artigo original Comparação da flexibilidade e da resistência torsional de instrumentos automatizados de níquel-titânio Weber Schmidt Pereira Lopes1 Hélio Pereira Lopes2 Carlos Nelson Elias3 Marcelo Mangelli4 Márcia Valéria Boussada Vieira1 Resumo Os instrumentos TF foram os mais flexíveis, seguidos pelos RaCe e ProFile Vortex (p < 0,01). No ensaio de torção, os instrumentos ProFile Vortex suportaram maiores valores de força máxima e torque máximo antes da fratura, seguidos pelos RaCe e TF (p < 0,01). Os instrumentos RaCe e TF não apresentaram diferença estatística significativa na resistência a torção (p = 0,061). Conclusão: pode-se observar que existe uma relação entre a flexibilidade com a resistência à torção (torque máximo e ângulo máximo). O instrumento mais flexível (TF) foi o menos resistente à torção. O instrumento mais resistente à torção (ProFile Vortex) foi o menos flexível. O instrumento RaCe apresentou um resultado intermediário tanto para a flexibilidade quanto para a resistência à torção. Introdução: esse estudo comparou a flexibilidade e a resistência a torção de dois instrumentos fabricados com ligas de niquel-titânio (NiTi) especiais, com um instrumento fabricado com liga convencional. Métodos: instrumentos Twisted File (TF) de liga de NiTi, contendo a fase R (SybronEndo, Orange, EUA) e instrumentos ProFile Vortex (Dentsply Tulsa Dental, Tulsa, OK, EUA) fabricados com a liga NiTi M-Wire foram comparados aos instrumentos RaCe (FKG Dentaire, La Chaux-de-Fonds, Suíça), produzidos por fio de NiTi convencional. Foram realizados ensaios de flexibilidade e torção. Um total de 20 instrumentos de cada fabricante foi testado, todos de 25/0,06. A análise estatística foi realizada utilizando ANOVA. Resultados: houve diferença significativa na resistência mecânica entre os instrumentos testados. Palavras-chave: Torção mecânica. Níquel. Instrumentos odontológicos. Titânio. Como citar este artigo: Lopes WSP, Lopes HP, Elias CN, Mangelli M, Vieira MVB. Comparison of the flexibility and torsional resistance of nickel-titanium rotary instruments. Dental Press Endod. 2013 Sept-Dec;3(3):16-22. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Recebido: 31/08/2013. Aceito: 03/09/2013. Doutor em Endodontia, UNESA. 1 Livre-docente em Endodontia, UERJ. 2 Endereço para correspondência: Márcia Valéria Boussada Vieira Rua Coelho Neto, 36 – 402 Bloco B – Laranjeiras CEP: 22.231-110 – Rio de Janeiro/RJ Email: [email protected] Doutor em Ciência dos Materiais, IME. 3 Doutor em Endodontia, UERJ. 4 © 2013 Dental Press Endodontics 16 Dental Press Endod. 2013 Sept-Dec;3(3):16-22 Lopes WSP, Lopes HP, Elias CN, Mangelli M, Vieira MVB Introdução A evolução tecnológica do processo de fabricação dos instrumentos de NiTi, desde a introdução dessa liga na Endodontia, por Walia et al.1, tem permitido o surgimento de instrumentos mais flexíveis e resistentes2,3, revolucionando o conceito da modelagem dos canais radiculares. A possibilidade de ampliar o diâmetro apical de um canal curvo, a disponibilidade de instrumentos com conicidades e secções transversais diferenciadas, os preparos mais centralizados e, além disso, a diminuição da curva de aprendizagem dos sistemas, são as maiores evidências dessa mudança de paradigma4,5. A superelasticidade e o efeito de memória de forma da liga de NiTi são, reconhecidamente, as propriedades que permitiram tal revolução6. Os mais recentes avanços no desenvolvimento de instrumentos endodônticos refletem o aprimoramento dos tratamentos térmicos da liga de NiTi, culminando no surgimento de dois tipos de ligas especiais: a liga que contem a fase R e a liga M-Wire. Os instrumentos Twisted Files (TF, SybronEndo, Orange, EUA), são produzidos por torção a partir do fio de NiTi superelástico que contém a fase R. O processo de fabricação dos instrumentos TF envolve o resfriamento e torção de fios NiTi trefilados em vez de usinado7,8,9. Os instrumentos ProFile Vortex (Dentsply Tulsa Dental, Tulsa, EUA) representam a nova geração da série ProFile, e são produzidos pela usinagem de fios denominados M-Wire. A fabricação dos instrumentos Vortex envolve a aplicação de tensão durante ciclos térmicos de resfriamento e aquecimento8-11. Em estudos anteriores, os autores avaliaram algumas propriedades mecânicas dos instrumentos TF, RaCe e Vortex12,13. O presente trabalho teve como objetivo ampliar esses resultados por meio da avaliação do comportamento