Capı́tulo 1 Matrizes e Sistemas Lineares 1.1 Matrizes Introdução : Nesta seção , apresentaremos os conceitos básicos sobre matrizes. Estes métodos aparecem naturalmente na resolução de muitos tipos de problemas e são essenciais, não apenas porque eles ”ordenam e simplificam”o problema, mas também porque fornecem novos métodos de resolução . Chamamos de matriz uma tabela de elementos dispostos em linhas e colunas. Exemplo: Considere dois tipos de alimentos, bananas e laranjas, e dois tipos de vitaminas, vitamina K e vitamina C. Sabendo que a banana possui 10 unidades de vitamina K e apenas 1 unidade de vitamina C, e a laranja possui 2 unidades de vitamina K e 9 unidades de vitamina C, podemos organizar esses dados através de uma tabela: Vitamina K Vitamina C Banana Laranja 10 2 1 9 Os dados dessa tabela estão organizados em linhas e colunas. Este tipo de matriz corresponde a uma matriz A2×2 , isto é, duas linhas e duas colunas. Generalização : 1 2 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES Am×n = a11 a21 .. . a12 a22 .. . am1 am2 . . . a1n . . . a2n .. .. . . . . . amn = [aij ]m×n Sendo: m=linhas e n=colunas, e [aij ] são as entradas da matriz onde ′ i′ corresponde a linha e ′ j ′ a coluna de cada entrada. Exemplo: A2×2 = " 10 2 1 9 # a11 = 10 a21 = 2 a12 = 1 a22 = 9 Tipos especias de matrizes Matriz quadrada: é aquela cujo número de linhas é igual ao número de colunas (m = n). Exemplos: A3×3 1 −2 0 = 3 0 1 4 5 6 B1×1 = h 8 i No caso de uma matriz quadrada Bm×m dizemos que B é uma matriz de ordem m. Matriz nula: é aquela em que todo aij = 0, ∀ ′ i′ e ′ j ′ . Exemplos: 3 1.1. MATRIZES A3×5 0 0 0 0 0 = 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B2×2 = " # 0 0 0 0 Matriz coluna: é aquela que possui uma única coluna (n = 1). Exemplos: A3×1 1 = 4 −3 B2×1 = " x y # Matriz linha: é aquela que possui somente uma linha (m = 1). Exemplos: A1×3 = h 3 0 1 i B1×2 = h 0 0 i Matriz diagonal: é uma matriz quadrada (m = n), onde aij = 0 para i 6= j, isto é, os elementos que não estão na ’diagonal’ são nulas. Exemplos: 7 0 0 A3×3 = 0 1 0 , 0 0 −1 B4×4 = 3 0 0 0 0 3 0 0 0 0 3 0 0 0 0 3 Matriz Identidade: é uma matriz quadrada em que aij = 1 para i = j, e aij = 0 para i 6= j. Exemplos: 4 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES 1 0 0 I3 = 0 0 0 , 0 0 0 I2 = " # 1 0 0 1 Matriz triangular superior: é uma matriz quadrada onde todos os elementos abaixo da diagonal são nulos, isto é, m = n e aij = 0 para i > j. Exemplos: 2 −1 0 A3×3 = 0 −1 4 , 0 0 3 B2×2 = " a b 0 c # , C4×4 = 4 −3 5 0 0 7 5 9 0 0 2 8 0 0 0 1 Matriz triangular inferior: é aquela em que m = n e aij = 0 para i < j. Exemplos: A4×4 = 2 0 0 0 1 −1 0 0 1 2 2 0 1 0 5 4 , B3×3 5 0 0 = 7 0 0 2 1 3 Matriz Simétrica: é aquela onde m = n e aij = aji . Exemplos: A3×3 = 4 3 −1 3 2 0 , −1 0 5 B4×4 = a b c d b c d c f g f h i g i k Igualdade de matrizes 5 1.1. MATRIZES Duas matrizes Am×n e Br×s são iguais, se elas possuem o mesmo número de linhas (m = r) e colunas (n = s), e todos os elementos correspondentes são iguais (aij = bij ). Exemplos: A2×3 = " 32 1 log1 2 22 5 # e B2×3 = " 9 sen90o o 2 4 5 # , então A = B. Operações com matrizes Adição : A soma de duas matrizes de mesma ordem Am×n e Bm×n , é uma matriz m×n, que denotaremos A + B, cujos elementos de A e B são somados. Exemplo: Sendo a matriz A3×3 10 18 15 27 12 70 = 9 15 7 e B3×3 = 12 24 13 , encontre a matriz A + B: 14 35 1 14 18 63 Resolução : 27 + 10 12 + 18 70 + 15 A + B = 9 + 12 15 + 24 7 + 13 14 + 14 18 + 35 63 + 1 Propriedades: i) A + B = B + A (comutatividade); ii) A + (B + C) = (A + B) + C (associatividade); iii) A + ~0 = A, onde ~0 é a matriz nula m × n. Multiplicação de um escalar por uma matriz = 37 30 85 21 39 20 28 53 64 6 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES Sendo Am×n uma matriz e α um escalar. Se multiplicarmos a matriz