA NASCIMENTO - Correio Braziliense - 05/09/2012 Ministro evita a PF Ao encerrar a audiência pública, ontem, na Comissão Especial do Senado que examina o projeto do novo Código Penal (PLS 236/2012), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já tinha uma estratégia traçada para deixar o local sem ser abordado pelos policiais federais que fizeram uma manifestação pacífica durante a reunião. Por meio de um bilhete, uma assessora do ministro alertou-o de que a PF havia tomado o corredor. %u201CEstamos organizando para o senhor sair sem falar com ninguém%u201D, dizia a mensagem. O confronto evitado pelos assistentes de Cardozo, que usou a saída localizada no subsolo da Casa, é mais uma evidência de que as rusgas entre governo e os servidores do Executivo em greve estão longe de acabar. Agentes, escrivães e papiloscopistas, que estão de braços cruzados, entraram de terno, no início da audiência, mas tiraram o paletó assim que o ministro entrou na sala. Nas camisetas pretas que vestiam, os dizeres %u201CS.O.S. para a Polícia Federal%u201D. %u201C(O ato é) para mostrar que continuamos em greve e que esse impasse é ruim para a sociedade, para o governo e para o policial%u201D, explicou Jonas Leal, presidente do Sindicato da categoria no DF. A paralisação dos profissionais já está na quarta semana. A categoria já aprovou um calendário de mobilização que vai até dezembro de 2012. %u201CO governo não está preocupado com a gente. O Ministério do Planejamento não nos recebe, fica nos enrolando. E o Ministério da Justiça está levando tudo para o lado da vingança. Não estão sabendo lidar com a democracia%u201D, acusou presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Marcos Wink. Os policiais não aceitaram o reajuste de 15,8%, parcelado em três anos, oferecido a todos os servidores pelo Palácio do Planalto. Eles querem incluir a reestruturação da carreira no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA). Além dos policiais federais, outras 10 categorias não fecharam acordo com o Executivo. (FONTE: VERA BATISTA, RENATA MARIZ - CORREIO BRAZILIENSE) 7 de Setembro terá novos protestos contra corrução Há um ano, no dia 7 de setembro, eles reuniram 25 mil pessoas em Brasília para um ato contra a corrupção. Há um ano, no dia 7 de setembro, eles reuniram 25 mil pessoas em Brasília para um ato contra a corrupção. Agora, querem repetir o feito. Os movimentos que surgiram nas redes sociais marcaram uma nova manifestação para sexta-feira. Além de invadir a Esplanada dos Ministérios na hora do desfile de comemoração da Independência do Brasil, há grupos organizando eventos parecidos em pelo menos outras 60 cidades do País. Influenciados por movimentos como a Primavera Árabe, que levou vários líderes do mundo muçulmano a renunciar, esses grupos começaram a se organizar pela internet no ano passado. Hoje há dezenas deles no Facebook e, apesar de a maioria não atuar em conjunto, exibem características semelhantes, como se definirem como apartidários e fazerem manifestações pacíficas. Um desses grupos, o Dia do Basta, está organizando marchas em 61 cidades brasileiras. Em São Paulo, o ato está marcado para as 15h, no vão do Masp, Avenida Paulista. Há, no entanto, movimentos que agendaram um protesto já para amanhã. Segundo Renato Fel, coordenador do Mudança Já, eles optaram por fazer o ato na véspera do feriado para evitar o esvaziamento do evento, já que muitas pessoas viajam nessas datas. É em Brasília, porém, que se espera a maior concentração. Segundo o comerciante Lucio Batista, do grupo Nas Ruas, um dos movimentos que organizam a manifestação, mais de 30 mil pessoas devem comparecer. Essa não será a primeira manifestação do ano. Ao longo dos últimos meses, esses grupos promoveram diversos atos. O destaque foram as mobilizações para exigir que o Supremo Tribunal Federal iniciasse o julgamento do processo do mensalão. Em maio, foi entregue aos ministros do STF um abaixo-assinado com mais de 35 mil assinaturas com essa reivindicação. A Corte começou a julgar o caso no início do mês passado. Em sua 17.ª edição, o Grito dos Excluídos, organizado pela Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), deve realizar na sexta manifestações em 25 Estados. Este o ano, foco de suas críticas será o modelo econômico do País. "A todo momento ouvimos falar que o crescimento econômico vai bem, mas, ao mesmo tempo, a ONU aponta o Brasil como o quarto país mais desigual da América Latina", diz Ari Alberti, da coordenação nacional. Em São Paulo estão previstas duas marchas. Uma delas sairá da Praça Osvaldo Cruz, na Avenida Paulista. A outra, da Praça da Sé. (FONTE: ISADORA PERON, ROLDÃO ARRUDA – O ESTADO DE S. PAULO) Benefícios para o servidor em 2º lugar Entre 1995 e 2010, os Gastos Sociais Federais (GSF) do governo – alocados em políticas sociais nas áreas de saúde, educação e previdência, por exemplo – cresceram 172%, descontando a inflação, partindo de R$ 234 bilhões em 1995 para alcançar os R$ 638,5 bilhões em 2010. O estudo do Ipea aponta que o pagamento de benefícios a servidores públicos ficou com a segunda maior fatia desses recursos, atrás apenas de gastos com a Previdência Social, que recebeu, em 2010, R$ 303,5 bilhões, em termos reais. Esse valor equivale a 47,5% do total gastos pelo governo com políticas públicas, ou 7,38% do PIB. Já o pagamento de benefícios a servidores públicos – benefícios previdenciários dos inativos e pensionistas da União, além dos gastos com assistência médica e outros benefícios como auxílio-alimentação e auxíliocreche – somou R$ 93,1 bilhões em 2010, em termos reais, equivalentes a 2,26% do PIB. Diferenças Segundo o estudo do Ipea, “ainda que com diferenciais importantes entre órgãos e poderes da União, a trajetória das remunerações percebidas pelos inativos e pensionistas tem superado a