mecânico em flexão e torção de dois instrumentos de NiTi (TF e ProFile Vortex) fabricados com ligas de NiTi especiais, com um instrumento fabricado com liga convencional (RaCe, FKG Dentaire, La Chaux-de-Fonds, Suíça). (SybronEndo, Orange, EUA), com 27mm de comprimento nominal, e 20 instrumentos endodônticos 25/0,06 ProFile Vortex (Dentsply Tulsa Dental, Tulsa, EUA), com 25mm de comprimento nominal. Caracterização geométrica dos instrumentos Dez instrumentos de cada marca comercial foram caracterizados quanto à conicidade, ao comprimento da parte de trabalho, ao diâmetro em D0, D3 e D13, ao número total de hélices e ao número de hélices por milímetro. Para obtenção desses dados, foi utilizado um microscópio óptico Zeiss (Carl Zeiss do Brasil LTDA, Cambuci/SP) com uma câmera PixeLINK modelo PLa662 acoplada (PixeLINK, Ottawa, Canadá). As dimensões foram mensuradas com uma magnificação de 6,5x, exceto a conicidade, que foi calculada conforme método descrito por Stenman e Spangberg14. O programa AxioVision 4.4 (Carl Zeiss MicroImaging, Nova Iorque, EUA) foi utilizado para auxiliar nas medições. Ensaio de flexibilidade A resistência à flexibilidade foi avaliada pelo ensaio de flexão em cantiléver, com uma inclinação de 45° para baixo, em relação ao plano horizontal, utilizando uma máquina universal de ensaios (EMIC, DL10000), como descrito em estudos prévios15,16. Uma célula de carga trativa de 20N foi aplicada por meio de um fio de aço inoxidável, com comprimento de 30cm e diâmetro de 0,3mm, tendo uma das extremidades presa à cabeça da máquina de ensaio e a outra a 3mm da ponta do instrumento (ponto de aplicação da força). A velocidade do ensaio foi de 15mm/min. Ensaio de torção A torção à direita, sem carga axial, foi aplicada por meio de um dispositivo acoplado a uma máquina de ensaio universal (EMIC, DL 10000), conforme descrita em estudo prévio17. Esse dispositivo permitiu a monitoração da rotação e a determinação da força aplicada no instrumento. Os instrumentos foram imobilizados a 3mm da ponta por uma morsa de alumínio, enquanto a outra extremidade do instrumento foi fixada em um mandril específico, presente na haste de rotação do dispositivo. A torção foi aplicada mediante o enrolamento de um fio de nylon trançado, com diâmetro de 0,3mm, no eixo de rotação do dispositivo, que apresentava Material e Métodos No presente estudo, foram utilizados 60 instrumentos endodônticos de NiTi, acionados a motor, sendo 20 instrumentos 25/0,06 RaCe (FKG Dentaire, La Chaux-de-Fonds, Suíça), com 25mm de comprimento nominal, 20 instrumentos 25/0,06 Twisted File (TF) © 2013 Dental Press Endodontics 17 Dental Press Endod. 2013 Sept-Dec;3(3):16-22 [ artigo original ] Comparação da flexibilidade e da resistência torsional de instrumentos automatizados de níquel-titânio 8mm de diâmetro. Esse fio conectou o eixo de rotação a uma célula de 20N de carga, acoplada à cabeça da máquina universal de ensaio. A tração aplicada induziu no eixo de rotação do dispositivo um movimento de rotação igual a 2rpm. A força e o deslocamento do fio até a fratura do instrumento foram registrados continuamente por um microcomputador acoplado à máquina de ensaio. Por meio do programa M test versão 1.01 (EMIC DL 10000), foi determinado o ângulo máximo de torção e o torque máximo em torção. As superfícies fraturadas foram analisadas sob o MEV para determinar o tipo de fratura e a presença de deformação plástica na haste helicoidal dos instrumentos. Os valores obtidos nos ensaios de flexibilidade e torção foram submetidos à análise estatística por meio do teste paramétrico da ANOVA. Houve diferença estatística significativa dos valores de carga máxima entre os instrumentos testados. Os instrumentos TF foram os mais flexíveis, seguidos pelos RaCe e ProFile Vortex (p < 0,01). Ensaio de torção A média e o desvio-padrão da força máxima e torque máximo para a fratura são apresentados na Tabela 3. Houve diferença significativa entre os valores de força máxima e torque máximo entre os três tipos de instrumentos testados. Os instrumentos ProFile Vortex suportaram maiores valores de força máxima e torque máximo antes da fratura, seguidos pelos RaCe e TF (p < 0,01). A média e o desvio-padrão do ângulo máximo em torção e do número de voltas para a fratura são apresentados na Tabela 4. Os instrumentos TF e RaCe apresentaram maiores ângulos e maior número de voltas para a fratura que os instrumentos