pelo escalar (α.Am×n ), obteremos uma nova matriz m×n onde α multiplica aij , ∀ij. Exemplo: Sendo A3×3 2 1 9 = 5 0 5 7 3 2 e α = 2, obtenha α · A3×3 : Resolução : α · A3×3 2 1 9 =2· 5 0 5 = 7 3 2 2·2 2·1 9·2 2·5 2·0 2·5 = 2·7 2·3 2·2 4 2 18 10 0 10 14 6 4 Propriedades: i) α · (A + B) = α · A + α · B; ii) 0 · A = ~0 (se multiplicarmos 0 por qualquer matriz obteremos uma matriz nula). Tranposição de uma matriz: A matriz transposta é obtida trocando-se ordenadamente as linhas pelas colunas. Exemplo: Sendo a matriz A3×3 2 1 9 = 5 0 5 7 3 2 obtenha a sua transposta. Resolução : Trocando-se as linhas pelas colunas teremos: 2 5 7 t A = 1 0 3 9 5 2 7 1.1. MATRIZES Propriedades: i) (A + B)t = At + B t ii) (At )t = A iii) (α · A)t = α · At iv) Uma matriz é simétrica se ela é igual a sua transposta (A = At ) Multiplicação de matrizes: A multiplicação de duas matrizes Am×n e Bl×p , só poderá ser realizado, se o número de colunas de Am×n for igual ao número de linhas de Bl×p . Ou seja, n = l. E o resultado de Am×n .Bl×p será uma matriz Cm×p . Observe o esquema: Am×n .Bl×p = Cm×p Os elementos Cm×p são obtidos multiplicando os elementos da i-ésima linha de primeira matriz, pelos elementos correspondentes da j-ésima coluna da segunda matriz, e somando estes produtos. Exemplo: Sendo as matrizes A3×2 3 5 = 2 3 1 7 B2×2 = " # 3 5 , obtenha uma terceira matriz (A.B)3×2 : 5 9 Resolução : (A.B)3×2 3.3 + 5.5 3.2 + 5.9 = 2.3 + 3.5 2.2 + 3.9 1.3 + 7.5 1.2 + 7.9 = 34 51 21 31 38 65 Propriedades: i) Se A2×2 e B2×2 =⇒ (A.B)2×2 e (B.A)2×2 , mas elas possuem resultados diferentes. 8 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES Exemplo: A2×2 = " 1 −2 3 6 # B2×2 = " −5 7 3 2 # será (A.B)2×2 igual a (B.A)2×2 ? Resolução : (A.B)2×2 = " −11 3 3 33 # (B.A)2×2 = " 16 52 9 6 # As duas são diferentes, ou seja, (A · B)2×2 6= (B · A)2×2 . ii) A3×3 · I3×3 = A3×3 , onde I3×3 é uma matriz identidade. iii) A(B + C) = AB + AC (distributividade); iv) (A + B)C = AC + BC (distributividade); v) (AB)C = A(BC) (associatividade); vi) (AB)t = B t At ; vii) ~0 · A = ~0 e A · ~0 = ~0, sendo ~0 uma matriz nula. 1.2 Sistemas de Equações Lineares Definição de equação linear: Chama-se de equação linear de n incógnitas qualquer equação da forma: a1 x1 + a2 x2 + a3 x3 + . . . + an xn = b - a1 , a2 , a3 , . . . an ; são números reais chamados de coeficientes da equação linear. - x1 , x2 , x3 , . . . xn ; são chamadas de incógnitas. - b; é uma constante ou termo independente. Definição de Sistema Linear: Chama-se de sistema linear o conjunto de m equações com n incógnitas, qualquer sistema da forma: 9 1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES + a12 x2 + a22 x2 .. . a11 x1 a21 x1 .. . + a13 x3 + a23 x3 .. . am1 x1 + am2 x2 + am3 x3 + ... + + ... + .. . a1n xn = b1 a2n xn = b2 .. .. . . + . . . + , amn xn = bm - Os coeficientes das equações tem a forma aij . - As incógnitas tem a forma xj . - Os termos independentes a forma bi , Tal que: 1≤i≤m e 1≤j≤n Uma outra forma de se escrever um sistema linear é na forma matricial: a11 a21 .. . a12 a22 .. . a13 a23 .. . am1 am2 am3 . . . a1n . . . a2n .. .. . . . . . amn · x1 x2 .. . xn = b1 b2 .. . bn A forma matricial de um sistema pode ser representada por Am×n · Xm×1 = Bm×1 ( sendo m o número de equações e n o número de incógnitas ). em que: A= X= B= a11 a21 .. . a12 a22 .. . a13 a23 .. . am1 am2 am3 x1 x2 .. . xn b1 b2 .. . bn . . . a1n . . . a2n .. .. . . . . . amn → é a matriz dos coeficientes → é a matriz das incógnitas. → é a matriz dos termos independentes. 10 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES Uma outra matriz associável a um sistema é a matriz ampliada, que pode ser representada por A|B. .. a11 a12 a13 . . . a1n . b1 .. a 21 a22 a23 . . . a2n . b2 A|B = . .. .. .. .. .. .. . . . . . . . . .. am1 am2 am3 . . . amn . bm A matriz ampliada é constituı́da pelos elementos da matriz dos coeficientes e da matriz termos independendes. Exemplo: A matriz ampliada do sistema abaixo é: 3x + 7y = 10 7x + 9y = 13 4x + 11y = 8 .. . 