As emoções como objeto de estudo da antropologia: uma análise das contribuições teórico-conceituais de David Le Breton Ylzes de Andrade Teixeira, Carlos Tadeu Siepierski Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL/UNIFAL-MG), Grupo de Pesquisa Sociedade e Cultura Contemporâneas, Ciências Sociais- Licenciatura [email protected] Resumo: O presente trabalho é parte de uma Pesquisa Temática que está sendo desenvolvida ao longo dos últimos anos no Grupo de Pesquisa Sociedade e Cultura Contemporâneas e que tem como objeto a noção contemporânea de pessoa humana. Esta etapa da pesquisa, recentemente iniciada, tem como objetivo compreender como as emoções se tornaram um objeto de estudo da Antropologia, concentrandose na análise da obra As paixões ordinárias: antropologia das emoções, de David Le Breton. Como está na fase inicial, ainda não dispomos de resultados, mesmo parciais, razão pela qual apresentaremos o resultado da revisão bibliográfica realizada para fundamentar o projeto elaborado para essa etapa da pesquisa. Muito embora as emoções já tivessem sido abordadas pela Antropologia, elas ficaram, por um longo tempo, como uma discussão secundária, sendo objeto prioritariamente da Psicologia. Entre os trabalhos que fizeram menção às emoções, podemos citar os estudos de Émile Durkheim e Marcel Mauss. Ambos abordaram o caráter coletivo das manifestações, expressões e representações dos sentimentos por meio de alguns fenômenos sociais, como as cerimônias religiosas e os rituais funerários. Durkheim teve como foco de suas observações e análises a religião, enquanto Mauss se voltou para as expressões coletivas do luto. Por meio das contribuições de Durkheim é que foi se tornando possível uma mudança das perspectivas em relação às emoções, apontando alguns sentimentos como construções do social. Para ele, a religião possui uma “força coletiva”, manifestada de maneira efervescente durante os cultos e celebrações. Para Mauss, qualquer expressão oral dos sentimentos era consequência, sobretudo, de fenômenos sociais, evidenciando um caráter não dotado de espontaneidade, mas sim, de uma obrigação imposta moral e socialmente. Assim, ele analisou os choros nos rituais funerários como indicativo do caráter coletivo dos mesmos, considerando, então, o luto como uma forma de manifestação não espontânea e não individual. Mas, apesar de terem empreendido discussões consideráveis a respeito desta temática, pensando a influência da cultura sobre a dimensão psíquica dos indivíduos, nenhum dos dois autores haviam tomado as emoções como objeto de estudo propriamente. Entretanto, a partir das últimas décadas do século XX, constata-se um interesse cada vez maior no estudo das emoções no campo antropológico. David Le Breton é um dos autores que tem trazido significativo aporte teórico-conceitual para a precisão deste objeto. Financiamento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq). Referências: [1] Antunes Filho, E. 2012. A emoção religiosa nos estudos de Émile Durkheim e Marcel Mauss: a propósito do centenário de As formas elementares de vida religiosa. São Paulo, v. 6, n. 26: 137-155. [2] Le Breton, D. 2009. As paixões ordinárias: antropologia das emoções. Petrópolis: Vozes. [3] Mauss, M. 1999. “A Expressão Obrigatória dos Sentimentos (Rituais Orais Funerários Australianos)” in Ensaios de Sociologia. São Paulo: Perspectiva, 325-335. [4] Rezende, CB; Coelho, MC. 2010. Antropologia das Emoções. Rio de Janeiro. Alfenas – MG – Brasil 12, 13 e 14 de novembro de 2015