inflação – com ganhos reais acima de 35% no período de 2003 a 2009. Um ganho real considerável, fruto da recomposição salarial do funcionalismo federal em geral e da reestruturação de algumas carreiras em particular". O aumento no número de servidores inativos também influencia o crescimento desse gasto: em 1995, os servidores federais inativos e instituidores de pensão era 802 mil, e chegou 983 mil em 2008, explica o Ipea. Impacto do Funpresp No mesmo ano, gastos com saúde, educação e cultura, somados, representaram apenas 2,83% do total gasto na área social. Mesmo com a elevação no valor gasto, a fatia destinada aos benefícios a servidores públicos federais vem caindo nos últimos anos. Segundo Jorge Abraão, coordenador do estudo no Ipea, isto se deve à criação do Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), que regulamenta os valores dos benefícios à categoria, que, até então, não tinham valores específicos. (FONTE: PONTO DO SERVIDOR - MARIA EUGÊNIA – JORNAL DE BRASÍLIA) Curitiba - Candidatos não têm projetos para reduzir comissionados Prefeitura de Curitiba tem 617 ocupantes de cargos de confiança, número semelhante ao do governo da Alemanha. Concorrentes acham quantidade adequada ou dizem que estudarão o tema Em um universo de mais de 33 mil servidores da prefeitura, 617 são comissionados – uma média de um comissionado para cada 53 efetivos. Comparado com a realidade brasileira, o número não chega a assustar. Entretanto, é igual à quantidade de comissionados de todo o governo federal da Alemanha, por exemplo. Apesar da importância do tema, a discussão não deve estar em pauta durante as eleições. Dos quatro principais candidatos, apenas Ratinho Jr. (PSC) diz que esse número deve ser reduzido, mas sem definir a quantidade ideal. O excesso de comissionados prejudica a manutenção de políticas de Estado permanentes e favorece o clientelismo e a corrupção. Para o economista Christian Luiz da Silva, coordenador da pós-graduação em Planejamento e Governança Pública da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), quando o Estado depende dos servidores de confiança, a gestão pública perde a capacidade de agir no longo prazo, já que o direcionamento das políticas mudam de acordo com o vencedor das eleições. O economista ressalta que os servidores efetivos detêm o conhecimento histórico da construção das ações da instituição. Logo, eles têm condições de responder como as políticas de Estado foram aplicadas ao longo do tempo e repassam o conhecimento da gestão sobre os problemas específicos de suas jurisdições. Já o professor de administração da PUCPR Belmiro Valverde Jobim Castor avalia que, por serem indicados e não terem estabilidade, os comissionados são mais suscetíveis a permitir e participar de atos de corrupção. O professor pontua também que, ao deixar grandes fatias da gestão para os cargos de confiança, há o risco de o Estado ser “loteado” e passar a servir a interesses políticos e partidários. Além disso, por serem escolhidos por indicação política e sem critérios de mérito, a tendência é que eles tenham um desempenho pior do que os efetivos, que passaram pelo crivo do concurso. Melhor, mas ainda mal Em Curitiba, a proporção de comissionados e efetivos pode estar longe da ideal, mas ainda é melhor do que a realidade do resto do Brasil. Segundo Silva, Curitiba ainda tem um quadro técnico efetivo bastante consolidado. “Mesmo com as mudanças de gestão, há uma massa crítica que mantém uma base para as gestões seguintes”, afirma. Entretanto, ele observa que essa proporção – 53 efetivos por comissionado – é enganosa. O total de servidores inclui também professores, médicos e outros profissionais que não participam diretamente da gestão da prefeitura. Os comissionados tendem a ocupar cargos estratégicos na administração do município. Ali, a proporção é bem menor. Entre os candidatos à prefeitura de Curitiba, o atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), e Gustavo Fruet (PDT) consideram o número adequado. Rafael Greca (PMDB) diz que é preciso avaliar melhor a situação do município antes de determinar se o número é alto ou baixo. Problema é maior em outras cidades e no Legislativo O excesso de cargos de confiança está longe de ser um problema curitibano. Na verdade, o número de comissionados na prefeitura de Curitiba é baixo se comparado com outros municípios, governos estaduais, governo federal e o Legislativo como um todo. A prática do clientelismo é um fator decisivo para que isso aconteça, mas não é o único. Para o economista Christian Luiz da Silva, coordenador da pós-graduação em Planejamento e Governança Pública da UTFPR, o problema é mais grave nos municípios pequenos. Há o clientelismo, quando políticos acomodam cabos eleitorais como “recompensa” pela campanha, e dificuldade para reter os funcionários concursados, que tentam concursos em municípios maiores. “Muitos municípios tentam fazer concursos para preencher suas vagas, mas têm um alto índice de evasão. Com isso, surge a necessidade de preencher essas vagas com cargos em comissão”, afirma. Legislativo A maior concentração de cargos em comissão, entretanto, está no Legislativo. Um exemplo é a Câmara de Curitiba, que tem 479 comissionados e apenas 271 servidores efetivos. Ou seja: os comissionados equivalem a 64% do total de servidores da Casa. Um projeto aprovado recentemente, que começa a valer em 2013, reduz o número máximo de comissionados para 303. A Câmara deve realizar novos concursos para compensar a perda de comissionados em setores administrativos. Essa redução foi motivada por uma recomendação do Ministério Público Estadual (MP), que entendeu que jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) não permite que o número de cargos comissionados seja superior ao de efetivos. (FONTE: CHICO MARÉS - GAZETA DO POVO)