10 . 9 .. 13 .. 4 11 . 8 3 A|B = 7 7 - A matriz ampliada será muito usada na resolução de sistemas lineares, que veremos a seguir: Resolução de sistemas de equações lineares: Uma solução de um sistema m×n são n números x1 , x2 , . . . , xn que satisfazem simultâneamente as m equações . Método de Solução dos Sistemas Lineares: Para resolver um sistema linear de duas equações e duas incógnitas o método da substituição é muito prático. Mas quando o sistema é formado por três ou mais equações , é conveniente procurar um método menos trabalhoso. Por esse motivo vamos utilizar o sistema em forma de escada, ou seja, o método de escalonamento. Utilizando o método de escalonamento o sistema terá que estar representado na forma de matriz ampliada. Será usado para a resolução as seguintes operações elementares: - Trocar a posição de duas linhas da matriz ampliada; - Multiplicar uma linha da matriz por um escalar diferente de zero; - Somar a uma linha outra linha multiplicada por um escalar; Exemplo: 2x + 8y + 6z = 20 4x + 2y − 2z = −2 3x − y + z = 11 11 1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES A sua matriz aumentada é: .. . 20 . 2 −2 .. −2 .. 3 −1 1 . 11 2 A|B = 4 8 6 Depois de usadas as operações elementares citadas acima a forma escalonada do sistema será: 1 4 3 0 −1 −1 0 0 5 .. . 10 .. → Forma escalonada . 3 .. . 20 A seguir será demonstrado dois métodos para escalonar um sistema usando operações elementares. Método de Gauss (eliminação ou zeração ) Esse método consiste em transformar o sistema original que queremos resolver, em um sistema equivalente que possui a forma triangular. Obs:Dois sistemas m × n são ditos equivalentes se possuirem o mesmo conjunto solução . 1o Exemplo : Resolva o sistema abaixo pelo método de Gauus. ( 10x + 2y = 40 x + 9y = 48 Resolução : Etapa 1: trocar a 2a linha (L2 ), 1a linha (L1 ); .. 10 2 . 40 A|B = .. 1 9 . 48 .. 1 9 . 48 A|B = . 10 2 .. 40 Etapa 2: eliminar o primeiro elemento da 2a linha, multiplicando a 1a linha por −10 e somando à 2a linha. .. 9 . 48 1 → Forma escalonada . 0 −88 .. −440 A matriz está na forma triangular superior. O sistema resultante é o seguinte: ( x + 9y = 48 0x − 88y = −440 12 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES Resolvendo o sistema equivalente pelo método da substituição temos a siguinte solução : X= 3 5 ! ou ~x = 3 5 ! 2o Exemplo: Determine o conjunto solução do seguinte sistema: . 1 1 2 .. 8 A|B = −1 −2 3 ... 1 . 3 −7 4 .. 10 x + y + 2z = 8 −x − 2y + 3z = 1 3x − 7y + 4z = 10 Resolução : Etapa 1: Eliminar o elemento a21 . (1) L2 . 1 1 2 .. 8 (0) (0) = L1 + L2 0 −1 5 ... 9 . 3 −7 4 .. 10 Etapa 2: Eliminar o elememto a31 . (1) L3 .. . 8 .. −1 5 . 9 . 0 −10 −2 .. −14 . 8 1 1 2 .. .. 9 0 −1 5 . .. 0 0 −52 . −104 1 (0) (0) = (−3)L1 + L3 0 1 2 Etapa 3: Eliminar o elememto a32 . (2) (1) (1) L3 = (−10)L2 + L3 A matriz está na forma triangular superior. 13 1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES O sistema resultante é o seguinte: x + y + 2z = 8 − y + 5z = 9 − 52z = −104 Resolvendo por substituição a solução será: 3 3 X = 1 ou ~x = 1 2 2 Método de Gauus-Jordan Consiste em operar transformações elementares sobre as equações de um dado sistema linear até que se obtenha um sistema diagonal equivalente. Exemplo 1: Resolva o sistema abaixo usando o método de Gauus-Jordan. x + y + 2z = 4 2x − y − z = 0 x − y − z = −1 Resolução : .. . 4 .. . 0 . 1 −1 −1 .. −1 1 1 2 A|B = 2 −1 −1 Etapa 1: Eliminar x1 das equações i = 2 e i = 3 (1) L2 (1) L3 (2) .. . 4 .. . −8 .. 0 −2 −3 . −5 1 1 2 (0) (0) = (−1)L1 + L3 0 −3 −5 Etapa 2: Eliminar x2 da equação i = 3 L3 .. . 4 .. . −8 .. 