ProFile Vortex (p < 0,01) e não diferiram entre si (p = 0,061). Com a finalidade de comprovar a relação entre flexibilidade e torque máximo em torção, foi construído um gráfico que representa a relação entre os valores médios da flexibilidade e do torque máximo entre os instrumentos testados (Fig. 1) e um outro gráfico que comprova a relação entre os valores médios do ângulo máximo com a flexibilidade (Fig. 2). Por fim, foi elaborado um gráfico que representa a Resultados Caracterização geométrica dos instrumentos A média do diâmetro em D0, D3 e D13, a conicidade, o comprimento da parte de trabalho, o número total de hélices e o número de hélices por milímetros são apresentados na Tabela 1. Ensaio de flexibilidade Média e desvio-padrão da força máxima para flexionar os instrumentos testados são apresentados na Tabela 2. Tabela 1. Valores médios dos diâmetros em D0, D3 e D13, conicidade, comprimento da parte de trabalho, número de hélices e número de hélices por milímetro. Instrumento n RaCe Diâmetro (mm) C CPT NH H/ mm 1,10 0,06 17,56 7 0,4 0,41 0,97 0,06 15,53 11 0,7 0,42 1,00 0,06 16,75 10 0,6 D0 D3 D13 10 0,28 0,47 TF 10 0,23 ProFile Vortex 10 0,24 Tabela 3. Média ± desvio-padrão da força máxima e do torque máximo na fratura dos instrumentos RaCe, TF e ProFile Vortex. Instrumento Número de instrumentos Força máxima (gf) Torque máximo (gf-mm) RaCe 10 184,5 ± 7,61 765,71 ± 31,59 TF 10 107,27 ± 8,50 445,19 ± 35,28 ProFile Vortex 10 250,93 ± 31,15 1041,39 ± 129,26 Tabela 4. Média ± desvio-padrão do ângulo máximo em torção na fratura dos instrumentos RaCe, TF e ProFile Vortex. Tabela 2. Média ± desvio-padrão da carga máxima (gf) para flexibilidade dos instrumentos RaCe, TF e ProFile Vortex. Número de instrumentos Âng. máximo ± graus 10 578,88 ± 50,96 Âng. máximo ± voltas Numero de instrumentos Carga máxima (gf) RaCe 10 333,4 ± 16,5 TF 10 228,4 ± 15,18 TF 10 688 ± 154,92 1,91 ± 0,43 ProFile Vortex 10 603,7 ± 29,3 ProFile Vortex 10 394,56 ± 72,0 1,10 ± 0,20 Instrumento © 2013 Dental Press Endodontics Instrumento RaCe 18 1,61 ± 0,14 Dental Press Endod. 2013 Sept-Dec;3(3):16-22 Lopes WSP, Lopes HP, Elias CN, Mangelli M, Vieira MVB 700 700 TF Race Vortex gf Race 600 Ângulo (graus) 600 TF 500 Vortex 500 400 400 gf 300 gf-mm 200 300 900 600 300 100 200 300 500 400 600 700 1200 Figura 1. Gráfico representativo da relação entre flexibilidade (gf) e torque máximo (gf-mm). Figura 2. Gráfico representativo da relação entre o ângulo máximo (graus) e a flexibilidade (gf). 700 A Ângulo (graus) 600 B 500 TF TF Race Race 400 Vortex Vortex 300 350 C E D 650 800 950 1100 Figura 4. Gráfico representativo da relação entre o ângulo máximo (graus) e o torque máximo (gf-mm). Discussão A escolha dos instrumentos testados levou em consideração, além do tipo de liga de NiTi empregada na fabricação, a semelhança do desenho da secção transversal (triangular), haja vista que essa é uma variável que influencia o desempenho dos instrumentos nos ensaios mecânicos18. No presente estudo, os instrumentos TF necessitaram de menor força para ser flexionados em 45°. Na clínica, quanto maior a flexibilidade do instrumento, menor a possibilidade do desvio apical19. Com base nesse resultado, é esperado que o instrumento TF apresente um melhor desempenho clínico. A maior flexibilidade do instrumento TF pode ser associada ao fato de ser produzido a partir de fios de NiTi F Figura 3. Aspecto das superfícies fraturadas, com reversão da hélice junto à ponta de imobilização dos instrumentos RaCe (A e B), TF (C e D) e ProFile Vortex (E e F). Presença de deformação plástica, ranhuras e trincas em diferentes profundidades (A, C e E com magnificação de100x; B, D e F com magnificação de 500x). relação dos valores médios do ângulo máximo com o torque máximo em torção (Fig. 4). A análise de MEV revelou que os instrumentos testados apresentaram característica morfológica do tipo dúctil na superfície de fratura. Deformação plástica ocorreu na haste helicoidal dos instrumentos (Fig. 3). © 2013 Dental Press Endodontics 500 gf-mm 19 Dental Press Endod. 