1 −1 −1 . −1 1 1 2 (0) (0) = (−2)L1 + L2 0 −3 −5 1 1 2 (1) (1) = (−2).L2 + 3.L3 0 −3 −5 0 0 1 .. . 4 .. . −8 .. . 1 14 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES Etapa 3: Eliminar x3 da equação i = 2; .. 1 1 2 . 4 (1) (1) . = 5.L3 + L2 0 −3 0 .. −3 . 0 0 1 .. 1 (2) L2 Etapa 4: Multiplicar a 2a equação por − 31 ; 1 (2) (3) L2 = − .L2 ; 3 .. 1 1 2 . 4 . 0 1 0 .. 1 .. 0 0 1 . 1 Etapa 5: Eliminar x3 da equação i = 1 ; (1) (1) L1 = (−2).L3 + L01 ; .. 1 1 0 . 2 . 0 1 0 .. 1 .. 0 0 1 . 1 Etapa 6: Eliminar x2 da equação i = 1 ; (2) L1 .. . 1 1 0 0 (1) = (−1).L2 + L11 ; 0 1 0 ... 1 .. 0 0 1 . 1 O sistema resultante desse processo é o sistema diagonal; x + 0y + 0z = 1 0x + y + 0z = 1 0x + 0y + z = 1 Resolvendo por substituição a solução será: 1 1 X = 1 ou ~x = 1 1 1 Classificação dos Sistemas Lineares quanto ao número de solução A solução solução de sistemas lineares pode ser: 15 1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES Sistemas Linares ↓ ↓ Possı́vel: Quando admite solução Determinado: Quando admite solução única Impossı́vel: Quando não admite solução Indeterminado: Quando admite infinitas soluções Por exemplo; em um sistema linear de ordem 2 (possui duas incógnitas) cada equação representa uma reta. Resolver o sistema significa determinar a intersecção das duas retas, veja. O sistema ( a11 x1 + a12 x2 = b1 a21 x1 + a22 x2 = b2 Considerando que a12 6= 0 e a22 6= 0, pode ser escrito na linguagem mais conhecida; ( ax − y = −b cx − y = −d y = ax + b y = cx + d Como estamos trabalhando com sistemas, essas duas retas devem ser representadas em um mesmo sistema de eixos o que nos dá três possibilidades. LOCAL PARA FAZER AS RETAS Exemplos de soluções de sistemas lineares: 1o - Sistema possı́vel e determinado (SPD): 16 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES . 2 .. −1 . 1 4 .. −2 .. 2 −1 2 . −4 1 A|B = 4 x + y + 2z = −1 4x + y + 4z = −2 2x − y + 2z = −4 1 1 1 2 Depois de escalonado → A|B = 0 −3 −4 0 0 2 O sistema triangular equivalente será: .. . −1 .. . 2 .. . −4 x + y + 2z = −1 0x − 3y + 4z = 2 0x + 0y + 2z = −4 O sistema terá solução única, portanto ele é um sistema SPD, e a sua solução será: 1 1 X = 2 ou ~x = 2 −2 −2 2o : Sistema possı́vel e indeterminado (SPI): x − 2y + z = 1 2x − 5y + z = −2 3x − 7y + 2z = −1 A|B = .. 1 −2 1 . 1 . 2 −5 1 .. −2 .. 3 −7 2 . −1 1 −2 1 Depois de escalonado → A|B = 0 −1 −1 0 0 O sistema triangular equivalente será: 0 .. . 1 .. . −4 .. . 0 x − 2y + z = 1 0x − y − z = −4 0x + 0y + 0z = 0 O sistema terá infinitas soluções , portanto ele é um sistema SPI, e a sua solução será: 9 − 3α n 9 − 3α o X = 4 − α ou ~x = 4 − α onde α ∈ IR α α 17 1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES 3o - Sistema impossı́vel (SI): . 1 2 −3 .. 4 − 3z = 4 + 5z = 2 A|B = 3 −1 5 ... 2 . + 2z = −2 4 1 2 .. −2 .. 1 2 −3 . 4 escalonado → A|B = 0 −7 14 ... −10 .. 0 0 0 . −8 x + 2y 3x − 1y 4x + y Depois de O sistema triangular equivalente será: x + 2y − z = 4 0x − 7y + 14z = −10 0x + 0y + 0z = −8 O sistema não terá solução , portanto ele é um sistema SI. O Posto de uma matriz O Posto de uma matriz Am×n é o número de linhas não nulas após o escalonamento.É denotado por ’p’. Exemplo: ( x + y − z = 5 2x + 2y + 2z = 9 A= Depois de escalonado → 1 1 1 2 2 2 1 1 1 0 0 0 ! ! Ou seja, o posto da matriz A é igual a 1. O Posto de uma matriz ampliada é denotado por ’p̃’ e possui a mesma definição do posto de uma matriz Am×n . Exemplo: ( x + y − z = 5 2x + 2y + 2z = 10 .. 1 1 1 . 5 A|B = .. 2 2 2 . 10 .. 1 1 1 . 5 Depois de escalonado → .. 0 0 0 . 0 18 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES Ou seja, o posto da matriz A|B é igual a 1. Observação : Para classificar um sistema basta observar se: - p < p̃ → o sistema não possui solução . - p = p̃ → o sistema tem solução . Sendo p = p̃ pode ocorrer duas possibilidades; p < n(números incógnitas)→ o sistema possui infinitas soluções . (n − p = números de graus de liberdade.) p = n → o sistema tem solução única. Sistemas Homogênios Sistema Linear homogênico, é aquele que os termos independentes das equações são todos iguais a zero. a11 x1 a21 x1 .. . + a12 x2 + a22 x2 .. . + a13 x3 + a23 x3 .. . am1 x1 + am2 x2 + am3 x3 + ... + + ... + .. . a1n xn = 0 a2n xn = 0 .. .. . . + . . . + amn xn = 0 Esse sistema pode ser escrito como A~x = ~0 Todo sistema homogêneo tem solução , e essa pode ser trivial ou nãotrivial. Sistema Homogêneo: sempre tem solução ↓ Determinado: admite somente solução trivial ↓ Indeterminado: admite solução não trivial Para resolver um sistema homogêneo, basta usar a matriz A no processo de escalonamento, visto que a matriz dos termos independentes é nula. Observação : - Todo sistema homogêneo com menos equações que incógnitas (m < n) possui infinitas soluções . 19 1.2. SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES - Todo sistema homogêneo com menos incógnitas que equações (n < m) pode possuir solução única ou infinitas soluções . Exemplo:(m < n) ( 4x + 2y − z = 0 2x − y + z = 0 .. 4 2 1 . 0 A|B = . 2 −1 1 .. 0 4 2 1 2 −1 1 A= ! .. 4 2 1 . 0 Depois escalonando → . 0 −2 21 .. 0 A solução do sistema será a seguimte: − 31 α X= α 4α − 13 α ou ~x = α 4α ∀α ∈ IR. Exemplo:(n < m) com solução única. x + y = 0 2x + y = 0 3x + y = 0 .. . 0 .. . 0 . 3 1 .. 0 1 1 A|B = 2 1 1 1 A= 2 1 3 1 1 1 Depois escalonando → 0 −1 0 0 A solução do sistema será a seguinte: X= 0 0 ! ou ~x = 0 0 .. . 0 .. . 0 .. . 0 ! Exemplo:(n < m) com infinitas soluções . x + y = 0 2x + 2y = 0 3x + 3y = 0 .. . 0 .. . 0 .. 3 3 . 0 1 1 A|B = 2 2 1 1 A= 2 2 3 3 .. . 0 .. . 0 .. 0 0 . 0 1 1 Depois escalonando → 0 0 20 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES A solução do sistema será a seguinte: X= α −α ! ou ~x = α −α ! ∀α ∈ IR. Proposição : Seja A = (aij )m×n : a) Se X e Y são soluções do sistema homogêneo, AX = ~0, então AX = O e AY = O. Portanto X + Y também é solução pois; A(X + Y ) = 0 ⇐⇒ AX + AY = 0 AX + AY = 0 ⇐⇒ ~0 + ~0 b) Se x é solução do sistema homogêneo, AX = ~0, então αX também é solução , pois; A(αX) = αAX ⇐⇒ α~0 = ~0 1.3 APÊNDICE A Sistemas Lineares: Método de Gauss-Jordan Consiste em operar transformações elementares sobre as equações de um dado sistema linear até que se obtenha um sistema diagonal equivalente. Para operar essas transformações , vamos considerar: • um k = 0, 1, 2, 3, ..., n − 1, onde ′ k ′ representa cada etapa do processo de eliminação da variável xk das equações i 6= k; (k) • a notação aij para denotar o coeficiente da linha ′ i′ e da coluna ′ j ′ da k-ésima etapa, bem (k) como bi será o i-ésimo elemento da matriz dos termos independentes no final da etapa k; • aij 6= 0; • An×n ; E fazer uso do seguinte esquema: Etapa ′ k ′ : Eliminar xk das equações i = ..., k − 1, k + 1, ..., n: 21 1.3. APÊNDICE A • pivô: (k−1) akk (k−1) • multiplicadores: mik = aik (k−1) aik • linhas da matriz resultante da Etapa ′ k ′ : Linhas: (k) = Li (k) ←− Li Li Li (k−1) , para i = k (k−1) − mik .Lk , para i 6= k • matriz resultante da Etapa’k’: A(k) |B (k) (k) ((k) a11 a12 (k) (k) a a22 = 21 .. .. . . (k) (k) am1 am2 (k) · · · a1n (k) · · · a2n .. .. . . · · · a(k) mn .. (k) . b1 .. (k) . b2 .. .. . . .. (k) . bm Exemplo: Resolva o seguinte sistema pelo método de Gauss-Jordan. x1 + x2 + 2x3 = 4 2x1 − x2 − x3 = 0 x1 − x2 − x3 = −1 A(0) |B (0) =⇒ Etapa 1: Eliminar x1 das equações i = 2, 3; (0) • pivô: a11 = 1; (0) (0) • multiplicadores: m21 = • Li : (1) (0) L1 = L1 (1) (0) (1) (1) (0) (1) a21 (0) a11 = 2, L2 ←− L2 − m21 · L1 L3 ←− L3 − m31 · L1 • a matriz resultante desta etapa é: m31 = a31 (0) a11 =1 .. . 4 .. . 0 .. 1 −1 −1 . −1 1 1 2 = 2 −1 −1 22 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES A(1) |B (1) .. 4 1 1 2 . . . = 0 −3 −5 . −8 .. 