2013 Sept-Dec;3(3):16-22 [ artigo original ] Comparação da flexibilidade e da resistência torsional de instrumentos automatizados de níquel-titânio estatística significativa entre os instrumentos TF e RaCe. Muitos autores sugerem que a resistência à torção deve ser avaliada pelo ângulo de rotação, não pelo torque máximo28,33,34. Isso ocorre porque durante o uso clínico de instrumentos manuais, o ângulo de rotação (medida em graus ou em número de voltas) até a fratura pode servir como um fator de segurança no que diz respeito à fratura em torção. O controle do ângulo de torção funciona como fator de segurança quando o instrumento é acionado manualmente. Ocorrendo a imobilização da ponta do instrumento endodôntico no interior de um canal radicular, o profissional tem condições de aplicar um torque com ângulo de rotação menor do que o valor do ângulo máximo em torção, impedindo, assim, a fratura por torção. Entretanto, para instrumentos acionados a motor com giro contínuo não é possível controlar o ângulo de torção. Os motores controlam o valor do torque máximo para evitar a fratura20,24,32,35. Outro parâmetro que deve ser considerado e que explica o maior ângulo para a fratura do instrumento TF está relacionado ao processo de fabricação e o acabamento superficial do instrumento. Apesar de o instrumento TF possuir pior acabamento superficial, os defeitos de fabricação são longitudinais e perpendiculares ao plano de fratura. As trincas de fratura são nucleadas e crescem com maior facilidade na direção dos defeitos longitudinais, sem formar o plano de fratura. Após o ensaio de torção, são observadas várias trincas na superfície do instrumento TF. Nos demais instrumentos, em que os defeitos de fabricação são circunferenciais, a trinca formada cresce com maior facilidade ao longo das marcas de usinagem (grooves) e formam planos de fratura com menor ângulo de torção (Fig. 3). Os resultados obtidos no presente trabalho mostraram que existiu uma relação entre o torque máximo com a resistência à flexão e com o ângulo máximo de torção até a fratura. Essa relação pode ser explicada devido à diferença na geometria, na área da secção transversal e no momento de inércia dos instrumentos. O desenho da secção transversal desempenha um importante papel no processo de fratura do instrumento, pois está relacionado com o fato da tensão máxima (Tmax) ser proporcional ao raio (R) e o torque (Mt) e inversamente proporcional ao momento de inércia (I), como pode ser verificado na equação Tmax = Mt R/I. que apresentam a fase R, o que garante maior flexibilidade, menor módulo de elasticidade e menor rigidez que os produzidos com fio austenítico convencional20,21. Assim, essa liga permite uma maior quantidade de deformação elástica e plástica, quando submetido a um torque similar, em comparação a liga convencional. Nossos resultados corroboram outros estudos7,22,23,24. Adicionalmente a isso, o fato dos instrumentos TF serem produzidos pelo método de torção os diferencia dos outros dois grupos de instrumentos testados, que são produzidos por usinagem. Instrumentos torcidos apresentam um número significativamente menor de defeitos de acabamento superficial que os usinados7,9,23-26. Os resultados do ensaio de torção do presente estudo revelaram que os instrumentos ProFile Vortex suportaram valores de torque significativamente maiores que os instrumentos RaCe e TF. Alguns fatores podem explicar essa diferença: » A geometria da secção reta transversal dos instrumentos TF e RaCe tem a forma de um triângulo equilátero e o instrumento ProFile Vortex possui a secção reta transversal em forma de um triângulo convexo. » A resistência dos instrumentos de NiTi acionados a motor, para a fratura em torção, é aumentada pelo aumento da área da secção transversal e pelo momento de inércia. O instrumento Profile Votex tem maior secção transversal. » Trabalhos anteriores mostram que existe uma correlação diretamente proporcional entre o diâmetro e a área da secção reta transversal24,25,27-32. No entanto, não analisam a área da seção transversal, a qual depende tanto do diâmetro quanto da forma. » O método de fabricação dos instrumentos e o tratamento termomecânico da liga também são fatores que podem ter influenciado os resultados do torque máximo. A variação do estado termomecânico final do instrumento determina a estrutura cristalina presente (austenita, martensita ou fase R), a qual possui propriedades mecânicas diferentes. Com relação ao ângulo de rotação, os resultados do presente estudo mostraram que os instrumentos TF apresentaram ângulos de rotação significativamente maiores que os instrumentos ProFile Vortex. Em contrapartida, não existiu uma diferença © 2013 Dental Press Endodontics 20 Dental Press Endod. 2013 Sept-Dec;3(3):16-22