0 −2 −3 . −5 Etapa 2: Eliminar x2 das equações i = 1, 3; (1) • pivô: a22 = −3; (1) • multiplicadores: m12 = • Li: (2) (1) L2 = L2 (2) (1) (2) (2) (1) (2) a12 (1) a22 = −1 , 3 (1) m32 = a32 (1) a22 = 2 3 L1 ←− L1 − m12 .L2 L3 ←− L3 − m32 .L2 • A matriz resultante desta etapa é: A(2) |B (2) 1 1 0 3 = 0 −3 −5 0 1 3 0 .. 4 . 3 .. . −8 .. 1 . 3 Etapa 3: Eliminar x3 das equações i = 1, 2; (2) • pivô: a33 = 13 ; • multiplicadores: mik = • Li: (3) (2) L3 = L3 (3) (2) (2) (3) (2) (2) (k−1) aik (k−1) akk = L1 ←− L1 − m13 · L3 L2 ←− L2 − m23 · L3 • A matriz resultante desta etapa é: m13 = m23 = (2) a13 (2) a33 (2) a23 (2) a33 = 1 = −15 23 1.3. APÊNDICE A A(2) |B (2) .. 1 0 0 . 1 = 0 −3 0 ... −3 1 .. 1 0 0 3 . 3 O sistema resultante desse processo é o sistema diagonal A(3) · x = b(3) : x1 + 0x2 + 0x3 = 1 0x1 − 3x2 + 0x3 = −3 1 0x1 + 0x2 + 13 x3 = 3 1 A solução do sistema é: ~x = 1 1 24 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES Capı́tulo 2 Matriz Inversa e Determinantes 2.1 2.1.1 Matriz Inversa Definição de matriz invertı́vel ou não singular Seja An×n ,tal matriz é dita invertı́vel se existir uma outra matriz B, que satisfaz. (1) An×n · Bn×n = In×n ou (2) Bn×n · An×n = In×n Caso exista um matriz um matriz B que satisfaz (1) e (2) esta matriz será única. Iremos denotá-la por: A−1 · A = I Se A não tem inversa, dizemos que A é singular ou não invertı́vel. 25 26 CAPÍTULO 2. MATRIZ INVERSA E DETERMINANTES Exemplo: Seja: 0 1 −1 1 2 3 A = 1 1 2 e B = 2 −2 −1 −1 1 1 0 1 2 1 0 0 0 1 −1 1 2 3 A · B = 1 1 2 · 2 −2 −1 = 0 1 0 0 0 1 −1 1 1 0 1 2 1 0 0 1 2 3 0 1 −1 B · A = 2 −2 −1 · 1 1 2 = 0 1 0 0 0 1 0 1 2 −1 1 1 2.1.2 Propriedades da inversa i) Se An×n tem inversa (A−1 ) e Bn×n tem inversa (B −1 ), então A · B tem inversa, e vale (A · B)−1 = B −1 · A−1 . Prova: (A · B) · (B −1 · A−1 ) = I A · B · B −1 · A−1 = I A · I · A−1 = I A · A−1 = I Exemplo: 27 2.1. MATRIZ INVERSA Considere as matrizes A−1 = " 3 2 1 3 # e B −1 = " 2 5 3 −2 # . A partir delas calcule: (A · B)−1 Solução : (A · B) −1 =B −1 −1 ·A = " 2 5 3 −2 # " · 3 2 1 3 # = " 11 19 7 0 # ii) Se A é invertı́vel, então A−1 também é. Além disso vale: (A−1 )−1 = A iii) Se A = (aij )n×n é invertı́vel, antão At também é. Além disso vale: (At )−1 = (A−1 )t iv) Se A tem inversa e é simétrica, então A−1 também será simétrica. A−1 = (A−1 )t 2.1.3 O uso do método de Gauss-Jordan para a inversão de matrizes Se uma matriz A pode ser reduzida à identidade, por uma sequência de operações elementares nas linhas, então A é invertı́vel, e a matriz inversa de A é obtida a partir da matriz identidade, aplicando-se a mesmas operações nas linhas. Aplicando esses processos simultâneamente temos: 28 CAPÍTULO 2. MATRIZ INVERSA E DETERMINANTES h An×n i .. . In×n → Gauss − Jordan → h In×n i .. . A−1 Exemplo: 1 2 3 Seja A = 1 1 2 0 1 2 ,encontre A−1 caso exista. Solução : .. . 1 0 0 1 2 3 . 1 1 2 .. 0 1 0 A−1 = .. 0 1 2 . 0 0 1 . 1 2 3 .. 1 (1) (0) (0) . L2 = (−1)L1 + L2 → 0 −1 −1 .. −1 . 0 1 2 .. 0 . 1 2 3 .. 1 (1) (1) (0) . → L3 = L2 + L3 = 0 −1 −1 .. −1 . 0 0 1 .. −1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 1 1 p = 3 e n = 3 ⇐⇒ p = n. Então a inversa existe. Assim podemos prosseguir... .. . 1 0 0 (1) (1) (0) .. → L1 = (−3)L3 + L1 . −1 1 0 . 1 .. −1 1 1 1 2 3 0 −1 −1 0 0 . 4 −3 −3 1 2 0 .. (2) (2) (1) . → L1 = 2L2 + L1 0 −1 0 .. −2 2 1 . 1 1 0 0 1 .. −1 (2) (1) (1) e L2 = L2 + L3 → (3) (2) e L2 = (−1)L2 → 29 2.1. MATRIZ INVERSA .. 1 0 0 . 0 1 −1 . 0 1 0 .. 2 −2 −1 .. 0 0 1 . −1 1 1 2.1.4 → A−1 0 1 −1 = 2 −2 −1 −1 1 1 Aplicação a criptografia Uma maneira de criptografar um mensagem é através de multiplicação de matrizes. MX = Y Em que: M é a matriz codificadora X é a mensgem que se deseja transmitir Y é a matriz codificada Através da tabela de conversão de caracteres em números, pode-se codificar uma mensagem. 30 CAPÍTULO 2. MATRIZ INVERSA E DETERMINANTES 0 o 15 ã 30 F 45 a 1 p 16 ç 31 G 46 b 2 q 17 é 32 H 47 c 3 r 18 ê 33 I 48 d 4 s 19 ı́ 34 J 49 e 5 t 20 ó 35 K 50 f 6 u 21 ô 36 L 51 g 7 v 22 õ 37 M 52 h 8 w 23 ú 38 N 53 i 9 x 24 ü 39 O 54 j 10 y 25 A 40 P 55 k 11 z 26 B 41 Q 56 l 12 à 27 C 42 R 57 m 13 a´ 28 D 43 S 58 n 14 â 29 E 44 T 59 U 60 V 61 W 62 X 63 Y 64 Z 65 Á 66 A´ 67 Â 68 Ã 69 Ç 70 É 71 Ê 72 Í 73 Ó 74 Ô Õ Ú Ü 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 : 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 ; ¡ = ¿ ? @ ! ” # $ % & ’ ( ) 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 * + , . / [ \ ] { | } 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 Exemplo: Considere a seguinte mensagem codificada: ]Fofrov&! Sabendo que MX = Y é a matriz codificada e M3×3 descodifique a mensagem Y . 1 2 0 = 0 1 1 , 0 0 1 Resolução : Sabe-se que X é a matriz da mensagem que se deseja transmitir. Então temos que: 31 2.1. MATRIZ INVERSA MX = Y =⇒ X = M −1 Y 1o Passo: Obter a matriz inversa M −1 . Sabemos pela definição de matriz inversa que M · M −1 = I3 . Usaremos neste caso o Método de Gauss-Jordan. .. 1 2 0 . 1 0 0 . 0 1 1 .. 0 1 0 . 0 0 1 .. 0 0 1 Então M −1 =⇒ após o escalonamento =⇒ .. 1 0 0 . 1 −2 2 . 0 1 0 .. 0 1 −1 . 0 0 1 .. 0 0 1 1 −2 2 1 −1 = 0 0 0 1 2o Passo: Obter a matriz Y Sabemos que Y é a matriz codificada. Para obtê-la basta substituir (usando a tabela) seus respectivos valores. ] f v Y = F r & = o o ! 113 6 22 45 18 101 15 15 96 3o Passo: Substituir na fórmula: X = M −1 · Y . 32 CAPÍTULO 2. MATRIZ INVERSA E DETERMINANTES 113 6 22 45 18 101 = 15 15 96 1 −2 2 1 −1 X= 0 . 0 0 1 53 18 12 5 30 3 0 15 96 Substituindo os números pelos caracteres... N l X = ã c e o o ! Então a frase é: Não cole!. 2.2 Determinantes Se uma matriz é quadrada, a ela podemos associar um número denominado determinante. Determinante de uma matriz A1×1 A= h i a , então detA = a. Determinante de uma matriz A2×2 A= " a b c d # , então detA = (a.d) − (b.c) Determinante de uma matriz A3×3 33 2.2. DETERMINANTES Para o cálculo do determinante de uma matriz A3×3 (talvez) o mais prático, seria usarmos o que se denomina Regra de Sarrus. Exemplo: a b c A= d f g h i j Repetimos a 1o e a 2o coluna à direita da 3o coluna. .. a b c . a b . d e f .. d e detA = .. g h i . g h Então o det A = (a.e.i + b.f.g + c.d.h) − (c.e.g + a.f.h + b.d.i) Exemplo: Calcule o determinante da matriz A3×3 . 0 3 .. 1 0 . = 2 3 .. 4 2 . −1 1 2 .. −1 1 1 detA = 4 1 0 3 = 4 2 3 , −1 1 2 usando a Regra de Sarrus. (1.2.2+0.3.(−1)+3.4.1)−(3.2.(−1)+1.3.1+0.4.2) = 19 Determinante de uma matriz An×n Cofator O cofator de um elemento aij de uma matriz quadrada, é o resultado do produto de (−1)i+j pelo determinante, obtido pela eliminação da linha e da coluna do elemento aij . 34 CAPÍTULO 2. MATRIZ INVERSA E DETERMINANTES cof(aij ) = (−1)i+j · det Aij Sendo que Aij é a matriz que se obtem de A suprindo-se uma i-ésima linha e sua j-ésima coluna. Exemplo: Determine o cofator do elemento a12 da matriz: cof(a12 ) = (−1) 1+2 · det " 0 4 −2 6 # cof(a12 ) = (−1) · [0 · 6 − (−2) · 4] cof(a12 ) = (−1)(8) cof(a12 ) = −8 Teorema de Laplace Seja A = (aij )n × n com n ≥ 2. O determinante de A é obtido da seguinte forma. i) Escolhemos em A uma linha (ou coluna) qualquer; ii) Construirmos os produtos de cada elementto dessa linha (ou coluna) pelo seu cofator; iii) Somamos os produtos, assim obtemos: detA = cof(a11 ) · cof(a11 ) + cof(a12 ) · cof(a12 ) + cof(a13 ) · cof(a13 ) detA = 2 · 17 + 3 · (−44) + (−1) · (−111) detA = 34 − 132 + 111 detA = 13 Determinante de uma matriz triangular superior ou inferior 35 2.2. DETERMINANTES Se os elementos situados abaixo ou acima da diagonal principal de uma matriz são todos nulos, o determinate dessa matriz é o produto dos elemtos da diagonal principal. Exemplo: Seja U = −5 0 0 0 6 3 12 3 0 6 , calcule o determinante: 0 −8 9 0 0 5 Resolução : Basta multiplicar os elementos da diagonal principal. detU = (−5) · 3 · (−8) · 5 = 600 2.2.1 O uso do determinante na resolução de um sistema linear Regra de Cramer Seja o sistema ( a11 x1 + a12 x2 = b1 a12 x1 + a22 x2 = b2 Temos que: A= " a11 a12 a21 a22 # , é a matriz dos coeficientes e " b1 b2 # , é os termos independentes. A1 é matriz obtida de A,substituindo-se a coluna dos coeficentes de x1 pela coluna dos termos independentes. A1 = " b1 a12 b2 a22 # 36 CAPÍTULO 2. MATRIZ INVERSA E DETERMINANTES A2 é a matriz obtida de A, substituindo-se a coluna dos coeficientes de x2 pela coluna de termos independentes. A2 = " a11 b1 a21 b2 # Os valores de x1 e x2 serão obtidos por: x1 = det A1 det A x2 = det A2 det A Exemplo: Resolva o sistema de equações lineares pela Regra de Cramer. ( 2x + 3y = 7 x − y = 1 Resolução : det A = " 2 3 1 −1 # = −2 − 3 = −5 det A1 = " 7 3 1 −1 # = −7 − 3 = −10 det A2 = " 2 7 1 1 # = 2 − 7 = −5 Temos então que: det A1 det A det A2 x2 = det A x1 = → → −10 =2 −5 −5 x2 = =1 −5 x1 = 37 2.2. DETERMINANTES Solução : x1 = 2, x2 = 1 Discussão de um sistema linear pelo determinante Seja o sistema linear de n equações e n incógnitas AX = B, com A = (aij )n×n para n ≥ 2. Esse sistema será: Possı́vel e determinado → Possı́vel e indeterminado → Impossı́vel 2.2.2 → ( detA 6= 0 ( det A = 0 det Aj = 0 det A = 0 pelo menos um detAj 6= 0 Propriedades de determinantes i) Seja An×n e Bn×n ; det (A.B)= det A · det B ii) O determinante de uma matriz An×n é o de sua transposta sãoiguais; det A = det At iii) Ao trocarmos duas linhas (ou colunas) de uma matriz, muda-se o sinal do determinante, ou seja: 38 CAPÍTULO 2. MATRIZ INVERSA E DETERMINANTES det B = − det A Observação : Se efetuarmos um número ı́mpar de trocas de linhas (ou colunas), o determinante muda o sinal. Mas se efetuarmos um número par de trocas, o sinal do determinante não altera. iv) Se duas linhas (ou colunas) forem iguais, o determinante é igual a zero (det = 0); v) Se uma linha (ou coluna) de uma matriz A é multiplicada por um número α, o determinante da matriz B resultante será: det B = α. det A vi) det(α.An×n ) = αn . det A, em que: •α é um escalar; • n é o número de linhas (ou colunas) da matriz An×n . vii) Se uma linha (ou coluna) de uma matriz An×n é nula, o seu determinante é igual a zero. Os determinantes e a matriz inversa A existência da matriz inversa Uma matriz A é invertı́vel, isto é, existe A−1 , se o determinante detA for diferente de zero (det A 6= 0). Propriedades: 39 2.2. DETERMINANTES Se a matriz A é invertı́vel, det A−1 = 1 . det A Demonstração : Se A é invertı́vel, sabemos que: A−1 · A = In det(A−1 · A) = det In det A−1 · det A = 1 det A−1 = det1 A Mais exemplos: Sejam A e B matrizes n × n, tais que o det A = −12 e det B = 4. Calcule o det(At · B)−1 . Resolução : det(At · B)−1 = 1 (At ·B) = 1 det A·det B = 1 (−12)·4 = −1 48 Exemplo 2: Se A é uma matriz 3×3 e det A = 3, então det( 12 .A−1 ) é? Resolução : det( 21 A−1 ) = 13 23 · det A−1 = 1 8 · 1 det A = 1 8 · 1 3 = 1 24 Calculo do determinante de uma matriz usando o escalonamento Em uma matriz A, se o produto de uma linha (ou coluna) por um número é somado a outra 40 CAPÍTULO 2. MATRIZ INVERSA E DETERMINANTES linha (ou coluna), então o determinante da matriz B resultante é igual ao det A. Exemplo: Calcule o determinante da matriz A2×2 = " # 4 6 . 8 5 Resolução : A2×2 = " 4 6 8 5 # =⇒ (1) L2 = (0) (−2)L1 + (0) L2 = " 4 6 0 −7 # Então det A = 4 · (−7) = −28 Já em outra matriz A, quando o produto de uma linha (ou coluna), por um escalar é somado a outra linha também multiplicada por um escalar, então o determinante da matriz B resultante é diferente do determinante de A. Exemplo: " 5 3 . 4 1 = (0) (−4)L1 Calcule o determinante da matriz A2×2 = # Resolução : A2×2 = " 5 3 4 1 # Chamando de B = " 5 3 , sempre que det B = 5 · det A 0 −7 =⇒ # (1) L2 + (0) (5)L2 = " 5 3 0 −7 #